Atual diretoria
contratou serviços de assessoria de imprensa para promover venda da estatal sem
licitação
A Eletrobras pagou
quase dois milhões de reais para ser mal falada. Sem licitação.
Tratada
oficialmente como 'desestatização' ou 'democratização do capital', a
privatização da empresa, prioridade do governo de Michel Temer (MDB), recebeu
um forte impulso em 20 de setembro de 2017, quando a estatal assinou com a RP
Brasil Comunicações, do grupo FSB Comunicação, a maior assessoria de imprensa
do país.
Objeto do contrato
ECE-DJS 1252/2017, obtido pela reportagem via Lei de Acesso à Informação (LAI):
'assessorar a Eletrobras na comunicação relativa ao projeto de acionista
majoritário de desestatização da empresa'.
O valor exato do
contrato foi de R$ 1.800.000,00 (um milhão e oitocentos reais). Sendo R$
1.574.000,00 (um milhão, quinhentos e setenta e quatro mil reais) para
elaboração e execução do objeto, dividido em vários itens (ver quadro abaixo) e
R$ 226.000,00 para despesas comprovadas com a execução.
Em busca de uma
mobilização da opinião pública e formação de ambiente favorável para a
privatização, a empresa traçou como estratégia a divulgação de um cenário de
mazelas e problemas da estatal. Para tal, era preciso acionar os chamados
formadores de opinião, imprensa, soltar notas em colunas de jornais, municiar
comentaristas economicos, pautar a mídia em geral, mostrando sempre um cenário
que tornasse urgente tal privatização, acelerada pela pressa do governo federal
em concretizar o negócio. A empresa nega tal viés e afirma que no contrato está
ressaltada a necessidade de se 'preservar a imagem positiva da empresa', embora
reconheça que a divulgação 'não omite dados negativos como prejuízos
financeiros ou dívida bruta superior a R$ 45 bilhões' (ver 'outro lado ao fim
da reportagem).
De acordo com o
plano desenhado no contrato, foi feita uma 'análise do cenário', passando em
seguida para o chamado 'mapeamento dos stakeholders', ou seja, definição de
quem é o público estratégico alvo das mensagens a serem enviadas. Em um segundo
momento, veio a chamada 'mobilização dos influenciadores', item discriminado
com custo de R$ 170.000,00 (cento e setenta mil) dentro do milhão e oitocentos
reais do projeto total.
Em um dos 10 itens
incluídos no plano de ação da FSB e apresentado no contrato, estava a execução
de uma pesquisa de opinião pública para se verificar a popularidade do plano de
se privatizar a Eletrobras, com custo específico de R$ 120.000,00 (cento e
vinte mil).
O contrato entre
Eletrobras e FSB prevê ainda, em seu item 7.1, que os pagamentos entre
contratante e contratada serão feitos quando da 'entrega dos relatórios mensais
elaborados pela contratada correspondentes à consolidação dos resultados
alcançados'. A reportagem solicitou tais relatórios também através de novo
pedido de Lei de Acesso à Informação, mas, embora o contrato em si tenha sido
disponibilizado também via LAI, ainda que em recurso de última instância, o
acesso aos relatórios foi negado.
Um terceiro pedido
de Lei de Acesso à Informação foi feito junto à Eletrobras. Relativo às
informações sobre o suposto processo de licitação para o contrato em questão, o
ECE-DJS 1252/2017. Solicitando o nome dos participantes da disputa, as
propostas, os documentos do processo e o resultado final. Também foi negado em
primeira e segunda instância.
Na negativa, a
Eletrobras justifica o segredo quanto ao processo de licitação do que chama de
'democratização do capital social' afirmando que 'trata-se de informação
estratégica da Eletrobras, posto que os documentos solicitados estão
diretamente ligados à atuação da empresa no mercado concorrencial'. E segue:
'Isso porque as informações relativas ao contrato RP Brasil Comunicações (FSB
Comunicação) são pilares fundamentais do processo de democratização do capital
social da Eletrobras'. Destaca ainda a importância estratégica do contrato
entre Eletrobras e FSB: 'Com efeito, vale ressaltar que divulgação de
informações acerca do Contrato com a RP é tão sensível que pode trazer
prejuízos ao denominado processo de democratização'.
A reportagem
interpôs recurso à Controladoria Geral da União (CGU), alegando a contradição
entre ter tido acesso ao contrato mas ter tido negado vista aos relatórios e
licitação, além de outras questões da LAI que garantem tal acesso. A CGU não
respondeu até aqui.
