terça-feira, 7 de setembro de 2021

Nossa Senhora e seu dia de cão

 

   Quando o pastor, novo administrador do Serviço Municipal de Saúde, adentrou o hospital público mantido pela prefeitura e se deparou com a enorme imagem de Nossa Senhora Aparecida, exposta num pedestal de mármore branco, não conseguiu conter a ira e avançou violentamente sobre a santa numa fúria demente, aplicando saraivada de murros, tapas e cotoveladas, fazendo-a minúscula, como que encolhida, sequiosa por algum tipo de trincheira ou proteção. Ao tempo em que espancava, o gestor protestante gritava aleives, palavras impronunciáveis, hediondas heresias e a Senhora Mãe de Deus restava prostrada no chão, feita em diminutos fragmentos.

   O gestor estrilava obrigando o sangue rajar convulsivamente, ameaçando romper as paredes da jugular. Bramia sobre o ato pecaminoso de cultuar imagens, vociferando os ensinamentos bíblicos que proíbem tais disparates. Atordoava os ouvidos denunciando a frontal desobediência às leis de Deus, tão pormenorizadamente expressas no livro dos livros, no compêndio divino. Apontava o fogo do inferno como destino dos infiéis apreciadores de imagens, enquanto pulverizava o ar com os minúsculos pedaços a que reduziu a santa, como que certificando que o contencioso não passava de barro amassado e cozido a fogo brando, preenchido por vento ordinário e cediço.

   A cada rompante destilava ira e ódio. E asseverava a inconstitucionalidade dado que, sendo o estado brasileiro laico, a promiscuidade verificada entre religião e coisa pública estava categoricamente vedada.

   Todavia, se à oportunidade, providencialmente, propagava o caráter secular do estado nacional, convenientemente permitiu-se esquecer que, na semana anterior, orientou a bancada de vereadores evangélica a aprovar projeto de lei obrigando fosse a bíblia disposta sobre todas as mesas das repartições públicas e, ainda, sobre todas as carteiras escolares das unidades educacionais mantidas pela municipalidade.

   Tanta bulha fez o administrador evangélico que médicos, enfermeiros e pacientes, pasmos com a sandice em curso, correram com o que restou da imaculada santa.

   O Pastor Nazareno Gustavo inspirava medo. No ano anterior, após ter doutrinado os servidores lotados na Delegacia de Polícia e na Guarda Municipal, organizou sua milícia particular. Mantinha sob férreo comando um disciplinado e bem treinado efetivo de dois mil e quinhentos homens, mobilizados para o combate militar.

   Não se sabe as razões, mas fixou na mente a ressurreição das Cruzadas, guerra em que se digladiaram cristãos e muçulmanos e que se estendeu de 1.095 a 1.270. Traçou então a meta obstinada e extemporânea: reiniciada a guerra, iria à desforra invertendo o resultando da contenda, conduzindo finalmente os cristãos à vitória peremptória.

   Durante boa parte da vida estudou as expedições armadas medievais.

 Decorou o discurso do Papa Urbano II, quando no Conselho de Clermont pregou a necessidade de libertar a Terra Santa dos turcos seljúcidas.

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A Coleção Mundo Contemporâneo: os livros infantis para pirralhos, adultos e idosos que preservam uma criança dentro de si.

A Coleção Mundo Contemporâneo contém 10 livros infantis. Cada um dos volumes aborda uma questão estratégica para o avanço da civilização.

O objetivo é oferecer às crianças e à juventude uma panorâmica sobre questões candentes da contemporaneidade, desafios que exigem atitude e posicionamento por parte dos que, amanhã, serão responsáveis por conduzir a humanidade e o planeta em direção à sustentabilidade. 


Veja aqui as obras da Coleção:

1 - O sapinho Krock na luta contra a pandemia

2 - A onça pintada enfrenta as queimadas na Amazônia e no Pantanal 

3 - A ariranha combate a pobreza e a desigualdade

4 - A hárpia confronta o racismo

5 - O boto exige democracia e cidadania

6 - O jacaré debate educação e oportunidades

7 - O puma explica trabalho e renda

8 - A anta luta contra o aquecimento global

9 - O tucano denuncia a corrupção e os narcoterroristas

10 - O bicho preguiça e a migração


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A coleção da bruxinha serelepe: 

 




1.    Planejar       

2.    Organizar    

3.    Estudar        

4.    Exercitar      

5.    Leitura         

6.    Cultura        

7.    Meditar        

8.    Interagir       

9.    Fazer amigos

10. Respeito e motivação

 

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Veja os vinte livros da Coleção Ciência e espiritualidade para crianças:


Livro 1 - Panda Zen e a menina azeda

Livro 2 - Panda Zen e o verdadeiro valor

Livro 3 - Panda Zen e as mudanças

Livro 4 - Panda Zen e a Maria vai com as outras

Livro 5 - Panda Zen e a estrelinha cintilante

Livro 6 - Panda Zen e a verdade absoluta

Livro 7 - Panda Zen e o teste das três peneiras

Livro 8 - Panda Zen e os ensinamentos da vovó

Livro 9 - Panda Zen e os cabelos penteados

Livro 10 - Panda Zen e a magia da vida feliz

Livro 11 - Panda Zen e as paixões enganosas

Livro 12 - Panda Zen entre a reflexão e a ação 

Livro 13 - Panda Zen e o mais importante

Livro 14 - Panda Zen, a gota e o oceano

Livro 15 - Panda Zen e a indecisão

Livro 16 - Panda Zen e o vaga-lume

Livro 17 - Panda Zen e a busca da identidade

Livro 18 - Panda Zen entre o arbítrio e a omissão

Livro 19 - Panda Zen e o trabalho

Livro 20 - Panda Zen e a falsa realidade