A Organização Internacional do
Trabalho (OIT) divulgou uma pesquisa, desenvolvida com a Fundação Walk Free, em
parceria com a Organização Internacional para as Migrações (OIM), que mostra
que mais de 40 milhões de pessoas em todo o mundo foram vítimas da escravidão
moderna em 2016. Destas, cerca de 25 milhões estavam em trabalho forçado e 15
milhões em casamentos forçados.
A organização alerta que, se não
houver maior esforço por parte dos governos em todo o mundo, o Objetivo de
Desenvolvimento Sustentável que visa a erradicação da escravidão até 2025 não
será alcançado.
As estimativas mostram que as
mulheres e meninas são as mais afetadas pela escravidão moderna, representando
quase 29 milhões (71% do total). As mulheres representam 99% das vítimas do
trabalho forçado na indústria do sexo e 84% das vítimas de casamentos forçados.
Casamentos forçados
De acordo com o relatório Global estimates of modern slavery (Estimativas globais da escravidão moderna,
em tradução livre), o casamento forçado refere-se a situações em que pessoas,
independentemente da idade, são obrigadas a se casar sem consentimento.
“Em algumas partes do mundo, meninas
jovens e mulheres são obrigadas a se casar em troca de pagamento às suas
famílias, cancelamento de dívidas, ou para encerrar disputas familiares. Em
países com níveis significativos de conflito, elas podem ser forçadas por
grupos armados e obrigadas a casar, suportando abusos sexuais, físicos e
emocionais”, revela o texto.
Cerca de 37% das vítimas de
casamentos forçados eram crianças no momento em que o casamento ocorreu. Entre
elas, 44% foram forçadas a se casar antes de completar 15 anos, sendo que houve
casos em que as meninas tinham apenas 9 anos.
O problema também acontece em países
desenvolvidos, com mulheres e meninas obrigadas a se casarem com homens
estrangeiros por razões culturais, ou para garantir o acesso de outra pessoa no
país. Uma vez forçadas a casar-se, muitas vítimas são expostas a outras formas
de exploração, incluindo exploração sexual, servidão doméstica e trabalho
forçado.
A cada mil pessoas em todo o mundo,
2,1 estavam vivendo em casamento forçado em 2016. Mais de 90% dos casos
ocorreram na África, Ásia e Pacífico. A África registrou os piores índices, com
4,8 vítimas por cada mil pessoas. A região da Ásia e do Pacífico registrou 2,0
a cada mil habitantes; a Europa, Ásia Central e Estados árabes (1,1) e as
Américas (0,7).
Trabalho infantil
Os dados mostram ainda que há cerca de 152 milhões de crianças sujeitas a trabalhoinfantil. A pesquisa revelou que 73 milhões
de crianças no mundo estão em trabalho perigoso. Apesar dos avanços, que
mostraram uma redução de 94 milhões no número de crianças exercendo trabalho
infantil nos últimos 16 anos, a tendência mostra que, se os progressos
continuarem no mesmo ritmo, o ODS não será alcançado.
O relatório Global estimates of child labour (Estimativas globais de trabalho infantil, em tradução
livre), feito pela Alliance 8.7, traça um cenário futuro pouco promissor. De
acordo com o documento, 121 milhões de crianças ainda estarão em trabalho
infantil em 2025, dos quais 52 milhões estarão em trabalho perigoso.
O relatório mostrou que, entre 2008 e
2012, houve uma redução de 47 milhões de crianças em trabalho infantil. Entre
2012 e 2016, os avanços diminuíram muito, com uma redução de apenas 16 milhões
de crianças.
Aliança 8.7 pelo ODS
As organizações envolvidas na
pesquisa lançaram a Alliance 8.7 (Aliança 8.7), uma parceria estratégica global
que reúne os governos, as organizações das Nações Unidas, o setor privado,
organizações e sociedade civil que atuam em relação ao Objetivo de
Desenvolvimento Sustentável (ODS) 8.7.
O objetivo aponta o compromisso de
“tomar medidas imediatas e eficazes para erradicar o trabalho forçado, acabar
com a escravidão moderna e o tráfico de pessoas, e assegurar a proibição e
eliminação das piores formas de trabalho infantil, incluindo recrutamento e
utilização de crianças-soldado, e até 2025 acabar com o trabalho infantil em
todas as suas formas”.
