quinta-feira, 28 de outubro de 2021

Depois do Facebook, senadores dos EUA questionam TikTok, Snapchat e YouTube


A atenção do Congresso dos Estados Unidos se voltou nesta terça-feira (26) para o TikTok, o Snapchat e o YouTube, que, assim como o Facebook, são acusados de prejudicar a saúde mental e física de crianças ao expô-las a modelos de vida irrealistas e a anúncios inapropriados.

 

Representantes dessas três redes sociais, muito populares entre os mais jovens, tentaram mostrar aos senadores americanos que suas plataformas são melhores do que o Facebook nessas questões.

Mas o Facebook e seu aplicativo Instagram não têm o monopólio da infelicidade dos adolescentes, replicaram os congressistas.

"Ser diferente do Facebook não é uma defesa", disse o democrata Richard Blumenthal. "Queremos uma corrida ao topo, não ao fundo."

A audiência no Congresso acontece algumas semanas depois de Frances Haugen fazer denúncias sobre o Facebook diante da mesma comissão.

A ex-engenheira do Facebook revelou, apoiada por documentos, que a empresa estava ciente dos efeitos nocivos de seus serviços sobre alguns dos adolescentes que os utilizam, de acordo com sua própria investigação interna.

Segundo Haugen, o grupo californiano está colocando o benefício econômico acima do bem-estar de seus usuários, uma frase que agora é amplamente utilizada por um grande número de ONGs e legisladores.

"Mais pares de olhos significam mais dólares. Tudo o que se faz é para adicionar usuários, especialmente crianças, e mantê-los dentro de seus aplicativos", afirmou Blumenthal.

- 13 anos -

O senador contou histórias de pais impotentes frente às experiências online de seus filhos, como uma mãe cuja filha foi "inundada com vídeos sobre suicídio, automutilação e anorexia porque estava deprimida e buscava conteúdo sobre esses temas".

Seus colegas também questionaram as opções das plataformas quanto a idade mínima, os métodos de moderação de conteúdo (humano e/ou algorítmico) e a proteção da privacidade.

Os representantes das três redes se defenderam com comparações lisonjeiras e citando medidas já estabelecidas.

"O Snapchat foi construído como um antídoto contra as redes sociais", declarou Jennifer Stout, vice-presidente do grupo Snap.

A idade mínima definida para ingressar na plataforma, que tem 500 milhões de usuários mensais, é de 13 anos.

O aplicativo difere dos outros por ser muito menos aberto a conteúdo externo. Os usuários trocam conteúdo principalmente entre si e têm acesso a vídeos e textos de veículos de imprensa, clubes esportivos, marcas, etc. em uma seção de "descoberta".

O TikTok e o YouTube possuem versões adaptadas para usuários mais jovens, com características específicas. O TikTok para crianças menores de 13 anos não permite que elas postem vídeos ou façam comentários nos vídeos publicados por outras pessoas.

Para os adolescentes entre 13 e 16 anos, a rede social proíbe as transmissões ao vivo e, por padrão, mantém as contas desses jovens usuários como privada, o que significa que só pode ser visualizada por pessoas autorizadas pelo titular.

- "Não terminamos" -

"Descobrimos que pessoas com transtornos alimentares acessam o TikTok para falar sobre isso de maneira positiva", disse Michael Beckerman, chefe de políticas públicas nas Américas da chinesa ByteDance, que tem uma versão separada do app na China sob o nome Douyin.

A plataforma anunciou no final de setembro que havia ultrapassado a marca de um bilhão de usuários ativos mensais, muito atrás do YouTube e seus 2,3 bilhões de usuários que se conectam pelo menos uma vez por mês, segundo dados de 2020.

O serviço de vídeo do Google, por sua vez, destacou seus esforços para remover milhões de conteúdos que violam suas regras.

"As redes sociais podem oferecer oportunidades de entretenimento e educação", reconheceu a comissão, "mas esses aplicativos também foram usados indevidamente para se aproveitar de crianças e promover atos destrutivos, como vandalismo escolar, desafios virais que representam risco de vida, bullying, transtornos alimentares (...) e abuso de menores".

Muitos congressistas procuram legislar para que haja mais mecanismos para proteger os menores de idade.

"Não terminamos", disse Blumenthal.

Julie JAMMONT em San Francisco, com Thomas URBAIN em Nova York e Joshua MELVIN em Washington, AFP


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