quinta-feira, 31 de março de 2016

Bunraku Theatre Example

A coleção de livros Educação, Teatro & Folclore



A Coleção Educação, Teatro e Folclore

São 10 livros abordando 19 lendas do folclore brasileiro.

Para adquirir um ou mais livros da Coleção, basta clicar aqui.

Logo abaixo um sucinto resumo dos conteúdos da Coleção.


A coleção Educação, Teatro e Folclore

A maior coleção interagindo educação, teatro e folclore, já lançada no país.

São dez volumes abordando 19 lendas do folclore brasileiro:
    
Dez comédias para o público infanto-juvenil, onde a cultura popular do país é retratada através de uma dramaturgia densa, mas, ao mesmo tempo, hilariante, alegre e divertida.

Volume 1 – O coronel e o juízo final




Nesta comédia teatral infantil são abordadas cinco das mais destacadas lendas do folclore brasileiro:

•           Pai do Mato
•           Negro D’água
•           Diabinho da Garrafa
•           Arranca Língua e
•           Onça da Mão Torta.

Explorando o imaginário popular resultante da história e formação do povo brasileiro, o autor discorre sobre a trajetória de um prefeito que se alia ao império das trevas para obter fortuna e infernizar a vida da população.
Interesses populares, alianças políticas, corrupção e gestão catastrófica são discutidos de forma aberta e aguda, estimulando a reflexão crítica à luz de muito humor e diversão.

Volume 2 - A noite do terror




Objetivando despertar em seus alunos um maior interesse pela disciplina que leciona, a professora Júlia Maria decide propor uma aula especial em um acampamento ao ar livre.

Os alunos, como tarefa de casa, devem pesquisar as lendas do folclore brasileiro para subsidiar as discussões, debates e apresentações no acampamento.

E qual não é a surpresa quando, já no acampamento, apresentando as suas tarefas escolares, os alunos se deparam com as lendas vivas do imaginário popular, os mitos – em carne e osso - manifestando toda a carga de mistério e temor que as caracterizam.

Acompanhe as travessuras de seis das mais expressivas lendas do folclore brasileiro: Besta Fera, Papo Figo, Cabra Cabriola, Boi Tatá, Matinta-Perêra e Mulher da Meia Noite.

Volume 3 - Lobisomem – O lobo que era homem




Ao ver o filho, com 17 anos, sendo transformado em Lobisomem, toda a família se une para orquestrar uma mirabolante e bem planejada estratégia para impedir a caça e o confinamento do pirralho.

Descubra como uma família de lobisomens conseguiu se transformar na maior e mais popular banda de rock do planeta.

Volume 4 – Cobra Honorato




Neste que é o quarto volume da Coleção Educação, Teatro & Folclore, o autor explora a lenda do Cobra Honorato, também conhecida como Buiuna. 

Adentre no universo popular, entranhe-se nas tradições culturais que deram origem e caráter à nacionalidade brasileira. 

Descubra como um grupo de estudantes consegue elucidar um dos maiores e mais excitantes mistérios do imaginário popular brasileiro. 

Volume 5 – A mula sem cabeça




O quinto volume da Coleção Educação, Teatro & Folclore traz toda a carga dramática de uma das mais belas lendas do folclore brasileiro, a Mula sem cabeça.

O padre de uma pequena cidade do interior, ignorando os mandamentos eclesiásticos, apaixona-se por uma linda donzela local, cenário perfeito para a aparição desta que é uma das maiores inventividades do imaginário popular.

Leia e mergulhe neste pujante universo da cultura brasileira. E entenda como uma mula, expelindo fogo e fumaça pelos olhos e narinas, consegue aterrorizar os pacatos cidadãos do interior do país.

Volume 6 - Iara, a mãe d’água




Uma irresistível e arrebatadora mulher, de longos e sedosos cabelos negros, seduz os pescadores e ribeirinhos, fazendo-os cometer loucuras e desvarios fatais.

Mulher maravilhosa da cintura para cima, e sereia da cintura para baixo, Iara, a mãe d’água é a principal personagem do Volume 6 da coleção Educação, Teatro & Folclore.

Conheça, reflita e se divirta com esta que é uma das mais geniais criações da cultura popular brasileira. Uma lenda que representa a grandeza do folclore nacional.

Volume 7 – Caipora




Jamais uma tradição brasileira, um mito do imaginário popular, guardou tanta consonância com realidade como a lenda do Caipora. 

