Xi Jinping discursa na abertura do Congresso do Partido Comunista da China, em Pequim |
Em nome da
estabilidade do regime, a China sofreu com a perda de liberdades desde a
chegada do presidente Xi Jinping ao poder, em 2012, com o controle reforçado da
Internet, das religiões e dos ativistas dos direitos humanos.
Confira abaixo os quatro setores
mais afetados nos últimos anos:
- Internet -
As autoridades impõem, há muito
tempo, um estrito controle da Internet. Apagam artigos, ou comentários,
considerados problemáticos e impedem o acesso a algumas páginas estrangeiras -
Instagram, Facebook, YouTube, Twitter, Dailymotion, Google.
Em junho de 2017, uma lei sobre
cibersegurança reforçou o arsenal. Com o objetivo de proteger as redes
chinesas, ela impõe novos limites à liberdade de expressão e obriga as empresas
a armazenarem dados de seus usuários na China.
O regime também fechou blogs de
informação sobre celebridades. Plataformas de difusão de vídeos em streaming
tiveram de apagar conteúdos que não concordassem "com os critérios
políticos e estéticos corretos" - sobretudo, relacionados a adultério, drogas
e pornografia.
Antes do congresso do Partido
Comunista da China (PCC), o governo começou a bloquear "as redes privadas
virtuais" (VPN), ou seja, programas que permitem escapar do bloqueio de
sites e que, até então, poderiam ser baixados facilmente.
- Advogados -
Em um ataque de alcance inédito
lançado em julho de 2015, a Polícia deteve e interrogou mais de 200 advogados e
ativistas de direitos humanos.
Os advogados detidos tinham
defendido militantes pró-democracia, membros da seita proibida Falun Gong e
dissidentes.
Quase todos os detidos foram
liberados, mas alguns foram condenados a penas de até sete anos de prisão.
A Justiça está submetida a
autoridades políticas, e o poder dos advogados no país é muito reduzido.
- Dissidentes -
O dissidente chinês Liu Xiaobo,
de 61, Nobel da Paz em 2010, morreu de um câncer em julho, enquanto estava
preso, apesar de pedidos internacionais para que fosse autorizado a receber
tratamento no exterior.
Seu falecimento enterrou as
esperanças de militantes pró-democracia. Sua mulher, a poeta Liu Xia, está em
prisão domiciliar há sete anos.
As organizações de defesa dos
direitos humanos criticam uma lei de 2015 sobre Segurança Nacional, por temor
de que dê poderes ilimitados à Polícia.
Em Hong Kong, território autônomo
no sul do país, o desaparecimento de editores que publicaram obras sobre
dirigentes chineses gera temores de que Pequim esteja influenciando assuntos
locais.
- Religião -
O medo do surgimento de um
islamismo armado na região de Xinjiang (noroeste), cenário de atentados
violentos, levou as autoridades a imporem novas restrições à prática do Islã.
A partir deste ano, o véu
completo e as barbas consideradas "anormais" estão proibidos. Em
2018, colégios religiosos serão submetidos a condições mais rígidas.
Autoridades locais tinham imposto
restrições à expedição de passaportes, além de desestimularem a educação
religiosa e o jejum durante o mês do Ramadã por parte de funcionários públicos
e de estudantes.
Os monges budistas nas regiões
povoadas por tibetanos também são alvo de vigilância e precisam de uma
permissão especial para se deslocarem pelo país.
Registrou-se, porém, uma
aproximação com o Vaticano, após anos de oposição frontal à nomeação de bispos
católicos.
AFP
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