terça-feira, 19 de setembro de 2017

Avenida Paulista ganha novo espaço cultural neste mês


De casa nova em São Paulo, o Instituto Moreira Salles (IMS) inaugura, no próximo dia 20, o mais novo espaço cultural da Avenida Paulista, cartão-postal da cidade onde tem sido expressivo o crescimento de atividades do gênero. Localizado próximo à Estação Consolação do Metrô, no número 2424, o IMS vai oferecer ao público uma programação variada entre exposições, showse cinema, mas sem deixar o foco de sua vocação: a arte da fotografia.
Entre os destaques da abertura está a exposição de 83 imagens fotográficas da coletânea "Os americanos" (1924), obra de Robert Frank, o sueco-norte-americano que pertence à coleção da Maison Européenne de la Photographie, de Paris. 
Os americanos
A obra de  Robert Frank retrata imagens captadas ao longo de nove meses de trabalho pelos Estados Unidos. Entre 1955 e 1957,  o repórter fotográfico percorreu os mais diversos lugares daquele país, registrando o cotidiano de uma nação que sofreu os impactos dos grandes conflitos mundiais. Ele produziu mais de 28 mil fotografias em um projeto desenvolvido com o seu amigo fotógrafo Walker Evans. Juntos revelaram cenas que retratam a questão social, econômica, cultural e política.
Também poderão ser vistos os livros e os filmes, desenvolvidos por Frank em parceria com o editor e impressor alemão Gerhard Steidl. Serão exibidos 25 títulos entre curtas, médias e longa-metragens entre os quais Pull My Daisy (1959). Faz parte ainda da produção cinematográfica Cocksucker Blues (1979), um documentário sobre a turnê mundial de1972 da banda de rock Rolling Stones.
O arquivo do fotógrafo está abrigado na Galeria Nacional de Arte em Washington e seu conjunto de filmes, no Museu de Arte Moderna de Nova York. 
O curador de eventos do IMS, Lourenzo Mammi, informou que a exposição inclui fotografias tiradas por Frank na América Latina. Alguns destes registros retratam cenas urbanas captadas em curta passagem  por Belém, no Pará, na região norte do Brasil.
O IMS de SP lidera em tamanho
As primeiras cinco mostras ocuparão 1.200 metros quadrados. De acordo com o curador, essa unidade passou a ser a maior das três existentes no país. Além dessa, tem um IMS em Poços de Calda, a unidade mais antiga e outra na Gávea, no Rio de Janeiro, onde era a residência da família Moreira Salles. Até novembro do ano passado, a mostra de São Paulo ocupava uma pequena galeria dentro de uma instituição financeira, no bairro de Higienópolis.
O novo prédio foi erguido em terreno onde funcionava um estacionamento. Com moderna arquitetura, o edifício tem nove andares e alguns abertos para formar o pé direito duplo. O uso de placas de vidro ajudam a compor o conjunto com a entrada de luz natural.
Os elevadores tem um sistema de energia que permitem a economia de até 75% no consumo, e todos os espaços são climatizados. Também foi adotado o sistema de aquecimento solar e de água de reúso nas descargas dos banheiros, com captação de água da chuva em dois reservatórios.
Logo na entrada, escadas rolantes conduzem os visitantes ao quinto andar, batizado de praça do IMS. De lá pode se acessar às mais variadas salas de exposição, além do espaço reservado ao cinema,  biblioteca,  café e restaurante. A biblioteca é dedicada, exclusivamente, à fotografia e terá capacidade para abrigar até 30 mil itens.
Viúva Negra
Na praça do IMS ficará exposta a obra Viúva Negra, de Alexander Calder (1898-1976), que esteve na sede do do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB) desde 1954. Esta escultura, criada em 1948, é um dos maiores móbiles de Calder, com 3,5 metros de altura e 2 metros de comprimento, protegida como Patrimônio Cultural e Artístico Federal, Estadual e Municipal.
Acesso fácil
“Como estamos bem localizados, próximo às duas linhas do Metrô [Verde e Amarela] em uma região já bastante procurada por sua diversidade cultural, acreditamos em uma grande frequência de público”, prevê o curador da mostra.
