quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

domingo, 27 de dezembro de 2015

A questão central do teatro popular de bonecos


Para a elaboração do texto teatral há que se debruçar sobre uma questão primeira: qual será nossa idéia central, o temário que impulsionará nossa narrativa dramática?

A “questão central” será nosso objeto de estudo, o assunto que será eixo, estrutura, o tema central de nossa peça teatral. Como a proposta do teatro popular de bonecos Mané Beiçudo busca a interação entre o universo artístico e o que encerra as demandas da comunidade, a questão central será também o mote de nossa intervenção cidadã.

Por isto, devemos compatibilizar a questão central com as efetivas demandas da comunidade.

Discutir o sexo dos anjos cabe muito bem no teatro convencional. Diverte, entretém e isto é muito salutar para o espírito. Mas o teatro popular de bonecos Mané Beiçudo vai além. Está umbilicalmente vinculado à diversão e ao entretenimento, mas dá um passo à frente na medida em que busca estabelecer uma sinergia com a comunidade. Está na essência da tecnologia buscar algum tipo de transformação, alguma intervenção no tecido social que leve à participação cidadã, aquela que consegue identificar os problemas, hierarquizá-los, estabelecer relações de causa e efeito e promover mobilizações para superá-los.
Não é objetivo da educação fazer com que as pessoas, de posse do conhecimento, o processem para promover alterações que elevem a qualidade de vida? O teatro Mané Beiçudo atua exatamente neste contexto, criando um caldo cultural onde se sobressaem a arte popular, a educação e o planejamento.

Para a elaboração do texto teatral dentro desta dinâmica, deveremos primeiramente definir nosso foco. A estratégia inicial é selecionar cerca de dez lideranças locais, as mais expressivas e atuantes, abrindo o leque de modo que representem o maior universo possível: uma para representar os comerciantes, uma para os professores, uma para as mulheres, uma para os trabalhadores, uma para a juventude, outra para a terceira idade, e assim por diante.

O os artistas, estudantes, professores, cada integrante do grupo receberá a incumbência de entrevistar uma liderança comunitária. E nada de complicações, será mais uma enquete, tudo bem simples:

1. Cite os cinco principais problemas de nossa comunidade.
2. Dentre eles, qual é o mais grave?
3. Em sua opinião, qual o principal responsável pela existência deste problema?
4. Qual a pessoa, autoridade ou instituição que você considera o principal responsável pela solução do problema?
5. Como resolvê-lo?


De posse das respostas – e conduzida por elas – serão promovidas discussões internas quando então é dada a formatação final ao questionário que será submetido à comunidade.

Vejamos o exemplo aplicado na periferia da cidade de Marília, em São Paulo:
Dentre os problemas apresentados abaixo, assinale cinco que, em sua opinião, seriam os mais graves:

1. ( ) Transporte coletivo inoperante
2. ( ) Posto de saúde inexistente
3. ( ) Ruas sem asfalto
4. ( ) Bairro sem arborização
5. ( ) Inexistência de iluminação pública
6. ( ) Falta de empregos
7. ( ) Bairro inseguro
8. ( ) Escola necessitando de reforma
9. ( ) Ensino sem qualidade
10. ( ) inexistência de equipamentos comunitários de lazer e cultura.


Quando tabulamos os dados chegamos ao verdadeiro sentimento da comunidade, aos verdadeiros problemas que – na visão dela – interferem negativamente na qualidade de vida das pessoas que habitam no bairro, na região e na cidade.
Via de regra, trabalharemos com uma mostra de 10% da população total de nosso espaço-objeto. Definido o estrato, o questionário é reproduzido na quantidade necessária e aplicado.

Naturalmente, a questão central a ser trabalhada será a que receber a maioria simples dos votos da comunidade.

Definido foco, a questão central, o Grupo parte para a coleta de dados e informações complementares, objetivando enriquecer e alargar a visão sobre o assunto, procurando entender todas as suas nuances e facetas.

Nesta etapa do processo identificamos, no plano da realidade:

• o conflito principal e os secundários
• o personagem principal e os secundários
• a trama principal e as tramas secundárias
• as relações de causa e efeito
• as responsabilidades
• as possíveis soluções
• a estratégia da mobilização comunitária.


Neste ponto já estaremos habilitados para estruturar a coluna vertebral do espetáculo. É aqui que rebatemos o plano real no plano da ficção, utilizando do imaginário popular para reforçar a compreensão coletiva sobre a realidade que nos cerca.

Da realidade objetiva criamos então a ficção teatral que nada mais é que a realidade problematizada; que a realidade desvelada; que a discussão estratégica sobre como intervir e modificar a realidade objetiva; tudo isso sem perder de vista o onírico, o lúdico, o substrato do entretenimento, da diversão e do lazer.

