Exposição traz mais 800 itens, como alegorias, máscaras, fantasias e objetos Roberto Pontes/Divulgação Crab Sebrae |
O Centro Sebrae de Referência do Artesanato Brasileiro
(Crab), localizado na Praça Tiradentes, centro do Rio de Janeiro, abriu para convidados a exposição Festa
Brasileira: Fantasia Feita à Mão. O público poderá visitar a mostra, que vai até 28 de outubro. A exposição poderá
ser visitada de terça-feira a sábado, entre 10h e 17h.
Ao todo, nove ambientes distintos serão ocupados com as
peças selecionadas pela curadoria do antropólogo e museólogo Raul Lody e do
jornalista e ex-secretário de Cultura e Esportes do Estado do Rio de Janeiro,
Leonel Kaz. A concepção visual é do designer Jair de Souza.
A coordenadora do Crab do Rio, Heliana Marinho, disse que
a exposição traz o que existe de artesanal na confecção de festas nacionais.
“Essas festas estão bastante vinculadas à cultura popular e se inspiram na
nossa miscigenação, nas correntes europeias, africanas e indígenas. É a mistura
de tudo isso que gera a manifestação popular brasileira”, disse.
A exposição traz cerca de 800 itens ligados a festas
tradicionais, reunindo alegorias, máscaras, fantasias e objetos de 20 estados
representando festas como congado, reisado, bumba meu boi, maracatu e
carnaval. Heliana explicou que, para quem não conhece alguma das festas
celebradas em outros estados, a exposição significará o “encontro com a alma
brasileira”, porque todos os adereços mostram a cultura popular “que é tão
vibrante no Brasil”. A reunião dessas festas em grupos está associada a muitas
tecnologias, como filmes e vídeos.
“[A mostra] promete ser um ambiente bastante festivo, mas
focado em iluminar esse público sobre onde essas festas ocorrem, o que elas
representam e, principalmente, como elas são executadas”. A intenção é mostrar
que, por trás dessas festas, há um fazer artesanal e que elas não são feitas
por um artesão de forma autoral, mas, em geral, são trabalhos coletivos, de
grupos e comunidades que se organizam. “É um fazer coletivo que mostra como o
Brasil se organiza ou se organizou ao longo dos anos para demonstrar a sua
cultura, sua fé, sua alegria, suas crenças e descrenças”.
Exposição traz ao público o que existe de artesanal na confecção de festas nacionais Roberto Pontes/Divulgação Crab Sebrae |
Salas especiais
Cada uma das nove salas tem uma trilha sonora específica,
o que contribui para que as pessoas tenham um contato direto e um envolvimento
com as diferentes festas. Ao entrar na exposição, os visitantes podem apreciar
máscaras com 12 grafismos diferentes, escolher uma delas para percorrer os
ambientes e, inclusive, levar para casa após saírem.
Em uma sala especial, chamada Sala do Batuque, mais de 300
instrumentos utilizados nessas festas, como pandeiro e agogô, estão colocados
no teto. Em uma mesa situada embaixo, os visitantes terão oportunidade de
“tirar o som [desses instrumentos] nesse tratamento tecnológico”, disse
Heliana. Há, segundo ela, uma participação efetiva do público para melhor
interagir com a festa e sua alegria.
Em outra sala, de 140 metros quadrados, com arquibancada
denominada Barracão, haverá multiprojeção de cinco minutos do filme inédito O Próximo Samba, de Marcelo Lavandoski,
que exibe o que ocorre dentro do barracão de uma escola de samba, no caso a
Estação Primeira da Mangueira. Não se mostra no vídeo o que já é comumente
veiculado no carnaval, que é a apresentação da agremiação no Sambódromo, mas o
trabalho dos funcionários, desde o serralheiro, até a costureira. “Como é o
fazer artesanal que há por trás dessa festa”, disse Heliana.
No final, o visitante pode escolher entre 100 fotografias
que retratam foliões vestidos com diferentes fantasias do carnaval de rua do
Rio de Janeiro, pode se fantasiar também com perucas e colares, entre outros
acessórios disponíveis e tirar uma selfie com o folião de sua preferência. A
pessoa é inserida no cenário da festa e a foto pode ser encaminhada por e-mailpara quem ela quiser.
Valorização
A coordenadora nacional do Crab e da Carteira de Projetos
de Artesanato do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
(Sebrae), Maíra Fontenele, disse que não se pode dissociar o artesanato das
festas populares. “O artesanato é muito vinculado à cultura popular e a gente
queria juntar as duas coisas: as festas brasileiras e a cultura popular junto
com a produção artesanal”.
Maíra disse que a estratégia do Sebrae é reposicionar o
artesanato brasileiro e significa apresentar às pessoas todo o valor que essa
produção tem em termos culturais e enquanto produto.
Segundo ela, o brasileiro trata o artesanato, que tem
técnicas muito boas, como uma coisa de menor valor, como algo de subsistência,
e o Sebrae quer mostrar que, ao contrário, ele tem espaço e precisa ser
valorizado. “As exposições que o Crab organiza têm a finalidade de mostrar esse
valor”, disse.
Por Alana Gandra,
da Agência Brasil