sexta-feira, 30 de junho de 2017

Observatório Ibero-americano de Museus libera dados de 7 mil instituições

EFE/Santi Otero

O Registro de Museus Ibero-americanos (RMI), uma nova plataforma digital promovida pelo Observatório Ibero-americano de Museus, começou a disponibilizar para os usuários informações de mais de 7 mil instituições da região que participam deste projeto.
A plataforma, apresentada no Museu da América, em Madri, facilitará a difusão da riqueza e da diversidade destas instituições, com o objetivo de fortalecer o setor. Agora, os usuários poderão consultar no site www.rmiberoamericanos.org dados sobre instituições como a Biblioteca Nacional da Espanha, em Madri; o Museu Nacional de Antropologia, na Cidade do México; o Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro; e o Museu Nacional de Belas Artes, em Santigo.
De acordo com a presidente do Programa Ibermuseus, Magdalena Zavala, o RMI é "o maior espaço de cooperação ibero-americana" em que acontece diálogo e troca de informação entre instituições públicas e privadas nos diferentes âmbitos de atuação dos museus. O programa, que surgiu durante o I Encontro Ibero-americano de Museus, que aconteceu Salvador (Bahia), em 2007, tem por objetivo a integração, modernização e desenvolvimento de mais de 10 mil centros.
"O RMI possui um olhar integrador, regional e solidário, para proteger e administrar o patrimônio da região", explicou Magdalena.
A secretária-adjunta da Segib, Mariangela Rebua, por sua vez, afirmou que o objetivo da comunidade ibero-americana é o "fortalecimento, a preservação e a proteção da cultura da região", e o projeto representa a valorização do patrimônio cultural.
Já o secretário de Estado de Cultura da Espanha, Fernando Benzo, destacou os vínculos históricos que a região compartilha, entre eles a identidade.
"É importante manter um diálogo permanente que aproxime os nossos países", defendeu.
De acordo com Benzo, a plataforma conseguirá levar o conhecimento dos museus para além das fronteiras e a difusão da cultura através das novas tecnologias é algo positivo.
Para o subdiretor geral de Museus Estatais, Miguel González Suela, a plataforma digital é uma "grande base de dados" sobre as instituições e com informação sintetizada pelos 22 países participantes, "sob a mesma ótica". Além de informação relacionada com a descrição de cada um dos museus, a plataforma oferece dados sobre a história, o modo de acesso, os serviços e imagens atualizadas.

EFE

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Coleção Quasar K+: 

Livro 1: Quasar K+ Planejamento Estratégico;
Livro 2: Shakespeare: Medida por medida. Ensaios sobre corrupção, administração pública e administração da justiça;
Livro 3: Nikolai Gogol: O inspetor geral. Accountability pública; Fiscalização e controle;
Livro 4: Liebe und Hass: nicht vergessen Aylan Kurdi. A visão de futuro, a missão, as políticas e as estratégias; os objetivos e as metas.


O que é a metodologia Quasar K+ de planejamento estratégico?

QUASAR K+ é uma metodologia que procura radicalizar os processos de participação cidadã através de três componentes básicos:
a.Planejamento;
b.Educação e Teatro;
c.Participação intensiva.

Para quem se destina a ferramenta?

A metodologia QUASAR K+ foi desenvolvida para se constituir em uma base referencial tanto para as pessoas, os indivíduos, como para as organizações. Portanto, sua utilização pode ensejar a modernização desde o simples comércio de esquina ao grande conglomerado corporativo. Mas, também, os projetos de crescimento e desenvolvimento individuais, a melhoria das relações familiares...

Fazendo uso da metodologia QUASAR K+ poderemos descortinar novos horizontes nos habilitando a fazer mais e melhor com menor dispêndio de recursos.

Qual a razão desta metodologia?

Nas democracias modernas as sociedades se mostram tanto mais evoluídas e sustentáveis quanto mais aprimoram a qualidade da participação na vida organizacional, política e social.

Para que a participação se revista de qualidade se faz necessário dominar um conjunto de técnicas e instrumentais capazes de impregnar o processo de maior eficácia.

É deste contexto que emerge a metodologia QUASAR K+: disponibilizar técnicas específicas ancoradas em valores e princípios da educação e do teatro, incorporando - como eixo estruturante - as ferramentas do planejamento.

Portanto, é uma metodologia que busca assegurar qualidade à consecução dos objetivos, estratégias e metas traçados.

Por conseguinte, a aplicação da tecnologia possibilitará que nossa inserção e participação nos ambientes de estudo, trabalho, entretenimento e moradia, se verifique de maneira progressivamente mais satisfatória. Ao mesmo tempo em que nos empodera:

- eleva a autoestima – na medida em que tomamos consciência da evolução de nossa capacidade produtiva, da habilidade adquirida para interagir e contribuir com a família, o grupo social, a organização, a sociedade;

- incorpora ganhos sociais para a família, a escola, a instituição em que trabalhamos e a comunidade onde moramos, considerando que os produtos e resultados de nossa intervenção direta passam a ostentar qualidade diferenciada, mais fina, apurada e consentânea com as aspirações por um mundo melhor e mais justo.

