O organismo social do Brasil, um país gigante,
encontra-se depauperado, quase em coma. Precisa ser reanimado com urgência. Seu
coração enfraquecido, débil, já não pulsa bem. Sua mente, deveras embotada,
perde a capacidade de pensar. A nação já não respira com a profundidade
necessária, não se oxigena. Os órgãos e sistemas públicos têm sido invadidos,
infectados e corrompidos por micróbios populistas, virulentos e destruidores,
que desagregam o seu funcionamento. Vai sendo assim instalada a falência
múltipla dos órgãos nacionais, cuja gravidade coloca o país em péssimo
prognóstico de sobrevivência.
Células e tecidos de cada estrutura governamental estão contaminados por bactérias políticas cada vez mais resistentes a medidas transformadoras que possam erradicar o seu grave poder infectante. A função renal torna-se desgovernada, deixando de filtrar e eliminar as substâncias tóxicas das ideologias radicais que prejudicam a evolução cerebral do seu povo, impedindo-o de reagir fisiologicamente em favor da reanimação do organismo nacional.
A perniciosa infecção ideológica, que corrompe vísceras e entranhas da sociedade, dissemina-se, a olhos vistos, configurando-se a septicemia subversiva que se revela quase irreversível. O corpo da nação está visivelmente desnutrido, caquético, empobrecido pelo modelo de Estado que lhe foi imposto. A anemia do atraso educacional empalidece as perspectivas de uma recuperação à altura do seu potencial de desenvolvimento, que tem sido ignorado pelas ambições personalistas da cultura político-partidária em vigor.
Um país de tamanho porte, que é lesado e entra em estado de coma, não será ressuscitado apenas por respiração artificial ou outros procedimentos imediatistas e superficiais. Não basta o tratamento antibiótico por meio de reformas puntiformes inadequadas, incapazes de impedir a multiplicação dos micróbios políticos que infestam o cotidiano da comunidade brasileira. Pode ser importante para o alívio sintomático da crise mórbida que consome a nação, mas somente haverá a reabilitação do seu organismo caso sejam desencadeadas medidas realmente transformadoras dessa degradante atmosfera que vem desfigurando os valores humanos da nossa sociedade.
O Estado brasileiro não pode mais funcionar na lógica com a qual foi concebido. De longa data, os governantes operam no contexto da centralização absoluta, voltada para o poder nas mãos de poucos. O centralismo não é princípio democrático. Ao contrário, é ditatorial. Fortalece o império da elite dominante, que usa e abusa dos recursos públicos em seu próprio benefício. Não por outra razão, os 26 estados da União e o Distrito Federal carecem de um mínimo de autonomia como comunidades regionais a serem respeitadas.
Por tudo isso, o Brasil padece dessa doença estrutural com alto índice de letalidade. Precisa ser corretamente socorrido. Há cinco princípios fundamentais a serem definidos como normas inegociáveis para a reversão do estado de coma em que se encontra, a fim de que seu organismo adquira as condições saudáveis que lhe têm sido negadas.
O primeiro deles é o conceito de que as desigualdades sociais não são resolvidas com meros discursos ou medidas falaciosas. O segundo refere-se ao compromisso de investimento prioritário na formação das novas gerações. O terceiro corresponde à evidência de que saúde e educação são componentes indissociáveis para o sólido alicerce da cidadania, entendendo a saúde como promoção do bem-estar físico, mental e social do indivíduo, não apenas o diagnóstico e tratamento das doenças.
O quarto equivale à atribuição do devido valor ao nobre exercício da maternidade, sem a qual o organismo do país perderá a energia construtiva e renovadora de que depende. Para tanto, uma das providências inadiáveis é a universalização da licença-maternidade de um ano. Só assim será construído o vínculo afetivo mãe/filho com a serenidade e a ternura que são requisitos da principal fase de educação do novo ser.
