A realidade virtual nos games e no cinema foi o
tema de um bate-papo ontem no Geek & Quadrinhos, espaço cultural que tem
sua estreia nesta 18ª edição da Bienal Internacional do Livro do Rio de
Janeiro. Sob a mediação de Affonso Solano, curador do espaço, o debate reuniu
Flávia Gasi (do blog Garotas Geek), André Falcão (fundador da agência digital
Arco Labs) e Didi Braga (do site Matando Robôs Gigantes), para responder à
indagação: "afinal, até quanto a realidade virtual vai avançar a ponto de
ser uma experiência desagradável?".
ara os especialistas no assunto, a tecnologia
criada nos anos 50, nos EUA, para simulações de voo, caminha a passos largos
para proporcionar ao usuário uma experimentação cada vez mais humana, mas que
ainda está distante de substituir as interações humanas. "Certas tecnologias
vão transformar nossas relações pessoais, mas não serão capazes de nos
modificar a ponto de nos transformar em outra coisa que não humanos",
comentou Flávia.
Sobre os malefícios da realidade virtual para as
crianças, os três debatedores foram conclusivos ao afirmar que não há estudos
que comprovem a capacidade de interferência negativa no desenvolvimento
infantil. No entanto, eles destacaram que os responsáveis devem ser os
administradores dessas mídias em casa, na escola ou em outros ambientes.
"A educação das crianças é de responsabilidade dos adultos. Ninguém
conseguiu mensurar ainda o quanto um jogo ou filme de realidade virtual é capaz
de fazer mal a uma criança, o problema é o excesso. E isso serve para qualquer
coisa”, concluiu Didi.
Fenômenos teens
Com um foco cada vez maior no leitor jovem de todas
as plataformas, a Bienal do Livro teve neste sábado (2) uma de suas atrações
mais concorridas, quando a Arena #SemFiltro recebeu as artistas Maísa Silva e
Priscila Alcântara, muito esperadas pelo público adolescente. Crescer com a
exposição da mídia foi o tema do bate-papo descontraído que reuniu as duas
jovens que se tornaram referências no mundo digital.
Ambas já têm livros publicados e falaram ainda
sobre a importância da literatura. "Os jovens leem muito e estão lendo
cada vez mais. O mercado entendeu essa necessidade e hoje nós temos espaços
como esse para falar sobre coisas do nosso interesse", afirmou Priscila.
Apesar de não ser muito mais velha que seus
seguidores e leitores, nas redes sociais e nos livros, Maísa disse que tenta
ser um bom exemplo para eles. Ela também disse não ter planos de transformar
seu livro, que é baseado nos seus tweets, em uma biografia.
Lima Barreto e Lava-Jato
Homenageado na última edição da Festa Literária de
Paraty (Flip), o escritor Lima Barreto (1881-1922) foi tema de debate na noite
de sábado no Café Literário, uma das principais atrações adultas da Bienal
Internacional do Livro do Rio de Janeiro. A historiadora Lilia Schwarcz falou
sobre seu lançamento Lima Barreto: triste visionário, livro que
conta a trajetória do escritor com forte foco na questão racial.
Lila Schwarcz ressaltou a “escandalosa atualidade”
que o autor, falecido aos 41 anos, apresenta em sua obra e ao longo da vida.
“Negar o racismo é a grande mentira deste país”, reforçou ela, que fez uma
pesquisa de campo para a produção da biografia, indo às casas em que Lima
Barreto morou e conhecendo de perto o bairro de Todos os Santos, na Zona Norte
da capital fluminense, onde ele viveu sua infância.
A noite de sábado do Café Literário terminou com a
participação do procurador Deltan Dallagnol e do jornalista Fernando Gabeira no
debate A Lava Jato e a democracia brasileira. O público lotou o
espaço para o debate em que corrupção, reforma política e indignação com a
situação do País foram os temas abordados.
Tanto Dallagnol como Gabeira se mostraram
preocupados em não desestimular os brasileiros no combate à corrupção. Segundo
eles, a indignação deve ser o motor das mudanças e as eleições de 2018 devem
ser sinônimo de renovação na política.
Dallagnol chamou a atenção para os ataques à
Operação Lava Jato, hoje em sua 45ª fase e, segundo ele, alvo constante de
investidas políticas e jurídicas para bloquear os avanços, descredibilizar os
processos e, com isso, levar à impunidade políticos e executivos de grandes
empresas. “É preciso envolver a sociedade na defesa das dez medidas contra a
corrupção”, ressaltou o procurador em referência à lei proposta por iniciativa
popular.
Já Gabeira elogiou a nova geração que está em busca
de nomes com propostas mais modernas e alinhadas no combate à corrupção. “Ela
[a lei] não soluciona tudo, há muito a avançar. Mas cobramos o básico dos
políticos: não roubem e prestem contas do que fazem a serviço da população
brasileira”, concluiu. Com uma plateia participativa, os dois autores saíram
sob aplausos do debate, o mais político da noite de sábado na Bienal.
De acordo com os organizadores, milhares de pessoas
frequentaram neste fim de semana todos os espaços da Bienal do Livro, que ocupa
até o próximo dia 10 uma área de 80 mil m² no Riocentro, na Barra, zona oeste
da cidade. Todas as atividades, como as sessões de autógrafos, os encontros com
autores, debates e recreações infantis estiveram repletas.
A expectativa é de que o evento realizado pelo
Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel) atraia até o encerramento
cerca de 700 mil visitantes.
Agência Brasil
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