segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

domingo, 28 de fevereiro de 2016

5 MOTIVOS PARA IR AO TEATRO

A sorte lançada, o conto dramático


Sua vez se aproximava e, à medida que os minutos corriam, a tensão aviltava. A fila curta, com poucas pessoas, inexplicavelmente parecia gigantesca porque em seus pensamentos a queria longa, distante, infindável. Os pés formigavam, as pernas ardiam, o rosto explodia em tiques nervosos que rompiam por toda a face. O suor escorria pelas costas; derretia a pasta de desodorante sob as axilas; tornava a parte mais íntima das roupas, úmidas; outras, era a impressão, já estavam literalmente encharcadas. Do estômago vinha até a boca uma massa quente de ar que depois retornava à barriga, e à boca, e de novo à barriga, e mais uma vez à boca, qual uma bola fazendo do interior do corpo uma quadra do esporte indesejado.

   Concentrava-se tentando manter a calma e a tranquilidade. Rememorava os exercícios de ioga que praticara quando adolescente. “São excelentes para o domínio do período pré-menstrual”, dizia a mãe. Recordava da sequência de laboratórios de teatro que procurava conformar no ator o absoluto controle sobre o corpo e as emoções. Mas o tempo voava como bólido, absoluto e intangível, dificultando qualquer medida de proteção, retirando as parcas possibilidades de controle, deixando um rastro de insegurança, aflição e medo.


   Quanto mais se percebia vulnerável mais se atracava à mala de fundo falso onde escondera o proibido, a mercadoria que a redimiria da vida erma e sem sentido que levava. Seria flagrada, descoberta, pega com a boca na botija? Seriam seus segredos violados, revirados, expostos no gancho, à vista de todos, como carne uivando no açougue? Sua máscara exalaria como fumaça escassa, fogo pequeno?

   Por instantes tentou pensar em outras coisas, navegar pelo passado distante, impor à imaginação novos assuntos. Mas a toada da fila, a proximidade cada vez maior dos agentes de segurança... A realidade esbofeteava seu rosto delicado com a virulência do azorrague. Mais alguns minutos e estaria, frente a frente, com seu destino. Luz verde ou vermelha? Prisão ou liberdade? Brisa amena das manhãs de praia ou o ar viciado e intragável do cárcere anunciado? Que tipo de futuro a espreitava ao final do corredor? Seria guinchada, parada para a revista? Ou consentiriam que flutuasse ilesa sobre aquele muro invisível e intransponível?


   A barriga deu de roncar. Primeiramente ensaiou a toada de um instrumento solo, mas logo entoou no compasso de um samba de breque. A cabeça tinia como um cone invertido sendo ferroado pelo badalo. Pensou que talvez fosse melhor sair correndo, fugir para lugar distante, abandonar o plano tão arriscado e radical. Com certeza haveria formas mais simples e menos perigosas de mudar a vida. Talvez fosse melhor voltar para o inferno de sua casa, de seu lar.  Não, não. Não daria tempo. Agora era tarde demais. Ocupava já a terceira posição na fila da revista e todos perceberiam caso rompesse em disparada, aeroporto afora. Agora já não havia escolha. Impossível dar o passo atrás. Seria tudo ou nada. O sucesso e o fracasso desenhavam os passos cavalgando, de mãos entrelaçadas, o mesmo segundo. Quem venceria a corrida? A vitória? A derrota? (Para continuar lendo, clique aqui.)


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sábado, 27 de fevereiro de 2016

O mensageiro do diabo, o conto


    O quarto mantido na mais absoluta escuridão impedia que John Idemas enxergasse um palmo à frente do nariz. Por isso agachou-se e ali ficou, quieto, sem mover pestana, aguardando o desfecho do julgamento que pressentia, o conduziria à morte certa.

   A escuridão lúgubre do cômodo ao menos facilitava desbravar os mares revoltos de seu passado errante. Mergulhava nas memórias mais distantes e remotas. Afundado nas trevas mais densas e espessas rememorava os anos vividos, as andanças pelo mundo, pelos continentes.

