Considerada pela revista Fast Company a empresa de
educação mais inovadora no mundo em 2016, a Babbel aproveita a 15ª Festa
Literária Internacional de Paraty (Flip), que começa hoje (26) à noite, para
perguntar a escritores convidados do evento quais livros e filmes eles
indicariam para pessoas que desejam aprender seus idiomas de origem. Companhia
internacional com sede em Berlim, a Babbel dedica-se ao ensino online de
14 idiomas,
A Babbel tem foco na linguagem, na literatura e no multiculturalismo, disse à Agência Brasil Julie Krauniski, relações públicas da empresa. A empresa conta com uma equipe de mais de 450 profissionais de 39 nacionalidades, sendo 15 do Brasil, onde atua há dois anos.
A Babbel tem foco na linguagem, na literatura e no multiculturalismo, disse à Agência Brasil Julie Krauniski, relações públicas da empresa. A empresa conta com uma equipe de mais de 450 profissionais de 39 nacionalidades, sendo 15 do Brasil, onde atua há dois anos.
“Falar muitas línguas não é só uma questão acadêmica ou de habilidades.
Falar várias línguas abre uma porta para um universo diferente", afirmou
Julie. Segundo a relações públicas, tudo que é relacionado a linguagem e
a multiculturalismo interessa à Babbel. "A Flip é um festival literário
que tem tradição no Brasil e escolhe sempre escritores muito bons, do mundo
todo. Por isso, decidimos perguntar a alguns autores internacionais que livros
e filmes eles recomendariam para estrangeiros entenderem melhor o país de cada
um no idioma original.”
Brasil
Em sua estreia literária, o brasileiro Jacques Fux, natural de Belo
Horizonte, ganhou o Prêmio São Paulo de 2013 com a obra Antiterapias.
No romance mais recente, Meshugá, o tema é a loucura. Na obra, Fux
reinventa a vida e a obra de nomes como a filósofa Sarah Kofman e o cineasta
Woody Allen. Para entender o Brasil, Fux recomenda o livro K. Relato de
uma Busca, de Bernardo Kucinsky, da editora Companhia das Letras, e o
filme O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias, de Cao Hamburger.
Jacques Fux lembrou que o Brasil foi formado por diferentes povos e
culturas. Sua literatura explora a questão judaica e a influência do povo judeu
no Brasil. Por isso, disse Fux, é que indica o livro de Kucinsky e o filme de
Hamburger. "Tanto o livro quanto o filme abordam o período da ditadura
militar no Brasil, mas falam também do antissemitismo, da assimilação e do amor
pelo futebol, temas muito importantes e relevantes na construção política e cultural
do Brasil”, explicou o escritor.
Islândia
O autor slandês Sjón (abreviatura de Sigurjón Birgir Sigurðsson), cuja
obra é influenciada por contos de fada e pela mitologia nórdica e já foi
traduzida para mais de 30 idiomas, sugeriu o livro O Cisne, de
Guðbergur Bergsson, editado pela Rocco, e o filme é O Albino Noi,
com direção de Dagur Kári. Bergsson e Kári também são islandeses.
Ao comentar o livro, Sjón ressaltou que ele mostra "a beleza, a
crueldade e a estupidez da pequena sociedade vistas pelos olhos de uma menina
de 9 anos, que foi enviada para trabalhar numa fazenda como punição por furto.
"Guðbergur Bergsson mapeou a mentalidade islandesa melhor do que qualquer
outro autor contemporâneo”, disse Sjón. Sobre o filme, que relata a história de
uma adolescente rebelde, Noi, moradora de uma vila próxima de um fiorde da
costa oeste islandesa, Sjón afirmou: “em uma sociedade tão pequena, não é
preciso tanta rebeldia para arrumar encrenca. O diretor cria uma miniatura
incrível da Islândia moderna”.
O escritor é também compositor e um dos principais parceiros da cantora
Björk. Seu novo livro, Pela Boca da Baleia, será lançado durante a
Flip deste ano.
Angola
O rapper e ativista político Ikonoklasta, como é
conhecido no meio musical o autor angolano Luaty Beirão, publicou em 2016 o
livro Sou Eu Mais Livre, Então, um diário escrito na prisão.
Ikonoklasta foi preso por ter lido, em 2015, um livro considerado subversivo
pelo governo de José Eduardo dos Santos. O livro é considerado um testemunho da
resistência de Angola. Para Luaty Beirão, quem quiser entender seu país tem de
ler A Geração da Utopia, de Pepetela, que considera “um bom ponto
de partida para perceber a geração de angolanos que segurou o poder e se mantém
até hoje, lá amarrada. Essas pessoas destruíram o sonho comum – depredando o
que deveria ser de todos – para enriquecimento pessoal. O livro explica muita
coisa”.
O filme que ele indica, É Dreda Ser Angolano (Mambo Tipo
Documentário), dá uma breve ideia sobre a vida na capital, Luanda. “Não
chega a ser um documentário, porque inserimos pequenos e bem localizados
elementos de ficção. Por isso o chamamos de mambo tipo documentário. Ele foi
inspirado em um álbum de música do Conjunto Ngonguenha”, disse o escritor.
Suíça
Nascida na Suíça em 1975, Prisca Agustoni é poeta, tradutora e
professora. Mora no Brasil desde 2003 e dá aula de literatura comparada na
Universidade Federal de Juiz de Fora, cidade mineira onde reside atualmente.
Para entender a Suíça, ela sugere o livro L'anno della valanga, de
Giorgio Orelli, publicado pela editora Casagrande, de Bellinzona. Não há edição
em português. Prisca não recomendou nenhum filme.
Espanha
A jornalista e escritora espanhola Pilar del Río é viúva do autor
português José Saramago, que conheceu em 1986 e cuja obra traduziu para o
castelhano. Em 2016, recebeu o Prêmio Luso-Espanhol de Arte e Cultura por sua
dedicação "à defesa dos direitos humanos, à promoção da literatura
portuguesa e ao intercâmbio da cultura portuguesa, espanhola e
latino-americana". Suas oções para entender a Espanha são o livro Los
Aires Difíciles, de Almudena Grandes, e o filme La Vaquilla, de
Luis García Berlanga.
França
O escritor francês Patrick Deville foi adido e professor em Cuba, em
países da África e do Golfo Pérsico, antes de estrear na literatura em 1987.
Seu livro mais recente publicado no Brasil é Peste e Cólera. Para
entender a França, Deville recomenda o livro À la Recherche du Temps
Perdu(Em Busca do Tempo Perdido), de Marcel Proust, e o filme Vivre
Sa Vie (Viver a Vida), de Jean-Luc Godard.
Referência
O português falado no Brasil foi lançado como um dos idiomas de
referência do aplicativo Babbel em 2012 e é considerado o sexto idioma de maior
procura, informou Julie Krauniski. O Brasil é o quinto maior mercado da Babbel
no mundo e o primeiro na América Latina, correspondendo a 60% da procura pelos
cursos da empresa de educação alemã na região. Os brasileiros são os que mais
se inscrevem para aprender com a Babbel, e os cursos que eles mais buscam são
inglês, francês,alemão, italiano e espanhol.
Fundada há 10 anos na Europa, a escola tem cerca de 1 milhão de alunos
no mundo inteiro e oferece cursos de 14 idiomas: inglês, alemão, dinamarquês,
espanhol, francês, holandês, indonésio, italiano, norueguês, polonês, português
brasileiro, russo, sueco e turco.
Por Alana Gandra, da Agência
Brasil