sábado, 29 de maio de 2021

Da Saxônia-Anhalt ao México: arte pilhada maia retorna

Objetos valendo centenas de milhares de euros estavam enterrado num porão da província alemã

Depois dos Bronzes de Benim, inusitado achado num porão prova que arte pilhada não é apenas questão para museus. Discussão sobre as consequências do colonialismo deve se estender também à América Latina.

 

Em novembro de 2020, a campainha tocou numa fazenda de Klötze, no estado alemão da Saxônia-Anhalt. Os moradores abriram a porta e se depararam com policiais, que os surpreenderam ao pedir para serem levados até o porão. O proprietário anterior informara à polícia que lá se encontravam desde 2007 dois fuzis da Segunda Guerra Mundial, pertencentes a seu avô, os quais ele enterrara num recipiente de plástico.

Os novos donos não sabiam de nada, e também os agentes se espantaram ao encontrar, no local indicado, não apenas as armas, mas também um tesouro arqueológico insuspeitado: um total de 13 objetos da cultura maia, contando até 1.500 anos.

Nikolai Grube, professor de Antiguidade Americana da Universidade de Bonn, confirmou a legitimidade da achado: apenas uma peça se revelou como falsificação, as demais são originárias de escavações ilegais no México e na Guatemala, supostamente compradas num mercado negro sul-americano. Grube calcula que poderiam ser vendidas a um total de centenas de milhares de euros.

O porão de uma fazenda em Klötze, Saxônia-Anhalt, seria certamente o último lugar onde arqueólogos procurariam objetos de arte das civilizações maia e teotihuacana: por acaso, eles jamais iriam parar lá. Segundo o professor Grube, "tais achados são consequências de longo termo do colonialismo europeu nos séculos 15, 16 e 17".

Assunto para toda a sociedade

Seguindo-se às conquistas espanholas e portuguesas no fim do século 15, a era colonial da América do Sul e Latina se desenrolou sobretudo nos séculos 16 e 17, terminando bem antes do que em outras partes do mundo. Ainda assim, as estruturas colonialistas continuam se fazendo sentir também na região.

O ex-proprietário da fazenda, 66 anos, que vive há anos na França e se apresentara voluntariamente à polícia de Salzwedel, não pode ser culpabilizado pela aquisição dos objetos. Na época, a Lei de Proteção do Patrimônio Cultural ainda não existia, só vindo substituir em 2016 as leis contra o êxodo do patrimônio cultural alemão, para restituição de bens culturais e para implementação da Convenção de Haia de 1957.

Na imprensa alemã, a ocorrência foi classificada como "caso criminal fora do comum", publicado na seção de "variedades". No entanto, ela mostra, acima de tudo, que a arte saqueada não se encontra apenas nos museus, mas também em porões e sótãos, na cidade e no campo. Os temas arte pilhada, restituição, colonialismo e responsabilidade não dizem respeito apenas a arqueólogos e cronistas, mas a toda a sociedade.

Na opinião do pesquisador do Instituto Histórico da Universidade de Bonn Florian Helfer, porém, essa noção ainda não penetrou o suficiente a sociedade. Nas escolas, o colonialismo é reduzido a seu papel na eclosão da Primeira Guerra Mundial, sua tematização só serve para explicar o conflito, e "desse modo, a configuração do colonialismo in loco passa a não ter praticamente nenhuma relevância".

Libertando-se da culpa

Ainda assim, no momento a questão de como lidar com a arte saqueada está cada vez mais no foco do interesse científico e público. E consequentemente acumulam-se também as exigências de restituição.

Recentemente o historiador Götz Aly lançou um livro sobre o caso do "Prachtboot" ou "Luf-Boot", um barco de 16 metros, pilhado das ilhas do Pacífico Sul por firmas alemãs, no século 19, e destinado a exposição no Fórum Humboldt de Berlim.

Em entrevista à emissora Deutschlandfunk, ele explicou que o primeiro passo para lidar com a arte roubada seria contar a verdadeira história dos objetos nos museus, diretamente nas exposições: "Mostrar que há disposição de esclarecer, garantir a clareza, libertar a sim mesmo. No momento, ainda se procura escapar da responsabilidade convidando um ou outro pesquisador africano ou maori, e cooperando com ele."

Em relação às esculturas maias e teotihuacán de Saxônia-Anhalt, essa opção não entra em cogitação, pois elas se encontram no tesouro da sede do governo, na cidade de Magdeburg. E em breve serão enviadas de volta à casa: o governador Reiner Haseloff as entregará aos embaixadores mexicano e guatemalteco em 28 de maio de 2021, por ocasião de uma sessão do parlamento federal alemão.

Atualmente, 40% da população da Guatemala ainda pertence ao povo maia. No norte do país, nas ruínas da cidade de Tikal, fica o antigo centro daquela avançada civilização. E perto da capital do México encontram-se hoje os restos da gigantesca Teotihuacán, centro de uma cultura que dominou a América Central no século 1º depois de Cristo.

"Esses objetos também estão manchados de sangue"

Entretanto, o que parece um simples caso de bem-sucedida devolução de patrimônio cultural se revela bem mais complicado: Nikolai Grube discorda que as obras de arte pertençam de direito aos museus e instituições culturais dos respectivos países.

"Os herdeiros legítimos são os povos indígenas latino-americanos. Seus antepassados criaram esses bens culturais. Hoje em dia, porém, não se permite sequer que falem a própria língua, ela não é considerada nas escolas, sua cultura não faz parte da vida nacional. Vigora uma verdadeira espécie de apartheid: os membros da população indígena ou vivem na pobreza, no campo, ou nas favelas da cidade grande. As instituições culturais agem sem a participação deles."

Devido a essa grande pobreza, por não terem outra possibilidade de conseguir dinheiro, alguns povos indígenas saquearam os objetos de seus próprios sítios culturais, explica o especialista em antiguidade da América. Mas na América Latina ainda se fala muito pouco sobre esse tipo de "colonialismo interno".

No contexto da devolução pela Alemanha dos Bronzes de Benim à Nigéria, o debate sobre a arte pilhada africana está a pleno vapor. "É certo que seja assim, e deveria ter ocorrido muito antes, até por a culpa das colônias alemãs ser especialmente grande", confirma Grube. "E agora, seria preciso isso também para a América do Sul. Todos esses objetos estão manchados de sangue, ele só é mais antigo."

Por Sven Töniges, Christine Lehnen, na Deutsche Welle


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