"A mensagem que a OIT está
enviando, juntamente com os nossos parceiros da Aliança 8.7, é muito clara: o
mundo não estará em posição de alcançar os Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável, a menos que dramaticamente aumentemos nossos esforços para
combater esses flagelos. Essas novas estimativas globais podem ajudar a moldar
e desenvolver intervenções para prevenir o trabalho forçado e o trabalho
infantil ", afirmou Guy Ryder, Diretor-Geral da OIT.
Por Marieta Cazarré, da Agência
Brasil
O livro com a peça teatral Irena Sendler, minha Irena:
A história registra as ações de um grande herói, o espião e membro do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, Oskar Schindler, que salvou cerca de 1.200 judeus durante o genocídio perpetrado pelos nazistas. O industrial alemão empregava os judeus em suas fábricas de esmaltes e munições, localizadas na Polónia e na, então, Tchecoslováquia.
Irena Sendler, utilizando-se, tão somente, de sua posição profissional – assistente social do Departamento de Bem-estar Social de Varsóvia – e se valendo de muita coragem, criatividade e altruísmo, conseguiu salvar mais de 2.500 crianças judias.
"O Anjo do Gueto de Varsóvia", como ficou conhecida Irena Sendlerowa, conseguiu salvar milhares de vidas ao convencer famílias cristãs polonesas a esconder, abrigando em seus lares, os pequeninos cujo pecado capital – sob a ótica do führer – consistia em serem filhos de pais judeus.
Período: 2ª Guerra Mundial, Polônia ocupada pela Alemanha nazista. A ideologia de extrema-direita que sistematizou o racismo científico e levou o antissemitismo ao extremo com a Solução Final, implementava a eliminação dos judeus do continente europeu.
A guerra desencadeada pelos nazistas – a maior deflagração do planeta – mobilizou 100 milhões de militares, provocando a maior carnificina já experimentada pela humanidade, entre 50 e 70 milhões de mortes, incluindo a barbárie absoluta, o Holocausto, o genocídio, o assassinato em massa de 6 milhões de judeus.
Este é o contexto que inspirou o autor a escrever a peça teatral “Irena Sendler, minha Irena”.
Para dar sustentação à trama dramática, Antônio Carlos mergulhou fundo na pesquisa histórica, promovendo a vasta investigação que conferiu à peça um realismo que inquieta, suscitando reflexões sobre as razões que levam o homem a entranhar tão exageradamente no infesto, no sinistro, no maléfico. Por outro lado, como se desanuviando o anverso da mesma moeda, destaca personagens da vida real como Irena Sendler, seres que, mesmo diante das adversidades, da brutalidade mais atroz, invariavelmente optam pelo altruísmo, pela caridade, pela luz.
É quando o autor interage a realidade à ficção que desponta o rico e insólito universo com personagens intensos – de complexa construção psicológica - maquinações ardilosas, intrigas e conspirações maquiavélicas, complôs e subterfúgios delineados para brindar o leitor – não com a catarse, o êxtase, o enlevo – e sim com a reflexão crítica e a oxigenação do pensamento.
Dividida em oito atos, a peça traz à tona o processo de desumanização construído pelas diferentes correntes políticas. Sob o regime nazista, Irena Sandler foi presa e torturada – só não executada porque conseguiu fugir. O término da guerra, em 1945, que deveria levar à liberdade, lancinou o “Anjo do Gueto” com novas violências, novas intolerâncias, novas repressões. Um novo autoritarismo dominava a Polônia e o leste Europeu. Tão obscuro e cruel quanto o de Hitler, Heydrich, Goebbels, Hess e Menguele, surgia o sistema que prometia a sociedade igualitária, sem classes sociais, assentada na propriedade comum dos meios de produção. Como a fascista, a ditadura comunista, também, planejava erigir o novo homem, o novo mundo. Além de continuar perseguindo Irena, apagou-a dos livros e da historiografia oficial, situação que só cessaria com o debacle do império vermelho e a ascensão da democracia, na Polônia, em 1989.
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