De maneira estruturada, o livro enfoca:

- Planejamento e Administração
- O setor público
- Empreendedorismo & iniciativa privada
- Participação intensiva & terceiro setor
- Cidadania
- Qualidade Total
- Educação & Teatro

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quinta-feira, 29 de junho de 2017

Seminário discute preservação da matriz africana no combate ao racismo


Experiências internacionais de valorização e preservação da memória e da matriz africana nas Américas foram apresentadas no dia 27 no seminário Mauá 360 - Cais do Valongo, que ocorre no Museu do Amanhã, dentro da semana Vivências do Tempo - Matriz Africana.
Uma das experiências é o museu Smithsonian National Museum of African American History and Culture (NMAAHC), criado por ato do Congresso dos Estados Unidos, em 2003, e inaugurado em setembro de 2016, em Washington. Dedicado à valorização da cultura e memória afro-americana, a coleção conta com mais de 36 mil artefatos.
O curador do museu, Paul Gordullo, disse que falar sobre escravidão é uma coisa tão recente nos Estados Unidos quanto no Brasil. De acordo com ele, é necessário discutir a questão para se compreender melhor a herança africana compartilhada por todas as Américas.
“São histórias parecidas, de perdas, coisas escondidas. Colocar os objetos em um museu tem feito essa história visível e tem colocado luz sobre os pontos escuros. Muitas pessoas tinham receito de falar sobre isso antes, mas nós damos voz para a história. A melhor forma de fazermos isso é encontrar os objetos que contam a história dessas pessoas. Muitas vezes são fragmentos que precisam ser conectados. Precisamos abrir a janela e pensar sobre a escravidão, recuperar os objetos e a humanidade disso, personalizar faz toda a diferença. Eram pessoas com grandes histórias, quando personalizamos e colocamos em um museu ajudamos todos a perceberem isso”.
Para Gordullo, o museu também tem a função de ser espaço para conversa, aprendizado e debate, onde as pessoas tomam coragem para falar sobre assuntos que não falariam em outros lugares, como o racismo e a exclusão social.
“Eu acho que isso é um trabalho crucial dos museus, para entender nossas histórias, e que a sociedade contemporânea é conectada a esse passado que a escravidão tocou 200 anos atrás. Nós somos conectados, temos que pensar localmente em cada cidade e nas conexões, porque o mundo é uma rede. Se entendermos que as comunidades locais são conectadas com as globais, temos uma chance de fazer do mundo um lugar melhor”.
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Patrimônio Mundial
O evento ocorre às vésperas da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) anunciar se o Cais do Valongo, por onde se estima que tenham desembarcado no país cerca de 1 milhão de africanos escravizados, receberá o título de Patrimônio Mundial. O anúncio está previsto para ser feito no dia 7 ou 8 de julho.
Para Paul Gordullo, o Cais do Valongo tem uma importância global significativa. “Contém artefatos que nunca foram relatados nos livros de história. Mais de 90% da história humana foi perdida, esquecida ou mesmo assassinada e oprimida, sendo propositalmente esquecida. No Valongo, nós precisamos recuperar os objetos que contam a história dessas pessoas e suprir o silêncio que a história deixou”.
O antropólogo Milton Guran, que coordenou o grupo de trabalho da candidatura do Sítio Arqueológico Cais do Valongo, lembra que o Rio de Janeiro foi o maior porto escravagista da história.
“A redescoberta do Cais do Valongo permite, impulsiona, praticamente nos obriga, a nos confrontarmos com essa realidade. Obriga a cidade do Rio de Janeiro e, por extensão, o país, a se confrontar com as suas origens. Não é por nada que nós temos a maior população negra fora da África, a segunda população nacional negra do planeta, depois da Nigéria. Nós temos que assumir isso de forma consequente, que esse país se viabilizou porque contou com a mão de obra africana em todos os níveis. E isso é positivo, nós temos uma nação pluri étnica, multicultural”.
Ele explica que a elevação do local a Patrimônio Mundial pode colocar o Brasil na vanguarda das políticas públicas globais de inclusão social e redução das desigualdades, que já vinham caminhando com leis como o ensino obrigatório da história da África nas escolas e as cotas raciais para ingresso nas universidades.
“O Brasil vai assumir um protagonismo a nível mundial dessas questões, que não tratam apenas de um passado que ficou esquecido, porque o passado é importante e não pode ficar esquecido, porque o tráfico negreiro foi um crime contra a humanidade, mas a gente tem que pensar o presente e o futuro. O que se coloca em discussão é inclusão social, são políticas de reparação. A gente fala muito em liberdade, mas entre as dez maiores economias do mundo, o Brasil é o que tem o maior número de pessoas em trabalho análogo à escravidão, é o que tem a maior população carcerária proporcionalmente, e 70% dessa população carcerária é negra”.
Segundo a antropóloga do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) Rosana Najjar, o Cais do Valongo já é registrado como sítio arqueológico nacional e o reconhecimento internacional é importante para dar visibilidade à história e fazer com que os entes federativos assumam a responsabilidade de manter o local preservado.
“Poderia ter sido enterrado de novo, porque você preserva enterrando. É uma capsula do tempo, ele ficou lá quietinho 200 anos até que a gente redescobrisse. Então essa responsabilidade, sendo ou não Patrimônio da Humanidade, é uma responsabilidade do poder público. A tomada de decisão de deixar aberto foi conjunta. Independente de Patrimônio da Humanidade, ele é um patrimônio arqueológico, é legalmente protegido como patrimônio cultural brasileiro”.
Museu da Escravidão e da Liberdade
Ao falar sobre a criação do Museu da Liberdade e da Escravidão, a ser implantado também na região portuária (1), a secretária Municipal de Cultura do Rio de Janeiro, Nilcemar Nogueira, anunciou que os princípios do novo espaço serão discutidos com a base social do movimento negro. Uma oficina está prevista para os dias 14 e 15 de julho, no Museu de Arte do Rio (MAR), na Praça Mauá. Nilcemar destacou a importância de se “conhecer o passado para efetivamente entender o presente” e o papel que o museu pode ter.
“O museu se encontra em posição privilegiada para articular questões essenciais para a sociedade e encorajar reflexões críticas sobre os legados que o dão forma ou dilaceram. Em especial, trataremos da história e do legado da escravidão no Rio de Janeiro e no Brasil, bem como do legado e da contribuição da cultura de matriz africana para a cultura e sociedade brasileira”.
Ela disse que o nome do museu ainda é provisório e a questão será discutida com a comunidade, mas adianta que o espaço também celebrará a cultura afro-brasileira e será vetor de promoção de autoestima.
Segundo a secretária, a escritora Carolina Maria de Jesus dará nome ao centro de referência do novo museu. A sede administrativa será no Centro Cultural José Bonifácio, na Gamboa, palacete fundado em 1876 por D. Pedro II e que sediou a primeira escola pública da América Latina.
Por Akemi Nitahara, da Agência Brasil



