segunda-feira, 31 de julho de 2017

Instalação que recria Museu da Língua Portuguesa ficará aberta após Flip


A instalação audiovisual que recria na 15ª Festa Literária lnternacional de Paraty (Flip) a experiência-símbolo do Museu da Língua Portuguesa, que é a Praça da Língua, tem atraído a curiosidade dos visitantes da cidade da Costa Verde fluminense e vai ficar aberta ao público até o dia 27 de agosto.  A Flip termina amanhã (30).
“A gente vai deixar um mês aqui para que a comunidade de Paraty possa aproveitar. A procura é muito intensa”, disse a gerente de Patrimônio da Fundação Roberto Marinho e uma das responsáveis pela restauração do Museu da Língua Portuguesa, a arquiteta carioca Lúcia Basto.
Espécie de 'linguetário”, como definiu Lúcia, esse “planetário da língua” é um espaço onde são projetadas imagens, além de áudios de clássicos da literatura e da música brasileira. “É como se fossem telas da cultura, da poesia. É uma coisa muito sensorial. As pessoas gostavam muito. Era o lugar que mais emocionava os visitantes”, disse a arquiteta.
O Museu da Língua Portuguesa, situado na Estação da Luz em São Paulo, foi destruído por um incêndio em 2015 e se encontra em restauração. A instalação recupera áudios originais do museu, apresentando trechos de obras de poetas como Carlos Drummond de Andrade e músicas de compositores como Lamartine Babo, por exemplo.
Linguagem
O Museu da Língua Portuguesa na Flip é uma iniciativa do governo do estado de São Paulo, da Fundação Roberto Marinho, da EDP e do Grupo Globo, que são os patrocinadores do equipamento. “Com a Flip, a gente achou importante trazer um pouco dessa experiência para cá, para falar do museu, porque está perto dos escritores e da população de Paraty”, disse Lúcia.
A programação do museu na Flip ocorre na Casa de Cultura, no centro histórico da cidade, e celebra a linguagem em várias formas de expressão, como o rap e a dança, e vários suportes, como palestras. Para Lúcia, as atividades na Flip são uma maneira de manter o museu vivo e em comunicação com o público, enquanto o processo de restauração está em curso.
A programação artística do museu na Flip ocorre no pátio da Casa da Cultura, com grupos de Paraty. Hoje (29), se apresenta o grupo de ciranda Os Caiçaras, seguindo-se o movimento Esquina do Rap, que promove a cultura hip hop na cidade, e o Coral Indígena Guarani da Aldeia Itaxi, no dia 30, formado por crianças, encerrando o evento. “É importante também trazer o paratiense para mostrar a sua forma de linguagem dentro da cultura local”, disse Lúcia.
Restauração
O Museu da Língua Portuguesa está sendo reconstruído, em São Paulo, após o incêndio que o atingiu em dezembro de 2015. Lúcia Basto disse que como se trata de um prédio muito importante, tombado nas três instâncias (federal, estadual e municipal), a primeira preocupação dos restauradores foi fazer uma proteção imediata. Por isso, a primeira fase do restauro foram obras emergenciais.
Após a captação dos recursos necessários, obtidos por meio da parceria com os grupos Globo e EDP e a Fundação Itaú Cultural, foi iniciado o processo de restauração das fachadas, que será concluído em outubro. O projeto da cobertura foi desenvolvido e, em agosto próximo, a arquiteta disse que começará a execução do telhado novo. O planejamento prevê que em 2018 as obras externas do prédio estarão encerradas. Entre março e abril de 2018, serão iniciadas as obras internas, de modo que em 2019 a restauração possa ser terminada e o prédio devolvido ao público. A expectativa é que isso ocorrerá no início no segundo semestre.
Em dez anos de funcionamento na Estação da Luz, o museu recebeu cerca de 4 milhões de visitantes, sendo 319 mil em ações educativas. O Museu da Língua Portuguesa é o primeiro museu do mundo totalmente dedicado a um idioma. O equipamento trouxe ao Brasil um conceito museográfico inovador, que alia tecnologia e educação.
Por Alana Gandra, da Agência Brasil



