A Agência da ONU para os Refugiados (Acnur) documentou em 2011 acusações de exploração sexual por parte de trabalhadores de 15 ONGs internacionais em campos de refugiados do oeste da África, revela nesta terça-feira o jornal britânico "The Times".
O jornal teve acesso a um relatório de 84 páginas, em cuja elaboração também colaborou a organização humanitária Save The Children, que está à disposição do comitê de Desenvolvimento Internacional da Câmara dos Comuns do Parlamento britânico.
O documento identifica mais de 40 organizações "cujos trabalhadores são acusados de manter relações de exploração sexual com crianças refugiadas".
A maioria são ONGs locais, mas a lista inclui 15 organizações internacionais, entre elas a própria Acnur, o Programa Mundial de Alimentos, Save the Children, Médicos Sem Fronteiras, Comitê Internacional de Resgate e a Federação Internacional de Sociedades da Cruz Vermelha.
Segundo o jornal britânico, "os autores do relatório enfatizam que as acusações não puderam ser completamente verificadas e requerem mais investigação", embora constatam que "a quantidade de acusações documentadas" é "um indicador crítico da escala do problema".
O "The Times" indica que o Comitê Parlamentar do Reino Unido que investiga supostos abusos sexuais por parte de trabalhadores humanitários situou esse documento no centro de suas investigações.
O escândalo sobre o comportamento de trabalhadores de Organizações Não-Governamentais explodiu em fevereiro, quando o "The Times" revelou que pessoal da Oxfam no Haiti abusou de mulheres pouco depois do terremoto que atingiu o país em 2010.
A deputada conservadora Pauline Latham, membro do comitê de Desenvolvimento Internacional, afirmou ao jornal que o relatório, que foi enviado aos responsáveis da Acnur em 2002, demonstra que "o setor da ajuda humanitária sofreu problemas durante muitos anos".
"Agora é o momento da renovação e da reforma", sustentou a parlamentar britânica.
O estudo assegura que os trabalhadores humanitários estavam "entre os principais exploradores sexuais das crianças refugiadas, frequentemente utilizando a assistência humanitária e os serviços que deveriam beneficiar os refugiados como ferramenta de exploração".
Comida, óleo, acesso à educação e pedaços de plástico para construir refúgios eram bens que eram trocados por sexo, indica o texto, que relata como as famílias "sentiam que tinham que entregar suas filhas adolescentes aos abusadores", segundo detalha o "The Times".
EFE