A Amazônia perdeu em setembro deste ano 1.224 km2 de floresta, o que soma aproximadamente 69 milhões de árvores.
A área desmatada no último mês, do tamanha da cidade
do Rio de Janeiro, seria suficiente para produzir feijão que 5 milhões de
pessoas comem em um ano.
No entanto, conforme estudo recente, 90% dessa área
deverá se tornar pasto. Por dia, foram mais de 4.000 campos de futebol
derrubados.
Segundo a ONG Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente
da Amazônia) que acompanha por satélite em tempo real a devastação da floresta,
trata-se da pior marca para setembro em 10 anos, e o sexto mês de 2021 em que a
Amazônia teve a maior área destruída na década.
O acumulado do ano também é o pior desde 2012: de
janeiro até agora foram quase 9.000 km² de floresta derrubada, 39% a mais do
que no mesmo período em 2020. Mantido este ritmo, até o final do ano caberá na
área de floresta derrubada um Distrito Federal inteiro, e com folga.
Com uma redução de 24% do desmatamento em relação ao
ano passado, o Pará continua campeão em área devastada, contando sozinho mais
um terço de tudo que foi derrubado — sobretudo em cidades como São Félix do
Xingu, Pacajá e Portel, afetando diretamente as terras indígenas Apyterewa e
Trincheira/Bacajá, entre outras.
Os números do Imazon, no entanto, mostram a migração
do arco do desmatamento cada vez mais para o coração da floresta. A mais
recente e crítica fronteira agrária do bioma é a região conhecida como Amacro,
junto às divisas de Amazonas, Acre e Rondônia. É justamente nesta região que
estão os dois municípios com maior degradação: Lábrea e Porto Velho perderam
juntos campos de futebol de cobertura florestal.
Histórico de agravamento
O desmatamento registrado em setembro foi apenas 1%
superior do que o detectado no mesmo mês em 2020, quando a Amazônia também
perdeu uma área expressiva de floresta: 1.218 km². No entanto, em comparação
com 2019, a devastação em setembro deste ano é 53% maior. Já em relação à 2018,
é quase três vezes superior.
No coração da Amazônia, veias têm sido abertas, cada
vez em maior escala, com exploração de madeira, desmatamentos e queimadas. Essa
destruição coloca em risco o bloco da floresta amazônica até então mais
preservado. O avanço da devastação no estado do Amazonas preocupa
pesquisadores. Eles apontam que o momento de agir para impedir a pulverização
dos danos na área é agora.
Mais
O ano de 2021 vem batendo sucessivos recordes
negativos na última década. Em setembro a ONG já havia apontado que a Amazônia
brasileira perdeu o equivalente a três cidades do Rio de Janeiro de floresta
apenas nas unidades de conservação como áreas de proteção ambiental e terras
indígenas no intervalo de um ano.
De todas as áreas protegidas da Amazônia Legal, a APA
(Área de Proteção Ambiental) do Tapajós, no sudoeste do Pará, foi a mais
afetada, sofrendo com o avanço do garimpo clandestino de ouro. Estima-se que
cerca de 40 mil garimpeiros atuam de modo irregular na região do Alto Tapajós,
capital do garimpo na Amazônia, acentuado nos últimos anos com a promessa do
governo Bolsonaro de regularizar a extração de ouro em terras indígenas.
As terras indígenas não escapam da pressão exercida
pelo garimpo e o desmatamento. Residentes no polo garimpeiro, os Mundurukus
atualmente encontram-se divididos, com uma minoria controlando órgãos que
deveriam representar a população e defendem o garimpo em terras indígenas, e a
população contrária à exploração nas terras da União.
As terras indígenas Kayapó e Munduruku são com larga
vantagem os territórios indígenas mais afetados pelo garimpo. Segundo
levantamento feito pelo MapBiomas, o garimpo ilegal em terras indígenas cresceu
quase 500% na última década.
Gustavo Basso, Yahoo notícias
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