A melhor das respostas para a maior questão
Por que Shakespeare? Harold Bloom busca responder em "Shakespeare – A invenção do humano"
Por que Shakespeare? Quatro séculos depois de sua morte, o maior de todos os escritores, em todos os idiomas e em todos os tempos, continua um enigma. Ao longo de 25 anos de atividade como ator, dramaturgo e empresário, ele escreveu sonetos, poemas e 39 peças teatrais, entre elas ao menos duas dúzias de obras-primas. Depois se recolheu, numa espécie de exílio voluntário em sua cidade natal, Stratford-upon-Avon, ao norte de Londres. Além dos registros oficiais e relatos esparsos, pouco sabemos a respeito de sua vida pessoal, familiar ou afetiva. Mesmo depois de ler sua obra, sabemos menos ainda de suas opiniões políticas, sentimentos religiosos ou inclinações sexuais. O ser humano William Shakespeare, nascido provavelmente em 23 de abril de 1564, morto em 23 de abril de 1616, permanece um mistério. Apesar da infinidade de estudos que o cercam, jamais saberemos ao certo quem ele foi. E, no entanto, seus personagens, seu texto, sua poesia e seu talento dramático deram a melhor resposta encontrada até hoje para a questão que mais nos atormenta: quem somos nós.
Shakespeare não foi apenas o maior poeta e prosador da história. “Ele pensou de modo mais abrangente e original do que qualquer outro escritor”, escreve o crítico e professor americano Harold Bloom em Shakespeare – A invenção do humano. “Inventou o humano como o conhecemos até hoje.” Em seu livro monumental – uma leitura pessoal de 35 das peças –, Bloom argumenta que, por meio da reflexão interior de seus personagens, Shakespeare criou o modo como concebemos nossa existência. Transpôs em palavras tamanha diversidade de tipos e personalidades, que hoje todos pensamos e vivemos aquilo que ele escreveu antes de nós. Não se tratou apenas de uma representação do pensamento dos personagens – mas de um ato de criação de um novo tipo de consciência, que repetimos em nossas mentes. Toda a literatura, filosofia e psicologia nos séculos posteriores – de Nietzsche a Proust; de Dostoiévski a Freud; de Molière a Beckett – teria sido outra sem Shakespeare. Mais plana, mais esquemática e mais previsível; menos criativa, menos ambivalente e menos real. É por isso, diz Bloom, que sua obra é vista como uma espécie de Bíblia laica, um texto que, por despertar reconhecimento, espanto e até mesmo devoção, adquire o valor de escritura sagrada. “Nenhum escritor, antes ou depois de Shakespeare, realizou tão bem o virtual milagre de criar vozes tão diferentes e tão consistentes para seus mais de 100 personagens principais e para centenas de personagens menores”, escreve Bloom. “Como ele foi possível, não posso saber e, depois de duas décadas ensinando quase nada além, considero o enigma insolúvel.”
Dono de um intelecto incomparável, Shakespeare foi mais inteligente do que todos nós jamais seremos. Mas não era, diz Bloom, um resolvedor de problemas. Conhecia os limites da linguagem e sabia que, quando expresso em palavras, um sentimento já deixou o coração. Sua arte está justamente em expandir esse limite, até onde as palavras são capazes de representar nossa condição humana, com todas as suas dores, alegrias, impulsos, contradições e, acima de tudo, autoconsciência e reflexão. “Ter inventado nossos sentimentos é ter ido além de nos psicologizar: Shakespeare nos tornou teatrais, mesmo se nunca fomos a uma apresentação ou lemos uma peça”, escreve Bloom. Ele destaca sete personagens, imbuídos da característica central que nos torna humanos, a personalidade capaz de refletir sobre si mesma. Cinco deles estão nas tragédias – Iago (Otelo), Cleópatra (Antônio e Cleópatra), Lear (Rei Lear), Macbeth (da peça homônima) e sobretudo Hamlet (idem). “Hamlet, como personagem, nos maravilha porque é tão infinitamente sugestivo. Há limites para ele? Sua introspecção é a originalidade mais radical; o sempre crescente eu interior, o sonho de uma consciência infinita jamais foi retratado de modo mais pleno”, diz Bloom.
Embora o auge de Shakespeare como poeta e dramaturgo esteja nos solilóquios de Hamlet, sua alma estava na comédia, em que destila autoconsciência em ironia e leveza diante da vida. É o que fazem os outros dois personagens prediletos de Bloom: Rosalind, de O que quiserdes, e o mais shakespeariano – e humano – de todos: o velho militar John Falstaff, preceptor do jovem príncipe Hal (e futuro rei Henrique V) nas duas partes da peça histórica Henrique IV. Gordo, amante de bebida, mulheres e dos prazeres da vida, Falstaff é visto por Bloom como o melhor antídoto para a cultura do ressentimento que hoje domina nosso universo intelectual. Para aqueles que tentam aprisionar Shakespeare nas celas de teorias políticas, ideológicas, psicanalíticas, feministas, multiculturais ou de qualquer outra voga acadêmica, nada melhor que a resposta de Falstaff, um grito de liberdade diante do absurdo que vê num campo de batalha: “Dá-me vida!”.
Por HELIO GUROVITZ, na revista Época
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Dramaturgo, o autor transferiu para seus contos literários toda a criatividade, intensidade e dramaticidade intrínsecas à arte teatral.
São vinte contos retratando temáticas históricas e contemporâneas que, permeando nosso imaginário e dia a dia, impactam a alma humana em sua inesgotável aspiração por guarida, conforto e respostas.
Os contos:
1. Tiradentes, o mazombo
2. Nossa Senhora e seu dia de cão
3. Sobre o olhar angelical – o dia em que Fidel fuzilou Guevara
4. O lugar de coração partido
5. O santo sudário
6. Quando o homem engole a lua
7. Anos de intensa dor e martírio
8. Toshiko Shinai, a bela samurai nos quilombos do cerrado brasileiro
9. O desterro, a conquista
10. Como se repudia o asco
11. O ladrão de sonhos alheios
12. A máquina de moer carne
13. O santuário dos skinheads
14. A sorte lançada
15. O mensageiro do diabo
16. Michelle ou a Bomba F
17. A dor que nem os espíritos suportam
18. O estupro
19. A hora
20. As camas de cimento nu
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