Festival Beethoven acontece a cada ano na cidade-natal do compositor |
Festival em homenagem a Ludwig van Beethoven busca inspiração no
famoso ciclo de "Lieder" do compositor e destaca tanto orquestras
sinfônicas como música de câmara.
O Beethovenfest de Bonn, festival anual que gira em torno
da obra de Ludwig von Beethoven, teve início nesta sexta-feira (08/09) em
seis palcos no centro da cidade natal do célebre compositor alemão. O concerto
de abertura fica a cargo da Orquestra do Teatro Mariinsky, de São Petersburgo.
Seis grandes orquestras vão se apresentar, além de três
ensembles especiais com instrumentos e execuções originais. Seja orquestra,
seja música de câmara, tudo gira em torno de "fazer com que um fio
condutor dramatúrgico atravesse cada programa", disse Nike Wagner, bisneta
de Richard Wagner e diretora do Beethovenfest.
Amores
distantes
O ponto de partida histórico do lema deste ano, A amada distante,
são os anos entre 1814 e 1816, um tempo de crise na vida de Beethoven. Após um
período de grande criatividade e obras bem-sucedidas, o compositor quase já
completamente surdo e cada vez mais solitário se voltou para dentro. Um
resultado dessa reorientação foi À
amada distante, o primeiro ciclo de Lieder (plural
de Lied,
termo usado para canções líricas breves para solista e – geralmente –
piano) da história, seguido de uma explosão de produtividade: o período
criativo tardio de Beethoven é caracterizado por obras radicalmente
intransigentes e revolucionárias.
Também ligada à essa mudança na vida do compositor está a lendária
"amada imortal", a destinatária desconhecida de uma carta de
amor apaixonada que Beethoven escreveu em 1812. Até hoje, os pesquisadores
de música não estão de acordo sobre quem ela seria, entre as muitas mulheres na
vida do compositor.
Em dois gêneros – Lied e
madrigal – a tematização do amor é especialmente forte. Ambos estão
representados na programação, por exemplo, pelo "Dia do Lied", que será
apresentado pelo pianista e musicólogo alemão Siegfried Mauser. Isso, de acordo
com Wagner, é um exemplo de como o festival também se propõe a aprofundar
temas. Segundo a diretora do festival, o tema "amor distante" se
dirige ao "interior" dos espectadores, um espaço que "não deve
ser perdido e deve ser protegido nos tempos tumultuados de hoje".
Música de câmara
Isso se expressa nas várias apresentações de música de câmara,
que, em comparação com os concertos orquestrais, oferecem uma experiência
auditiva mais íntima, intensa e desafiadora – por exemplo, num Fim de semana de quarteto de
cordas, quando os visitantes poderão ouvir todos os quartetos
de cordas do período criativo tardio de Beethoven.
Mas o festival também traz grandes nomes do cenário
internacional de orquestras, como a Sinfônica de Bamberg, dirigida pelo maestro
tcheco Jakub Hrůša ou a Orquestra Sinfônica da BBC, com regência de Sakari
Oramo. Elas também incluíram em suas apresentações obras que giram em torno dos
temas amor e saudade. Entre os famosos artistas solo e de música de
câmara estão o pianista russo-alemão Igor Levit, o renomado especialista
holandês em fortepiano Ronald Brautigam e o compositor de Lieder Matthias
Goerne.
Não somente
música clássica
Três noites com dança contemporânea, uma noite literária com a
jornalista e política alemã Christina Weiss e uma extensa programação para
crianças denominada Ludwig
+ Du (Ludwig + você) estão entre os eventos que vão
diversificar as opções do festival Beethovenfest.
Um experimento sensorial também terá lugar no festival: durante
três dias, um pianista diferente vai tocar a cada meia hora num piano de cauda
instalado dentro de um imenso cone no pátio da Universidade de Bonn. Os
passantes poderão assistir às apresentações sentados, em pé ou mesmo em
movimento.
A DW vai gravar este ano oito apresentações do festival,
que serão transmitidas na série Concert
Hourpor parceiros de mídia em países fora da Europa. Uma série de
músicas poderá ser ouvida por streaming ou podcast em
dw.com/beethovenfest.
Por Rick Fulker, na Deutsche Welle
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