quinta-feira, 22 de junho de 2017

Exposição no Rio destaca artesanato de festas brasileiras

Exposição traz mais 800 itens, como alegorias, máscaras, fantasias e objetos Roberto Pontes/Divulgação Crab Sebrae    

O Centro Sebrae de Referência do Artesanato Brasileiro (Crab), localizado na Praça Tiradentes, centro do Rio de Janeiro, abriu para convidados a exposição Festa Brasileira: Fantasia Feita à Mão. O público poderá visitar a mostra, que vai até 28 de outubro. A exposição poderá ser visitada de terça-feira a sábado, entre 10h e 17h.
Ao todo, nove ambientes distintos serão ocupados com as peças selecionadas pela curadoria do antropólogo e museólogo Raul Lody e do jornalista e ex-secretário de Cultura e Esportes do Estado do Rio de Janeiro, Leonel Kaz. A concepção visual é do designer Jair de Souza.
A coordenadora do Crab do Rio, Heliana Marinho, disse que a exposição traz o que existe de artesanal na confecção de festas nacionais. “Essas festas estão bastante vinculadas à cultura popular e se inspiram na nossa miscigenação, nas correntes europeias, africanas e indígenas. É a mistura de tudo isso que gera a manifestação popular brasileira”, disse.
A exposição traz cerca de 800 itens ligados a festas tradicionais, reunindo alegorias, máscaras, fantasias e objetos de 20 estados representando festas como congado, reisado, bumba meu boi, maracatu e carnaval.  Heliana explicou que, para quem não conhece alguma das festas celebradas em outros estados, a exposição significará o “encontro com a alma brasileira”, porque todos os adereços mostram a cultura popular “que é tão vibrante no Brasil”. A reunião dessas festas em grupos está associada a muitas tecnologias, como filmes e vídeos.
“[A mostra] promete ser um ambiente bastante festivo, mas focado em iluminar esse público sobre onde essas festas ocorrem, o que elas representam e, principalmente, como elas são executadas”. A intenção é mostrar que, por trás dessas festas, há um fazer artesanal e que elas não são feitas por um artesão de forma autoral, mas, em geral, são trabalhos coletivos, de grupos e comunidades que se organizam. “É um fazer coletivo que mostra como o Brasil se organiza ou se organizou ao longo dos anos para demonstrar a sua cultura, sua fé, sua alegria, suas crenças e descrenças”.
 Exposição traz ao público o que existe de artesanal na confecção de festas nacionais Roberto Pontes/Divulgação Crab Sebrae 

Salas especiais
Cada uma das nove salas tem uma trilha sonora específica, o que contribui para que as pessoas tenham um contato direto e um envolvimento com as diferentes festas. Ao entrar na exposição, os visitantes podem apreciar máscaras com 12 grafismos diferentes, escolher uma delas para percorrer os ambientes e, inclusive, levar para casa após saírem.
Em uma sala especial, chamada Sala do Batuque, mais de 300 instrumentos utilizados nessas festas, como pandeiro e agogô, estão colocados no teto. Em uma mesa situada embaixo, os visitantes terão oportunidade de “tirar o som [desses instrumentos] nesse tratamento tecnológico”, disse Heliana. Há, segundo ela, uma participação efetiva do público para melhor interagir com a festa e sua alegria.
Em outra sala, de 140 metros quadrados, com arquibancada denominada Barracão, haverá multiprojeção de cinco minutos do filme inédito O Próximo Samba, de Marcelo Lavandoski, que exibe o que ocorre dentro do barracão de uma escola de samba, no caso a Estação Primeira da Mangueira. Não se mostra no vídeo o que já é comumente veiculado no carnaval, que é a apresentação da agremiação no Sambódromo, mas o trabalho dos funcionários, desde o serralheiro, até a costureira. “Como é o fazer artesanal que há por trás dessa festa”, disse Heliana.
No final, o visitante pode escolher entre 100 fotografias que retratam foliões vestidos com diferentes fantasias do carnaval de rua do Rio de Janeiro, pode se fantasiar também com perucas e colares, entre outros acessórios disponíveis e tirar uma selfie com o folião de sua preferência. A pessoa é inserida no cenário da festa e a foto pode ser encaminhada por e-mailpara quem ela quiser.
Valorização
A coordenadora nacional do Crab e da Carteira de Projetos de Artesanato do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Maíra Fontenele, disse que não se pode dissociar o artesanato das festas populares. “O artesanato é muito vinculado à cultura popular e a gente queria juntar as duas coisas: as festas brasileiras e a cultura popular junto com a produção artesanal”.
Maíra disse que a estratégia do Sebrae é reposicionar o artesanato brasileiro e significa apresentar às pessoas todo o valor que essa produção tem em termos culturais e enquanto produto.
Segundo ela, o brasileiro trata o artesanato, que tem técnicas muito boas, como uma coisa de menor valor, como algo de subsistência, e o Sebrae quer mostrar que, ao contrário, ele tem espaço e precisa ser valorizado. “As exposições que o Crab organiza têm a finalidade de mostrar esse valor”, disse.

Por Alana Gandra, da Agência Brasil