domingo, 30 de julho de 2017

Exposição interativa em caminhão celebra a língua portuguesa na Flip


Uma das atrações da 15ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), que está aberta ao público do local até domingo (30), poderá ser conhecida posteriormente pela população de outros estados. Depois da Flip, a exposição interativa Energia da Língua Portuguesa, montada em um caminhão, percorrerá todas as regiões do Brasil nos próximos dois anos. A mostra é uma ação em apoio à recuperação do Museu da Língua Portuguesa, com sede em São Paulo, que teve seu acervo destruído após um incêndio em 2015. O local só será reaberto ao público em 2019.
“Achamos que uma vez que a abertura do museu está programada somente para 2019, até lá tínhamos que ter uma forma de envolver as pessoas nesse processo de restauração e difundir um pouco mais a grande riqueza que o idioma português tem, a diversidade do idioma nos vários países, os vários sotaques no Brasil. Tem uma série de informações curiosas sobre a língua e é isso que nós estamos levando nessa exposição itinerante”, explicou Miguel Setas, presidente da EDP Brasil, empresa portuguesa de energia que montou a exposição.
Depois de Paraty, a exposição interativa segue para o Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo. A mostra tem 300 metros quadrados e utiliza a estrutura móvel de um caminhão. Por meio de diferentes atividades interativas, ela permite que os visitantes conheçam mais sobre os países que falam a língua portuguesa, as peculiaridades e diferenças do português falado no Brasil e em Portugal e curiosidades sobre expressões comuns deste idioma, que é considerado o quinto mais falado do mundo.
Na área interna, por exemplo, o público pode manuesar um periscópio em que as pessoas rodam em 360 graus e conseguem olhar para dez países onde se fala português hoje em dia. "É uma viagem, um mergulho no português que se fala no mundo inteiro”, disse Setas. No chão, está marcado o nome de cada país e, na parede, podem ser apreciadas fotos e expressões curiosas de cada um deles.
Em outra instalação, o visitante pode dublar trechos de poemas com o sotaque que escolher e compartilhar em suas redes sociais. E um jogo dentro da exposição desafia o visitante a soletrar palavras selecionadas aleatoriamente por uma máquina. Quem acertar, ganha um livro. Chama a atenção também a atividade que exibe e explica o significado de expressões utilizadas no dia-a-dia nos países lusófonos, como "Inês é morta", "tem boi na linha", "bicho de sete cabeças", "as paredes têm ouvidos", "a cobra vai fumar", entre outras.
Quando sai do caminhão, o visitante é convidado a recitar um poema e, posteriormente, essas gravações constituirão um vídeo com a participação do público. Na área externa da exposição, são desenvolvidas outras atividades que incluem produção de pôsteres com a citação literária favorita do visitante, ambiente para leitura e o chamado light painting. Por meio da técnica, os visitantes escrevem palavras no ar com auxílio de uma luz, que são captadas em fotografias.
Nos próximos meses a exposição seguirá para o Rio de Janeiro (4 a 6 de agosto), Cachoeiro de Itapemirim (11 a 13 de agosto), Vitória (18 a 20 de agosto), Linhares (25 a 27 de agosto), São José dos Campos (2 de setembro), Guararema (9 de setembro) e Guarulhos (16 de setembro).
Alana Gandra, da Agência Brasil



sábado, 29 de julho de 2017

Na Flip, escritores indicam livros e filmes sobre seus países de origem


Considerada pela revista Fast Company a empresa de educação mais inovadora no mundo em 2016, a Babbel aproveita a 15ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), que começa hoje (26) à noite, para perguntar a escritores convidados do evento quais livros e filmes eles indicariam para pessoas que desejam aprender seus idiomas de origem. Companhia internacional com sede em Berlim, a Babbel dedica-se ao ensino online de 14 idiomas,

A Babbel tem foco na linguagem, na literatura e no multiculturalismo, disse à Agência Brasil Julie Krauniski, relações públicas  da empresa. A empresa conta com uma equipe de mais de 450 profissionais de 39 nacionalidades, sendo 15 do Brasil, onde atua há dois anos.
“Falar muitas línguas não é só uma questão acadêmica ou de habilidades. Falar várias línguas abre uma porta para um universo diferente", afirmou Julie.  Segundo a relações públicas, tudo que é relacionado a linguagem e a multiculturalismo interessa à Babbel. "A Flip é um festival literário que tem tradição no Brasil e escolhe sempre escritores muito bons, do mundo todo. Por isso, decidimos perguntar a alguns autores internacionais que livros e filmes eles recomendariam para estrangeiros entenderem melhor o país de cada um no idioma original.”
Brasil
Em sua estreia literária, o brasileiro Jacques Fux, natural de Belo Horizonte, ganhou o Prêmio São Paulo de 2013 com a obra Antiterapias. No romance mais recente, Meshugá, o tema é a loucura. Na obra, Fux reinventa a vida e a obra de nomes como a filósofa Sarah Kofman e o cineasta Woody Allen. Para entender o Brasil, Fux recomenda o livro K. Relato de uma Busca, de Bernardo Kucinsky, da editora Companhia das Letras,  e o filme O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias, de Cao Hamburger.