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Coleção Quasar K+: 

Livro 1: Quasar K+ Planejamento Estratégico;
Livro 2: Shakespeare: Medida por medida. Ensaios sobre corrupção, administração pública e administração da justiça;
Livro 3: Nikolai Gogol: O inspetor geral. Accountability pública; Fiscalização e controle;
Livro 4: Liebe und Hass: nicht vergessen Aylan Kurdi. A visão de futuro, a missão, as políticas e as estratégias; os objetivos e as metas.


O que é a metodologia Quasar K+ de planejamento estratégico?

QUASAR K+ é uma metodologia que procura radicalizar os processos de participação cidadã através de três componentes básicos:
a.Planejamento;
b.Educação e Teatro;
c.Participação intensiva.

Para quem se destina a ferramenta?

A metodologia QUASAR K+ foi desenvolvida para se constituir em uma base referencial tanto para as pessoas, os indivíduos, como para as organizações. Portanto, sua utilização pode ensejar a modernização desde o simples comércio de esquina ao grande conglomerado corporativo. Mas, também, os projetos de crescimento e desenvolvimento individuais, a melhoria das relações familiares...

Fazendo uso da metodologia QUASAR K+ poderemos descortinar novos horizontes nos habilitando a fazer mais e melhor com menor dispêndio de recursos.

Qual a razão desta metodologia?

Nas democracias modernas as sociedades se mostram tanto mais evoluídas e sustentáveis quanto mais aprimoram a qualidade da participação na vida organizacional, política e social.

Para que a participação se revista de qualidade se faz necessário dominar um conjunto de técnicas e instrumentais capazes de impregnar o processo de maior eficácia.

É deste contexto que emerge a metodologia QUASAR K+: disponibilizar técnicas específicas ancoradas em valores e princípios da educação e do teatro, incorporando - como eixo estruturante - as ferramentas do planejamento.

Portanto, é uma metodologia que busca assegurar qualidade à consecução dos objetivos, estratégias e metas traçados.

Por conseguinte, a aplicação da tecnologia possibilitará que nossa inserção e participação nos ambientes de estudo, trabalho, entretenimento e moradia, se verifique de maneira progressivamente mais satisfatória. Ao mesmo tempo em que nos empodera:

- eleva a autoestima – na medida em que tomamos consciência da evolução de nossa capacidade produtiva, da habilidade adquirida para interagir e contribuir com a família, o grupo social, a organização, a sociedade;

- incorpora ganhos sociais para a família, a escola, a instituição em que trabalhamos e a comunidade onde moramos, considerando que os produtos e resultados de nossa intervenção direta passam a ostentar qualidade diferenciada, mais fina, apurada e consentânea com as aspirações por um mundo melhor e mais justo.

