Prêmio foi instituído em 1901 pelo químico Alfred Bernhard Nobel
Ao anunciar, no dia 11, os nomes dos ganhadores do Prêmio Nobel de
Economia, a Real Academia de Ciências da Suécia encerrou as condecorações deste
ano em que o mais cobiçado prêmio mundial completou 120 anos de existência.
Os economistas David Card, Joshua Angrist e Guido Imbens se somaram as 947
pessoas e 28 organizações laureadas desde 1901, quando o prêmio foi instituído,
por inspiração do químico e inventor sueco, Alfred Bernhard Nobel (1833-1896).
Também empresário, Nobel ficou milionário ao desenvolver uma forma de
ampliar a produção de nitroglicerina, inventar a dinamite e criar um detonador
que tornou mais seguro o uso de explosivos em várias atividades.
Um ano antes de morrer, o inventor determinou, em testamento, que, após
seu falecimento, a maior parte de sua fortuna fosse destinada a uma fundação
que levaria seu nome e ficaria encarregada de premiar, anualmente, “a quem
tiver feito a descoberta mais importante” nos campos da Física, Química,
Medicina, Literatura e para promover a paz.
Inspirado na iniciativa de Nobel, o banco central da Suécia criou, em
1968, o chamado Prêmio Sveriges Riksbank em Ciências Econômicas, que passou a
ser chamado de o prêmio Nobel de Economia - ainda que, originalmente, o
inventor sueco não o tenha previsto.
Não só porque a categoria Ciências Econômicas foi instituída 67 anos após
as primeiras, mas também porque houve anos em que a Fundação Nobel não concedeu
o prêmio em um ou mais campos, o total de láureas já entregues a cada área
difere. Assim como o número de premiados, já que é comum que duas ou mais
pessoas dividam o prêmio em uma mesma área do saber.
Dos 609 Nobéis distribuídos até hoje, 115 reconhecem a importância de
descobertas e invenções no campo da Física e 114 distinguem as contribuições
mais relevantes à Literatura. As condecorações foram entregues 113 vezes para
estudos e invenções ligadas à Química e 112 para a Medicina. A Fundação Nobel
também já distribuiu 103 prêmios da Paz, enquanto o Nobel da Economia (o único
distribuído ininterruptamente) foi concedido em 53 ocasiões.
Mulheres
No total, 947 pessoas e 28 organizações receberam o Prêmio Nobel entre
1901 e 2021. Destas, apenas 58 são mulheres.
Por outro lado, desde 2014, cabe a uma mulher, a paquistanesa Malala
Yousafzai, o título de pessoa mais jovem a receber o prêmio: por seu ativismo
em prol do acesso de crianças e mulheres à educação, Malala também recebeu o
Nobel da Paz quando tinha apenas 17 anos de idade. Além disso, a cientista
polonesa Marie Curie é uma das quatro únicas pessoas que conseguiram o feito de
serem laureadas duas vezes - com o detalhe de que Marie Curie obteve dois
Nobéis em áreas diferentes: Física, em 1903, e Química, em 1911, feito só
alcançado pelo químico Linus Pauling (vencedor em Química, em 1954, e da Paz,
em 1962). A família Curie ainda faturou outros dois prêmios: em 1903, o prêmio
de Física também foi concedido ao marido de Marie, Pierre Curie. E , em 1935,
foi a vez da filha do casal, Iréne Joliot-Curie ser escolhida uma das
vencedoras em Química.
Entre os 13 ganhadores deste ano, há apenas uma mulher, a jornalista
filipina Maria Ressa, que dividiu com o também jornalista russo Dmitry Muratov
o Prêmio Nobel da Paz. A título de comparação, no ano passado, quatro dos 11
premiados eram mulheres. Em 2009, ano com o maior número de ganhadoras, cinco
pesquisadoras foram agraciadas.
Este ano, além de Ressa, Muratov e dos economistas David Card, Joshua
Angrist e Guido Imbens, também foram agraciados o escritor Abdulrazak Gurnah,
da Tanzânia, que recebeu o Nobel de Literatura; os neurocientistas
norte-americanos David Julius e Ardem Patapoutian, laureados com o Nobel de
Medicina, e os pesquisadores Benjamin List, que é alemão, e David MacMillan,
norte-americano, em Química. Já o prêmio de Física foi concedido ao
norte-americano nascido no Japão Syukuro Manabe, ao alemão Klaus Hasselmann e
ao italiano Giorgio Parisi.
Os ganhadores de cada categoria dividem, entre si, um prêmio de 10 milhões
de coroas suecas, ou cerca de R$ 6,3 milhões, além de uma medalha e um diploma.
Ao longo do tempo, só duas pessoas recusaram a distinção voluntariamente: o
filósofo e escritor francês Jean-Paul Sartre, que, em 1964, se negou a receber
o prêmio de Literatura, e o político vietnamita Le Duc Tho, um dos fundadores
do Partido Comunista da antiga Indochina e que, em 1973, receberia o Nobel da
Paz por, junto com o secretário de Estado dos Estados Unidos, Henry Kissinger,
ter negociado o acordo de paz que selou o fim da guerra do Vietnã.
Além destas duas ocasiões, quatro vencedores foram forçados a recusar o
prêmio . No fim da década de 1930, o ditador Adolf Hitler proibiu três
cientistas alemães (Richard Kuhn e Adolf Butenandt, em Química, e Gerhard
Domagk, em Medicina) de aceitarem o prêmio – os três receberam suas medalhas e
diplomas posteriormente, mas já não puderam receber a premiação em dinheiro. Em
1958, foi a vez das autoridades da extinta União Soviética coagirem o ganhador
do Nobel de Literatura de 1958, Boris Pasternak, a não aceitar o reconhecimento
a sua obra.
Brasil
Apesar de, oficialmente, nenhum brasileiro jamais ter ganhado a maior
honraria científica, literária e cultural mundial, há, entre os 975 premiados,
uma pessoa que nasceu em solo brasileiro.
Filho de pai libanês e de mãe inglesa, o ganhador do Nobel de Medicina de
1960, o biólogo Peter Brian Medawar, nasceu em Petrópolis (RJ), em 1915. Sócio
de um então importante fabricante de instrumentos odontológicos e ópticos, o
pai de Medawar e a família mudaram-se para o Brasil a fim de inaugurar uma
revendedora no país, a Óptica Inglesa.
Com dupla cidadania, o futuro cientista cresceu entre a capital fluminense
e Petrópolis até que, na adolescência, seus pais o enviaram para estudar na
Inglaterra. Aluno aplicado, Medawar logo recebeu uma bolsa de estudos do
governo britânico.
Segundo a versão mais conhecida, foi para que Medawar não perdesse a
chance de prosseguir com os estudos que sua família recorreu à influência do
ex-ministro da Aeronáutica e ex-senador, Salgado Filho. Padrinho do futuro
vencedor do Nobel, Filho pediu diretamente ao então ministro da Guerra, o
futuro presidente Eurico Gaspar Dutra (1946-1951), que ajudasse o rapaz a ser
dispensado de retornar ao Brasil para cumprir o serviço militar obrigatório.
Como o pedido não foi atendido e Medawar não retornou para se alistar,
acabou perdendo sua nacionalidade brasileira, tornando-se unicamente cidadão
inglês e graduando-se pela prestigiada Universidade de Oxford.
Medawar morreu em Londres, em 1987 – vinte e sete anos após ser
mundialmente reconhecido por seus estudos a respeito da tolerância imunológica
e o transplante de órgãos.
Agência Brasil
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