Luiz Felipe
Pondé no Roda Viva: “Tem gente que acha que abrir o evangelho e ensiná-lo na
sala é pregação, mas abrir o Manifesto Comunista não é. Para mim os dos são”
Os assuntos em debate incluíram religião, política, filosofia, artes,
pós-modernidade, angústia, feminismo e sexo
Por: Augusto Nunes.
O convidado do Roda Viva desta segunda-feira foi o ensaísta,
escritor e filósofo Luiz Felipe Pondé. Formado em filosofia pela Universidade
de São Paulo, com doutorado pela USP e pós-doutorado pela Universidade de
Telavive, Pondé é um dos mais respeitados pensadores do país e um polemista de
fina linhagem.
Atualmente, além de assinar uma coluna semanal na Folha, é professor da FAAP,
da Unifesp e do curso de pós-graduação da PUC-SP. Com sete livros
publicados, escreve sobre temas que vão da religião à política, passando por
filosofia, artes, modernidade, pós-modernidade, angústia, feminismo e sexo.
Confira algumas declarações do entrevistado:
“Hoje existe uma suposta
evidência de que, se você é um intelectual, você é de esquerda, porque é uma
pessoa boa e quer salvar o mundo. Não acredito nisso, é claro. Eu me vejo como
um liberal conservador. A sociedade de mercado não é um paraíso, mas é a que
melhor produziu riqueza e melhorias da condição material de vida da população”.
“Não acredito em políticos
que querem que o mundo seja da maneira como eles pensam. Esses caras que
descobriram como o mundo deve ser, qual é o problema da humanidade, qual o
problema da natureza humana, como você deve educar as pessoas para que fiquem
melhores… Desconfio de gente que quer salvar o mundo, desconfio de gente bem
resolvida, não confio em gente que não tem ciúme, não confio em quem acha que
representa o bem. Seja na política, seja na religião”.
“Nas universidades, se você
não for fiel ao PT ou qualquer coisa semelhante você é mau, quer que as pessoas
passem fome. O que existe na maioria dos cursos de humanas no Brasil é um
cerceamento de bibliografia, de autores que vão além de Rousseau ou Marx. O
movimento estudantil é extremamente autoritário. Uma das maiores mentiras do
mundo é que existe debate na universidade”.
“Sou contra a Escola sem
Partido, apesar de reconhecer que existe sim pregação nas escolas. O problema é
que essa lei pressupõe certa censura. Se amanhã alguém der aula de darwinismo,
pode ser acusado de ensinar o ateísmo. Também não acho que um professor deve
ser demitido por emitir determinada opinião”.
“Tem gente que acha que
abrir o Evangelho e ensiná-lo na sala de aula é pregação, mas abrir o Manifesto
Comunista não é. Para mim os dos são”.
“Vivemos num mundo de
mimados ressentidos. Os homens estão cada vez mais medrosos. Querem ser mais
feministas que as feministas e acham que assim vão pegá-las. É preciso sair
fora desse clichê feminista, de que tudo o que o homem deseja é machismo”.
“Digo que a felicidade é
para iniciantes porque, se você só vive procurando a felicidade, fica meio
bobo. A literatura escrita para a felicidade é uma literatura ruim, de
baixa qualidade, para quem lê pouco e para quem não consegue lidar com o fato
de que a vida talvez não tenha sentido, de que talvez no final a gente se dê
mal, de que é difícil confiar nas coisas e nas pessoas. Se você ficar o tempo
inteiro obcecado pela felicidade provavelmente não terá nenhuma experiência de
felicidade”.
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