De maneira estruturada, o livro enfoca:

- Planejamento e Administração
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- Cidadania
- Qualidade Total
- Educação & Teatro

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quarta-feira, 28 de junho de 2017

Pinacoteca de São Paulo abre exposição com mais de 100 obras de museu português


A Pinacoteca de São Paulo abriu no dia 24 a exposição Coleções em Diálogo, com produções artísticas do Brasil e de Portugal. Estão sendo expostas 107 obras do acervo do Museu Nacional de Soares dos Reis, que fica na cidade do Porto.
O evento integra o calendário cultural do Experimenta 17, uma série de ações organizadas pelo Consulado Geral de Portugal em São Paulo para promover o intercâmbio artístico e cultural dos dois países.
A exposição faz parte do programa que constrói relações entre a coleção da Pinacoteca e de outras instituições e fica em cartaz até 16 de outubro. A curadoria conjunta é de Elisa Soares, conservadora de pintura do museu português, e de Fernanda Pitta, curadora da Pinacoteca. A proposta é explorar a construção de uma arte nacional em Portugal e no Brasil.
Segundo Fernanda Pitta, a questão central da exposição é a forma com que “o meio cultural português preocupou-se em identificar ou fazer surgir uma arte própria, inscrita na tradição europeia e ocidental, mas dotada de uma singularidade específica”. Nessa construção, segundo a curadora da Pinacoteca, questiona-se o lugar da representação da paisagem, dos costumes e do cotidiano. “Tal processo é bastante similar ao que ocorreu no Brasil”, explica.
O Museu Nacional de Soares dos Reis é herdeiro do primeiro museu público dedicado à arte criado em Portugal: o Museu Portuense de Pinturas e Estampas, de 1833. A instituição possui coleções de arte portuguesa e de mobiliário, porcelana, vidros, ourivesaria, joalheria, têxteis, arqueológicas, entre outras.
Serviço
A Pinacoteca fica na Praça da Luz, número 2, na região central de São Paulo. A visitação é aberta de quarta-feira a segunda-feira, das 10h às 17h30. O ingresso custa R$ 6. Crianças menores de 10 anos e idosos não pagam. Aos sábados, a entrada é gratuita para todos os visitantes.
Por Camila Maciel, da Agência Brasil


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O livro com a peça teatral Irena Sendler, minha Irena:


A história registra as ações de um grande herói, o espião e membro do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, Oskar Schindler, que salvou cerca de 1.200 judeus durante o genocídio perpetrado pelos nazistas. O industrial alemão empregava os judeus em suas fábricas de esmaltes e munições, localizadas na Polónia e na, então, Tchecoslováquia.   

Irena Sendler, utilizando-se, tão somente, de sua posição profissional – assistente social do Departamento de Bem-estar Social de Varsóvia – e se valendo de muita coragem, criatividade e altruísmo, conseguiu salvar mais de 2.500 crianças judias.

"O Anjo do Gueto de Varsóvia", como ficou conhecida Irena Sendlerowa, conseguiu salvar milhares de vidas ao convencer famílias cristãs polonesas a esconder, abrigando em seus lares, os pequeninos cujo pecado capital – sob a ótica do führer – consistia em serem filhos de pais judeus.

Período: 2ª Guerra Mundial, Polônia ocupada pela Alemanha nazista. A ideologia de extrema-direita que sistematizou o racismo científico e levou o antissemitismo ao extremo com a Solução Final, implementava a eliminação dos judeus do continente europeu.

A guerra desencadeada pelos nazistas – a maior deflagração do planeta – mobilizou 100 milhões de militares, provocando a maior carnificina já experimentada pela humanidade, entre 50 e 70 milhões de mortes, incluindo a barbárie absoluta, o Holocausto, o genocídio, o assassinato em massa de 6 milhões de judeus.

Este é o contexto que inspirou o autor a escrever a peça teatral “Irena Sendler, minha Irena”.

Para dar sustentação à trama dramática, Antônio Carlos mergulhou fundo na pesquisa histórica, promovendo a vasta investigação que conferiu à peça um realismo que inquieta, suscitando reflexões sobre as razões que levam o homem a entranhar tão exageradamente no infesto, no sinistro, no maléfico. Por outro lado, como se desanuviando o anverso da mesma moeda, destaca personagens da vida real como Irena Sendler, seres que, mesmo diante das adversidades, da brutalidade mais atroz, invariavelmente optam pelo altruísmo, pela caridade, pela luz.

É quando o autor interage a realidade à ficção que desponta o rico e insólito universo com personagens intensos – de complexa construção psicológica - maquinações ardilosas, intrigas e conspirações maquiavélicas, complôs e subterfúgios delineados para brindar o leitor – não com a catarse, o êxtase, o enlevo – e sim com a reflexão crítica e a oxigenação do pensamento.
Dividida em oito atos, a peça traz à tona o processo de desumanização construído pelas diferentes correntes políticas. Sob o regime nazista, Irena Sandler foi presa e torturada – só não executada porque conseguiu fugir. O término da guerra, em 1945, que deveria levar à liberdade, lancinou o “Anjo do Gueto” com novas violências, novas intolerâncias, novas repressões. Um novo autoritarismo dominava a Polônia e o leste Europeu. Tão obscuro e cruel quanto o de Hitler, Heydrich, Goebbels, Hess e Menguele, surgia o sistema que prometia a sociedade igualitária, sem classes sociais, assentada na propriedade comum dos meios de produção. Como a fascista, a ditadura comunista, também, planejava erigir o novo homem, o novo mundo. Além de continuar perseguindo Irena, apagou-a dos livros e da historiografia oficial, situação que só cessaria com o debacle do império vermelho e a ascensão da democracia, na Polônia, em 1989.


