domingo, 17 de dezembro de 2017

Robôs políticos que são aliados da democracia


Rosie é uma robô. Mais especificamente, uma bot, uma aplicação de computador. Recebeu esse nome inspirado na faxineira dos Jetsons. Nasceu com intuito parecido: limpar. Em vez de tapetes, varre bancos de dados públicos para detectar sujeiras parlamentares. Logo nos primeiros meses, reportou 8.500 situações de uso suspeito da cota parlamentar, uma quantia de R$ 33 mil a R$ 44 mil de dinheiro público que cada deputado federal e senador recebe para exercer sua atividade política - além dos salários e da verba para o gabinete. São notas fiscais de alimentação, transporte, acomodação e outros gastos que eles entregam à Câmara dos Deputados e ao Senado para posterior reembolso. Ao vasculhar os dados, o programa encontrou documentos que registram cervejas em Las Vegas, 13 almoços em um único dia, 9 quilos consumidos em um restaurante selfservice, R$ 1.500 gastos em bode assado e almoços simultâneos em diferentes regiões: Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, Rio Branco, no Acre, e Caxias do Sul de novo, tudo em um intervalo de 15 minutos.
A robô tem posição de destaque na Operação Serenata de Amor, um projeto de inteligência artificial concebido por cidadãos, dez especialistas em tecnologia, para fiscalizar a administração pública. A vocação da Serenata não é ser uma Lava Jato automatizada, como explica Pedro Vilanova, um dos idealizadores. 'É fazer milhões de denúncias de poucos reais, não uma denúncia de milhões de reais', disse em palestra no Wired Festival Brasil, realizado pelas Edições Globo Condé Nast e por O Globo no Rio de Janeiro em 1o e 2 de dezembro. A Câmara dos Deputados recebe 20 mil pedidos de reembolso por mês dos 513 parlamentares. Quem os confere são os próprios políticos. Em 2016, 3 milhões de notas fiscais geraram R$ 150 milhões em reembolsos. Diante da abundância de dados e da falta de transparência, a Operação Serenata decidiu transformar leis em código. Após levantadas as suspeitas certas, deputados devolveram dinheiro, mesmo que quantias ínfimas, como R$ 18 em cerveja consumida em Las Vegas.
Um dia, Vilanova recebeu uma ligação. Era uma chamada da Câmara. Ao chegar a uma sala com uma equipe de quatro servidores, diz ter ouvido: 'Pedro, a gente recebe 600 denúncias em um ano. Você mandou isso em uma semana'. Explicou: 'Nada contra sua equipe, mas temos um robô e ele é mais rápido'. Rosie começou a ficar popular (talvez não tanto dentro do Congresso). Passou a ter presença nas redes sociais e ganhou uma conta oficial no Twitter, onde publica cada irregularidade que encontra e menciona o perfil oficial do congressista envolvido. Também foi parar no horário nobre da TV. Depois disso, a equipe da Serenata recebeu 300 pedidos de análise de prefeituras. A exposição pública de Rosie aumentou a eficiência do trabalho. 'O deputado vê o tuíte, paga o que deve, tira uma foto e responde: Rose, pelo amor de Deus, eu já devolvi!', brinca Vilanova.
O Brasil está em 7º lugar num ranking internacional sobre disponibilidade de dados públicos - uma bela colocação. Também tem, segundo um estudo recente do Fórum Econômico Mundial, um dos piores índices de confiança em políticos do mundo. Criar um modelo matemático que identifique inconsistências no modo como parlamentares usam verba pública, portanto, é certeza de resultados positivos. A robô acerta em 89% das vezes.
 A família de agentes digitais a que Rosie pertence vem crescendo. Há vários tipos: chatbots (mensageiros que aprendem a dialogar com humanos a partir de inteligência artificial), social bots (que interagem a partir de perfis em redes sociais) e bots políticos, hoje estigmatizados de forma negativa. Foram associados à geração automática de conteúdo falso, impulsionada por ideologia ou tática eleitoral. Em 2014, 10% da discussão na internet sobre a disputa entre os candidatos Dilma Rousseff e Aécio Neves era gerada por robôs, segundo a Fundação Getulio Vargas. Donald Trump, cuja eleição deu destaque a termos como 'fake news' e 'pós-verdade', conversou algumas vezes com uma fã de nome Nicole. Há suspeita de que o interlocutor do presidente seja um robô, não uma eleitora. Mas nem todo bot político é um troll ou radical. Além de Rosie, há Alice, criada por Matheus de Rezende, de 35 anos, e usada pela Controladoria-Geral da União (CGU) e pelo Tribunal de Contas da União (TCU) para encontrar indícios de irregularidades em editais e atas de pregões. Todos os dias, Alice processa informações de centenas de documentos e envia mensagens aos auditores sobre contratos suspeitos. Entre seus maiores feitos, levou o TCU a intervir em um edital para a conservação de uma estrada em Goiás, com erros. Salvou R$ 40 milhões com a correção.
'Ai meus algoritmos. Não consegui entender o que você disse' é a resposta de Beta, apelido de Betânia, robô feminista que está no Messenger do Facebook, diante de uma mensagem com coraçãozinho. É conhecida pelo ativismo bem-humorado. Nasceu neste ano (sob o signo de Touro, conta uma das criadoras, do coletivo feminista Nossas) e conversa com 45 mil usuários da rede social, sendo 80% mulheres. Engaja-se em pautas relacionadas a direitos humanos. Na semana passada, enviou mensagens a todas as mulheres amigas com o aviso de que seria votada a Proposta de Emenda Constitucional 181, que, entre outros casos, criminaliza o aborto mesmo em casos de estupro. Reuniu milhares de assinaturas de repúdio. Durante a campanha, cada deputado que analisava o texto recebeu 22 mil e-mails.
Além de monitoramento legislativo, Beta está sempre disponível no chat para tirar dúvidas sobre abuso sexual e questões de gênero. Foi concebida com algumas qualidades. 'É agregadora, descontraída e irônica', diz Laura Moliniari, de 24 anos, uma das criadoras. Apesar da construção minuciosa de personalidade, a ideia não é fingir que Beta é uma mulher. Rosie, Alice e Beta são criaturas digitais, aliadas dos interessados em tornar a política mais transparente e humana. Com ajuda robótica.

Por PAULA SOPRANA, COM DANIELA SIMÕES, na Época online

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A arte de escrever bem


Escrever é uma necessidade vital, um fundamento sem o qual a comunicação perde em substância.
Os desafios do dia a dia exigem intensa troca de mensagens, seja nas redes sociais, seja nas corporativas: relacionamentos pessoais, correio eletrônico, elaboração de projetos e relatórios, participação em concursos e processos seletivos, negociações empresariais, tratados corporativos, convenções políticas, projetos literários... Tarefas que se tornam triviais, textos que se tornam mais adequados e elegantes quando as técnicas para a elaboração da redação criativa se encontram sob inteiro domínio. E não é só. Escrever está umbilicalmente vinculado à qualidade de vida, à saúde, ao bem-estar.
É o que comprova estudo realizado pela Universidade de Auckland, na Nova Zelândia. Os pesquisadores chegaram à conclusão que a prática da escrita atua na redução dos hormônios vinculados ao estresse, melhora o sistema imunológico, auxilia na recuperação do equilíbrio físico e emocional.  
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Fluência à escrita e qualidade à redação são as molas propulsoras que impulsionam o livro, são os objetivos possibilitados pela aplicação da metodologia. Como fundamento, um tripé harmoniosamente organizado: a linguística, a estruturação e análise do discurso e as técnicas de elaboração de textos criativos. 
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