Apesar da negativa
da Eletrobras na transparência do acesso ao processo de licitação, a reportagem
apurou com diferentes fontes como se deu tal disputa. Ou na verdade, como não
se deu a disputa. Ao menos a partir de certo ponto.
Em meio a corrida
do governo Temer para privatizar a Eletrobras, foi feita uma 'tomada de preços'
para definir-se quem iria ficar com o contrato ECE-DJS 1252/2017. A tomada de
preços é um momento crucial de uma licitação, onde fica determinado o patamar
do preço onde será realizado o leilão final e onde são demonstrados os
parâmetros de preço do mercado. É também, falando-se de maneira geral e
genérica, um momento da licitação onde os preços podem ser jogados para cima e
superfaturados.
O livro 'Uma análise
diante das vulnerabilidades das licitações públicas no Brasil' (José Luciano de
Oliveira, Descartes Almeida Fontes, Rodrigo Alexandre e Bruno Andrey), mostra
que, novamente de maneira geral, 'nesta fase podem ocorrer diversos tipos de
fraudes como montagem de licitação, acordo prévio, acerto de preços,
superfaturamento e habilitação de empresas inexistentes'.
Geralmente são
utilizados três orçamentos de empresas diferentes. Ao contratar os serviços em
jogo, a instituição realiza os procedimentos licitatórios conforme a legislação
específica, podendo participar nessa fase tanto empresas que foram orçadas na
fase de análise da tomada de preços quanto qualquer outra empresa, desde que
observando os valores de mercado. Assim, sempre que vencida a etapa da tomada
de preços, é realizada a licitação.
O pouco usual é o
que ocorreu na Eletrobras em relação ao contrato ECE-DJS 1252/2017, de acordo
com diversas fontes ouvidas pela Agência Sportlight de Jornalismo
Investigativo. Os relatos, que se completam, dão conta que algumas das maiores
empresas do país no ramo de assessoria e comunicação participaram do certame.
Além da própria FSB, apresentaram propostas a Companhia de Noticias (CDN) e a
Informe Comunicação. As três ocupam o pódio em contas do governo federal com
reconhecida notória especialização em estratégia de comunicação.
De acordo com as
apurações da reportagem, a Informe Comunicação teria apresentado a proposta de
menor custo financeiro, ficando em primeiro lugar. A FSB teria ficado em
segundo. No entanto, após o resultado da 'tomada de preços' das empresas
chamadas para uma licitação, a regra do jogo mudou: a Eletrobras resolveu
escolher a vencedora pela modalidade de 'inexigibilidade', onde se dispensa uma
concorrência e se promove uma contratação direta. A lei concede o direito ao
contratante de escolha do fornecedor caso existam razões que justifiquem a
dispensa de licitação.
No contrato em
questão, a Eletrobras alegou que 'em face da sua complexidade e singularidade,
bem como confidencialidade, por envolver informações estratégicas da empresa,
somente poderia se dar através de inexigibilidade de licitação, o que
impossibilita o estabelecimento de critérios objetivos, requerendo empresa de
notória especialização em estratégia de comunicação' como está em resposta da
Eletrobras ao fim da reportagem em 'Outro Lado'. Os demais envolvidos na
'tomada de preços' tem contrato com outras entidades do próprio governo federal
para desenvolver estratégias de comunicação.
Em 17 de outubro de
2017, quase um mês depois da assinatura do contrato entre FSB e Eletrobras, a
empresa publicou no Diário Oficial da União o resultado, anunciando o resultado
com a FSB como detentora do contrato por 'inexigibilidade de licitação'.
Os bastidores da
concorrência que não houve apontam para uma mão determinante em optar depois da
tomada de preços pela 'inexigibilidade de licitação' que decretou a vitória da
FSB: Wilson Pinto Ferreira Junior, nomeado por Michel Temer para presidir a
estatal.
Wilson Pinto
Ferreira Júnior, de 58 anos, assumiu a Eletrobras com uma missão específica
dada por Michel Temer: conduzir o processo de privatização. Começou a vida
profissional na Companhia Energética de São Paulo (CESP) e foi alçado a gerente
de distribuição da empresa na primeira gestão de Mário Covas como governador de
São Paulo (1995). Em 1998 passou para a iniciativa privada como o primeiro
presidente da Rio Grande Energia, criada após a privatização parcial da
distribuição de energia elétrica no estado do Rio Grande do Sul pelo então
governador Antônio Britto. Assumiu a presidência da empresa CPFL em março de
2000 e, desde 2002 presidiu a holding.