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terça-feira, 27 de junho de 2017

Educação tem 53% das obras federais paradas


Mais da metade das obras relacionadas a equipamentos educacionais bancados pelo governo federal está parada no País ou ainda nem teve início. São novos prédios escolares e reformas que estão atrasadas, em alguns casos, em mais de três anos.
Há hoje cerca de 14,5 mil obras do tipo na fila da construção, mas só 6.874 delas estão em execução (47%). Enquanto isso, só 1 em cada 4crianças brasileiras com menos de 4 anos está matriculada em creche.
Os dados, inéditos, foram tabulados pela reportagem por meio do Sistema Integrado de Monitoramento, Execução e Controle (Simec), plataforma mantida pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). De cerca de 28,5 mil obras pactuadas pelo governo federal, 11,4 mil foram concluídas, 24 mil estão canceladas ou inacabadas (com contrato com o governo federal rompido antes do término da obra), 1,6 mil totalmente paralisadas e 6 mil sequer tiveram início.
O atraso em todo o País tem sido destacado pelo próprio ministro da Educação, Mendonça Filho, que afirmou, no início do mês, em Pernambuco, que as autorizações para obras já ultrapassam R$ 10 bilhões. “Para honrar esses compromissos, levaremos de seis a sete anos.”
O principal gargalo está nas creches do programa Proinfância, bandeira do governo Dilma Rousseff. Há cerca de 500 construções nessa linha paralisadas. Desde 2007, só cerca de 3 mil das 8 mil prometidas foram entregues. O programa é alvo de auditorias no Tribunal de Contas da União (TCU).
A cidade de São Paulo tem nove unidades paralisadas, a maioria em áreas periféricas e com maior demanda por creches. Há ainda outras74obras não iniciadas - 8 delas já com recursos recebidos do FNDE. A Prefeitura disse, em nota, que “todas as obras são prioritárias e serão retomadas este ano com recursos municipais e federais".
Exemplos. Na Rua Domingos Delgado, na Vila Franco, zona norte da capital paulista, um terreno abandonado irritaos moradores da região, pois acumula mato alto, lixo. A obra de uma creche, agora paralisada, teve o edital publicado em julho de 2014, mas até agora a construção ati ngiu só 42% do total, com previsão de entrega até o fim do ano. A construção ainda consumiu RS 14 milhões dos cofres públicos federais.
A poucos metros dali, a estudante Gabriele Victoria Marques, de 15 anos, passa o dia cuidando do irmão Leonardo, de 1 ano e 4 meses, enquanto a mãe sai para trabalhar. “Minha mãe já tentou colocá- lo em outra creche e não conseguiu. E essa daqui da rua só fica na promessa", reclamou. Por causa da rotina, a menina vai à escola na parte da manhã - está no 9.0 ano do ensino fundamental -, mas não consegue estudarem casa. “Não tenho tempo de fazer nada, só cuidar do menino", afirmou.
Na mesma rua vive a dona de casa Maria Sandra Clemente Silva, de 21 anos, com três filhos pequenos. A mais velha, Jenifer de 4 anos, nunca conseguiu a creche e agora tentará a matrícula em uma pré-escola, que atende crianças de 4 e 5 anos. Os irmãos mais novos-Ana Lorraine, de 1 ano e 9 meses, e Sofia, de 3 meses, dividem a atenção da mãe. “Já tentei fazer a matrícula em outras creches, mesmo as que ficam mais longe, mas até agora não fui chamada”, disse ela, que ainda não conseguiu um emprego por causa da dificuldade em cuidar das crianças.
Para o Guarujá. Outro “esqueleto” federal está na Rua Ricardo Dalton, no Jardim Santa Fé. De acordo com o FNDE, a obra está em 73% de execução e tem previsão para ser inaugurada no fim do ano, embora o edital tenha sido publicado também em julho de 2014.
Ali, a dona de casa Gisele Henrique de Oliveira, de 33 anos, já cansou de esperar por uma vaga para o sobrinho Enzo Henrique, de 3 anos. Por causa do pro-blema.o menino viaja periodicamente para o Guarujá, onde mora a mãe, quando a tia não pode ficar com ele.
Municípios alegam repasse com atraso
O presidente da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Aléssio Costa Lima, atribuiu o atraso nas obras à maior demora do FNDE em fazer repasses a municípios, trocas constantes de gestores e à falta de apoio técnico.
Segundo ele, o FNDE tem feito repasses mensais - antes os fazia logo depois que o município solicitava-, o que causa atraso de pagamento às construtoras e, consequentemente, paralisações. “Se uma medição (por-cenlual de execuçdo de uma obra) for colocada um dia depois de o FNDE ter feito o repasse mensal, esse só acontece no mês seguinte. Assim, uma empresa po-deficar até dois meses sem receber. Se for uma obra menor, como a de uma quadra, o projeto trava”, explicou.
Ele destacou também que, embora em geral a responsabilidade das obras seja dos municípios, que contratam as construtoras, houve uma tentativa do FNDE de acelerar a criação de creches no País por meio de uma “metodologia inovadora", em que se erguería os equipamentos em um modelo padronizado de PVC e concreto.
“O FNDE fez uma Licitação central izada e só quatro empresas venceram. Com a grande demanda, elas não deram conta e as obras começaram a ser abandonadas”, diz Lima. Criou-se um grande problema, porque outras empresas não tinham conhecimento dessa metodologia para dar continuidade às construções", ressaltou. De 3,6 mil creches previstas pelo modelo, só 80 ficaram prontas.
Ele também pediu mais apoio de equipes técnicas aos municípios. “Muitos enfrentam dificuldade no manuseio desses sistemas de obras. As vezes só com uma orientação melhor já faria com que essas cidades vencessem situações de lentidão e retomassem alguma obra paralisada. É fundamental que o FNDE apoie a formação desses gestores.”
FNDE culpa burocracia e construtoras
O diretor de gestão articulada e projetos educacionais do FNDE, Leandro Damy, atribui a culpa das paralisações a problemas “burocráticos" e às construtoras que não conseguem executar as obras previ stas. “Pela situação de crise, elas (construtoras) se lançam em várias Licitações e, muitas vezes, ganham em muitos lugares. Mas não conseguem manter tantas equipes”, diz.
Ele afirmou que a prioridade é retomar as obras inacabadas, que já consumiram Recursos Públicos. “Estamos tentando encontrar uma solução jurídica e pactuar novamente com os municípios”, afirmou. Sobre as creches de metodologia inovadora, o diretor relatou que, de 3,6 mil obras pactuadas à época, cerca de 3 mil já tiveram o contrato reformulado para uma metodologia convencional.
O secretário de fiscalização de infraestrutura urbana do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Martinello Lima, disse ao Estado que o órgão já tem uma auditoria que acompanha as obras de creches do Proinfância, mas de maneira amostrai. Já foram feitos três trabalhos, em 2013,2014 e no fim de 2016 - atualizado neste ano. Um dos problemas identificados foi a construção de parte das creches por um pequeno grupo. “Tinha empresa pegando obras até em outro Estado. Não tiveram capacidade." Já o secretário de Controle Externo da Educação do TCU, Ismar Barboza Cruz, destacou que as auditorias apontaram melhorias. “Às vezes, o sistema aponta que as obras estão em um estágio e, quando visitamos, estão em outro.”