Caipora - essa típica figura gestada nos primórdios da formação da cultura nacional - expressa problemas graves e atuais como a questão agrária, o desmatamento, a biopirataria, a extinção da flora e da fauna brasileiras, a questão da sustentabilidade ambiental, da corrupção desenfreada e muitas outras, fonte das preocupações dos cidadãos contemporâneos. 

Adentre este lúdico universo e descubra como Caipora enfrenta e derrota, de uma só vez, caçadores e madeireiros, mineradores e latifundiários, biopiratas e autoridades governamentais corruptas. Leia e divirta-se. Caipora é tradição. Caipora é inconformismo. Caipora é manifestação. Caipora é ação transformadora. 

Volume 8 – O Negrinho Pastoreiro




Do conjunto de 10 livros da Coleção, Negrinho do Pastoreiro é a única peça teatral não tipificada como uma comédia. E as razões são fáceis de explicar: esta lenda folclórica lida com uma das mais perversas nódoas da formação econômica, social e cultural do país, o escravagismo.

É neste cenário, de muitos conflitos e contradições, que se desenvolve a trama. A lenda do Negrinho do Pastoreiro, ao expressar a tortura e a humilhação que foi a escravidão no país, não deixa de descortinar o horizonte de luzes e esperanças que, mesmo nas noites mais longas e escuras, mantêm-se ao largo dos lobos do homem.

Volume 9 – Romãozinho, o fogo fátuo




O moleque Romãozinho vagueia pelas estradas do mundo, fazendo tudo o que é errado e que não presta. Quebra telhas, tira choco de galinhas, amarra lata no rabo de gato, bombinha no rabo de cachorro, coloca estrume de porco nas tetas da vaca prá fazer perder o leite, suspende saia de freira e de mulher moça, e inferniza a vida de quem lhe cruza o caminho. Para fazer suas maldades, assustar as pessoas e aprontar suas artimanhas, Romãozinho aprendeu a se transformar numa bola de fogo e sair por aí, emergindo de sepulturas e de pântanos sombrios. Por isso, em muitos lugares, Romãozinho é conhecido como Fogo Fátuo. E como não tem alma boa, muitos o conhecem como Corpo-seco.

Divirta-se com esta lenda do folclore nacional, e se deixe encantar pela bela estória criada pelo autor, como que prestando homenagens à onírica criatividade do povo brasileiro.

Volume 10 - Saci Pererê




Travesso, o negrinho de uma perna só, cachimbo e gorro vermelho é a mais conhecida e admirada lenda do folclore brasileiro.
Conforme a mitologia, o saci, além das algazarras e brincadeiras, integra-se à luta pela sustentabilidade ambiental.
Nesta peça teatral, misturam-se ação e aventura, com uma espécie particular de Saci, os Saçurás - cruéis e impiedosos - intervindo na vida política e infernizando a vida dos cidadãos de uma pequena cidade do interior.
Caminhe com o autor e descubra o quão importante é a lenda do Saci para a consolidação da cultura popular brasileira. Tamanha é sua importância que até mesmo um dia especial foi instituído em sua homenagem: 31 de outubro.

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AS OBRAS DO AUTOR QUE O LEITOR ENCONTRA NAS LIVRARIAS amazon.com.br: 

A – LIVROS INFANTO-JUVENIS: 
Livro 1. As 100 mais belas fábulas da humanidade 

I – Coleção Educação, Teatro e Folclore (peças teatrais infanto-juvenis): 
Livro 1. O coronel e o juízo final 
Livro 2. A noite do terror 
Livro 3. Lobisomem – O homem-lobo roqueiro  
Livro 4. Cobra Honorato 
Livro 5. A Mula sem cabeça 
Livro 6. Iara, a mãe d’água 
Livro 7. Caipora 
Livro 8. O Negrinho Pastoreiro 
Livro 9. Romãozinho, o fogo fátuo 
Livro 10. Saci Pererê 

II – Coleção Infantil (peças teatrais infanto-juvenis): 
Livro 1. Não é melhor saber dividir 
Livro 2. Eu compro, tu compras, ele compra 
Livro 3. A cigarra e as formiguinhas 
Livro 4. A lebre e a tartaruga 
Livro 5. O galo e a raposa 
Livro 6. Todas as cores são legais 
Livro 7. Verde que te quero verde 
Livro 8. Como é bom ser diferente 
Livro 9. O bruxo Esculfield do castelo de Chamberleim 
Livro 10. Quem vai querer a nova escola 

III – Coleção Educação, Teatro e Democracia (peças teatrais infanto-juvenis): 
Livro 1. A bruxa chegou... pequem a bruxa 
Livro 2. Carrossel azul 
Livro 3. Quem tenta agradar todo mundo não agrada ninguém 
Livro 4. O dia em que o mundo apagou 

IV – Coleção Educação, Teatro e História (peças teatrais juvenis): 
Livro 1. Todo dia é dia de independência 
Livro 2. Todo dia é dia de consciência negra 
Livro 3. Todo dia é dia de meio ambiente 
Livro 4. Todo dia é dia de índio 

V – Coleção Teatro Greco-romano (peças teatrais infanto-juvenis): 
Livro 1. O mito de Sísifo 
Livro 2. O mito de Midas 
Livro 3. A Caixa de Pandora 
Livro 4. O mito de Édipo. 