A nomeação de
Wilson Pinto Ferreira Júnior por Michel Temer foi em 22 de julho de 2016. Cerca
de um mês antes da nomeação, mais exatamente no dia 16 de junho de 2016, Wilson
Pinto Ferreira Júnior abriu duas empresas: a Kalimantan Empreendimentos e
Participacoes, tendo como atividade principal a 'compra e venda de imóveis
próprios' e a Wilpifer Participacoes Ltda, com atividade de 'holding de
instituições não financeiras'.
Exatamente no mesmo
dia em que foi nomeado para a presidência da Eletrobras, 22 de julho de 2016, o
executivo promoveu um aumento de capital social da Kalimantan Empreendimentos e
Participacoes, passando de R$ 1.000,00 (mil reais) para R$ 3.596.705 (três
milhões, quinhentos e noventa e seis mil e setecentos e cinco reais), e também
na Wilpifer Participacoes, onde o capital social sai de R$ 1.000,00 (mil reais)
para R$ 7.232.698,00 (sete milhões, duzentos e trinta e dois mil, seiscentos e
noventa e oito reais). A reportagem enviou questões para o presidente da
Eletrobras sobre a coincidência de datas através da assessoria de imprensa.
(ver resposta abaixo em 'Outro Lado').
Desde que Michel Temer
assumiu a presidência, em 12 de maio de 2016, a privatização da Eletrobras tem
sido obsessão do governo, que já editou três Medidas Provisórias (MP) para
viabilizar a venda da Eletrobras.
Com Temer ainda de
presidente interino, o poder executivo editou a Medida Provisória (MP) 735,
aprovada pelo Congresso, na intenção de facilitar a transferência do controle
de ativos e as privatizações de distribuidoras da Eletrobras.
Em 2017 veio a MP
814, retirando da Lei 10.848/2004, que trata da comercialização de energia, o
artigo que excluía a Eletrobras e suas controladas - Furnas, Companhia
Hidroelétrica do São Francisco, Eletronorte, Eletrosul e a Companhia de Geração
Térmica de Energia Elétrica (CGTEE) - do Programa Nacional de Desestatização.
O relator da MP
814/2017 é o deputado federal Júlio Lopes (PP-RJ), ex-secretário de transportes
do Rio na gestão Sérgio Cabral, que aparece na delação premiada de Benedicto
Júnior, da Odebrecht, em denúncia de recebimento de R$ 15,6 milhões, como está
em planilha entregue ao Ministério Público Federal (MPF-RJ). Pela delação,
entre 2008 e 2014, o deputado teria recebido 91 pagamentos. O relator da MP de
privatização da Eletrobras atendia na lista de propinas da Odebrecht pelos
apelidos de 'Pavão', 'Bonitão', 'Bonitinho', 'Velho' e 'Casa de Doido'. Júlio
Lopes é citado ainda em depoimento de Jacob Barata, o 'Rei do Ã'nibus', sobre
recebimento de propinas no esquema de caixinha para políticos da Federação das
Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro
(Fetranspor).
Já o ex-deputado
Pedro Corrêa cita em depoimento o relator da MP 814/2017 da seguinte forma:
'Esse cara tem que ser investigado. Esse cara fez miséria na secretaria no
Rio'. E conta ainda que, diante da voracidade de 'Casa de Doido', deu o
seguinte conselho, tanto a ele quanto a Eduardo Cunha, preso na Lava Jato:
'Olha, se vocês que acabaram de chegar a Brasília forem com tanta sede ao pote,
vão acabar cassados'. Júlio Lopes nega todas as acusações.
Em sua propaganda,
o governo alardeia que deve alcançar R$ 12,2 bilhões na privatização, sempre
tratada como 'democratização do capital'. No entanto, de acordo com o próprio
Ministério de Minas e Energia, o valor patrimonial da estatal é de R$ 46,2
bilhões e o total de ativos da empresa chega a R$ 170,5 bilhões. Além de R$ 541
bilhões investidos desde a criação, em 1962.
Uma guerra de
liminares e no Congresso Nacional tem sido travada sobre o tema. Para tentar
ganhar a batalha de informação, a Eletrobras lançou a campanha de comunicação
do 'projeto de acionista majoritário de desestatização da empresa', que está no
contrato aqui tratado, o ECE-DJS 1252/2017, da licitação que acabou com a FSB.