E o quinto é estender a educação básica de qualidade a toda a população infantil, a fim de que, como afirma o senador Cristovam Buarque, os filhos dos trabalhadores possam ser educados nas mesmas escolas dos filhos dos patrões. Trata-se da única maneira de erradicar as iniquidades que têm início no período de formação do cérebro, quando o exercício do mais amplo potencial de aprendizagem precisa ser assegurado a todos e a cada um. Sem essas mudanças profundas no Estado brasileiro, o organismo do país não sairá do coma.
Células e tecidos de cada estrutura governamental estão contaminados por bactérias políticas cada vez mais resistentes a medidas transformadoras que possam erradicar o seu grave poder infectante. A função renal torna-se desgovernada, deixando de filtrar e eliminar as substâncias tóxicas das ideologias radicais que prejudicam a evolução cerebral do seu povo, impedindo-o de reagir fisiologicamente em favor da reanimação do organismo nacional.
A perniciosa infecção ideológica, que corrompe vísceras e entranhas da sociedade, dissemina-se, a olhos vistos, configurando-se a septicemia subversiva que se revela quase irreversível. O corpo da nação está visivelmente desnutrido, caquético, empobrecido pelo modelo de Estado que lhe foi imposto. A anemia do atraso educacional empalidece as perspectivas de uma recuperação à altura do seu potencial de desenvolvimento, que tem sido ignorado pelas ambições personalistas da cultura político-partidária em vigor.
Um país de tamanho porte, que é lesado e entra em estado de coma, não será ressuscitado apenas por respiração artificial ou outros procedimentos imediatistas e superficiais. Não basta o tratamento antibiótico por meio de reformas puntiformes inadequadas, incapazes de impedir a multiplicação dos micróbios políticos que infestam o cotidiano da comunidade brasileira. Pode ser importante para o alívio sintomático da crise mórbida que consome a nação, mas somente haverá a reabilitação do seu organismo caso sejam desencadeadas medidas realmente transformadoras dessa degradante atmosfera que vem desfigurando os valores humanos da nossa sociedade.
O Estado brasileiro não pode mais funcionar na lógica com a qual foi concebido. De longa data, os governantes operam no contexto da centralização absoluta, voltada para o poder nas mãos de poucos. O centralismo não é princípio democrático. Ao contrário, é ditatorial. Fortalece o império da elite dominante, que usa e abusa dos recursos públicos em seu próprio benefício. Não por outra razão, os 26 estados da União e o Distrito Federal carecem de um mínimo de autonomia como comunidades regionais a serem respeitadas.
Por tudo isso, o Brasil padece dessa doença estrutural com alto índice de letalidade. Precisa ser corretamente socorrido. Há cinco princípios fundamentais a serem definidos como normas inegociáveis para a reversão do estado de coma em que se encontra, a fim de que seu organismo adquira as condições saudáveis que lhe têm sido negadas.
O primeiro deles é o conceito de que as desigualdades sociais não são resolvidas com meros discursos ou medidas falaciosas. O segundo refere-se ao compromisso de investimento prioritário na formação das novas gerações. O terceiro corresponde à evidência de que saúde e educação são componentes indissociáveis para o sólido alicerce da cidadania, entendendo a saúde como promoção do bem-estar físico, mental e social do indivíduo, não apenas o diagnóstico e tratamento das doenças.
O quarto equivale à atribuição do devido valor ao nobre exercício da maternidade, sem a qual o organismo do país perderá a energia construtiva e renovadora de que depende. Para tanto, uma das providências inadiáveis é a universalização da licença-maternidade de um ano. Só assim será construído o vínculo afetivo mãe/filho com a serenidade e a ternura que são requisitos da principal fase de educação do novo ser.
E o quinto é estender a educação básica de qualidade a toda a população infantil, a fim de que, como afirma o senador Cristovam Buarque, os filhos dos trabalhadores possam ser educados nas mesmas escolas dos filhos dos patrões. Trata-se da única maneira de erradicar as iniquidades que têm início no período de formação do cérebro, quando o exercício do mais amplo potencial de aprendizagem precisa ser assegurado a todos e a cada um. Sem essas mudanças profundas no Estado brasileiro, o organismo do país não sairá do coma.
Dioclécio Campos Júnior , no Correio Brasiliense
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