Jacques Fux lembrou que o Brasil foi formado por diferentes povos e culturas. Sua literatura explora a questão judaica e a influência do povo judeu no Brasil. Por isso, disse Fux, é que indica o livro de Kucinsky e o filme de Hamburger. "Tanto o livro quanto o filme abordam o período da ditadura militar no Brasil, mas falam também do antissemitismo, da assimilação e do amor pelo futebol, temas muito importantes e relevantes na construção política e cultural do Brasil”, explicou o escritor.
Islândia
O autor slandês Sjón (abreviatura de Sigurjón Birgir Sigurðsson), cuja obra é influenciada por contos de fada e pela mitologia nórdica e já foi traduzida para mais de 30 idiomas, sugeriu o livro O Cisne, de Guðbergur Bergsson, editado pela Rocco, e o filme é O Albino Noi, com direção de Dagur Kári. Bergsson e Kári também são islandeses.
Ao comentar o livro, Sjón ressaltou que ele mostra "a beleza, a crueldade e a estupidez da pequena sociedade vistas pelos olhos de uma menina de 9 anos, que foi enviada para trabalhar numa fazenda como punição por furto. "Guðbergur Bergsson mapeou a mentalidade islandesa melhor do que qualquer outro autor contemporâneo”, disse Sjón. Sobre o filme, que relata a história de uma adolescente rebelde, Noi, moradora de uma vila próxima de um fiorde da costa oeste islandesa, Sjón afirmou: “em uma sociedade tão pequena, não é preciso tanta rebeldia para arrumar encrenca. O diretor cria uma miniatura incrível da Islândia moderna”.
O escritor é também compositor e um dos principais parceiros da cantora Björk. Seu novo livro, Pela Boca da Baleia, será lançado durante a Flip deste ano.
Angola
rapper e ativista político Ikonoklasta, como é conhecido no meio musical o autor angolano Luaty Beirão, publicou em 2016 o livro Sou Eu Mais Livre, Então, um diário escrito na prisão. Ikonoklasta foi preso por ter lido, em 2015, um livro considerado subversivo pelo governo de José Eduardo dos Santos. O livro é considerado um testemunho da resistência de Angola. Para Luaty Beirão, quem quiser entender seu país tem de ler A Geração da Utopia, de Pepetela, que considera “um bom ponto de partida para perceber a geração de angolanos que segurou o poder e se mantém até hoje, lá amarrada. Essas pessoas destruíram o sonho comum – depredando o que deveria ser de todos – para enriquecimento pessoal. O livro explica muita coisa”.
O filme que ele indica, É Dreda Ser Angolano (Mambo Tipo Documentário), dá uma breve ideia sobre a vida na capital, Luanda. “Não chega a ser um documentário, porque inserimos pequenos e bem localizados elementos de ficção. Por isso o chamamos de mambo tipo documentário. Ele foi inspirado em um álbum de música do Conjunto Ngonguenha”, disse o escritor.
Suíça
Nascida na Suíça em 1975, Prisca Agustoni é poeta, tradutora e professora. Mora no Brasil desde 2003 e dá aula de literatura comparada na Universidade Federal de Juiz de Fora, cidade mineira onde reside atualmente. Para entender a Suíça, ela sugere o livro L'anno della valanga, de Giorgio Orelli, publicado pela editora Casagrande, de Bellinzona. Não há edição em português. Prisca não recomendou nenhum filme.
Espanha
A jornalista e escritora espanhola Pilar del Río é viúva do autor português José Saramago, que conheceu em 1986 e cuja obra traduziu para o castelhano. Em 2016, recebeu o Prêmio Luso-Espanhol de Arte e Cultura por sua dedicação "à defesa dos direitos humanos, à promoção da literatura portuguesa e ao intercâmbio da cultura portuguesa, espanhola e latino-americana". Suas oções para entender a Espanha são o livro Los Aires Difíciles, de Almudena Grandes, e o filme La Vaquilla, de Luis García Berlanga.
França
O escritor francês Patrick Deville foi adido e professor em Cuba, em países da África e do Golfo Pérsico, antes de estrear na literatura em 1987. Seu livro mais recente publicado no Brasil é Peste e Cólera. Para entender a França, Deville recomenda o livro À la Recherche du Temps Perdu(Em Busca do Tempo Perdido), de Marcel Proust, e o filme Vivre Sa Vie (Viver a Vida), de Jean-Luc Godard.
Referência
O português falado no Brasil foi lançado como um dos idiomas de referência do aplicativo Babbel em 2012 e é considerado o sexto idioma de maior procura, informou Julie Krauniski. O Brasil é o quinto maior mercado da Babbel no mundo e o primeiro na América Latina, correspondendo a 60% da procura pelos cursos da empresa de educação alemã na região. Os brasileiros são os que mais se inscrevem para aprender com a Babbel, e os cursos que eles mais buscam são inglês, francês,alemão, italiano e espanhol.
Fundada há 10 anos na Europa, a escola tem cerca de 1 milhão de alunos no mundo inteiro e oferece cursos de 14 idiomas: inglês, alemão, dinamarquês, espanhol, francês, holandês, indonésio, italiano, norueguês, polonês, português brasileiro, russo, sueco e turco.
Por Alana Gandra, da Agência Brasil