   Na infância foi buscar as recordações dos pais, as brincadeiras de mocinho e bandido, os jogos preferidos de desafios, batalhas, e guerras intercontinentais. Depois, na adolescência, o interesse pela história da KKK e das seitas ultra-direitistas do sul do país. Entreabriu um leve sorriso quando se lembrou de, já na universidade, atender ao chamado dos fuzileiros navais se alistando na marinha. O envolvimento com o serviço de inteligência, depois o serviço secreto, os cursos no FBI, na CIA, o memorável estágio na shabak.


   Com mais demora deixou-se divagar sobre o crime que o levara a fugir para a Europa. Na academia se apaixonara pela bela Janeth Stone que insistia em ignorá-lo, desdenhá-lo, tratá-lo com insolente desprezo. Numa noite escura, exercitando uma operação de resgate no deserto, aproveitou-se do isolamento e estuprou a colega de turma. Temendo a denúncia assassinou-a a coronhadas. Depois, com frieza e indiferença, decepou a cabeça e os dedos da formosa Stone diluindo-os numa mistura improvisada com diferentes tipos de ácido, eliminando as possibilidades de identificação pelas digitais e arcada dentária.

   Utilizando as técnicas de disfarces, evasão, e camuflagem, aprendidas nos cursos de espionagem, escapou ileso e cinco dias depois do crime estava no outro continente, apresentando-se na Legião francesa.

   A Legião Estrangeira abrigava todos que a procuravam sem as inconveniências de perguntas sobre a identidade e o passado dos aspirantes. A organização do governo francês empreendia o serviço sujo e ilegal que o exército regular estava impedido de realizar.  Treinava seus integrantes nas técnicas de guerra, assalto e guerrilha: exercícios de táticas e estratégias militares só suportáveis pelos fortes. Encaminhavam comandos para arriscadas operações em toda a parte do planeta para realizar o que fosse, proibidos questionamentos ou reflexões de caráter ético, legal ou moral. Em contrapartida, os que sobreviviam aos cinco anos de serviço militar em missões impossíveis obtinham nova identidade e a cidadania francesa. Era a redenção, o perdão por tudo o que de pior tivessem cometido no passado.


   Neste período Idemas foi deslocado para missões no oriente médio, na África e na América Latina. Foi quando percebeu um filão para enriquecer, um nicho poucas vezes explorado. Os conflitos nacionalistas locais e regionais - de fundo político ou religioso, ocorrendo simultaneamente nos diversos continentes - exigiam exércitos privados, combatentes mercenários, e justiceiros profissionais. A terceirização acabava de se estabelecer nas guerras entre os povos e as nações. 

   Ao dar baixa na Legião decidiu ganhar a vida como combatente das liberdades. Não saberia bem identificar o que significava aquela expressão, “combatente das liberdades”, mas gostou da sonoridade da frase aveludando os ouvidos. Convenceu trezentos e cinquenta colegas que integravam a Legião Estrangeira e outros renegados da CIA e do Mossad para, juntos, formarem um exército privado.

   Lembrou quando, em 1979, inaugurou os novos negócios vendendo seus serviços ao Pentágono. Foi lutar ao lado dos guerrilheiros islâmicos mujahidin no Afeganistão. Desde essa época sua fama de cruel e sanguinário ganhou o mundo. Após aprisionar os soldados russos, torturava-os com tamanha violência e furor que os jovens recrutas logo suicidavam, muitos se enforcando com as próprias mãos.


   É deste período que conheceu a jihad, a guerra santa de Osama bin Laden e Ayman al Zawahiri. Tornou-se homem de confiança do Taleban e um dos inspiradores da Al Qaeda. Quando expulsaram os russos fazendo do Afeganistão um país fundamentalista, conduziu seu exército privado à missões na Eritréia, Somália e Egito, sempre a soldo da organização ou governo que melhor remunerasse. Contratado pelo governo do Sudão, estruturou as milícias janjaweed e fez de Darfur sinônimo de inferno e genocídio. Os assassinatos, estupros e a política de “terra arrasada” levaram 1,5 milhões de pessoas a deixar suas casas; 50 mil foram mortas e 200 mil obrigadas a fugir para o Chade.(Para continuar lendo, clique aqui.