Devemos manter longa distância da linguagem e abordagem fácil, simplista e efêmera do panfletário. O teatro popular de bonecos Mané Beiçudo é um teatro pujante, vigoroso, plástico, lúdico, vinculado às raízes culturais da comunidade, que adentra profundo no imaginário comunitário para dele extrair seus principais problemas, expectativas e ansiedades. É um teatro renovador, transformador, mas jamais panfletário porque quando enfoca determinada questão:

• o faz à luz da reflexão crítica;
• não impõe problemas (de forma autoritária) e sim os extrai da comunidade;
• trata o processo de forma aberta;
• não impõe caminhos e soluções e sim trata de radicalizar as discussões e a participação cidadã para que a própria comunidade defina seus caminhos e escolha suas soluções.


Desta interação dos planos Concreto X Imaginário, da Realidade X Ficção emerge a coluna central de nossa peça de teatro:

• Tramas definidos
• Conflito central consolidado
• Perfis psicológicos das personagens central e secundárias traçados
• Cenários desenhados
• Cenas e passagens alinhavadas
• Adereços definidos


Agora, basta dar a versão escrita ao enredo criando o texto dramático – sua coluna central. Na seqüência, cuidar da reprodução e providenciar a distribuição para que os atores.

Clique na figura acima para saber mais


Nesta etapa nosso processo deverá assumir duas vertentes. Na primeira é estruturado o Espetáculo-mestre, uma grande marcha carnavalesca, uma grande passeata épica, com a presença de bonecos gigantes, de enormes adereços – o teatro de rua. Na segunda vertente, ocorrem as apresentações de inúmeros espetáculos de bonecos de luva, os Espetáculos-satélites. No decorrer da marcha épico-carnavalesca do teatro de rua, alguns momentos e locais chaves são pré-definidos, quando então se desenvolvem os espetáculos pontuais, os Espetáculos-satélites.
Um movimento cultural resultante da intensa participação da comunidade, em todos os momentos do processo.

Antônio Carlos dos Santos - criador da metodologia de Planejamento Estratégico Quasar K+, da tecnologia de produção de teatro popular de bonecos Mané Beiçudo, e da metodologia teatral ThM - Theater Movement.

O livro "Estrela vermelha: à sombra de Maiakovski" - a palavra dita


sábado, 26 de dezembro de 2015

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domingo, 29 de novembro de 2015

sábado, 28 de novembro de 2015

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Jerzy Grotowski - teatro pobre ou rico?

“O ator deve decifrar todos os problemas de seu próprio organismo que lhe sejam acessíveis. Deve saber qual o meio de dirigir o ar, conduzindo o som para determinada parte de seu corpo, produzindo sonoridades que parecerão ter sido ampliadas por diferentes tipos de ressoadores.”

Polônia foi o país em que Jerzy Grotowski nasceu. Estudou na escola dramática estatal de Cracóvia e no Instituto de Artes Dramáticas Lunacharsky, em Moscou. Em 1959 passou a compor o Teatro Laboratório, fundado nesse mesmo ano, em Opole. Criou uma nova metodologia teatral por ele denominado de Teatro Pobre, defendendo uma maior participação do público no espetáculo. Em 1965 fundou em Varsóvia o Teatro Laboratório Polonês. Foi professor da Escola Superior de Arte Dramática de Marseille e fundou a American Institution for Research and Studies into the Oeuvre of Jerzy Grotowski, para popularizar sua escola teatral nos Estados Unidos. No ano de 1982 mudou-se para os Estados Unidos lecionando na Universidade de Columbia e depois na universidade da Califórnia. No ano de 1985 transfere-se para a Itália, país aonde veio a falecer em 1999.

Muitos querem acreditar que Grotowski, Artaud e o Living Theatre integram uma só escola. Ledo engano.

Artaud e o Living Theatre consagram a anarquia e a intensidade, a explosão total. Já na obra de Grotowski o que vemos é a experimentação do trabalho meticuloso, o artesanato, o completo domínio sobre todas as etapas da produção dramática.

Os primeiros encenadores – Antonin e J. Malina - incidem diretamente sobre a platéia, provocando-a, instigando-a. Já Grotowski utiliza de artifícios sutis, importunando-a de forma indireta, através da inquietude do espetáculo.

Grotowski só conheceu Artaud e sua mais completa obra - O Teatro e seu Duplo - quando já tinha desenvolvido as premissas do Teatro Pobre. Apesar das diferenças entre as metodologias de um e de outro, impressiona o número de pontos de convergência. É como se o diretor polonês tivesse se encarregado de dar materialidade aos sonhos do encenador francês.

Em ambos percebe-se uma obstinada busca pela superação do texto enquanto trampolim, priorizando sua utilização “como material para a construção do som”. Marca também a obra de ambos a investigação sobre uma linguagem corporal que conduza ao transe; o inconformismo com o palco tradicional; a procura por alternativas que alterem a relação palco-platéia e o resgate do aspecto sagrado da representação teatral.

Mas o encenador polonês empresta a estes componentes comuns características que tornam seu movimento único, singular, sem paralelo, diferenciando-se tanto do Teatro da crueldade como do Happening.