sexta-feira, 28 de julho de 2017

'Podemos estimular o crowdfunding para atrair pessoas físicas'


ENTREVISTA: o novo ministro da cultura
Um dia após assumir o Ministério da Cultura, o jornalista carioca disse ontem que vai mudar a Lei Rouanet e traçar um novo Plano Nacional de Cultura. Ele reconheceu que a pasta já consumiu 73% do orçamento em 2017 e contou que a ajuda do MinC ao carnaval
Ao assumir o ministério, o senhor se licenciou ou abriu mão do cargo de diretor da Ancine?
Precisei renunciar. Então, temos duas vagas. Para uma foi indicada a Fernanda Farah (exgerente do BNDES). Quando as duas forem ocupadas, o presidente da República irá escolher, entre os quatro diretores, quem preside a agência.
O senhor tem comparado números da economia criativa com os de outros segmentos. Sendo a cultura tão estratégica, por que recebe tão poucos recursos? Por que não decola?
A economia criativa brasileira já decolou, tanto que atingiu 2,5% do PIB do país, com 900 mil empregos diretos e 250 empresas. Mas, por diversas razões, não é vista pelo conjunto da sociedade e muitas vezes pelo poder público como uma atividade com esse peso econômico. Uma das coisas que podemos fazer no MinC é chamar a atenção para que mais recursos cheguem. Trata-se de fazer as pessoas enxergarem uma realidade que está aí. Enquanto alguns setores da economia já trabalham no limite, a economia criativa pode crescer muito.
Como será a participação do ministério no carnaval carioca? O MinC vai botar os R$ 13 milhões que faltam para a festa?
A crise do Rio tem impacto em todo o país. Mas, resolvidas as questões imediatas, como o estado vai voltar a crescer para não depender mais de ajuda federal? Há duas atividades emblemáticas: a economia criativa e o turismo. Então, criou-se um grupo de trabalho que une vários ministérios (como Cultura, Turismo, Esporte...), e estamos estudando ações. O investimento no carnaval se insere nesse programa. Então, quando a prefeitura, por causa da crise, anunciou que cortaria 50% dos recursos do carnaval, colocou em xeque a realização da festa. Nosso interesse se justifica. Agora vamos ver de que maneira essa ajuda será feita. Sexta vou encontrar o prefeito Marcelo Crivella para congregar esforços de todos os governos e também das empresas privadas, e assim viabilizar o carnaval. Se vai ser com recursos orçamentários, incentivados, de onde, vamos ver.
Falando em recursos, no seu discurso de posse, o senhor reconheceu que é essencial recompor o orçamento do MinC. Mas como, se o próprio governo havia prometido (no ano passado) um aumento de 40% e, em vez disso, contingenciou 43% da verba?
Houve contingenciamento em todos os últimos anos. Não foi novidade. Mas o fato de termos esse orçamento que está aí (na prática, são R$ 412 milhões descontadas despesas fixas obrigatórias, folha de pagamento etc.) nos obriga a ver onde se pode cortar e o que se deve priorizar. Sobretudo em custeio. O MinC fez parte de processo de hipertrofia do estado brasileiro. Aumentou seus gastos, mas isso não resultou necessariamente em benefícios para a sociedade. Está na hora de rever o tamanho do estado brasileiro. Aumentar verba nem pensar? Primeiro precisamos fazer um diagnóstico profundo para ver onde cortar, otimizar, tornar o ministério mais eficaz. A gente consegue fazer mais coisas com menos dinheiro se souber qualificar gastos. Se, ao fim, concluirmos que é não é possível, o presidente se mostrou sensível a ajudar.
Noticiou-se que o MinC não teria recursos para ir além de agosto. Qual é a real situação da pasta?
Com o contingenciamento decretado em março, nos foram disponibilizados R$ 412 milhões para todo o ano de 2017. No fim deste mês atingiremos 73% desse total. Há uma estimativa de que, nas condições atuais, seriam necessários mais R$ 239 milhões para fazer frente a todas as atividades do ministério no ano. Primeiro, é preciso fazer esses ajustes. Aí, veremos.
O que o senhor pensa da Lei Rouanet? Está satisfeito com as instruções normativas postas em prática pela gestão anterior?
A lei tem um histórico de bons serviços prestados. Mas também tem problemas pelo modo como foi utilizada e por erros em sua gestão. Proponho um processo muito rápido de revisão da lei para introduzir mecanismos novos, mais contemporâneos. Desde o início dos anos 1990, quando ela foi criada, outros modelos surgiram em outros países. Cito como exemplos os endowments, fundos patrimoniais permanentes, que são o principal meio pelo qual museus, centros culturais, companhias de teatro e dança etc. se mantêm em caráter permanente nos EUA e na Europa. E vamos introduzir o crowdfunding, para promover o financiamento coletivo de projetos culturais, aproximando oferta e demanda e dando legitimidade social aos projetos financiados. Já existe mecanismo na lei para pessoas físicas, mas ele não é usado com frequência. Podemos estimular o crowdfunding, permitindo que pessoas físicas usem o imposto de renda a pagar para isso. Também devemos usar outros fundos de investimento. Já a instrução normativa... no geral parece positiva, porque traz alguns avanços, mas a operação dela já mostrou problemas. Vamos rever essa instrução. E, por fim, vamos rever toda a burocracia, que prejudica empresas e artistas e estimula a concentração. Vamos procurar o TCU para falar disso. E quero criar uma área de atendimento, uma espécie de SAC com orientações para usuários (proponentes de projetos) e informações transparentes para a sociedade.
Já tem planos para a Funarte?
Num primeiro momento, é priorizar a recuperação dos equipamentos culturais geridos por ela: obras como a da Biblioteca Nacional e do Palácio Capanema seguirão. E também olhar o fomento. Ver o que se pode fazer neste ano e o que se pode planejar para o ano que vem.
E para a lei do direito autoral?
Ainda estou vendo. Tenho acompanhado as discussões à distância. Minha posição é que o MinC deve ser um árbitro dos diversos pontos. Dialogar com os agentes interessados e buscar o consenso, mas preservando os artistas.
O senhor falou que quer elaborar um novo Plano Nacional de Cultura. Dá tempo até o fim desta gestão? Precisa?
O primeiro Plano Nacional de Cultura já tem uma década. É natural. Gosto muito do formato de Plano de Diretrizes e Metas. Menos conceito e mais meta, para que se possa mensurar. A capacidade de investimento do estado brasileiro vai aumentar nos próximos anos e é preciso que exista um conjunto de planos para esse momento.
Estamos a uma semana da votação da denúncia contra o presidente. Se ela passar e o senhor tiver que sair, o que pretende fazer?
Acho que nenhum profissional responsável de cultura poderia recusar essa tarefa, independentemente do contexto politico e econômico do país. Espero ter 17 meses de trabalho. Estou focado nisso. Se acontecer algo que impeça isso, faz parte. Volto à iniciativa privada.

Por FÁTIMA SÁ em O Globo

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Paleoarte, a arte de imaginar a Pré-História

EFE/Javier Belver
Ainda que ninguém tenha visto um diplodoco ou um tiranossauro rex, existe um consenso sobre o aspecto que essas criaturas tinham há milhões de anos. Um imaginário coletivo que aprofunda suas raízes na paleoarte, uma vertente pouco conhecida e, em algumas ocasiões, esquecida.
A paleoarte, apesar do que o nome sugere, não tem nada a ver com os desenhos rupestres. Trata-se de visões modernas do que foi o mundo há milhões de anos. Uma arte que combina o conhecimento científico com grandes doses de criatividade e imaginação.
Uma viagem através da história desse estilo, desde a sua criação, em 1830, até 1990, é o que proporciona o livro "Paleoarte. Visões do passado pré-histórico" (Taschen), assinado pela escritora Zoë Lescaze e pelo pintor Walton Ford.
O livro inclui cerca de 200 reproduções de obras de arte - pinturas, gravuras, desenhos, esculturas, mosaicos e murais - resgatadas de arquivos, coleções particulares e dos principais museus de História Natural do mundo.
O cientista inglês Henry de la Beche pintou em 1830 a primeira peça de paleoarte, "Duria Antiquitor", uma aquarela com pouco mais de 30 centímetros de largura, "violenta e fantástica, um canto à selvageria primordial representada com delicadas pinceladas de cor marrom, azul, verde e rosa", escreve Lescaze.
De la Beche se baseou em evidências fósseis e na sua imaginação para dar forma a animais que ninguém tinha visto antes e desde então artistas de todo o mundo "recriaram dinossauros, mamutes, homens das cavernas e outras criaturas, conformando nossa compreensão do passado primitivo".
Imagens de pterodáctilos, gorgossauros e massospondylus que com frequência lutam até a morte, testemunho imaginário da extrema dureza da vida pré-histórica, reproduzidas a tinta, gravuras, pintura a óleo, azulejos e cerâmica vitrificada.
Os primeiros artistas se inspiraram em uma longa tradição de invenção de monstros, evocando dragões, esfinges, hidras e harpias, e a paleoarte evoluiu influenciada pelas tendências de cada época: o romantismo, o impressionismo, o fauvismo e a art nouveau.
Obras que costumam ser encontradas em museus de história natural e universidades, mas que foram usadas em livros didáticos, enciclopédias, revistas científicas, figurinhas em barras de chocolate e livros infantis, criando um imaginário coletivo que chegou até o cinema.
A paleoarte se desenvolveu com nomes como Benjamin Waterhouse Hawkins, que mostrou a pré-história ao público vitoriano com suas grandes esculturas, o americano Charles R. Knight e o alemão Heinrich Hader, que com sua inspiração na art nouveau tirou o estilo dos ambientes científicos para levá-lo ao seu auge.
A obra mais conhecida talvez seja o colossal afresco "A idade dos répteis" (1943), de Rudolph Zallinger, encomendada para renovar a galeria de fósseis do Museu Peabody (EUA), que retrata a pré-história desde o período Devoniano até o Cretáceo, quase 300 milhões de anos.
Uma arte que viveu outro dos seus momentos de glória com o regime soviético, cujos trabalhos estão entre os mais espetaculares já produzidos, especialmente "A árvore da vida" (1984), de Alexander Mikhailovich Belashov, um mosaico colossal que abrange o tempo geológico e está repleto de animais.
Lescaze e Ford também destacam no livro um dos grandes nomes da paleoarte, a norte-americana Ely Kish, que na segunda metade do século passado tornou famosos seus animais tentando sobreviver e morrendo em um mundo ameaçado pelas condições climáticas extremas.
"Este livro - resume Ford - é uma máquina do tempo com dois pontos de chegada, como em uma dessas histórias em quadrinhos de ficção científica que tanto gostava quando era menino. Ele nos permite voltar alguns anos para observar o aspecto que os tempos remotos tinham no passado".
Por Carmen Rodríguez, EFE




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quarta-feira, 26 de julho de 2017