A proposta do IMS é permitir ainda uma interação do público com artistas e a sua participação em debates sobre arquitetura, em cursos e oficinas. Estão previstos eventos gratuitos e pagos incluindo um show com o Clube do Choro, no próximo dia 24, às 16h, cujos ingressos poderão ser retirados 30 minutos antes e com limitação de retirada de duas senhas por pessoa. No próximo dia 26, às 20h30, está programada uma homenagem aos 120 anos de Pixinguinha. 
Para o dia de inauguração, no próximo dia 20, estará presente o artista suíço-americano, Christian Marclay, que exibe a obra The Clock, uma videoinstalação com 24 horas de duração, composta por milhares  cenas de cinema e televisão sobre as horas do dia e que ganhou o prêmio Leão de Ouro, na 54ª Bienal de Veneza, em 2011.
A exibição prosseguirá até o próximo dia 19 de novembro com apresentações sempre aos sábados e domingos. Para isso, o IMS ficará aberto durante as madrugadas nesse período, já que a obra será projetada das 10h do sábado às 20h do domingo.
Essa obra já passou por mais de 20 locais  no mundo entre os quais está o Centro Pompidou, em Paris (2011); o Museu de Arte Moderna, em Nova Iork (2012); o Museu de Arte Moderna de São Francisco (EUA/ 2013) e o museu espanhol Guggenheim Bilbao (2014).
Corpo a Corpo
De 20 a 30 de dezembro, estará aberta ao público a exposição Corpo a Corpo: a disputa das imagens, da fotografia à transmissão ao vivo. Trata-se de um conjunto de obras de profissionais brasileiros do setor com a ideia de mostrar a presença física e simbólica na sociedade seja ocupando espaços públicos ou em representações políticas. “Os artistas foram convidados a pensar sobre o retrato, individual ou coletivo, e sobre como as imagens podem nos ajudar a enxergar os conflitos sociais que emergiram no Brasil nos últimos anos”, diz a nota explicativa do IMS.
Um dos integrantes deste grupo é a fotógrafa brasiliense Bárbara Wagner que trabalha com o artista alemão Benjamin de Burca. Ela participou do 33º Panorama de Arte Brasileira, São Paulo (2013) e da 32ª Bienal de São Paulo (2016).  No IMS, ela traz a obra À procura do 5º elemento,mostra de 52 fotografias e um vídeo em que é revelada uma geração que cultura a exposição por meio de “selfies” e suas publicações nas redes sociais. Em video destaca a produção conjunta com Burca do filme Terremoto Santo, um documentário musical com jovens cortadores de cana da Zona da Mata pernambucana e a influência religiosa no comportamento deste grupo.
Jonathas de Andrade apresenta na mostra a obra Eu,mestiço, que aborda uma pesquisa sobre raça e classe no Brasil rural realizada nos anos 1950 pela Unesco. São fotografias de pessoas com diferentes tons de pele em reações e poses diversas em uma proposta de debater as questões do racismo.
Em o coletivo Mídia Ninja , poderá ser vista a obra #Ao vivo por meio de monitores com apresentações produzidas pelo grupo no período entre 2013 e 2017 e também fatos que possam ocorrer no país durante a mostra. A produção audiovisual cresceu a partir das recentes manifestações de ruas e com a peculiaridade de um trabalho feito com baixo custo, caracterizando um tipo de estética audiovisual por meio do cinema de rua coletivo.
Na obra A máscara, o gesto, o papel, a artista Sofia Borges reproduziu em fotos bocas e gestos de parlamentares do Congresso Nacional, em imagens tiradas tanto da galeria de fotos dos ex-presidentes do parlamento como as que viu durante as sessões do Legislativo.
Imagem da opressão
No seu trabalho A resistência do corpo, de Letícia Ramos propõe um teste sobre as reações de um corpo ao se confrontar com comportamentos de violência em manifestações de rua como arremesso de objetos e o impacto de jatos d’água . Sob a temática da violência, o coletivo Garapa traz o livro Postais para Charles Lynch,que ganhou o prêmio Bolsa de Fotografia ZUM/IMS. Neste trabalho, são mostrados dois casos de linchamento.
Para obter a programação completa, os interessados podem acessar a página do Instituto, na Internet.
Por Marli Moreira, da Agência Brasil


