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Cultura que herdamos dos
índios
Você sabe dizer por que
temos o hábito de tomar banho todos os dias? Ou por que gostamos de comidas à
base de milho, mandioca, batata-doce, palmito e frutas, como o guaraná? Esses e
muitos outros costumes foram herdados dos índios, os primeiros habitantes do
Brasil. Eles também nos presentearam com a rede, a canoa e a jangada, entre
outros itens. Transformam argila em utensílios e deram origem a muitas palavras
do nosso vocabulário, como pipoca, gambá e Sergipe, além de nos ensinar a como
retirar da natureza as plantas, que foram transformadas em remédios.
É por essas e tantas
outras razões que na terça-feira, dia 19 de abril, comemora-se o Dia do Índio.
“Eles merecem respeito, principalmente porque estavam no Brasil muito antes do
País ser descoberto pelos portugueses”, afirma Daniel Dammann, 9 anos, de São
Bernardo. “É um povo que deu origem à nossa cultura. Herdamos muitos costumes,
não tem como esquecer”, comenta Hadassa Tavares Santos, 10.
Os amigos estudam no
Centro Educacional Jean Piaget, em São Bernardo. Lá, em meio às árvores e
hortas, aprendem um pouco sobre o tema. “Gosto da forma que eles pintam o rosto
e o corpo. E o mais legal é que utilizam frutas para fazer as tintas”, explica
Gabriel Gonzalez, 6, que mora em São Paulo, mas estuda na escola da região.
“Hoje, muitos índios já se vestem como nós e moram em casas parecidas. Nem
sempre dá para reconhecê-los.”
Há no Brasil cerca de
300 povos indígenas, cada um com sua cultura, tradição e língua. Isso significa
dizer que alguns incorporaram mais que outros os elementos da sociedade não
indígena, mas não deixaram sua identidade de lado.
Atualmente, muitas
aldeias têm acesso às diferentes ‘modernidades’, tais como luz, computador,
internet e celulares. Os indígenas, assim como qualquer pessoa, fazem uso da
tecnologia para melhorar sua comunicação ou condição de vida e para divulgar ou
registrar seu dia a dia e tradições.
Marcela Jungers Serafim,
8, também de São Bernardo, adora ler histórias em quadrinhos sobre o tema, como
as de Papa-Capim, indiozinho criado por Mauricio de Sousa (o ‘pai’ da Turma da
Mônica) que vive na Floresta Amazônica. “Assim fica mais fácil aprender a forma
como eles vivem na floresta. Também já li historinhas sobre a índia Iara (protagonista
de uma famosa lenda brasileira).”
Hábitos sobrevivem nos
dias atuais
Apesar de cada nação de
índios possuir a própria cultura, existem alguns elementos que são comuns a
praticamente todos os indígenas brasileiros. Além de se alimentarem com muitos
peixes, frutas, legumes e raízes, (como a mandioca), eles costumam tomar banho
várias vezes ao dia, seja nos rios ou em lagos. Os homens costumam sair juntos
para caçar animais e o grupo faz cerimônias e rituais com dança e música, todos
com pinturas pelo corpo. Outra curiosidade é que surgiu com os índios o hábito
de tratar doenças com ervas encontradas na mata, sem contar a realização de
momentos especiais de cura, comandados por um pajé (líder espiritual).
As crianças, desde muito
pequenas, são ensinadas a fazer atividades do dia a dia e participar das festas
conforme vão alcançando a vida adulta. A maioria dos índios vive em casas
feitas com elementos naturais (troncos, galhos de árvores, palhas, folhas e
barro). “O que mais gosto nos indígenas é a forma como eles respeitam a
natureza. Eles pescam, caçam para se alimentar, plantam, mas tudo isso para
sobreviverem”, conta Rafaela Gardin Paduano, 10 anos, também aluna do Centro
Educacional Jean Piaget. “Precisamos aprender com eles”.
Morena Flor Dantas, 6
anos, admira a forma como dançam, cantam e montam as coisas. “Fazem colar,
roupas, vasilhas com barro”, conta.
Aldeias se distribuem
pelo Brasil
Existem povos indígenas
em todos os Estados do Brasil. Segundo resultados do Censo Demográfico (estudo
feito para revelar informações sobre o País), realizado pelo IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2010, a atual população indígena
brasileira é de 817.963 pessoas – desse total, 502.783 vivem na zona rural e
315.180 habitam as áreas urbanas.
Dados levantados pela
Funai (Fundação Nacional do Índio, entidade do governo responsável por promover
e proteger os direitos dos povos indígenas no Brasil) revelam um mapa bem
informativo. Em algumas regiões podemos notar que o número de índios é maior,
como é o caso do Estado do Amazonas, responsável por abrigar metade das 305,8
mil pessoas que estão na região Norte e onde fica a Floresta Amazônica.
O Nordeste fica em
segundo lugar, com 208,8 mil indígenas. Dentro da região, a Bahia é o Estado que
se destaca. Em seguida estão Centro-Oeste (130,4 mil pessoas, cuja maior parte
está em aldeias no Mato Grosso do Sul), Sudeste (97,9 mil, com destaque para
São Paulo) e Sul (74,9 mil índios, com maior concentração no Rio Grande do
Sul).
Um dos vários grupos é o
Xavante, como ficou conhecido pelos brancos, ou Auwe, como se autodenomina, que
vive há muito tempo na região Centro-Oeste. Para esse povo, o contato com o
restante do Brasil ocorreu há poucas décadas. Foi nos anos 1940, depois de um
tempo difícil de muitos conflitos, que eles decidiram ‘pacificar os brancos’ e
estabelecer contato.
CURIOSIDADES: Na maioria
das aldeias, as casas já são de alvenaria (com tijolos). Mas, especialmente na
região Norte, muitos grupos ainda fazem suas moradias de modo tradicional,
usando madeira e plantas nativas;
Há três línguas de
origem indígena: o tupi (ou macrotupi), o macrojê e o aruak, dependendo da
aldeia e da região onde moram. M uitos índios, atualmente, conseguem falam
português.
Por Tauana Marin, no
Diário do Grande ABC
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