Nos jornais, é possível ver, de acordo com o levantamento da Agência Sportlight
de Jornalismo Investigativo, a difusão maior e aumento no tom das notícias
negativas quanto a gestão e resultados da Eletrobras após a assinatura do
contrato com a FSB.
Notas de coluna,
comentários na TV, pautas construídas para demonstrar a necessidade urgente da
privatização, como nos casos reproduzidos abaixo. Em todos os meios de
comunicação. Notícias do quão lucrativo seria o leilão, manchetes sobre os
prejuízos que os 'obstáculos na privatização' causam, notas diárias em colunas
de analistas mostrando que só há tal caminho diante dos números da estatal.
A FSB Comunicação,
iniciais de Francisco Soares Brandão, é a maior agência de comunicação do
Brasil. O dono foi protagonista de um perfil sobre assessorias de imprensa no
Brasil, escrito por Luiz Maklouf Carvalho para a Revista Piauí em 2015. De
acordo com a reportagem, os números então eram de '700 funcionários e 200
clientes, entre os quais meia dúzia de ministérios, estatais como a Petrobras,
os governos estadual e municipal do Rio, além de algumas outras prefeituras, como
a de Campinas, e dezenas de grandes empresas do setor privado', com sede no Rio
e filiais em São Paulo, Brasília e Campinas, além de escritório em Nova Iorque.
Com faturamento de R$ 200 milhões em 2014, de acordo com a reportagem. Mais da
metade vindo do setor público.
De acordo com o
perfil, foi na era de Sérgio Cabral, ex-governador do Rio e atualmente preso
por corrupção, que a FSB deu o salto de tamanho. De pouco mais de 100
funcionários, multiplicou em sete vezes. 'Em seus governos, Cabral na prática
terceirizou a comunicação do estado para a FSB. A agência mandava em tudo - da
estratégia de comunicação aos funcionários que cada secretaria teria. Pelo
menos setenta jornalistas da FSB passaram a trabalhar alocados nas principais
pastas do governo estadual', diz o texto.
A supremacia da FSB
também se deu nas prefeituras de Eduardo Paes, onde dominou a comunicação. A
empresa está citada na Lava Jato. Em acordo de delação premiada, o publicitário
Renato Pereira relatou ter atuado para direcionar o contrato de comunicação da
prefeitura do Rio à FSB Comunicação em 2015, um ano antes da Olimpíada do Rio.
Em função desse contrato, o marqueteiro diz ter recebido cerca de 30% dos
lucros da FSB. Em reportagens sobre o tema publicadas na ocasião, o ex-prefeito
Eduardo Paes negou direcionamento do contrato de comunicação da prefeitura. Já
a FSB, de acordo com nota publicada no jornal O Globo na ocasião, reconheceu
trabalhos em conjunto com a empresa de Renato Pereira, a partir de 'relações
absolutamente legítimas'.
No último 6 de
abril, Fernando Coelho Filho (MDB-PE) deixou o Ministério das Minas e Energia
(MME), que abrange a Eletrobras e onde estava desde o início do governo Temer.
Durante o mandato, o ministro notabilizou-se pela determinação na entrega de
algumas das maiores riquezas do país a grupos estrangeiros, sendo a mais
notória ação a MP que extinguia a RENCA e também a atuação a favor de
mineradora estrangeira na Floresta de Jamanxim, como mostrou o 'Dossiê Renca'
da Agência Sportlight de Jornalismo Investigativo.
Em seu lugar
assumiu Wellington Moreira Franco, do círculo mais próximo a Michel Temer.
Conhecido como 'gato angorá' na lista da Odebrecht e citado na delação do
presidente da Andrade Gutierrez, Moreira Franco ganhou proteção do amigo Temer
sendo nomeado em 12 de maio de 2016 para a função de Secretário do Programa de
Parcerias de Investimentos do Brasil, mas com status de ministério, garantindo
assim o foro privilegiado. Em 3 de fevereiro de 2017 virou Ministro-Chefe da
Secretaria-Geral da Presidência do Brasil, onde ficou até o último 6 de abril,
quando assumiu o Ministro de Minas e Energia do Brasil. Desde o anúncio de sua
posse, as ações da Eletrobras desabaram R$ 2,6 bilhões em uma semana. Embora
investigado por sua ação em processos de privatizações, é ele que agora irá
conduzir o processo de privatização da Eletrobras.