Do ator exige entrega total em sua busca pela expressividade corporal: “o ator ao desempenhar deve fazer uma doação total de si mesmo”, afirma Grotowski (“Em busca de um teatro pobre”).

Os antigos mitos – “arquétipos” para Grotowski – são ressuscitados de forma exasperada, num embate brutal a afligir nossas superstições, numa batalha sem tréguas contra nossas referências existenciais, nossos tabus e paradigmas.

Uma diferença marcante do Teatro Pobre é a limitação da ação: preferência pelos pequenos públicos, pelas platéias diminutas, procurando assim estabelecer uma interação mais profunda entre os atores e a assistência.

A idéia básica é envolver o espectador num clímax perturbador que o levaria a se conhecer melhor. Decorre daí a preocupação com um espetáculo que se caracterize pela intensidade e perfeição.

Os componentes estruturados para enriquecer o jogo teatral - como a iluminação, a cenografia, a música e a maquilagem - são descartadas para, na visão de Grotowski, fazer emergir e dar lugar à verdadeira teatralidade. Dessa forma, ao contrário de criar e estruturar uma personagem, o ator passa a se incumbir de descobrir-se através dele. O ator é o centro de tudo. E tudo passa pelo físico, pelo corpo submetido a rigoroso treinamento, pela expressão corporal. Para um corpo plástico e multi-presente, qual a razão de adereços e acessórios como jogos de luz, maquilagem e música? Para chegar a este ator, Grotowski submete seu grupo a seções diárias de hata-ioga e a psicanálise.

Neste ponto as diferenças com Artaud chegam ao extremo, porque o criador do Teatro da Crueldade preconizava o “espetáculo integral”, com todos os seus elementos.

O encenador polonês descartou os componentes do teatro e mais tarde, já no final de sua existência, chegou a descartar o próprio espectador – agora denominado testemunha – a ponto de alguns questionarem se o que Grotowski exercitava ao final da vida seria mesmo manifestação teatral.

De qualquer forma, a denominação encontrada pelo encenador polonês para batizar sua escola teatral não passa de tosca ironia. Mais apropriado seria renomeá-lo como O Teatro Rico de Jerzy Grotowski.

Antônio Carlos dos Santos é o criador da metodologia de produção do teatro popular de bonecos Mané Beiçudo e da tecnologia de planejamento estratégico Quasar K+

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

O monólogo teatral Santa Dica de Goiás já nas livrarias Amazon



O livro Santa Dica de Goiás – monólogo teatral
O monólogo teatral - em 4 atos – discorre sobra a saga de Santa Dica de Goiás, no dizer de uma das personagens:

“(...) A doida é de uma fazenda vizinha, a Mozondó, mais ou menos uns 40 km da cidade de Pirenópolis. Esse mundo tá se perdendo. A senhora não há de ver que essa louca - que exige ser chamada de santa Dica - fez abolir as cercas das propriedades, adotou o uso coletivo das terras, distribui lotes e parcelas para seus seguidores, pode uma coisa dessas?, pode um absurdo desses? E não para por aí; não, não para. Acabou com o dinheiro e os impostos, diz curar o povo com seus milagres, prega a igualdade entre todos e apregoa a iminente chegada do Messias. Alerta que o Poderoso vem para libertar das doenças e da miséria. Como fez uns anos atrás aquele beato de Canudos... A senhora deve ter ouvido falar desse outro débil mental que o exército despachou para os quintos, com as bênçãos e as graças de Deus. Mas essa tal de santa Dica é tão desaforada; tão, tão insolente; que se achou no direito de trocar o nome do rio; o que era Rio do Peixe a aluada rebatizou Rio Jordão. E para completar a lambança criou um jornaleco marrom: "A Estrela do Jordão Órgão dos Anjos, da Côrte de Santa Dica". Caramba, estou para explodir com tamanha desfaçatez. A simples menção a esses fatos me dobra o estômago, embrulhamento, entojo, náuseas, vômito (...)”.


Benedita Cipriano Gomes nasceu em 17 de janeiro de 1903 e chegou a reunir em torno de si 15.000 pessoas, 1.500 homens armados.

Lançamento dia 10 de novembro. Pré-vendas aqui.

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

A peça teatral Gravata Vermelha



O livro Gravata Vermelha


Quando ocorre o massacre de Canudos, em 1897, Alfredo dá a extrema unção a Antônio Conselheiro e recebe dele uma missão secreta. Alfredo era o braço direito e o chefe da Guarda Pessoal do Conselheiro – a Guarda Católica. Recebida do beato a missão secreta, Alfredo foge da cena do massacre com a família, e por 28 anos vaga pelo interior do país, em busca de Lagolândia, terra onde o beato de Belo Monte previu o aparecimento de Santa Dica.  


Lançamento dia 10 de novembro. Pré-vendas aqui.

terça-feira, 27 de outubro de 2015

O teatro e o universo de Santa Dica de Goiás



Meus queridos, no dia 10 de novembro estarei lançando duas novas peças teatrais abordando o universo de Santa Dica de Goiás.




As pré-vendas já estão disponíveis aqui.