Por Luiz Fernando Toledo, em O Estado de S. Paulo

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O livro com a peça teatral Irena Sendler, minha Irena:


A história registra as ações de um grande herói, o espião e membro do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, Oskar Schindler, que salvou cerca de 1.200 judeus durante o genocídio perpetrado pelos nazistas. O industrial alemão empregava os judeus em suas fábricas de esmaltes e munições, localizadas na Polónia e na, então, Tchecoslováquia.   

Irena Sendler, utilizando-se, tão somente, de sua posição profissional – assistente social do Departamento de Bem-estar Social de Varsóvia – e se valendo de muita coragem, criatividade e altruísmo, conseguiu salvar mais de 2.500 crianças judias.

"O Anjo do Gueto de Varsóvia", como ficou conhecida Irena Sendlerowa, conseguiu salvar milhares de vidas ao convencer famílias cristãs polonesas a esconder, abrigando em seus lares, os pequeninos cujo pecado capital – sob a ótica do führer – consistia em serem filhos de pais judeus.

Período: 2ª Guerra Mundial, Polônia ocupada pela Alemanha nazista. A ideologia de extrema-direita que sistematizou o racismo científico e levou o antissemitismo ao extremo com a Solução Final, implementava a eliminação dos judeus do continente europeu.

A guerra desencadeada pelos nazistas – a maior deflagração do planeta – mobilizou 100 milhões de militares, provocando a maior carnificina já experimentada pela humanidade, entre 50 e 70 milhões de mortes, incluindo a barbárie absoluta, o Holocausto, o genocídio, o assassinato em massa de 6 milhões de judeus.

Este é o contexto que inspirou o autor a escrever a peça teatral “Irena Sendler, minha Irena”.

Para dar sustentação à trama dramática, Antônio Carlos mergulhou fundo na pesquisa histórica, promovendo a vasta investigação que conferiu à peça um realismo que inquieta, suscitando reflexões sobre as razões que levam o homem a entranhar tão exageradamente no infesto, no sinistro, no maléfico. Por outro lado, como se desanuviando o anverso da mesma moeda, destaca personagens da vida real como Irena Sendler, seres que, mesmo diante das adversidades, da brutalidade mais atroz, invariavelmente optam pelo altruísmo, pela caridade, pela luz.

É quando o autor interage a realidade à ficção que desponta o rico e insólito universo com personagens intensos – de complexa construção psicológica - maquinações ardilosas, intrigas e conspirações maquiavélicas, complôs e subterfúgios delineados para brindar o leitor – não com a catarse, o êxtase, o enlevo – e sim com a reflexão crítica e a oxigenação do pensamento.
Dividida em oito atos, a peça traz à tona o processo de desumanização construído pelas diferentes correntes políticas. Sob o regime nazista, Irena Sandler foi presa e torturada – só não executada porque conseguiu fugir. O término da guerra, em 1945, que deveria levar à liberdade, lancinou o “Anjo do Gueto” com novas violências, novas intolerâncias, novas repressões. Um novo autoritarismo dominava a Polônia e o leste Europeu. Tão obscuro e cruel quanto o de Hitler, Heydrich, Goebbels, Hess e Menguele, surgia o sistema que prometia a sociedade igualitária, sem classes sociais, assentada na propriedade comum dos meios de produção. Como a fascista, a ditadura comunista, também, planejava erigir o novo homem, o novo mundo. Além de continuar perseguindo Irena, apagou-a dos livros e da historiografia oficial, situação que só cessaria com o debacle do império vermelho e a ascensão da democracia, na Polônia, em 1989.


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segunda-feira, 26 de junho de 2017

Irena Sendler e o campo de extermínio de Treblinka



O livro com a peça teatral Irena Sendler, minha Irena
A história registra as ações de um grande herói, o espião e membro do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, Oskar Schindler, que salvou cerca de 1.200 judeus durante o genocídio perpetrado pelos nazistas. O industrial alemão empregava os judeus em suas fábricas de esmaltes e munições, localizadas na Polónia e na, então, Tchecoslováquia.   

Irena Sendler, utilizando-se, tão somente, de sua posição profissional – assistente social do Departamento de Bem-estar Social de Varsóvia – e se valendo de muita coragem, criatividade e altruísmo, conseguiu salvar mais de 2.500 crianças judias.

"O Anjo do Gueto de Varsóvia", como ficou conhecida Irena Sendlerowa, conseguiu salvar milhares de vidas ao convencer famílias cristãs polonesas a esconder, abrigando em seus lares, os pequeninos cujo pecado capital – sob a ótica do führer – consistia em serem filhos de pais judeus.

Período: 2ª Guerra Mundial, Polônia ocupada pela Alemanha nazista. A ideologia de extrema-direita que sistematizou o racismo científico e levou o antissemitismo ao extremo com a Solução Final, implementava a eliminação dos judeus do continente europeu.

A guerra desencadeada pelos nazistas – a maior deflagração do planeta – mobilizou 100 milhões de militares, provocando a maior carnificina já experimentada pela humanidade, entre 50 e 70 milhões de mortes, incluindo a barbárie absoluta, o Holocausto, o genocídio, o assassinato em massa de 6 milhões de judeus.

Este é o contexto que inspirou o autor a escrever a peça teatral “Irena Sendler, minha Irena”.

Para dar sustentação à trama dramática, Antônio Carlos mergulhou fundo na pesquisa histórica, promovendo a vasta investigação que conferiu à peça um realismo que inquieta, suscitando reflexões sobre as razões que levam o homem a entranhar tão exageradamente no infesto, no sinistro, no maléfico. Por outro lado, como se desanuviando o anverso da mesma moeda, destaca personagens da vida real como Irena Sendler, seres que, mesmo diante das adversidades, da brutalidade mais atroz, invariavelmente optam pelo altruísmo, pela caridade, pela luz.

É quando o autor interage a realidade à ficção que desponta o rico e insólito universo com personagens intensos – de complexa construção psicológica - maquinações ardilosas, intrigas e conspirações maquiavélicas, complôs e subterfúgios delineados para brindar o leitor – não com a catarse, o êxtase, o enlevo – e sim com a reflexão crítica e a oxigenação do pensamento.
Dividida em oito atos, a peça traz à tona o processo de desumanização construído pelas diferentes correntes políticas. Sob o regime nazista, Irena Sandler foi presa e torturada – só não executada porque conseguiu fugir. O término da guerra, em 1945, que deveria levar à liberdade, lancinou o “Anjo do Gueto” com novas violências, novas intolerâncias, novas repressões. Um novo autoritarismo dominava a Polônia e o leste Europeu. Tão obscuro e cruel quanto o de Hitler, Heydrich, Goebbels, Hess e Menguele, surgia o sistema que prometia a sociedade igualitária, sem classes sociais, assentada na propriedade comum dos meios de produção. Como a fascista, a ditadura comunista, também, planejava erigir o novo homem, o novo mundo. Além de continuar perseguindo Irena, apagou-a dos livros e da historiografia oficial, situação que só cessaria com o debacle do império vermelho e a ascensão da democracia, na Polônia, em 1989.