Eletrobras:
A reportagem enviou
através da assessoria de imprensa as questões abaixo para a Eletrobras. Veja as
respostas:
Pergunta:
1- O objeto do
contrato em questão fala em 'assessorar a Eletrobras na comunicação relativa ao
projeto de acionista majoritário de desestatização da empresa'. De acordo com
levantamento e apuração feitos por esta reportagem, desde 20 de setembro,
quando assinado tal acordo entre Eletrobras/FSB, cresceu o número de
reportagens na imprensa apontando mazelas da empresa, embasado em subsídios e
pautas fornecidos a partir deste contrato. Repassar tais questões da Eletrobras
era parte do acordo? No que consistia exatamente tal assessoramento da FSB?
Resposta: -
Conforme o objeto do contrato citado, a contratação de empresa de consultoria
em estratégia empresarial objetivou assessorar a Eletrobras na comunicação
relativa ao projeto de desestatização da empresa. A preservação da imagem
positiva da empresa faz parte, inclusive, do projeto básico desta contratação,
conforme trecho destacado a seguir: 'A contratação tem também como objetivo
preservar a confidencialidade de informações estratégicas e assegurar agilidade
e assertividade nas ações estratégicas de comunicação necessárias ao sucesso do
projeto, reduzindo o impacto negativo e preservando a imagem positiva da
empresa.
Por se tratar de um
tema que desperta grande interesse da imprensa, as demandas dos veículos de
comunicação por informações sobre a Eletrobras e por entrevistas com seus
porta-vozes aumentaram. Em um processo desta complexidade, surgem diversas
especulações e, por meio do assessoramento da FSB, a Eletrobras tem buscado
esclarecer aos seus diversos públicos de relacionamento, como a sociedade de
maneira geral, acionistas, parlamentares e empregados, as consequências e
benefícios em caso de a empresa ser ou não privatizada, sob aspectos de sua
capacidade de investimentos e sustentabilidade a longo prazo.
Neste maior número
de oportunidades de exposição da empresa na mídia, tem-se destacado as
melhorias que estão sendo implantadas e as mudanças implementadas pela atual
gestão. Destacam-se, nas comunicações à imprensa, as metas elencadas no Plano
Diretor de Negócios e Gestão da companhia e os avanços em cada uma das
iniciativas relacionadas ao plano. Porém, até mesmo para parametrizar as
conquistas alcançadas, é preciso contextualizar os dados de uma empresa em
recuperação, que, em função de seu compromisso com a transparência, não omite dados
negativos como prejuízos financeiros ou dívida bruta superior a R$ 45 bilhões.
Pergunta:
2- Em um dos 10
itens incluídos no plano de ação da FSB e apresentado no contrato, estava a
execução de uma pesquisa de opinião pública para se verificar a popularidade do
plano de se privatizar a Eletrobras, com custo específico de R$ 120.000,00
(cento e vinte mil) dentro do preço total do contrato, de R$ 1,8 milhão. O
acesso aos resultados de tal pesquisa foi negado para a Agência Reuters, de
acordo com reportagem da mesma em março último. Tampouco foram divulgados na
imprensa em forma de reportagem ou notas de colunas. Qual o resultado e qual o
critério para não ter sido divulgado? Gostaria de esclarecer ainda se somente
notícias negativas da empresa e consequentemente positivas para o cenário da
privatização foram trabalhados pela assessoria junto aos chamados 'formadores
de opinião' da imprensa.
Resposta: - O
objetivo da pesquisa é orientar as ações da empresa bem como subsidiar a
elaboração da estratégia de comunicação. Representa, portanto, ferramenta
estratégica de mapeamento de cenário, não sendo sua divulgação parte da
estratégia de atuação definida. Quanto aos formadores de opinião, estes são
informados sobre o cenário da empresa e os benefícios esperados com a
privatização.
Pergunta:
3- Gostaria de
saber ainda se não infringe as normas técnicas, éticas e regulamentos da
empresa o fato de estar se contratando uma empresa para divulgar fatos
negativos da própria empresa, como apurado pela reportagem junto aos meios de
imprensa e em checagem no conteúdo publicado desde a vigência do contrato
Eletrobras/FSB.
Resposta: -
Conforme já detalhado na primeira questão, a empresa foi contratada para
assessorar a Eletrobras na comunicação relativa ao processo de desestatização,
esclarecendo seus principais pontos à opinião pública.
