O primeiro registro de filme de animação no Brasil é de 1917, O
Kaiser, uma charge animada do cartunista fluminense Álvaro Martins.
Infelizmente, a produção se perdeu no tempo, mas continua sendo lembrada e
recebe este ano a homenagem de seu centenário no Festival Anima Mundi, que
chega em 2017 na 25ª edição.
Convidados internacionais, oficinas, cursos, bate-papos e uma
programação com 470 títulos, de 45 países, entre eles 70 brasileiros, recheiam
o festival, que começa sexta-feira (14), no Rio de Janeiro, e vai até o dia 23.
Em São Paulo, será de 26 a 30 de julho. As atrações são para profissionais,
amadores e amantes da animação.
Um dos fundadores do Anima Mundi Marcos Magalhães disse que foram
selecionadas animações que marcaram o festival e filmes históricos, além da
mostra competitiva, que reúne 182 produções.
“A gente tem os 25 anos do festival, pegamos filmes ou que foram
premiados no festival ou que realmente ficaram muito marcados na memória das
pessoas. A gente tem o centenário da animação brasileira, em que a gente pediu
para as duas cinematecas das cidades sedes, a do MAM [Museu de Arte Moderna] no
Rio de Janeiro e a Cinemateca Brasileira em São Paulo, para eles colherem no
acervo de animação deles alguns tesouros”.
Magalhães disse que o Anima Mundi é a principal plataforma de fomento à
animação do país, levando inclusive à formação da Associação Brasileira de
Cinema de Animação (ABCA), em 2003. Também é responsável pela formação de uma
geração de realizadores e de público para filmes curtas e longas-metragens,
para adultos e crianças, com diversos temas, técnicas e origens.
“Animação é uma coisa muito empática, né? A gente vê o Gato Félix, que
foi um dos primeiros, ainda é reconhecido, a Betty Boop, Mickey Mouse, Branca
de Neve, é um filme que é quase atual, você mostra para uma criança hoje em dia
e ela não percebe a diferença para um filme moderno. Então é uma coisa que é
muito da memória das pessoas, todo mundo gosta muito de animação e desde o
primeiro festival a gente sentiu isso, que tinha tocado numa veia sensível
mesmo, que as pessoas queriam ver animação e, mais do que isso, as pessoas
queriam fazer animação”.
Pela mostra competitiva, o curta vencedor do Grande Prêmio Anima Mundi é
selecionado para a disputa do Oscar. As mostras não-competitivas são Panorama,
com curtas internacionais de diversas tendências; Animação em Curso, que
apresenta trabalhos finais de escolas de animação pelo mundo; Olho Neles!, com
destaques entre os curtas nacionais; e Futuro Animador, que traz filmes com
linguagens da animação para experiências educativas.
Saiba Mais
Na edição 2017 também haverá as Sessões Petrobras, com os filmes que
foram premiados nos 25 anos do festival; uma retrospectiva dos cem anos da
animação brasileira; e o Foco Canadá, país onde os criadores do Anima Mundi se
conheceram em cursos da área e que completa 150 anos de independência em 2017,
que receberá uma mostra em parceria com o Consulado canadense.
Em 25 anos, o Anima Mundi recebeu público de 1,2 milhão de pessoas,
exibiu mais de 9 mil filmes, de 70 países, e criou cerca de 120 mil animações
nas oficinas.
No Rio de Janeiro, as exibições ocorrem no Cine Odeon – Centro Cultural
Luiz Severiano Ribeiro, Centro Cultural Banco do Brasil, Centro Cultural da
Justiça Federal, Espaço Cultural BNDES, Centro Cultural Correios, Casa
França-Brasil, Cinemateca e pilotis do MAM. Em São Paulo, será na Caixa Belas
Artes, Centro Cultural Banco do Brasil, Centro Cultural São Paulo, Cinemateca
Brasileira e com sessões gratuitas pelo Circuito SP Cine e Centros Educacionais
Unificados da Cidade de São Paulo (CEUs).
Também há sessões previstas para datas posteriores ao festival, até o
dia 30 de julho no Rio de Janeiro; até 6 de agosto, em São Paulo; em Porto
Alegre, na Cinemateca Capitólio Petrobras, de 10 a 13 de agosto; e no Centro
Cultural Banco do Brasil em Brasília de 5 a 12 de outubro. A programação
completa pode ser consultada no site www.animamundi.com.br
O Kaiser
A partir de uma única imagem de referência de O Kaiser, em 2013 o
projeto Luz Anima Ação reuniu oito animadores para refazer o filme, que faz
referência ao contexto geopolítico internacional da época, em plena Primeira
Guerra Mundial. O resultado é Reanimando O Kaiser, que misturou diversas
técnicas para recriar a história refletindo a atual diversidade da animação
feita no Brasil.
Participaram do projeto Marcelo Marão, Zé Brandão, Pedro Iuá, Stil, Rosana
Urbes, Diego Akel, Marcos Magalhães e Fabio Yamaji. O filme pode ser conferido
em https://vimeo.com/117124801.
Por Akemi Nitahara, da Agência
Brasil
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