O livro com a peça teatral Irena Sendler, minha Irena:


A história registra as ações de um grande herói, o espião e membro do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, Oskar Schindler, que salvou cerca de 1.200 judeus durante o genocídio perpetrado pelos nazistas. O industrial alemão empregava os judeus em suas fábricas de esmaltes e munições, localizadas na Polónia e na, então, Tchecoslováquia.   

Irena Sendler, utilizando-se, tão somente, de sua posição profissional – assistente social do Departamento de Bem-estar Social de Varsóvia – e se valendo de muita coragem, criatividade e altruísmo, conseguiu salvar mais de 2.500 crianças judias.

"O Anjo do Gueto de Varsóvia", como ficou conhecida Irena Sendlerowa, conseguiu salvar milhares de vidas ao convencer famílias cristãs polonesas a esconder, abrigando em seus lares, os pequeninos cujo pecado capital – sob a ótica do führer – consistia em serem filhos de pais judeus.

Período: 2ª Guerra Mundial, Polônia ocupada pela Alemanha nazista. A ideologia de extrema-direita que sistematizou o racismo científico e levou o antissemitismo ao extremo com a Solução Final, implementava a eliminação dos judeus do continente europeu.

A guerra desencadeada pelos nazistas – a maior deflagração do planeta – mobilizou 100 milhões de militares, provocando a maior carnificina já experimentada pela humanidade, entre 50 e 70 milhões de mortes, incluindo a barbárie absoluta, o Holocausto, o genocídio, o assassinato em massa de 6 milhões de judeus.

Este é o contexto que inspirou o autor a escrever a peça teatral “Irena Sendler, minha Irena”.

Para dar sustentação à trama dramática, Antônio Carlos mergulhou fundo na pesquisa histórica, promovendo a vasta investigação que conferiu à peça um realismo que inquieta, suscitando reflexões sobre as razões que levam o homem a entranhar tão exageradamente no infesto, no sinistro, no maléfico. Por outro lado, como se desanuviando o anverso da mesma moeda, destaca personagens da vida real como Irena Sendler, seres que, mesmo diante das adversidades, da brutalidade mais atroz, invariavelmente optam pelo altruísmo, pela caridade, pela luz.

É quando o autor interage a realidade à ficção que desponta o rico e insólito universo com personagens intensos – de complexa construção psicológica - maquinações ardilosas, intrigas e conspirações maquiavélicas, complôs e subterfúgios delineados para brindar o leitor – não com a catarse, o êxtase, o enlevo – e sim com a reflexão crítica e a oxigenação do pensamento.
Dividida em oito atos, a peça traz à tona o processo de desumanização construído pelas diferentes correntes políticas. Sob o regime nazista, Irena Sandler foi presa e torturada – só não executada porque conseguiu fugir. O término da guerra, em 1945, que deveria levar à liberdade, lancinou o “Anjo do Gueto” com novas violências, novas intolerâncias, novas repressões. Um novo autoritarismo dominava a Polônia e o leste Europeu. Tão obscuro e cruel quanto o de Hitler, Heydrich, Goebbels, Hess e Menguele, surgia o sistema que prometia a sociedade igualitária, sem classes sociais, assentada na propriedade comum dos meios de produção. Como a fascista, a ditadura comunista, também, planejava erigir o novo homem, o novo mundo. Além de continuar perseguindo Irena, apagou-a dos livros e da historiografia oficial, situação que só cessaria com o debacle do império vermelho e a ascensão da democracia, na Polônia, em 1989.


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