Com 28 produções, a mostra Move Cine Arte começou dia 21em
São Paulo com encontros do cinema com a arte contemporânea, a poesia, a dança e
outras linguagens. “É uma curadoria de encontros, não é uma curadoria de
cinema. Porque é sempre o cinema encontrando com outras artes”, ressalta o
curador, André Fratti. “Filmes que se contaminam e criam na relação do cineasta
com o artista de outras linguagens uma obra nova, transformada a partir desse
encontro.”
A ideia do festival surgiu quando Fratti, que também é realizador do
evento, percebeu que havia pouco espaço para produções que tinham interações
mais profundas do cinema com outras formas de expressão artística. “Alguns
filmes em que a linguagem se contaminava pela linguagem da expressão artística
retratada tinham mais dificuldade de participar dos festivais de cinema
usuais.”
Baseado em festivais internacionais, Frati organizou a primeira edição
do Move em 2012. “Ele acabou chamando um público que não é necessariamente só
de cinema. As sessões são recheadas de arquitetos, pintores. Dependendo da
programação, você vê uma turma diferente em cada sessão”, lembra o curador.
Além de abrir espaço para essas produções, Fratti diz que o festival
facilita o diálogo do grande público com linguagens artísticas ainda restritas.
“O festival acabou se revelando, o cinema é essa maneira, do público em geral
abordar a arte contemporânea. A gente sabe que a arte contemporânea em geral é
um problema em termos de aproximação e compreensão. Ela tem os seus códigos e o
cinema é uma forma de você entender o processo do artista, a biografia do
autor”, explica.
Destaques
Entre os destaques do Move Cine Arte
está A Deusa Branca,
dirigido pelo brasileiro Alfeu França e premiado na edição deste ano do
Festival de Veneza, na Itália. O filme resgata a expedição feita pelo artista
Flávio de Carvalho à Amazônia em 1958. Durante a viagem, deveria ser rodado um
filme que mesclaria pesquisa etnográfica e ficção. Devido a diversos conflitos
de Carvalho com a equipe, o episódio acabou sendo um grande fracasso. A
produção resgata parte do material rodado na ocasião.
Os filmes que chegam hoje ao Brasil
na mostra foram antes exibidos em Veneza e seguirão para Paris. Outra produção
que foi premiada na passagem pela Itália foi El coral
que trajimos de Brasil, do argentino Martin Serra. “Um filme
delicado, sensível, que fala de forma muito simples e singela, mas toca em
questões muito profundas, como a própria ditadura argentina”, define o curador.
As exibições acontecem no Itaú
Cultural, na Avenida Paulista (região central), no centro cultural B_arco, em
Pinheiros (zona oeste) e no Espaço Marieta, no centro. A programação completa
pode ser vista no site da
mostra.
Agência Brasil
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