B - TEORIA TEATRAL, DRAMATURGIA E OUTROS
VI – ThM-Theater Movement: 
Livro 1. O teatro popular de bonecos Mané Beiçudo: 1.385 exercícios e laboratórios de teatro 
Livro 2. 555 exercícios, jogos e laboratórios para aprimorar a redação da peça teatral: a arte da dramaturgia 
Livro 3. Amor de elefante 
Livro 4. Gravata vermelha 
Livro 5. Santa Dica de Goiás 
Livro 6. Quando o homem engole a lua 

quarta-feira, 30 de março de 2016

Bunraku Theater

"Henrique "Henrique VIII", de Shakespeare

CALENDÁRIO HISTÓRICO

1613: Estreia de "Henrique 8º", de Shakespeare

No dia 29 de junho de 1613 estreou a peça "Henrique 8º", em que William Shakespeare encenou as tramas de poder dentro da corte e a história amorosa do rei inglês.

William Shakespeare (1564–1616)
As desventuras conjugais do rei inglês Henrique 8º foram transformadas numa peça de teatro por William Shakespeare. O drama baseia-se exclusivamente em acontecimentos históricos. O primeiro divórcio, o segundo casamento, o nascimento de Elizabeth 1ª. Daí o título original: All is true – tudo é verdade. As edições posteriores das obras completas de Shakespeare deram um novo título à peça: Henrique 8º.
Catarina de Aragão foi a primeira esposa de Henrique 8º. Após 23 anos de casamento e cinco filhos, dos quais quatro morreram e apenas uma menina sobreviveu, o rei declarou-se farto da esposa. Um novo casamento, com Ana Bolena, uma dama de companhia da rainha, deveria trazer-lhe o almejado herdeiro do trono. Mas as autoridades eclesiásticas de Roma recusaram-se a anular seu casamento.
Sem titubear, Henrique 8º rompeu com o Papa e a Igreja Católica romana. Para realizar seu divórcio, ele fundou a Igreja Anglicana, da qual se declarou chefe. Mas também alguns integrantes leigos da corte protestaram contra a arbitrariedade do rei.
80 anos depois
Tudo isso já havia ocorrido há exatamente 80 anos, quando William Shakespeare escreveu, em 1613, uma peça sobre o jogo de amor, poder e política do rei Henrique 8º. Por falta de conhecimento próprio, ele buscou apoio em outras fontes: a crônica inglesa do historiador Holinshed e as biografias de mártires cristãos de John Foxe lhe forneceram fatos comprovados. Além disso, é bastante provável que John Fletcher, um colega escritor de Shakespeare, tenha participado como coautor do texto.
A peça é a reportagem de um escândalo em forma dialógica. Sem dúvida fascinante para os contemporâneos de Shakespeare. Faltaram, no entanto, os conflitos teatrais entre o dever e o desejo, entre o amor e a determinação, que a teriam transformado numa peça de validade universal. É por isso que Henrique 8º, de Shakespeare, desapareceu dos repertórios teatrais de hoje.
A grande cena final da peça foi, ao mesmo tempo, uma reverência de Shakespeare à sua protetora: é o batismo da filha recém-nascida de Henrique 8º, a futura rainha Elizabeth 1ª.
Shakespeare fez a encenação de estreia de forma bombástica. Na cena do batismo, mandou que fossem disparadas salvas de canhão. Uma delas provocou um incêndio no telhado colmado do teatro, que terminou inteiramente destruído pelo fogo. O lema de Shakespeare tornara-se realidade: o mundo inteiro é um teatro.

DA DEUTSCHE WELLE


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Livro 8. Como é bom ser diferente 
Livro 9. O bruxo Esculfield do castelo de Chamberleim 
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B - TEORIA TEATRAL, DRAMATURGIA E OUTROS
VI – ThM-Theater Movement: 
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terça-feira, 29 de março de 2016

Acrobat marionette with Karromato

O teatro de Vsiévolod Meyerhold II


“O ator sobre a cena é como um escultor frente a um pedaço de argila: deve reproduzir em forma sensível, como o escultor, os impulsos e as emoções de sua própria alma. O material do pianista está representado pelos sons de seu instrumento, o do cantor por sua voz, o do ator por seu corpo, a fala, a mímica, os gestos. A obra interpretada pelo ator representa a forma de sua criação”.

Em 1874 nasceu na Rússia o encenador criador da Biomecânica Vsiévolod Meyerhold. Estudou no Instituto Dramático-Musical da Filarmônica de Moscou, e tendo concluído os estudos formando-se ator, ingressou no recém-fundado Teatro de Arte de Moscou – TAM. Isto ocorreu no ano de 1898, o ano de fundação do teatro-escola de Nemirovich-Danchenko e Constantin Stanislavski.
Danchenko e Stanislavski criaram o TAM para escapar e se contrapor ao tradicionalismo teatral de então, aos clichês repetitivos e enfadonhos, às interpretações baseadas na imitação pela imitação, na cópia servil.

Mas Meyerhold imaginava para si caminhos diferentes, e o desejo de desbravar novos horizontes fez com que, quatro anos mais tarde, abandonasse o teatro de Stanislavski. E rompe anunciando em alto e bom som seus pontos de discordância.

A obsessão desmedida pela exatidão, o realismo explicitado na ênfase aos detalhes e um tipo de interpretação que estimulava a identificação do ator com a personagem eram paradigmas cultuados no TAM, mas que não satisfaziam Meyerhold.
Parte então para uma carreira solo e, já como encenador, inicia uma linha de pesquisas baseada no teatro popular, no teatro alegre e desperto exercitado nas ruas, praças e feiras livres. Em 1906 apresenta “A barraca de Feira” de Alexander Blok, registrando seu encantamento por este universo recém-descoberto, o universo do teatro popular, onde o contato mais íntimo com o espectador e o abandono da tese da ilusão da realidade compõe duas das mais visíveis facetas de sua vertente teatral: o grotesco cênico.
A rica performance corporal dos atores de rua influenciou sobremaneira o grotesco cênico de Meyerhold. Tanto quanto a exploração dos opostos e a incorporação dos elementos e das características das artes circenses.

Avançando em suas experiências, no ano de 1913 cria sua escola de teatro e passa – como seu antigo mestre Stanislavski – a se dedicar também à formação de atores. Neste ponto, as escolas de ambos já se mostram nitidamente diferentes.

Com a revolução, Meyerhold e Maiakovski colocaram-se na linha de frente dos embates políticos, perfilando ao lado dos bolcheviques.

Filia-se ao Partido Bolchevique e em 1918 já estava montando a peça de Vladimir Maiakovski, “Mistério Bufo”, comemorando o primeiro ano da revolução soviética.

Boicotado pelos atores profissionais, Meyerhold lança mão de estudantes e atores inexperientes, sendo que o próprio Maiakovski se vê na obrigação de interpretar três dos papéis da peça.


Ambos vestiram as cores do materialismo dialético, promovendo – nos primórdios - um teatro maniqueísta de pura propaganda política: o bem numa extremidade, o mal na outra; os revolucionários de um lado e os exploradores do outro, bem ao sabor da nova ordem burocrática.

Mas logo compreenderam que este tipo de teatro panfletário deveria corresponder a um período histórico específico, a um movimento limitado no tempo e decidiram enveredar pelo aprofundamento das pesquisas e experimentos com vistas a encontrar um teatro de fato renovador, vívido, provocante.

E apesar do compromisso com a causa revolucionária, da consistência dos espetáculos, dos sucessivos sucessos de público, seu teatro começa a ser taxado pelo estado militarista de “incompreensível para as massas”, e de cultuar em suas montagens “aspectos místicos, eróticos e de espírito associal”.

Ao contrário do que se esperava, a ideologia cultural e artística dos bolcheviques ia se mostrando por demais preservacionista, tradicionalista e autoritária, o que se confrontava com a visão e o ideário de futuristas como Maiakovski e Meyerhold, que perseguiam uma arte em sua essência renovadora, distante do tradicionalismo das antigas elites burguesas, criativa por excelência e libertária por natureza.

Colocavam-se assim – sem atinar para o perigo latente - na contra mão das políticas culturais concebidas e implementadas pelo Partido Comunista.