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Dramaturgo, o autor transferiu para seus contos literários toda a criatividade, intensidade e dramaticidade intrínsecas à arte teatral. 

São vinte contos retratando temáticas históricas e contemporâneas que, permeando nosso imaginário e dia a dia, impactam a alma humana em sua inesgotável aspiração por guarida, conforto e respostas. 

Os contos: 
1. Tiradentes, o mazombo 
2. Nossa Senhora e seu dia de cão 
3. Sobre o olhar angelical – o dia em que Fidel fuzilou Guevara 
4. O lugar de coração partido 
5. O santo sudário 
6. Quando o homem engole a lua 
7. Anos de intensa dor e martírio 
8. Toshiko Shinai, a bela samurai nos quilombos do cerrado brasileiro 
9. O desterro, a conquista 
10. Como se repudia o asco 
11. O ladrão de sonhos alheios 
12. A máquina de moer carne 
13. O santuário dos skinheads 
14. A sorte lançada 
15. O mensageiro do diabo 
16. Michelle ou a Bomba F 
17. A dor que nem os espíritos suportam 
18. O estupro 
19. A hora 
20. As camas de cimento nu 

OUTRAS OBRAS DO AUTOR QUE O LEITOR ENCONTRA NAS LIVRARIAS amazon.com.br: 

A – LIVROS INFANTO-JUVENIS: 
Livro 1. As 100 mais belas fábulas da humanidade 

I – Coleção Educação, Teatro & Folclore (peças teatrais infanto-juvenis): 
Livro 1. O coronel e o juízo final 
Livro 2. A noite do terror 
Livro 3. Lobisomem – O homem-lobo roqueiro  
Livro 4. Cobra Honorato 
Livro 5. A Mula sem cabeça 
Livro 6. Iara, a mãe d’água 
Livro 7. Caipora 
Livro 8. O Negrinho Pastoreiro 
Livro 9. Romãozinho, o fogo fátuo 
Livro 10. Saci Pererê 

II – Coleção Infantil (peças teatrais infanto-juvenis): 
Livro 1. Não é melhor saber dividir 
Livro 2. Eu compro, tu compras, ele compra 
Livro 3. A cigarra e as formiguinhas 
Livro 4. A lebre e a tartaruga 
Livro 5. O galo e a raposa 
Livro 6. Todas as cores são legais 
Livro 7. Verde que te quero verde 
Livro 8. Como é bom ser diferente 
Livro 9. O bruxo Esculfield do castelo de Chamberleim 
Livro 10. Quem vai querer a nova escola 

III – Coleção Educação, Teatro & Democracia (peças teatrais infanto-juvenis): 
Livro 1. A bruxa chegou... pequem a bruxa 
Livro 2. Carrossel azul 
Livro 3. Quem tenta agradar todo mundo não agrada ninguém 
Livro 4. O dia em que o mundo apagou 

IV – Coleção Educação, Teatro & História (peças teatrais juvenis): 
Livro 1. Todo dia é dia de independência 
Livro 2. Todo dia é dia de consciência negra 
Livro 3. Todo dia é dia de meio ambiente 
Livro 4. Todo dia é dia de índio 

V – Coleção Teatro Greco-romano (peças teatrais infanto-juvenis): 
Livro 1. O mito de Sísifo 
Livro 2. O mito de Midas 
Livro 3. A Caixa de Pandora 
Livro 4. O mito de Édipo. 