Pergunta:
4- O processo de
licitação para o contrato Nº ECE-DJS-1252/2017 foi disputado pela FSB,
Companhia de Noticias (CDN) e a Informe Comunicação, tendo esta última, a
Informe Comunicação, sido a vencedora em primeiro momento. No entanto, acabou
sendo preterida pela FSB para tal contrato. Qual a razão e justificativa para
tal?
Resposta: - A
Eletrobras não realizou um processo licitatório. O objeto pretendido pela
Eletrobras, contratação de serviços de consultoria especializados, em face da
sua complexidade e singularidade, bem como confidencialidade, por envolver
informações estratégicas da empresa, somente poderia se dar através de
inexigibilidade de licitação, o que impossibilita o estabelecimento de
critérios objetivos, requerendo empresa de notória especialização em estratégia
de comunicação, conforme previsto na Lei 8.666/93, inc. III do artigo 13 e Inc.
II do artigo 25 e artigo 26 da Lei.
Na inexigibilidade,
que é uma contratação direta, é concedida à Administração a possibilidade de
escolha do fornecedor que, no seu entender, tem melhores condições de executar
o objeto. Nesta modalidade de contratação, o preço não é um fator determinante,
embora haja um rito próprio para sua verificação. A comprovação da prática de
preços justos, nesses casos, conforme estabelece o Tribunal de Contas da União
(TCU), deve ser dada pela própria empresa a ser contratada, que apresenta
documentação comprobatória de que os preços que está a cobrar da Administração
estão compatíveis com a prestação de serviços semelhantes a outras empresas.
Assim sendo, mesmo
com a premissa de contratarmos a RP BRASIL COMUNICAÇÕES (FSB Comunicação) em
virtude da sua irrefutável notoriedade no mercado de comunicação corporativa,
solicitamos propostas a outras empresas, ainda que não seja isto exigido na
contratação Direta por inexigibilidade. A Eletrobras foi ao mercado solicitar
orçamentos para o referido serviço por entender que as propostas poderiam ser
mais um elemento em sua análise sobre a empresa que estaria mais apta a
executar o objeto. Das empresas com notoriedade compatível com a RP BRASIL
COMUNICAÇÕES (FSB Comunicação) que lideram o ranking das maiores agência de
comunicação corporativa no Brasil, o preço da FSB foi o menor.
Pergunta:
5- Wilson Pinto
Ferreira Júnior foi nomeado como presidente em 22 de julho de 2016. Cerca de um
mês antes da nomeação, mais exatamente no dia 16 de junho de 2016, Wilson Pinto
Ferreira Júnior abriu duas empresas: a Kalimantan Empreendimentos e
Participacoes, tendo como atividade principal a 'compra e venda de imóveis
próprios' e a Wilpifer Participacoes Ltda, com atividade de 'holding de
instituições não financeiras'. E no mesmo dia em que é nomeado, 22 de julho de
2016, o sr Wilson Pinto Ferreira Júnior promove um aumento de capital social da
Kalimantan Empreendimentos e Participacoes, passando de R$ 1.000,00 (mil reais)
para R$ 3.596.705 (três milhões, quinhentos e noventa e seis mil e setecentos e
cinco reais), assim como na Wilpifer Participacoes, onde o capital social sai
de R$ 1.000,00 (mil reais) para R$ 7.232.698,00 (sete milhões, duzentos e
trinta e dois mil, seiscentos e noventa e oito reais). Qual a razão para ter
promovido tal aumento de capital nas duas empresas no mesmo dia em que assumiu
a Eletrobras?
Resposta: - As duas
referidas empresas foram criadas por orientação dos advogados do presidente
Wilson por se constituírem estruturas societárias mais eficientes para a
sucessão. Tendo dois filhos, de dois casamentos diferentes, com uma grande
diferença de idade entre eles (5 e 21 anos), a opção de transferir para as
empresas os bens imóveis que adquiriu ao longo de sua trajetória teve por
objetivo assegurar uma sucessão tranquila. O aumento de capital a que se refere
a pergunta foi realizado quando os bens imóveis, devidamente registrados na
declaração de imposto de renda, foram transferidos da pessoa física para a
pessoa jurídica. Quanto à data de realização da operação, não tem qualquer
relação com sua entrada na Eletrobras, até porque se trata de uma operação que
já vinha sendo preparada anteriormente.
FSB:
A reportagem enviou
questões para a FSB Comunicação sobre o contrato e o processo de escolha. A
empresa enviou a resposta abaixo:
Resposta:-'A FSB
não se pronuncia sobre contratos em vigor com seus clientes'.
Tribuna Hoje/AL