EFE/Warren Toda |
George Clooney e Matt Damon aproveitaram a entrevista coletiva
realizada neste domingo no Festival Internacional de Cinema de Toronto (TIFF),
por conta da exibição de seu último filme, "Suburbicon", para
denunciar o racismo na sociedade americana.
Dirigido por Clooney e
estrelado por Damon, Julianne Moore e Oscar Issac, "Suburbicon" é uma
sátira obscura sobre o racismo nos subúrbios das cidades do nordeste dos
Estados Unidos na década de 1950.
O filme combina um roteiro
escrito há anos pelos irmãos Coen com outro sobre um incidente ocorrido em um
subúrbio do nordeste dos EUA em 1957.
Hoje, Clooney explicou que a
ideia de combinar as duas histórias surgiu durante a campanha presidencial
americana.
"Vimos coisas na
campanha eleitoral sobre construir muros e transformar mexicanos e muçulmanos
em bodes expiatórios. Isso não é algo novo na nossa história e pensamos que
seria interessante falar sobre isso de forma entretida, não como um
documentário", explicou Clooney.
"E misturamos isso com
'Suburbicon' porque pensamos que seria divertido enquadrar nos subúrbios dos
anos 50, quando todos pensavam que tudo era tão perfeito, se você fosse um
homem heterossexual", acrescentou.
Clooney também reconheceu que
a eleição de Donald Trump como presidente dos EUA fez com que algumas coisas
fossem alteradas no projeto devido ao ambiente convulsivo no país.
"Tivemos que mudar
coisas. Durante a filmagem, Trump foi eleito. E mudou a temperatura do filme
porque o país se enfureceu mais, sem importar de que lado você está. Lembramos
que tínhamos que lidar com este tom de forma diferente", disse o diretor.
Por sua vez, Damon brincou
sobre a já famosa difamação de Trump durante a campanha eleitoral, quando
afirmou os mexicanos nos EUA são em sua maioria "estupradores ou criminosos".
Quando um jornalista mexicano
fez uma pergunta ao ator, ele começou a resposta com bom humor: "você é um
dos estupradores ou criminosos? Assim que é um dos bons".
"Esta presidência
reforçou os elementos mais racistas a aparecerem abertamente. Inocentemente me
surpreendeu, mas sempre esteve aí. E está relacionado com o pecado original do
país (a escravidão da população negra)", destacou.
O protagonista de
"Suburbicon" acrescentou que, embora os EUA tenham sofrido com uma
guerra civil por esse motivo, este foi um problema "nunca resolvido",
pois o país se negou a discutir o racismo.
"E assim continuará até
que o discutamos", concluiu.
EFE
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