B - TEORIA TEATRAL, DRAMATURGIA E OUTROS
VI – ThM-Theater Movement: 
Livro 1. O teatro popular de bonecos Mané Beiçudo: 1.385 exercícios e laboratórios de teatro 
Livro 2. 555 exercícios, jogos e laboratórios para aprimorar a redação da peça teatral: a arte da dramaturgia 
Livro 3. Amor de elefante 
Livro 4. Gravata vermelha 
Livro 5. Santa Dica de Goiás 
Livro 6. Quando o homem engole a lua 

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Michelle ou A bomba F, o conto dramático


   Sempre me chamaram dengosa, manhosa, mas naquele dia me sentia de fato com um saco de preguiça pendurado às costas. Na realidade era puro arroubo e êxtase, não cabia de fascínio, gozo e contentamento. É que jamais, em tempo algum, havia estado em um veículo presidencial. Não que eu fosse uma cadela qualquer, uma frívola vira lata, dessas que se encontram aos milhares nos becos, esquinas, grotas, invasões e favelas. Nunca fui pouca coisa. Já havia experimentado todos os tipos de automóveis, do carro popular aos luxuosos blindados contra pobreza e bandidagem. Já curti soneca em automóveis particulares, sindicais, partidários e até – quer saber? - nos de uso exclusivo, restrito da Câmara Federal. Mas andar em carro presidencial, em carruagem do poder executivo, objeto do desejo de tantos, jamais poderia imaginar que tal prazer me fosse dado.

   E não é que o destino achou por bem sorrir para os meus costados oferecendo um tipo de privilégio reservado a uns poucos iluminados?


    Até pouco tempo atrás cheguei a imaginar que papai estivesse acometido de algum tipo estranho de insanidade, algo que beirasse a aleivosia, a demência ensandecida, pois que acalentava o sonho de, a qualquer custo, fazer morada no Palácio do Planalto. Tantas idas e vindas, figas e mandingas, tantas pequenas vitórias e monumentais reveses, três derrotas sucessivas, promessas para todos os gostos e fregueses; cheguei a qualificar sua obstinação como algo próximo ao profano, ao obsceno, impudico, ou ao jucundo e desvairado.

   Mas naquele dia, enquanto escalava o banco do carro presidencial, ia percebendo a grata satisfação de haver me enganado. Feliz e grato equívoco embalado por uma realidade que entoava singelos cânticos angelicais, como se num sonho povoado por fadas madrinhas e querubins. E a prova ia me certificando eu própria, presencialmente, desfrutando o prazer e o conforto de trafegar num veículo intangível até mesmo para as mais altas autoridades do país; o que falar então para os pobres e medíocres mortais - fosse gente, fosse cadela - como eu?



   Em minha estréia como passageira do seletíssimo clube não desfrutava do esplendor do Lincoln Town Car e nem da elegância aristocrática do Rolls-Royce Silver Wraith ano 1952. Ainda não era a hora. Mas pressentia, era uma questão de tempo. Apenas uma questão de tempo e nada mais. Logo estaria senhora de tudo e de todos. Por enquanto era simplesmente uma van, um utilitário bosta-rala que fazia às vezes de diligência presidencial. Um utilitário por demais comum e insípido para compor aquele cenário mágico de filme hollywoodiano. Mas o que de fato importava era que o veículo - independente de marca, modelo e ano - integrava a frota oficial da Presidência da República, com brasão, inscrições oficiais, e tudo o mais que a exclusividade assegurava. Sangue puro. Nenhuma relevância, portanto, o fato de ser conduzida num furgão dos mais insossos dentre os disponíveis no mercado. O fundamentalmente importante, de destaque e relevância, era que eu estava ali, de carne e osso, com todos os pêlos escovados, laço de fita vermelha no pescoço, sendo conduzida pela carruagem presidencial. Achei por bem me submeter a uma bateria de beliscões e pequenos tabefes provando a mim mesma que a realidade estava a prumo e que de forma alguma a deixaria escapar. Sim, tinha pleno domínio de minhas faculdades mentais, gozava de minha normalidade canina, meu juízo não me abandonara. Vivia uma realidade de sultão, não um sonho efêmero, passageiro. Sorvia uma realidade só permitida aos deuses e seus mensageiros, reis, xeiques, imperadores, presidentes, proprietários de mega-corporações transnacionais. (Para continuar lendo, clique aqui.)



