As migrações forçadas e o tratamento desumano dispensado aos
migrantes ainda são fatores causadores da fome no mundo, afirmam representantes
da Organização das Nações Unidas (ONU) e da Confederação Nacional dos Bispos do
Brasil (CNBB), que se reuniram hoje (10), em Brasília, para um debate sobre o
tema Mudar o Futuro da Migração: Investir em Segurança Alimentar e Desenvolvimento
Rural.
O encontro, que também contou com a participação de autoridades dos governos federal e do Distrito Federal, é um dos eventos programados para o Dia Mundial da Alimentação, celebrado na próxima segunda-feira (16).
O encontro, que também contou com a participação de autoridades dos governos federal e do Distrito Federal, é um dos eventos programados para o Dia Mundial da Alimentação, celebrado na próxima segunda-feira (16).
De acordo com o representante
da ONU para a Alimentação e a Agricultura (FAO) no Brasil, Alan Bojanic, os
números da parcela da população mundial com alimentação escassa observados na
década de 90 melhoraram em 20 anos, passando de 1 bilhão para 780 milhões de
pessoas, conforme levantamento de 2015.
Bojanic ressaltou que, apesar disso, em um contexto de migrações involuntárias, as mudanças climáticas, a violência e a situação econômica de países como Somália e Síria acentuam a insegurança alimentar de diversos grupos e ameaçam a meta de erradicar a fome até 2030, estipulada pela ONU.
Bojanic ressaltou que, apesar disso, em um contexto de migrações involuntárias, as mudanças climáticas, a violência e a situação econômica de países como Somália e Síria acentuam a insegurança alimentar de diversos grupos e ameaçam a meta de erradicar a fome até 2030, estipulada pela ONU.
Ainda segundo Bojanic, mais
de 75% dos 815 milhões de pessoas que lutavam contra a insegurança alimentar no
ano passado viviam no campo. Daí a importância de investir na agricultura
familiar, responsável pelo fornecimento de 70% dos alimentos de todo o mundo.
Para Bojanic, a mitigação dessa insegurança e o desenvolvimento sustentável podem ser alcançados com a mediação dos conflitos por terra, a regularização fundiária, o aperfeiçoamento das capacidades dos imigrantes que recebem e a oferta de oportunidades agrícolas e não agrícolas. “O que é ruim é a migração forçada. Os imigrantes levam conhecimento, força de trabalho. Somos favoráveis à migração feita de maneira ordenada”, afirmou no evento.
O representante da FAO informou que, em 2015, os imigrantes remeteram aos parentes que ficaram no país de origem US$ 600 bilhões, o que revela outro ângulo de sua força motriz no âmbito da economia. Desse valor, US$ 441 bilhões foram destinados a países em desenvolvimento.
Para Bojanic, a mitigação dessa insegurança e o desenvolvimento sustentável podem ser alcançados com a mediação dos conflitos por terra, a regularização fundiária, o aperfeiçoamento das capacidades dos imigrantes que recebem e a oferta de oportunidades agrícolas e não agrícolas. “O que é ruim é a migração forçada. Os imigrantes levam conhecimento, força de trabalho. Somos favoráveis à migração feita de maneira ordenada”, afirmou no evento.
O representante da FAO informou que, em 2015, os imigrantes remeteram aos parentes que ficaram no país de origem US$ 600 bilhões, o que revela outro ângulo de sua força motriz no âmbito da economia. Desse valor, US$ 441 bilhões foram destinados a países em desenvolvimento.
"Globalização
da indiferença"
O secretário-geral da CNBB, dom Leonardo Steiner, destacou que,
naquele ano, 65,3 milhões de pessoas foram impelidas a se deslocar, dos quais
21 milhões foram refugiados. “É a globalização da indiferença, como afirma o
papa Francisco. Estamos bem e comodamente instalados, esquecendo-nos,
certamente, dos outros. Não nos interessam seus problemas, as injustiças que
sofrem”. “Pode um imigrante chegar à sua realização da forma como é acolhido?”,
questionou dom Leonardo.
Em 2015, 244 milhões de
pessoas passavam por processos migratórios, sendo 95 milhões ocasionados por
desastres naturais. O número representa 40% a mais do que o registrado em 2000,
quando 60 milhões foram forçados a mudar de território.
O Instituto Ipsos ouviu, em
julho, mais de 17 mil adultos de 25 países sobre como veem os imigrantes e divulgou o
resultado no mês passado. Quase metade dos entrevistados (42%) disseram que
encaram “o impacto gerado” por imigrantes como negativo, contra 21% que
consideram positivo e 34% que julgam “neutro”. Informações da Polícia Federal
indicam que o Brasil abriga 1.847.274 imigrantes regulares.
Se, por um lado, os grupos de
produtores rurais, em grande parte formados por imigrantes, estão
particularmente vulneráveis a desastres naturais, porque mais expostos ao
esgotamento de recursos naturais e às secas, são, por outro lado, como
assinalou Steiner, quem leva às mesas alimentos mais saudáveis, através da
agricultura familiar. “Alimentos impregnados de agrotóxicos podem servir ao
mercado, mas não são alimentos seguros”, disse.
O Panorama da Segurança Alimentar e Nutricional na AméricaLatina e no Caribe 2017, publicado hoje pela ONU e pela
Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), informa que o Brasil, que deixou de
figurar no Mapa da Fome em 2014, é um dos países capazes de extinguir a fome
entre sua população. O bom presságio ocorre diante de um índice de fome
inferior a 2,5%, mantido ao longo dos últimos anos e garantido por políticas
públicas que, por recomendação das duas entidades, devem ser conservadas.
Agência Brasil
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