Enquanto o mundo
acompanha estarrecido a sequência de chacinas nos presídios do Amazonas e
Roraima, com 99 assassinatos, de onde saem imagens indescritíveis de corpos
carbonizados, decapitados, esquartejados e corações arrancados, dentro do
Brasil as autoridades voltam a debater tardiamente a situação, propondo as
mesmas fórmulas já experimentadas em outros motins sangrentos, que nunca deram
certo: investir em construção de prédios, mesmo sabendo que nunca haverá
prisões suficientes para atendar à expansiva demanda de crimes dentro e fora
das cadeias.
Fala-se em investir
em um sistema de “ inteligência” integrado entre estados e o governo federal,
num claro reconhecimento de que a bandidagem anda a distâncias estelares,
comparadas com a lerdeza e omissão do Estado Brasileiro. Vale indagar: até
quando o aparato estatal continuará incapaz de impedir* o domínio das
penitenciárias pelas facções criminosas? Há quanto tempo se discute meios
tecnológicos de bloquear ligações de celulares de dentro dos presídios? E por
que as penitenciárias servem de paiol de annamentos e ferramentas da
bandidagem?
Existe esse
universo indecifrável da criminalidade dentro e fora das prisões, onde faltam
espaço, dignidade e cumprimento da lei, e outro espantoso dentro do próprio
Judiciário, com suas incontroláveis regalias e privilégios. Mesmo na crise, a
farra da gastança não tem limite. Reportagem da Folha de S. Paulo de ontem
revela que os magistrados brasileiros não economizam na hora de viajar ao
exterior. De 2013 a 2015, os custos dos tribunais superiores com voos
internacionais foram de R$ 3 milhões por ano, em média, destacando-se o caso de
uma só viagem, com desembolso de R$ 55 mil no bilhete de classe executiva para
Walton Alencar, do TCU.
O TCU não é
Judiciário, mas acompanha em salários, privilégios e regalias o que ocorre no
Poder da Justiça, que consumiu, só em 2015, R$ 4 milhões em diárias de
magistrados. Talvez coibindo esses disparates e não apenas discutindo as
tragédias, o Judiciário teria muito mais a contribuir com medidas que
pacifiquem o caótico sistema carcerário, onde até juizes criminais temem
vistoriar e conhecer de fato o que se passa lá dentro. O que nada resolve é o
jogo de empurrar de um poder para o outr o e cada esfera de governo tentando
culpar a outra pelas tragédias anunciadas, que escancaram as entranhas do país
já tão desacreditado.
O Imperial (MA)
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