quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

Teatro de Bonecos Mané Beiçudo, um teatro pra lá de irreverente




    Na idade média, um tipo de teatro diferente ganhou os países do oriente e do continente europeu.

Originalmente era um teatro que se circunscrevia aos limites impostos pelas autoridades religiosas. As peças retratavam motivos bíblicos e objetivavam a catequese e o reforço dos valores da moral vigente.

À medida que os artistas foram rompendo os laços com as elites dominantes, se distanciando dos temas da ortodoxia religiosa e incorporando nas peças a crítica ao sistema estabelecido, passaram a ser sistematicamente perseguidos e censurados.

Se antes o mecenato possibilitava uma vida tranqüila para os artistas, com o novo cenário tiveram que encontrar outras alternativas para a sobrevivência. E encontraram no seio do povo. Recorreram então às apresentações em feiras e praças públicas, sobrevivendo à custa das contribuições da população.

Este foi um movimento que percorreu praticamente todos os países. Diversas características comuns situavam essas manifestações teatrais nacionais numa mesma escola, encerrando uma mesma categoria. Assim, quase que simultaneamente, em diversos países do mundo, um gênero de teatro de bonecos se consolidou:

 

 

 

• era um teatro eminentemente popular;

• contrapunha a escassez de recursos técnicos com a expressividade encantadora dos bonecos;

• para contrabalançar as pesadas críticas às autoridades constituídas e ao sistema – sempre mordazes, ferinas e contundentes – lançavam mão de fortes doses de humor e irreverência;

• a espontaneidade e a improvisação foram definidos como marcos estruturais dos enredos.

 

Na Itália tivemos o Polichinelo e seu antecessor, o Maceus; na Alemanha, o Kasper; na Inglaterra, o Punch; na França, o Guinhol; na Espanha, o Cristóvam; na Grécia, o Atalanas; na Turquia, o Karagóz; na Rússia, o Pretuska; em Jawa, o Wayang; nos estados do nordeste brasileiro o João Redondo, o Babau, o Mamulengo (dentre outros), e em Goiás, no Tocantins e na região central do país, temos o Mané Beiçudo.

Naturalmente que as diferentes culturas e nacionalidades emprestaram características próprias a esse teatro, mas a irreverência, a crítica mordaz, a improvisação e o humor agressivo compõem quase que invariavelmente a coluna vertebral do gênero.

Se os componentes presentes na arte medieval italiana aproximam os teatros populares brasileiros, um componente diferencia o Mané Beiçudo dos demais: a utilização do planejamento como ferramenta para a produção artística, mas também como instrumento para que a comunidade intervenha em sua realidade objetiva, modificando-a para melhor.



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Livro 7 - Panda Zen e o teste das três peneiras

Livro 8 - Panda Zen e os ensinamentos da vovó

Livro 9 - Panda Zen e os cabelos penteados

Livro 10 - Panda Zen e a magia da vida feliz

Livro 11 - Panda Zen e as paixões enganosas

Livro 12 - Panda Zen entre a reflexão e a ação 

Livro 13 - Panda Zen e o mais importante

Livro 14 - Panda Zen, a gota e o oceano

Livro 15 - Panda Zen e a indecisão

Livro 16 - Panda Zen e o vaga-lume

Livro 17 - Panda Zen e a busca da identidade

Livro 18 - Panda Zen entre o arbítrio e a omissão

Livro 19 - Panda Zen e o trabalho

Livro 20 - Panda Zen e a falsa realidade