Flip 2017 homenageia Lima Barreto


A 15ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), que começa nesta quarta-feira (26) e vai até domingo (30), homenageará o escritor carioca Afonso Henriques de Lima Barreto, nascido em 13 de maio de 1881 e morto aos 41 anos em 1º de novembro de 1922. A edição de 2017 também se destaca por ser a primeira em que o número de escritores convidados do sexo masculino é igual ao número de escritoras.
A curadora do evento, Joselia Aguiar, conta que a homenagem a Lima Barreto estava, há alguns anos, nos planos da organização. “Lima Barreto já estava nos planos da Flip há algum tempo”, disse. Embora seu nome tenha sido citado no final de 2013 entre os prováveis homenageados, as edições seguintes da festa destacaram Millor Fernandes, Mário de Andrade e Ana Cristina Cesar.
“Era realmente o momento de trazer Lima Barreto, até porque o país e o mundo têm discutido bastante a questão racial. Era uma forma de contribuir para essas discussões”. Joselia esclareceu que embora essa questão tenha destaque na obra de Barreto, a Flip vai destacar toda a potencialidade do autor. "É uma feira com muita literatura em todos os gêneros que ele [Lima Barreto] exerceu. Tem uma pluralidade muito grande de autores e a ideia é trazer diálogos e debates novos, para que as pessoas tenham na Flip um estímulo para conhecer autores, livros e ficar um pouco mais a par de discussões contemporâneas”.
Lima Barreto perdeu a mãe, Amália Augusta, que era uma escrava liberta e professora, aos seis anos de idade. O pai, o tipógrafo João Henriques, tomou conta do menino e de outros três filhos mas, poucos anos depois, foi diagnosticado como neurastênico, ficando recolhido pelo resto da vida. A doença do pai fez Lima Barreto abandonar os estudos na Escola Politécnica para sustentar a família. Em 1903, iniciou vasta colaboração com a imprensa, publicando artigos e crônicas em jornais como o Correio da Manhã e o Jornal do Commercio.
Na revista Floreal, que fundou com amigos, iniciou a publicação do folhetim Recordações do Escrivão Isaías Caminha, que foi publicado em livro em 1909. Em 1911, publica, no Jornal do CommercioTriste Fim de Policarpo Quaresma, que é editado em livro em 1915. Barreto pagou a edição com recursos próprios.
O alcoolismo e a depressão o levaram a ser internado pela primeira vez, em 1914. Seu estado de saúde piorou e ele se aposentou por invalidez em 1918, na Secretaria de Guerra, para onde havia feito concurso em 1903. No ano seguinte, publica o romance Vida e Morte de M.J. Gonzaga de Sá. Em 1921, tenta o ingresso, pela terceira vez, na Academia Brasileira de Letras, e desiste antes da votação.
O escritor foi homenageado no carnaval carioca de 1982 pela Escola de Samba Unidos da Tijuca, com o samba-enredo "Lima Barreto, mulato pobre mas livre".
Paridade
A edição da Flip deste ano é a primeira em que há paridade de gênero entre os convidados: são 23 autores do sexo feminino e 23 do sexo masculino. A curadora Joselia Aguiar lembra que até 2013, não se questionava a participação reduzida de mulheres na Flip. “Isso não era uma questão”. 
A partir de 2014, com o projeto '#readwomen2014 (#leiamulheres2014) da escritora inglesa Joanna Walsh, esse cenário começou a mudar. “Existem eventos na Colômbia, na Espanha, nos Estados Unidos que têm mais mulheres na programação, por uma visão de que há muita coisa nova para ser mostrada, há muitas novas vozes e possibilidades para serem mostradas”, comentou Joselia.
Joselia chama a atenção também para a participação de autores negros, que também aumentou. “São 30% de autores negros. Eu diria que os mais estrelados são eles”, observou. Dentre os representantes negros se destacam Marlon James, da Jamaica; Scholastique Mukasonga, de Ruanda; e os brasileiros Lázaro Ramos e Conceição Evaristo.
Mesas literárias
O número de mesas literárias também aumentou nesta edição da Flip. “Tem mais literatura desta vez, porque nos últimos anos, a Flip tinha mesas com outros temas, outras áreas do conhecimento”, comentou Joselia.
Existe também maior integração com outras formas de expressões artísticas. Muitos autores se conectam com outras artes, como o teatro, por exemplo. A abertura da Flip terá direção de cena de Felipe Hirsch e falará de Lima Barreto, com participação do ator e escritor Lázaro Ramos e da historiadora e antropóloga brasileira Lilia Schwarcz.
show de abertura terá apresentação do pianista, compositor e arranjador brasileiro André Mehmari. A festa terá uma série intitulada Fruto Estranho, com intervenções poéticas e performáticas antes do início das mesas literárias. "Tem autores que também fazem letras de música, tem rapper que é ativista político", disse Joselia.
Novidades
Por decisão do diretor-geral da Flip, Mauro Munhoz, e da equipe de arquitetura e design da festa, a programação principal do evento ocorrerá na Igreja da Matriz, considerada patrimônio histórico nacional. Antes, ela ocupava a Tenda dos Autores. No redesenho da Flip 2017, a intenção é possibilitar que mais pessoas possam assistir de graça as apresentações. Para isso, foram instalados, no entorno da Praça da Matriz, 700 lugares cobertos para os visitantes.
Na Flipinha – com programação voltada ao público infantojuvenil, os autores convidados farão atividades lúdicas com estudantes. Os pequenos leitores terão encontros com escritores e ilustradores na Casa da Cultura Câmara Torres. Na Praça da Matriz, as árvores vão se transformar em “pés de livros”, exibindo obras literárias que ficam à disposição dos leitores mirins enquanto durante a festa. Da Central Flipinha, que é um espaço de encontro de crianças e jovens com os autores da Flip, sairão vários cortejos literários.
A Flip deste ano também será transmitida ao vivo pela internet. “É uma forma de acompanhar as discussões, conhecer os autores”. .
Praça da Língua
Outro ponto de destaque na programação da Flip 2017 é a Praça da Língua. A reconstrução do Museu da Língua Portuguesa, inaugurado em 2006 na Estação da Luz em São Paulo, e destruído por um incêndio em 2015, é tema de celebração na Casa de Cultura de Paraty. Ali, haverá uma instalação audiovisual que recria a experiência considerada símbolo do museu, que é a Praça da Língua. “Acho que vai ser um momento importante também”, disse Joselia.
“É uma Flip que tem mais lusofonia, no sentido de que vai ter mais autores de língua portuguesa, de Angola, de Portugal, e vai ser um momento importantíssimo de se conhecer a língua portuguesa, a história da língua, de ter uma apreensão da língua portuguesa”.
Iniciativa do governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Estado da Cultura, o Museu da Língua Portuguesa foi concebido e realizado em parceria com a Fundação Roberto Marinho. As atividades relativas ao museu são gratuitas e abertas ao público em geral. A mesa de abertura da exposição Praça da Língua será no dia 28, às 11h. A exposição vai além do período da Flip e ficará aberta ao público até 27 de agosto.
A programação completa está disponível na página do evento.
Por Alana Gandra, da Agência Brasil



Para saber sobre o livro, clique aqui.


Assista uma interessante conferência promovida pela ABL sobre Lima Barreto:





terça-feira, 25 de julho de 2017

'No Brasil, a tendência é de esculhambação'


Por suas posições contrárias a alterações de contrato de concessão de rodovias federais, o representante do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), Júlio Marcelo de Oliveira, passou a ser apontado por empresas e governo como 'algoz' das alternativas para solucionar problemas das concessões. Ao Estado, ele diz que seu papel é garantir o cumprimento dos acordos. O que, na sua visão, não tem sido usual no Brasil e na América Latina, onde 'a tendência é a esculhambação'.
Para Oliveira, as empresas fazem lances aventureiros nos leilões com a meta de 'ajeitar' a situação com aditivos contratuais. Algo que, em sua avaliação, passa a impressão de que 'o Brasil não é um país sério'. O procurador ficou conhecido por elaborar o parecer sobre as pedaladas fiscais no governo de Dilma Rousseff, base para o processo de impeachment.
Qual sua visão sobre mudanças em contratos de concessão?
Um bom contrato de concessão deve ser cumprido. As empresas estão o tempo todo pleiteando alterações para melhorar sua rentabilidade, diminuir ônus e adiar investimentos. Isso mostra uma cultura de não cumprir contratos. Isso passa à sociedade a mensagem de que o Brasil não é um país sério.
Por que há espaço para tantos pedidos?
As empresas jogam o preço lá embaixo ou, se for outorga, jogam o pagamento lá para cima na expectativa de que isso vai posteriormente ser compensado com alterações contratuais. Isso não é sério. A gente quer que o programa de concessões seja feito de maneira correta, de acordo com as cláusulas contratuais pactuadas. Os mecanismos de flexibilidade nos contratos de longa duração têm de estar previstos e precificados. Quando as condições do contrato estão bem desenhadas, não tem por que a toda hora as concessionárias pleitearem alterações.
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Quer dizer que os contratos foram malfeitos?
Eles (as empresas) é que dizem. Acho que as propostas são feitas de maneira aventureira. E aí eles querem uma flexibilidade que não existe no mundo. Dizem que todo lugar é assim. Mas não é, pelo menos no mundo desenvolvido. Na América Latina, pode ser. Porque na América Latina, como o Brasil, a tendência é a esculhambação. Mas na Europa e nos Estados Unidos vale o contrato. Não é obrigação do poder público garantir lucratividade da empresa. Não queremos que nenhuma empresa vá à falência, mas é inegável que ela tem de correr risco.
E quando o governo entende que a alteração é de interesse da sociedade, como no caso da Transbrasiliana?
Falei da diretriz geral. Se o contrato foi mal desenhado e tem uma obra absolutamente necessária, tenho de estar aberto a fazer uma análise da situação. Mas o que tem ocorrido é que as concessionárias trocam obras previstas por outras mais caras e encarecem o contrato, justificando aumentos de tarifas.
O sr. acha que a ANTT tem uma atuação débil?
Sim. O que se diz é que, na primeira rodada de concessões, os contratos não eram de concessão, e sim de obras remuneradas por tarifa, porque previam detalhadamente obras e custos. Decidiram passar para um outro modelo em que a obra ocorre quando a demanda atinge um determinado nível. Só que a ANTT não monitora o tráfego. Ela se alimenta de informações das concessionárias.
Por Lu Aiko Otta, em O Estado de S. Paulo



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segunda-feira, 24 de julho de 2017

Projetos culturais terão apoio de R$ 12 milhões do BNDES de agosto a dezembro


Vinte e um projetos de todas as regiões do país, com início entre agosto e dezembro deste ano, vão receber até R$ 12 milhões de patrocínio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), incentivados pela Lei Rouanet. Do total, 43% dos projetos são referentes à área da música, 38% ao audiovisual e 19% à literatura. O anúncio foi feito pela instituição nesta semana.
Uma das novidades este ano é a exigência de que todos os eventos realizem ações inclusivas voltadas para o público infantojuvenil de comunidades carentes. No mesmo período do ano passado, foram apoiados pelo banco 20 projetos, também com recursos no valor de R$ 12 milhões.
O setor de cultura continua sendo prioridade na instituição, que apoia festivais e mostras de cinema que tenham foco na produção audiovisual brasileira, eventos de música instrumental e erudita e festas e feiras literárias que fomentem o acesso às bibliotecas públicas brasileiras.
Dos 21 projetos selecionados neste segundo semestre de 2017, alguns dos quais com realização em mais de um estado, três ocorrem no próximo mês de agosto, quatro em setembro e quatro em outubro, sete em novembro e três em dezembro. As regiões Nordeste e Sudeste receberão o maior número de eventos: 10, cada, enquanto o Norte e o Centro-Oeste terão três projetos cada e a Região Sul, dois projetos.
Oito projetos receberão apoio do banco pela primeira vez. Entre eles, destacam-se a 7ª Festa Literária Internacional de Cachoeira (Flica 2017), na Bahia; e o 5° Festival de Música Erudita do Espírito Santo.
Seleção
Os projetos selecionados para agosto são o 45º Festival de Cinema de Gramado (RS), o 8º Circuito Música Brasilis Instituto Musica Brasilis (RJ/DF/PE), e o 27º Festival Ibero-Americano de Cinema (Cine Ceará 2017). Para setembro, estão programados os eventos Lê pra mim? (SP/MA/AL), o 50º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro (DF), o 15º Festival Internacional de Cinema Infantil -Fici 2017 (BA/SE/RN) e Mimo Festival 2017 (RJ/PE).
Para outubro, a programação inclui a 41ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo (SP), o 7º Festival Música na Estrada (AM/PA/RR), a 7ª Festa Literária Internacional de Cachoeira - Flica 2017 (BA) e o Festival do Rio 2017 (RJ). Em novembro, ocorrerão a 63ª Feira do Livro de Porto Alegre (RS), o 55° Festival Villa-Lobos (RJ), o 5º Festival Interacional de Música Clássica de João Pessoa (P B) , o Circuito Penedo de Cinema (AL), a 4ª Mostra de Cinema de Gostoso (RN), a Periferia Brasileira de Letras (RJ/DF/BA) e o 5° Festival de Música Erudita do Espírito Santo.
Fechando o ano, estão previstos, em dezembro, o 3º Festival Internacional de Música Antiga de Diamantina (MG), Festival Afroreggae de Música Clássica (RJ) e 22º Festival de Música Instrumental da Bahia.
Recursos próprios
A curadora da Festa Literária de Santa Teresa (FLIST), Ninfa Parreiras, disse que, em função da crise financeira do estado, a edição deste ano do evento, que ocorreu nos dias 20 e 21 de maio, não teve nenhum patrocínio. “Foi com recursos próprios”, disse Ninfa hoje (21) à Agência Brasil.
Segundo Ninfa, a prefeitura não liberou verba de fomento de 2016. Da mesma forma, a Flist não teve este ano apoio da Secretaria Municipal de Cultura nem do Instituto C&A, ao contrário do ocorrido em anos anteriores. “É um problema nacional”. A organização do evento não procurou obter apoio do BNDES.
Realizado no bairro de Santa Teresa, região central do Rio de Janeiro, a Flist 2017 homenageou o protagonismo feminino, representado pela escritora Conceição Evaristo e pela ilustradora Graça Lima. O evento, totalmente gratuito, prestou tributo também pelos 100 anos da compositora chilena Violeta Parra, pelos 90 anos do maestro Tom Jobim e pelos 55 anos da cantora e compositora Cássia Eller.
Por Alana Gandra, da Agência Brasil



