'Comboio
de sal e açúcar' é uma das poucas ficções filmadas no país africano
Ex-casa de cineastas que fizeram História, como
Jean-Luc Godard, Jean Rouch e Ruy Guerra, Moçambique teve sua indústria
cinematográfica reduzida a farrapos após a guerra civil que tomou o país
africano nos anos 1980. 'Comboio de sal e açúcar', em cartaz no Brasil desde
quinta-feira, é um dos raros longas de ficção feitos anualmente por lá. E o
diretor é o gaúcho Licínio Azevedo, um também escritor radicado em Moçambique
desde a década de 1970, quando foi atraído pela literatura local.
- Não há indústria de cinema. Fazemos até quatro filmes de ficção por ano. Recursos precisam ser buscados no exterior. Há cerca de 20 cineastas, ao todo. Parte deles sequer tem formação, porque não há escolas de cinema. Faz-se filmes educativos, para ONGs internacionais. Se no passado Moçambique já teve 80 salas de cinema, hoje elas não passam de cinco - detalha Azevedo, que seguiu fazendo cinema no país como 'ato de resistência'.
É justamente a guerra civil, esse importante episódio na História moçambicana, que serve de pano de fundo para 'Comboio de sal e açúcar'. A trama acompanha as pessoas que se arriscavam numa viagem de trem entre Nampula e Malaui, como forma de garantir a própria sobrevivência em tempos de guerra. Coprodução com Brasil, França, Portugal e África do Sul, o filme só foi possível graças à ajuda de algumas instituições moçambicanas.
- O governo não colocou dinheiro, claro, mas a ferrovia nos cedeu o trem, que já estava fora de circulação. O Exército também colaborou. Os figurantes são militares de verdade. Tivemos um apoio inestimável - relata o diretor, que acumula outras quatro ficções e sete documentários.
Foi necessária mais de uma década para o filme ver a luz do dia - ou a sala escura do cinema. A ideia original era fazer um documentário, logo após o fim da guerra, em 1992, sobre as mulheres que viajavam no trem para fazer comércio. Ninguém quis financiar. Azevedo, então, escreveu um livro homônimo, que só agora adaptou para a tela grande, com uma pegada de western:
- Sempre foi meu gênero preferido, adoro os western dos anos 1930 e 40. Hoje só assisto aos do Clint Eastwood, porque não tenho visto mais nada interessante.
O diretor diz que sua forma de contar histórias é coerente com a do cinema moçambicano, 'marcado com o compromisso social':
- Ao longo dos 40 anos que moro em Moçambique, acompanhei a guerra que destruiu o país e presenciei o apartheid. Registrei tudo em documentários. Mas todas as minhas ficções são também baseadas em histórias reais. O cinema, para mim, serve para mostrar a realidade.
- Não há indústria de cinema. Fazemos até quatro filmes de ficção por ano. Recursos precisam ser buscados no exterior. Há cerca de 20 cineastas, ao todo. Parte deles sequer tem formação, porque não há escolas de cinema. Faz-se filmes educativos, para ONGs internacionais. Se no passado Moçambique já teve 80 salas de cinema, hoje elas não passam de cinco - detalha Azevedo, que seguiu fazendo cinema no país como 'ato de resistência'.
É justamente a guerra civil, esse importante episódio na História moçambicana, que serve de pano de fundo para 'Comboio de sal e açúcar'. A trama acompanha as pessoas que se arriscavam numa viagem de trem entre Nampula e Malaui, como forma de garantir a própria sobrevivência em tempos de guerra. Coprodução com Brasil, França, Portugal e África do Sul, o filme só foi possível graças à ajuda de algumas instituições moçambicanas.
- O governo não colocou dinheiro, claro, mas a ferrovia nos cedeu o trem, que já estava fora de circulação. O Exército também colaborou. Os figurantes são militares de verdade. Tivemos um apoio inestimável - relata o diretor, que acumula outras quatro ficções e sete documentários.
Foi necessária mais de uma década para o filme ver a luz do dia - ou a sala escura do cinema. A ideia original era fazer um documentário, logo após o fim da guerra, em 1992, sobre as mulheres que viajavam no trem para fazer comércio. Ninguém quis financiar. Azevedo, então, escreveu um livro homônimo, que só agora adaptou para a tela grande, com uma pegada de western:
- Sempre foi meu gênero preferido, adoro os western dos anos 1930 e 40. Hoje só assisto aos do Clint Eastwood, porque não tenho visto mais nada interessante.
O diretor diz que sua forma de contar histórias é coerente com a do cinema moçambicano, 'marcado com o compromisso social':
- Ao longo dos 40 anos que moro em Moçambique, acompanhei a guerra que destruiu o país e presenciei o apartheid. Registrei tudo em documentários. Mas todas as minhas ficções são também baseadas em histórias reais. O cinema, para mim, serve para mostrar a realidade.
Por FABIANO RISTOW, em O Globo
Veja o trailer oficial: