terça-feira, 2 de julho de 2019

Shakespeare e a procrastinação



O que Hamlet, uma das obras primas de Willian Shakespeare, teria a ver com a procrastinação, uma chaga que assola a humanidade desde as eras mais remotas?

Hamlet é a tragédia de um homem tomado pela procrastinação. Posterga a tal ponto a tomada de decisão que, finalmente, quando se determina pela ação, obtém como resultado o desastre: um suicídio e 7 assassinatos. 

Este livro apresenta concepções teóricas sobre a procrastinação. Disponibiliza conceitos, estratégias e metodologias que, à luz do planejamento, se constituem num roteiro, um guia para a travessia de mares tão revoltos. Apresenta valores, princípios e desenhos que auxiliam no processo de superação deste grave problema que aflige o homem desde os seus primórdios.

O que poucos sabem é que o assunto procrastinação constitui-se de um mix onde atuam questões relacionadas tanto à fisiologia quanto à psicologia. A falta de ação e o agir com atraso guardam intrínsecas relações com o que se estabelece no âmago do cérebro, as conexões entre os neurônios, os encadeamentos físicos, químicos e elétricos processados na amígdala cerebelosa, no sistema límbico. 

São essas questões que o livro procura açular, incentivar, discutir.

Mas não o faz sob o ponto de vista meramente acadêmico, do debate convencional e padronizado. Ao contrário, utilizando a obra literária do maior dramaturgo de todos os tempos, vai navegando sobre os referenciais essenciais à temática:

- a produtividade e suas conexões com a trilogia da sustentabilidade – a eficiência, a eficácia e a efetividade;
- a importância do planejamento no equacionamento da antagônica relação ‘atrasos’ X ‘entregas bem-sucedidas’; 
- a relevância de componentes como concentração, foco e desenvolvimento da plena atenção como combustíveis da produtividade;
- a interdependência ‘estresse – procrastinação’ e os recursos da descentralização e da desaceleração como alavancas para as transformações e melhorias da qualidade de vida; 

Sem deixar de considerar, naturalmente, os aspectos fisiológicos e psicológicos que guardam fina relação com os atrasos, a protelação, os adiamentos.

E que, desde já, fique claro. Se o leitor busca pela magia capaz de, num estalar de dedos, resolver seus dilemas com a improdutividade e a procrastinação, está no lugar errado, o livro que procura não é este. Aqui não encontra guarida o ilusionismo e a feitiçaria, o encantamento e a prestidigitação; tão pouco as soluções sebastianistas de imersão total e demais penduricalhos impostos pela indústria das consultorias. 

Obter sucesso na batalha contra a procrastinação é o mesmo que tornar-se mais produtivo e mais feliz. 

Um esforço que exige disciplina, metodologia apropriada, mudança de paradigmas, a incorporação de um modelo de vida que compatibilize pensamentos positivos, atitudes proativas e ações planejadas.

Nestas circunstâncias, é fundamental a adoção de estratégias apropriadas, objetivos corajosos, metas realizáveis, indicadores válidos, de um conjunto de procedimento que culmine em novos hábitos, novas práticas, novas formas de relacionamento com o outro e com o ambiente, novo modo de encarar a vida. 

E para a construção deste novo cenário – em que a procrastinação não prospere – é fundamental que haja pleno comprometimento.

Não é fácil parar de delongar. Mas é possível. O fato de outros terem conseguido demonstra que é possível se condicionar para enfrentar a questão de modo satisfatório, tomar a decisão no momento adequado, agir, agregar produtividade e qualidade ao exercício diário. 

O príncipe Hamlet, da Dinamarca, é o exemplo cabal de que o ato de protelar não implica em prejuízos apenas para o procrastinador, mas para todos os que gravitam a sua volta, para a cadeia de atividades relacionadas, para as entregas intra e extra organizacionais; implica em perdas e danos para a própria existência. 

O desafio está lançado. A palavra – e a ação – estão, agora, com o leitor amigo.

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