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domingo, 23 de julho de 2017

ABL comemora 120 anos e entrega Prêmio Machado de Assis


Fundada em 20 de julho de 1897 por um grupo de escritores, tendo à frente o mais importante deles na época, Machado de Assis, a Academia Brasileira de Letras (ABL) comemorou 120 anos, com uma solenidade no salão nobre do Petit Trianon, sede histórica da instituição, no centro do Rio. A secretária-geral da ABL, Nélida Piñon, oradora oficial do evento, destacou a história da Casa, fazendo referência aos objetos que contam sua trajetória desde 1897.
“Os objetos espalham-se pelas bibliotecas e pelas salas. Ao vê-los, inertes na aparência, compunjo-me, procuro saber que arrebato se escondeu em cada um deles. Entre eles, observo o pince-nez com o qual Machado escrevia. Este pince-nez arfa na Academia Brasileira de Letras. Felizmente, alguém o retirou do seu rosto salvando-o de seguir com Machado de Assis para a eternidade”, disse a escritora.
Antes de Nélida, cumprindo a tradição da ABL nas comemorações de seus aniversários, o atual presidente, Domício Proença Filho, leu o discurso pronunciado por Machado de Assis na sessão inaugural da Casa.
Na mesma solenidade, a ABL fêz a entrega do Prêmio Machado de Assis 2017 ao historiador baiano João José Reis, considerado uma referência mundial para o estudo da história e da escravidão no século 19 no Brasil.

Reis, de 65 anos, tem diversos livros publicados, entre eles Liberdade por um Fio: História dos Quilombos no Brasil; Rebelião Escrava no BrasilA História do Levante dos Malês e A Morte é uma Festa, que lhe rendeu o Prêmio Jabuti de Literatura.
A comemoração dos 120 anos da ABL foi encerrada com uma apresentação do Quarteto de Cordas Rio de Janeiro, formado pelos músicos Ricardo Amado, violino; Andrea Moniz, violino; Dhyan Toffolo, viola; e Ricardo Santoro, violoncelo, seguida de um coquetel.
Atualmente com uma de suas 40 cadeiras vaga, a Academia já tem data marada para a próxima eleição: 10 de agosto. O favorito para a Cadeira 27, vaga desde a morte do professor, crítico literário e ex-ministro Eduardo Portella, em 2 de maio deste ano, é o poeta Antonio Cícero. No dia seguinte (11) tomará posse o historiador Arno Wehling, que em março venceu Cicero por 18 votos a 15 na disputa pela Cadeira 37, vaga com o falecimento do poeta Ferreira Gullar, em dezembro do ano passado.
Por Paulo Virgilio, da Agência Brasil




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sábado, 22 de julho de 2017

Coleção de gravuras de Goya será exposta na Caixa Cultural em São Paulo

Obras do artista espanhol Francisco de Goya (1746-182 8) estarão na mostra Loucuras Anunciadas, na Caixa Cultural São Paulo Divulgação/Caixa Cultural 

Obras do artista espanhol Francisco de Goya (1746-182 8) estarão na mostra Loucuras Anunciadas na Caixa Cultural São Paulo, no centro da capital paulista, de 29 de julho até 24 de setembro. O público poderá apreciar uma coleção de gravuras que revela o período artístico considerado o mais obscuro e complexo de Goya, segundo a curadoria do evento.
A coleção, também chamada de Disparates, reúne 20 obras de Goya, que corresponde a uma edição póstuma, adquirida em 1864 pela Academia de Belas Artes de Madri. O período em que as gravuras foram feitas não é muito preciso. De acordo com especialistas, elas devem ser do período entre 1815 a 1820. Goya tinha decidido não publicá-las por causa da perseguição aos iluministas na época.
As gravuras são as últimas obras gráficas do artista e formam a uma série que revela visões, violência, sexo, deboche das instituições relacionadas com o regime absolutista, crítica aos costumes e ao clero.
A curadora Mariza Bertoli disse que a exposição terá como característica a interatividade. “Pensei em um espaço que gerasse inquietações e curiosidade. Os participantes estarão vivenciando, de fato, o exercício estético. O estético na arte é o que comove, e a sua finalidade é colocar-nos na obra que está nos nossos olhos, promover um conhecimento sensível”, disse.
Haverá duas grandes gravuras impressas para que as pessoas possam tirar fotografoas diante das imagens. Uma delas contará com sacos, tal como na gravura original “Os ensacados (Los Ensacados)”, que estará na exposição. Essa gravura remete à opressão, ao desespero e à própria sensação da surdez, explicou a curadora. Goya perdeu a audição aos 46 anos.
Acessórios e vestuários também estarão à disposição do público, para que possam se caracterizar e fazer suas próprias produções para fotografia. Além disso, haverá diversas máscaras e dois espelhos, um côncavo e outro convexo. O objetivo é que os visitantes se vejam os trabalhos do artista por outras perspectivas.
“Será uma experiência forte fotografar-se nestes cenários, que são as gravuras aumentadas. Ver-se entre os loucos é inusitado. Valorizar a liberdade de não estar ‘ensacado’. Afinal, no início da mostra, nos perguntamos: pode-se anunciar loucuras?”, acrescentou Mariza Bertoli.
A exposição Loucuras Anunciadas – Francisco de Goya estreia em 29 de julho e fica em cartaz até 24 de setembro na Caixa Cultural São Paulo, localizada na Praça da Sé, 111, centro da capital paulista. A entrada é gratuita e há acesso para pessoas com deficiência.
Por Camila Boehm, da Agência Brasil



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