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sábado, 24 de junho de 2017

Quando a raposa cuida do galinheiro


O homem indica dois ministros do TSE que, na sequência o absolvem. Com a chave do cofre nas mãos compra governadores e o parlamento. E, como aperitivo, o que vai abaixo:
Temer indicará negociador de acordo da J&F
A posição de confronto assumida pelo presidente da República, Michel Temer, contra seu delator Joesley Batista, tem potencial para estabelecer uma situação de conflito de interesses - ou, na melhor das hipóteses, de criar constrangimento - na negociação do acordo de leniência que a J&F ainda terá que formalizar com a Controladoria-Geral da União (CGU).
Embora a empresa já tenha se acertado com o Ministério Público Federal no Distrito Federal (MPF-DF), é a CGU que tem o papel legal de aplicar a Lei Anticorrupção e de negociar ou não acordos com as empresas envolvidas.
O órgão está hoje debaixo do Ministério da Transparência, que está com comando vago desde a ida de Torquato Jardim para a pasta da Justiça. Ou seja, Temer deverá indicar, nos próximos dias ou semanas, o nome do ministro que vai conduzir o processo contra o grupo J&F dentro da CGU.
Em nota divulgada no sábado, após Joesley chamar Temer de chefe da quadrilha do PMDB da Câmara em entrevista à revista "Época", o presidente da República fez duras críticas aos termos do acordo de leniência negociado pela J&F com o MPF-DF. "[Joesley] obtém perdão pelos seus delitos e ganha prazo de 300 meses para devolver o dinheiro da corrupção que o tornou bilionário, e com juros subsidiados. Pagará, anualmente, menos de um dia do faturamento de seu grupo para se livrar da cadeia. O cidadão que renegociar os impostos com a Receita Federal, em situação legítima e legal, não conseguirá metade desse prazo e pagará juros maiores", declarou Temer, na nota.
Conforme o acordo fechado com o MPF-DF, a J&F se comprometeu a pagar o valor nominal de R$ 10,3 bilhões, parcelados em 25 anos, com correção pelo IPCA.
A falta de histórico de aplicação da Lei Anticorrupção brasileira complica o cenário. A legislação entrou em vigor em 2014, foi regulamentada em 2015, mas até hoje não há um caso prático de aplicação da lei pela CGU tornado público, embora haja processos em andamento e em negociação.
No acordo fechado com a Odebrecht, já homologado pelo juiz Sergio Moro, o MPF cita uma série de leis - colaboração premiada, lavagem de dinheiro, duas convenções das Nações Unidas ratificadas pelo Brasil para o combate a corrupção e a própria Lei Anticorrupção, entre outras - para embasar seu poder de negociar a leniência.
Mas a procuradoria reconhece que outros órgãos também tem papel no processo de "limpeza do nome" de empresas envolvidas com corrupção - notadamente Advocacia Geral da União, Tribunal de Contas da União e também a CGU - e se compromete a fazer "gestões" para que esses órgãos reconheçam de alguma forma os termos negociados com o MPF.
Uma das formas de estímulo para adesão é que as provas fornecidas pela empresa no âmbito do acordo com o MPF só podem ser usadas por outros órgãos se eles aceitarem seus termos.
Em manifestação pública anterior, a CGU já disse que os acordos de leniência que negocia "pautam-se pela rigorosa e estrita observância de critérios técnicos, além da constante interlocução com outros órgãos de controle". "E neste contexto de permanente colaboração e diálogo, é certo que não há impedimento para que, sem prejuízo das competências atribuídas pela Lei Anticorrupção, a CGU também considere a colaboração ofertada pelas empresas com esses outros órgãos (MPF e TCU), não só nos acordos de leniência aqui celebrados, mas também nos próprios processos de responsabilização em curso ou que vierem a ser iniciados por esta Pasta", diz o Ministério da Transparência em seu site.
Em consulta por e-mail feita pelo Valor antes da entrevista de Joesley - mas já depois da saída de Torquato Jardim -, a CGU respondeu, sem citar caso específico, que "tem defendido a possibilidade de compensação dos valores já pagos a partir dos acordos celebrados com o MPF em relação aos mesmos fatos ilícitos".
A Lei Anticorrupção prevê aplicação de multa de até 20% do faturamento da empresa no ano anterior ao da abertura do processo. O decreto 8.420 regulamenta o cálculo da pena, listando fatores que aumentam e reduzem o percentual a ser cobrado (ver tabela acima).
Isso limita, mas não elimina, a discricionariedade de quem vier a aplicá-la. Resta o poder para calibrar a redução da pena pela existência do acordo de leniência. A lei fala em diminuição de "até dois terços" no valor da multa calculada conforme o decreto. Mas não exige redução de dois terços.
Quando fixou o valor nominal recorde de R$ 10,3 bilhões para a leniência, o MPF mencionou, sem citar o critério da conta, que a cifra representava 5,62% do faturamento do grupo J&F em 2016, e que este percentual era o médio do que havia sido aplicado nos acordos de Odebrecht, Braskem, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez.
Quando a multa da J&F é calculada a valor presente (ainda prevendo correção pela Selic), ficaria com valor próximo de R$ 7 bilhões, o que ainda seria o maior do tipo já aplicado a uma empresa por corrupção no mundo.

Por Fernando Torres, no Valor Econômico

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