Em contraposição às mostras de teatro tradicionais criou o “Outubro Teatral”, movimento que transformou os teatros em espaços de discussão política e comunhão com os espectadores. Na seqüência dá origem ao ator–tribuno, o artista que não se limita a interpretar seu papel, mas que também agita e atua politicamente, distanciando-se por vezes de sua personagem para fazer com que a mensagem chegue de forma mais clara e límpida ao publico presente nos espetáculos.

Adaptando as idéias produtivistas de Frederick Taylor, a teoria de reflexos condicionados de Ivan Pavlov e os estudos das relações sobre o corpo e as emoções de Willian James, desenvolve a Biomecânica, conjunto de exercícios básicos que ajudam o ator a exercer maior controle sobre o seu corpo em situações dramáticas. A Biomecânica trabalha o vocabulário físico-gestual de modo a assegurar ao ator pleno domínio do que expressa. Mas envereda também pelo estudo das ações físicas com o propósito de decompor cada movimento, possibilitando uma melhor análise dos seus significados e uma leveza e clareza de expressividade.

Para dar consistência aos princípios da Biomecânica, Meyerhold buscou as técnicas de movimento dos atores italianos da época da Commedia dell'arte; e posteriormente inseriu características do teatro Kabuki, configurando assim uma metodologia calcada na moderna tecnologia de então. O criador da Biomecânica assim se manifestava quando se referia aos objetivos da técnica em relação ao ator:

“dotá-lo da precisão e da álgebra gestual do teatro de Kabuki, onde cada gesto tenha uma significação convencional definida, resultado de uma tradição de séculos”.

O ator biomecânico é um artista que cultua e exercita a agilidade – do corpo e do raciocínio - o otimismo e a felicidade. Criador simples e despojado prescinde das máscaras naturalistas, dos clichês, disfarces e maquiagem. Este ator encontra-se em um ponto eqüidistante do trabalhador comum que faz teatro e do exímio especialista que nada vê à frente que não seja o teatro. Técnica e consciência de classe tornam o ator de Meyerhold um agente da arte e da história.

Mas a burocracia bolchevique condena no dramaturgo a criatividade sem limites e a preponderância do experimentalismo sobre o componente ideológico. Ávidos por abrir espaço para uma nova cultura encabrestada pelo estado, acusam a vanguarda artística de priorizar a forma em detrimento dos conteúdos revolucionários.

Os burocratas continuavam defendendo e exigindo um teatro em tudo maniqueísta, por demais simplista, esquematizado ao extremo, ao passo que Meyerhold, tomado de impaciência e irritação, começou a criticar as peças e espetáculos que, em suas palavras “qualquer um pode escrever, e qualquer teatro pode montar”.

Nesta altura, Meyerhold já consolidara sua preferência pelo riso solto e aberto, pelos jogos exploratórios dos limites do corpo, pela imersão no teatro popular.

Em 1929 encena com Maiakovski a peça “O Percevejo”. Respondendo às provocações e críticas dos porta-vozes do Kremlin argumenta que a finalidade maior do espetáculo foi “flagelar os vícios de nossos dias” e que Maiakovski “nos faz refletir sobre muitos problemas que já pareciam resolvidos”.

Foi a deixa para despertar, de forma definitiva, a ira do stablisment vermelho.

Daí em diante a opressão do Estado, exercida de forma sistemática e onipresente levam Maiakovski e muitos outros ao suicídio. E após submetido a intensa tortura física e psicológica Meyerhold é executado. Neste período da história soviética, mais de 1500 artistas foram submetidos ao mesmo brutal ritual estalinista de seleção cultural.

No teatro, o realismo socialista de Gorki respondia por realismo psicológico e ilusionista, deturpando princípios de Stanislavski, transformando os ensinamentos do grande mestre russo em dogmas que justificassem espetáculos espelhados na desejada realidade revolucionária, conduzindo novamente o espectador à inércia e à passividade.

Ao executar Meyerhold, a burocracia comunista desejava liquidar muito mais que o homem, seus sonhos e suas realizações. Não conseguiu. A Biomecânica, desde o seu nascedouro, tem influenciado de forma decisiva o teatro contemporâneo. Suas pesquisas sobre o teatro popular, sobre a arte mambembe, suas buscas por um ator que experimente e vivencie, ao mesmo tempo, consciência crítica e plasticidade corporal, ajudaram a compor as bases de muitos outros movimentos que – ao longo das ultimas décadas - vêm se sucedendo, e que até hoje eclodem em todos os quadrantes do planeta.

Meyerhold continua vivo e sua metodologia teatral mantém o vigor e a pujança de sempre. Já quanto aos burocratas comunistas áulicos do realismo socialista...

Artigo de Antônio Carlos dos Santos


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