domingo, 2 de maio de 2021

População indígena da Amazônia atingiu pico antes do contato europeu, diz estudo


Uma série de povoados na Amazônia já estava sofrendo redução populacional antes da chegada de europeus à região, revela um estudo sobre registros fósseis de pólen na floresta. O trabalho sugere que, além do genocídio promovido por europeus na região, outros fatores já estavam dificultando a presença indígena em alguns locais.

 

A descoberta está descrita em artigo publicado nesta sexta-feira (30) na revista "Science". O estudo foi liderado pelos cientistas Mark Bush, do Instituto de Tecnologia da Flórida, e Crystal McMichael, da Universidade de Amsterdã, e teve participação da paleoecóloga brasileira Majoi Nascimento, também da instituição holandesa.

A conclusão sobre a redução precoce de populações indígenas surgiu de um mapeamento que o grupo fez na região para entender a relação da floresta com a concentração de gases do efeito estufa no passado. No início do século 17, observou-se uma redução de concentração no CO2 global, que levou a um fenômeno apelidado de "Pequena Era do Gelo", com temperaturas caindo transitoriamente na Europa. Alguns cientistas acreditavam que isso tinha relação com a colonização das Américas.

Estima-se que povos indígenas tenham se reduzido de 90% a 95% após o contato europeu, seja por causa de doenças como a varíola ou por conflitos travados diretamente. Essa drástica variação demográfica, postularam alguns, teria levado a um aumento da cobertura florestal na Amazônia, porque clareiras antes abertas para habitação e cultivo passaram a ser reconquistadas pelas árvores.

Como as árvores absorvem o carbono do ar ao crescerem, e uma grande quantidade delas estava rebrotando, o CO2 global deveria então se tornar menos abundante, levando à queda de concentração desse gás por volta de 1600. Um ar com menos CO2, por sua vez, significaria menos radiação solar absorvida na atmosfera, o que resfriaria o planeta por algum tempo, causando a Pequena Era do Gelo.

Para testar essa hipótese, Bush, McMichael, Nascimento e colegas fizeram um mapeamento paleontológico de distribuição de pólen em 39 locais diferentes da Amazônia.

O pólen como testemunha

Escavando o leito de lagos e verificando que tipo de pólen era mais abundante a diferentes profundidades, os pesquisadores conseguiam saber, em cada século, se a cobertura vegetal do local era floresta ou se o solo estava sendo cultivado pelos índios com mandioca, milho ou outras espécies de planta domesticadas.

A coleta no estudo do grupo de Nascimento era feita sempre em lagos, porque o pólen que cai em solo seco oxida e não sobrevive para contar a história de vegetação. No estudo, os cientistas usaram amostras próprias junto de análises já publicadas por outros cientistas.

Para obter as melhores amostras de sedimento, cientistas foram a locais de difícil acesso.

— Uma das amostras que coletamos foi na Lagoa da Pata, no Amazonas. Para chegar lá a gente tem que ir até a cidade São Gabriel da Cachoeira, alugar um jipe 4x4 para pegar uma estrada de 30 km, depois fazer um trecho de canoa e outro de trilha, carregando botes infláveis — conta a cientista, que descreve ainda: — A gente usou dois botes para montar, então, uma plataforma no lago, e usamos canos de alumínio de um equipamento chamado Livingstone para furar o fundo do lago e coletar a amostra sem perturbar o sedimento. Depois da etapa de campo, levamos o sedimento para o laboratório para fazer a análise, que é a parte mais demorada da pesquisa. Na Lagoa da Pata, com 1,2 metro de sedimento, conseguimos cobrir 8 mil anos de história da vegetação da área.

Cada vez que o pólen de árvores típicas de floresta escasseava na amostra, o dado era interpretado como presença humana na área, e vice-versa. Após analisar todos os dados, os pesquisadores verificaram que Amazônia já estava passando por redução populacional na época do contato, e na maioria dos lugares essa queda tinha começado muito tempo antes. Em alguns casos, o reflorestamento de áreas abertas começara 600 anos antes da chegada dos europeus.

Na época em que espanhóis já estavam explorando a região, segundo os cientistas, o ganho de áreas florestadas em alguns pontos não era significativamente maior do que a perda de cobertura de árvores em outros. Isso significa que a chegada de europeus na Amazônia provavelmente não pode ser culpada pela Pequena Era do Gelo.

Genocídio indígena

O motivo pelo qual populações indígenas já tinham começado a se reduzir séculos antes ainda não é bem conhecido, mas tem respaldo também de um mapeamento feito em solo seco, publicado em 2020. Os arqueólogos Manuel Arroyo-Kalin e Philip Riris compilaram estudos na Amazônia e viram uma diminuição no número de sítios com ocupação humana no mesmo período mapeado pelo pólen.

Nascimento, Bush e McMichael sugerem que essa redução populacional precoce pode ter sido impulsionada por alguma pandemia de origem não europeia, pelo recrudescimento de conflitos tribais ou por mudanças ecológicas na região. Não há uma resposta clara ainda.

Os autores ressaltam, porém, que os dados novos não abrem brecha para questionar o genocídio indígena. A morte de nativos da Amazônia e do resto das Américas por guerra, escravidão e germes europeus é fato histórico amplamente documentado, diz Nascimento.

"Populações em algumas áreas da Amazônia deveriam já estar em declínio quando europeus chegaram, um declínio que foi acelerado pelo impacto de doenças depois do contato europeu", escrevem os cientistas.

Por Rafael Garcia, em O Globo


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