Um dos mais importantes dramaturgos do teatro brasileiro e o que mais
sofreu a ação da censura durante a ditadura militar, Plinio Marcos (1935-1999)
tem finalmente lançada uma coletânea inédita de suas 29 peças, distribuídas em
seis volumes. A iniciativa partiu da Fundação Nacional de Artes (Funarte),
vinculada ao Ministério da Cultura, e o lançamento ocorreu na Livraria da
Travessa do Shopping Leblon, na zona sul do Rio.
A Coleção Plínio Marcos – Obras Teatrais foi editada
com a última revisão de conteúdo feita pelo dramaturgo e inclui dez textos que
estão sendo publicados pela primeira vez. Coube à atriz Walderez de Barros,
ex-esposa do autor teatral e mãe de seus três filhos, estabelecer a versão
final das peças.
Nos seis volumes estão textos consagrados, como Navalha na Carne, Dois
Perdidos numa Noite Suja, O Abajur Lilás e Quando as Máquinas Param.
O organizador da publicação é o crítico e professor de literatura da
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Alcir Pécora, que acrescentou a
cada livro análises dos textos de Plínio Marcos.
De acordo com Pécora, cada um dos volumes foi definido com base numa
linha temática principal, “distinta em termos de significação e de composição,
a ponto de ser possível destacá-la no conjunto da obra”. Ele destacou que o
objetivo da coleção é dar ao público uma versão “absolutamente confiável” das
peças do dramaturgo, baseada sempre na última modificação feita por ele
próprio.
“Um autor da grandeza de Plínio Marcos tem o direito de ter o conjunto da
sua obra publicada de maneira correta e fidedigna”, disse Alcir Pécora.
Estudioso da obra do dramaturgo, ele adotou o critério de publicar na coletânea
apenas as peças cujos originais, ou mesmo cópias, constassem do acervo de forma
íntegra, e dadas como finalizadas pelo próprio Plínio Marcos.
O primeiro volume, Atrás desses Muros, reúne as peças cujos
personagens encontram-se na prisão, como é o caso de Barrela,
primeiro texto teatral de Plínio Marcos, lançado em 1958. O segundo
livro, Noites Sujas, mostra personagens sem ocupação ou
subempregados, no limite da sobrevivência nas grandes cidades, e nele estão
duas das mais conhecidas – e encenadas – peças do autor, Dois Perdidos
numa Noite Suja (1966) e Quando as Máquinas Param (1967).
Clássico da obra de Plínio, Navalha na Carne (1967) é
uma das peças do volume 3, Pomba Roxa, que reúne os textos que
giram em torno da figura da prostituta. Para Alcir Pécora, a protagonista dessa
peça, a prostituta Neusa Sueli, “é provavelmente a personagem mais célebre de
toda a sua dramaturgia”. Outras peças famosas que integram esse volume
são O Abajur Lilás (1969), e Querô, uma Reportagem
Maldita (1979).
O quarto volume, Religiosidade Subversiva, traz as peças que
o próprio autor reuniu num livro, com esse tema e com o mesmo título – e mais o
texto O Homem do Caminho. Nele estão textos como Jesus-Homem (1978)
e Madame Blavatsky (1985).
No reino da banalidade, o volume 5, reúne textos em que se destaca a
descrição dos “hábitos pequeno-burgueses” – crítica, cômica ou tragicômica -
como Signo da Discoteque (1979), O Bote da Loba (1997)
e A Dança Final (última versão, de 1998). E, finalmente, o
sexto volume, Roda de Samba/Roda dos Bichos, apresenta o teatro
musical - Balbina de Iansã (1970), Feira Livre (1976)
e O Poeta da Vila e seus Amores (1977) - e também a obra
infantil de Plínio Marcos.
Fotos, cartazes, imagens de textos escritos à mão pelo dramaturgo e
outras curiosidades, como ingressos teatrais, ilustram a obra. A iconografia
tem a assinatura de Ricardo Barros, filho de Plínio.
Trajetória
Paulista da cidade de Santos, Plínio Marcos foi camelô, palhaço, ator,
dramaturgo, diretor teatral e escritor. Além das peças concluídas, deixou
quatro inacabadas, além de outros textos literários, e também foi jornalista.
Recebeu oito prêmios Molière de melhor autor, entre as 37 premiações que
obteve, e suas peças foram traduzidas, publicadas e encenadas em espanhol,
francês, inglês e alemão, além de terem sido adaptadas para o cinema e a
televisão.
No período mais autoritário do regime militar, após 1968, o teatro de
Plínio Marcos era sistematicamente censurado. Navalha na Carne e Dois Perdidos
numa Noite Suja chegaram a ser interditadas em todo o país.
Considerado “maldito” pela ditadura, ele foi preso várias vezes, mas a
perseguição política e a censura não fizeram com que ele desistisse. Quando foi
impedido de produzir, dirigir e atuar em teatro, escreveu contos, novelas,
reportagens e crônicas e atuou como ator em telenovelas.
Plínio Marcos morreu aos 64 anos, em São Paulo, após dois derrames e uma
infecção pulmonar. Em reconhecimento à grandeza de sua obra como dramaturgo, em
2001 a sala de espetáculos da Fundação Nacional de Artes em Brasília passou a
ser chamada de Teatro Funarte Plínio Marcos.
Da Agência Brasil
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12) Estrela vermelha: à sombra de Maiakovski
13) Amor e ódio
14) O juiz, a comédia
15) Planejamento estratégico Quasar K+
16) Tiradentes, o mazombo – 20 contos dramáticos
17) As 100 mais belas fábulas da humanidade