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Dramaturgo, o autor transferiu para seus contos literários toda a criatividade, intensidade e dramaticidade intrínsecas à arte teatral. 

São vinte contos retratando temáticas históricas e contemporâneas que, permeando nosso imaginário e dia a dia, impactam a alma humana em sua inesgotável aspiração por guarida, conforto e respostas. 

Os contos: 
1. Tiradentes, o mazombo 
2. Nossa Senhora e seu dia de cão 
3. Sobre o olhar angelical – o dia em que Fidel fuzilou Guevara 
4. O lugar de coração partido 
5. O santo sudário 
6. Quando o homem engole a lua 
7. Anos de intensa dor e martírio 
8. Toshiko Shinai, a bela samurai nos quilombos do cerrado brasileiro 
9. O desterro, a conquista 
10. Como se repudia o asco 
11. O ladrão de sonhos alheios 
12. A máquina de moer carne 
13. O santuário dos skinheads 
14. A sorte lançada 
15. O mensageiro do diabo 
16. Michelle ou a Bomba F 
17. A dor que nem os espíritos suportam 
18. O estupro 
19. A hora 
20. As camas de cimento nu 

OUTRAS OBRAS DO AUTOR QUE O LEITOR ENCONTRA NAS LIVRARIAS amazon.com.br: 

A – LIVROS INFANTO-JUVENIS: 
Livro 1. As 100 mais belas fábulas da humanidade 

I – Coleção Educação, Teatro & Folclore (peças teatrais infanto-juvenis): 
Livro 1. O coronel e o juízo final 
Livro 2. A noite do terror 
Livro 3. Lobisomem – O homem-lobo roqueiro  
Livro 4. Cobra Honorato 
Livro 5. A Mula sem cabeça 
Livro 6. Iara, a mãe d’água 
Livro 7. Caipora 
Livro 8. O Negrinho Pastoreiro 
Livro 9. Romãozinho, o fogo fátuo 
Livro 10. Saci Pererê 

II – Coleção Infantil (peças teatrais infanto-juvenis): 
Livro 1. Não é melhor saber dividir 
Livro 2. Eu compro, tu compras, ele compra 
Livro 3. A cigarra e as formiguinhas 
Livro 4. A lebre e a tartaruga 
Livro 5. O galo e a raposa 
Livro 6. Todas as cores são legais 
Livro 7. Verde que te quero verde 
Livro 8. Como é bom ser diferente 
Livro 9. O bruxo Esculfield do castelo de Chamberleim 
Livro 10. Quem vai querer a nova escola 

III – Coleção Educação, Teatro & Democracia (peças teatrais infanto-juvenis): 
Livro 1. A bruxa chegou... pequem a bruxa 
Livro 2. Carrossel azul 
Livro 3. Quem tenta agradar todo mundo não agrada ninguém 
Livro 4. O dia em que o mundo apagou 

IV – Coleção Educação, Teatro & História (peças teatrais juvenis): 
Livro 1. Todo dia é dia de independência 
Livro 2. Todo dia é dia de consciência negra 
Livro 3. Todo dia é dia de meio ambiente 
Livro 4. Todo dia é dia de índio 

V – Coleção Teatro Greco-romano (peças teatrais infanto-juvenis): 
Livro 1. O mito de Sísifo 
Livro 2. O mito de Midas 
Livro 3. A Caixa de Pandora 
Livro 4. O mito de Édipo. 

B - TEORIA TEATRAL, DRAMATURGIA E OUTROS
VI – ThM-Theater Movement: 
Livro 1. O teatro popular de bonecos Mané Beiçudo: 1.385 exercícios e laboratórios de teatro 
Livro 2. 555 exercícios, jogos e laboratórios para aprimorar a redação da peça teatral: a arte da dramaturgia 
Livro 3. Amor de elefante 
Livro 4. Gravata vermelha 
Livro 5. Santa Dica de Goiás 
Livro 6. Quando o homem engole a lua 

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

O estupro, conto.



