quinta-feira, 27 de janeiro de 2022

Estudo da Harvard conclui: conversas quase nunca terminam no momento certo

 

Apenas 1,59% das conversas terminaram no momento desejado por ambos os interlocutores

Pesquisadores de Harvard apontam que encontrar o momento ideal para encerrar um diálogo é tão difícil quanto começá-lo. Quase todos os interlocutores saem insatisfeitos de conversas.

 

Não importa se numa festa, no corredor ou com amigos: quase nunca uma conversa termina no momento em que ambos os interlocutores estejam satisfeitos. Assim como começar um diálogo interessante, também é difícil encerrá-lo adequadamente, revelou um estudo de pesquisadores de comportamento da Universidade de Harvard.

Essa dinâmica foi analisada em dois levantamentos, que avaliaram 932 conversas. No primeiro, foi observado o diálogo entre dois estranhos, e no segundo, entre voluntários que eram familiarizados um com o outro. As conversas podiam ser encerradas a qualquer momento. A pesquisa se concentrou apenas em quando e como os diálogos foram encerrados.

Ao final do experimento, os voluntários foram questionados sobre o que pensaram quando a conversa terminou, quando pretendiam terminá-la, quando ela realmente terminou e quando acharam que a contraparte gostaria de encerrá-la.


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O resultado foi claro e surpreendente: não importa se o diálogo foi com um conhecido ou com um estanho, ele quase nunca terminou num momento em que ambos desejaram, revela o estudo publicado na revista especializada PNAS. Cerca de 70% dos participantes da pesquisa disseram que gostariam de ter encerrado a conversa mais cedo.

Erro de percepção

A comunicação é o meio básico de todas as atividades humanas. Mesmo assim, o estudo revelou que ambos os interlocutores quase não tinham ideia de quando o outro gostaria de terminar o diálogo e de como os desejos próprios diferiam dos do outro envolvido na conversa. Isso foi observado inclusive entre pessoas próximas que acreditam se conhecer bem.

Quase a metade dos voluntários gostaria de que o diálogo tivesse sido 25% mais curto ou mais longo do que ele realmente foi.

De acordo com a pesquisa, apenas 1,59% das conversas terminaram num momento desejado por ambos. Já 46,8% dos diálogos continuaram apesar de um dos envolvidos querer terminá-lo há certo tempo. Em cerca de 9,52% dos casos, as conversas terminaram apesar de ambos os voluntários terem desejado dialogar por mais tempo.

Questão de educação

Os pesquisadores acreditam que o motivo para essa diferença de percepção em conversas seja "um problema clássico de coordenação que as pessoas não conseguem resolver, pois para isso necessitam de informações que normalmente ocultam umas das outras". "Como resultado, a maioria das conversas termina quando ninguém quer", concluem.

Por uma questão habitual de educação, os verdadeiros sentimentos costumam ser escondidos numa conversa. O outro não deve perceber que o interlocutor está desconfortável ou aborrecido.

Num diálogo, trata-se de antecipar o desejo do outro, e o sentimento próprio não é o decisivo. Isso é o que torna difícil para ambos os interlocutores encontrarem o momento ideal de encerrar a conversa.

Por Alexander Freund, na  Deutsche Welle



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