Daniela Greene foi
até o local para investigar um terrorista, mas acabou casando-se com ele e
mentindo para a Justiça americana
Agente do FBI
deveria investigar um terrorista, mas se casou com ele.
Quem gosta de
assistir a séries policiais, como Blacklist, certamente sabe que, na ficção, é
comum que alguns agentes se envolvam com criminosos. Na realidade, isso não é
tão comum - mas um caso que ocorreu recentemente prova que isso pode ocorrer.
Em 2014, a
tradutora do FBI Daniela Greene viajou para a Síria numa missão secreta, mas
acabou se casando com um membro importante do Estado Islâmico (ISIS), Denis Cuspert,
que ela deveria investigar.
De acordo com
informações obtidas pela CNN, Daniela mentiu para o FBI durante toda a missão.
Ela mentia sobre os lugares em que ela estava indo e ainda avisou ao novo
marido que ele estava sob investigação.
O homem com quem a
tradutora se casou não era um "membro qualquer". Denis Cuspert era um
rapper alemão que virou um recrutador online do ISIS, e sua grande influência
chamou a atenção de autoridades que combatem terrorismo.
Na Síria, ele era
conhecido como Abu Talha al-Almani. Ele homenageou Osama Bin Laden numa música,
ameaçou o ex-presidente Barack Obama com um gesto de corte de garganta e
apareceu em vídeos na internet, incluindo um em que estava segurando uma cabeça
humana recém-decapitada.
Levou apenas
algumas semanas após o casamento para que Greene percebesse que havia cometido
um grande erro. Ela então voltou para os Estados Unidos, onde foi imediatamente
presa. Ela se declarou culpada por fazer falsos relatórios envolvendo o
terrorismo internacional, concordou em cooperar com as autoridades e foi
sentenciada a dois anos na prisão federal. No último verão, ela foi solta.
O FBI, num
comunicado à CNN, disse que o caso de Daniela resultou em "várias medidas
em diversas áreas para identificar e reduzir brechas de segurança". O
orgão não disse, porém, quais foram as medidas tomadas e não quis comentar mais
o assunto.
"É um
constrangimento para o FBI, sem nenhuma dúvida", disse John Kirby, um
oficial do Departamento de Estado. Ele disse que suspeita que a entrada de
Daniela na Síria precisou de aprovação dos líderes do ISIS. "Para que ela
tenha sido autorizada a entrar como americana, como mulher, como uma agente do
FBI, e para que tenha sido autorizada a morar lá com um conhecido líder do
ISIS, tudo tinha de ser coordenado".
Em documentos
legais arquivados em Washington, procuradores caracterizaram a conduta da
agente como "escandalosa", merecedora de "punição severa".
O procurador-geral assistente Thomas Gillice disse que Daniela "violou a
confiança pública, a confiaça dos oficial que garantiram sua segurança e a
confiança das pessoas que trabalharam com ela e pôs em risco a segurança
nacional. Mesmo assim, o procurador disse que ela merece uma sentença mais leve
por causa de sua cooperação - a sentença da tradutora foi menor do que outras
pessoas costumam receber por crimes relacionados a terrorismo.
Agora, Daniela
Greene trabalha como recepcionista num hotel. A CNN tentou entrevista-la, mas
ela disse que não poderia falar com a imprensa pois isso a colocaria em risco.
"Se eu falar com você, minha família estará em perigo".
O Estado de S.Paulo
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