EFE/Daniel Bockwoldt |
Protegido durante anos em um museu ao norte de Paris, um
rascunho feito com carvão sobre papel que representa a Monalisa nua abandonou
seu lar para ser analisado por especialistas, que tentam de determinar se a
obra foi desenhada por Leonardo da Vinci.
Serão necessários meses de
observação para determinar se o quadro, que guarda grande semelhança com o
ícone do museu do Louvre, foi feito pelo professor italiano, por seus alunos ou
por algum dos seus talentosos discípulos.
Se a autoria de Da Vinci for
confirmada, seria a única Monalisa nua conservada atribuída ao pintor.
As primeiras análises
reveladas pelos especialistas podem ser conclusivas, explica à Agência Efe
Mathieu Deldicque, curador do Museu Condé, instalado no Castelo de Chantilly,
ao norte de Paris, e onde se encontra o quadro.
Os especialistas do Centro de
Investigação e Restauração da França, que se encontra nos porões do Louvre, a
poucos metros de sua irmã mais velha, já determinaram que o papel que contém a
Monalisa nua é de entre 1485 e 1538, período que abrange a vida de Da Vinci
(1452-1519), e também foi comercializado na Itália, país onde o artista nasceu
viveu durante muitos anos.
O sorriso da Monalisa nua
lembra o de sua enigmática precursora; o gesto das mãos e o estilo das mesmas também
convidam a pensar no quadro exposto no Louvre.
Mas ainda é cedo para tirar
conclusões definitivas sobre a obra.
Deldicque espera ter um
veredicto antes de 2019, quando será aberta no Museu Condé uma grande
retrospectiva sobre Da Vinci, coincidindo com aniversário de 500 anos do seu
falecimento.
Foi por esse motivo que os
responsáveis pelo museu, que abriga o rico legado do duque de Aumale, o maior
colecionador da França do século XIX, decidiram deixar sair dos seus fundos um
papel cujo delicado estado o condenou ao imobilismo durante anos.
Deldicque não tem dúvidas de
que o tema da Monalisa nua "procede da órbita" do professor italiano.
"O motivo foi idealizado
por ele e reproduzido em muitas ocasiões. Mas não se descarta que esta seja
obra de um dos seus mais destacados discípulos", indicou o curador.
Os peritos do Louvre, que já
trabalharam na análise do delicado papel, ainda não puderam ir mais longe e é
possível que não cheguem a uma conclusão taxativa sobre a autoria do desenho.
Na próxima etapa, especialistas
de todo o mundo na obra de Da Vinci analisarão detalhes nos traços de carvão
sobre a folha, de 72 por 54 centímetros.
O professor pintava com a mão
esquerda e os peritos esperam poder determinar com que mão foi pintada a
Monalisa nua.
Junto ao rosto, foram
detectados traços feitos por uma mão direita, mas não é conclusivo, já que essa
parte foi pintada muito após o desenho.
Deldicque acredita que, caso
seja de Da Vinci, a obra corresponderia aos últimos anos da sua vida, posterior
à original do Louvre, na qual o pintor trabalhou durante anos.
"Leonardo nunca dava uma
obra por terminada, era muito perfeccionista, por isso será difícil determinar
se em algum momento trabalhou em paralelo em ambas", aponta.
O Museu Condé quer exibir em
suas salas o maior número possível de Monalisas nuas que existem no mundo,
entre elas a que adorna os muros do museu Hermitage de São Petesburgo, cujos
responsáveis consideram a de melhor qualidade.
A cereja do bolo seria poder
apresentar uma Monalisa nua desenhada pelo próprio Da Vinci. Ou, na sua
ausência, alimentar o mistério que em torno deste ícone da pintura.
Da EFE
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