Omran é o alvo porque os combatentes fazem do insuportável mais uma arma
A imagem de Omran… não é que ela não me saia da cabeça, ela não
sai do meu coração. Vi o filminho em que ele toca o sangue que não sei se é
dele, a expressão do atordoamento silencioso, o choro ausente talvez bloqueado
pelo choque e o que fez este domingo anoitecer de tão frio foi mesmo o que a
gente não vê. O mundo é doente e as guerras são inevitáveis, mas não custava
nada ter uma lei assim: vai ter guerra? Então tá, tira todas as crianças, todos
os velhinhos, os doentes, as mulheres grávidas e as mamães recentes com os nenenzinhos;
que fiquem só adultos saudáveis que guerrearão.
Pronto, é horrível do mesmo jeito, mas se nossa espécie não tem
jeito, que os tão vulneráveis fossem protegidos para que o horrível não se
tornasse insuportável em ambas as faces visível e invisível. É uma questão de
decoro humanitário, era assim antigamente, as guerras tinham certa etiqueta.
Nesta, com Bashar al-Assad que honra uma linhagem de predadores
do humano auxiliado por assassinos como Putin e o regime iraniano para combater
o demoníaco Estado Islâmico, Omran é o alvo porque os combatentes fazem do
insuportável mais uma arma; é uma guerra entre terroristas. Vou tentar buscar
luz e calor, neste domingo escurecido, na própria imagem de Omran no meu
coração.
Coluna
do Augusto Nunes
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