   A delegada Marisa era mulher experimentada. Desde criança viu nos estudos um desafio que enfrentava com obstinada dedicação. Mesmo a matemática, disciplina que a apavorava, conseguia dobrar, repetindo à exaustão exercícios e mais exercícios. As questões que não entendia, decorava sem pudor. Daí bastaria torcer para que aparecesse nas provas algo similar... Mesmo em alguns instantes não compreendendo o significado do que fazia, extraia as notas mais elevadas. Na infância e juventude não havia um só dia em que, em sala de aula, não fosse parabenizada por algum dos professores. “Exemplo de dedicação e perseverança”, não cansavam de repetir os mestres e coordenadores. 

   Por isso ninguém estranhou quando passou em primeiro lugar no concurso para delegada de polícia. O concurso, todos sabiam, era uma conjunção de fraudes e irregularidades. Quebra de sigilo das provas e venda de gabaritos era o mínimo que ocorria.  Das sessenta vagas informadas no edital, não mais que duas eram de fato alvo de honesta disputa pelos candidatos. Todas as demais estavam já destinadas aos apadrinhados políticos ou aos que dispunham de tantos dólares para comprá-las. Por isto estudou como ninguém, jurando a si mesma que um dia desbarataria as quadrinhas especializadas em fraudar concursos públicos, falsários que atuavam acintosamente à luz do dia, vinculados aos cursinhos, às escolas e universidades, aos próprios centros de seleção responsáveis pela realização dos concursos.


   Esta realidade fez crescer em Marisa a determinação de passar no concurso, de vencer a máfia. Abriu mão de tudo e consumia cada minuto de sua vida mergulhada em tratados, compêndios, livros e apostilas, devorando-os com voracidade e disciplina militar. Como das 60 vagas informadas no edital apenas duas efetivamente se encontravam em disputa, enfrentava na ocasião um exército de 32.000 mil concorrentes, 16 mil candidatos por vaga. Iluminava esses dados mantendo-os na cabeça como um pisca-pisca de néon, forma encontrada para não esmorecer, se manter firme na disputa, estudando diuturnamente, sem pausa para descanso. Mesmo as necessidades fisiológicas eram acompanhadas da inafastável apostila com sinopses e resumos.


   Empossada no cargo, não demorou a mostrar serviço. A falta de experiência profissional compensou com a sólida formação acadêmica que incluía ter na memória, devidamente fixados, todos os clássicos do direito, da administração e da filosofia. Pacientemente foi selecionando os casos policiais insolúveis que adormeciam nos escaninhos empoeirados. Um a um foi destrinchando e apresentando soluções, recuperando recursos públicos já contabilizados como perdidos, desbaratando poderosas quadrilhas de marginais, trancafiando os criminosos de alta periculosidade que vagavam errantes pela cidade perpetrando os crimes mais hediondos. Com tamanha eficácia não teve como se acobertar na discrição, e foi descoberta pela opinião pública. 



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Dramaturgo, o autor transferiu para seus contos literários toda a criatividade, intensidade e dramaticidade intrínsecas à arte teatral. 

São vinte contos retratando temáticas históricas e contemporâneas que, permeando nosso imaginário e dia a dia, impactam a alma humana em sua inesgotável aspiração por guarida, conforto e respostas. 

Os contos: 
1. Tiradentes, o mazombo 
2. Nossa Senhora e seu dia de cão 
3. Sobre o olhar angelical – o dia em que Fidel fuzilou Guevara 
4. O lugar de coração partido 
5. O santo sudário 
6. Quando o homem engole a lua 
7. Anos de intensa dor e martírio 
8. Toshiko Shinai, a bela samurai nos quilombos do cerrado brasileiro 
9. O desterro, a conquista 
10. Como se repudia o asco 
11. O ladrão de sonhos alheios 
12. A máquina de moer carne 
13. O santuário dos skinheads 
14. A sorte lançada 
15. O mensageiro do diabo 
16. Michelle ou a Bomba F 
17. A dor que nem os espíritos suportam 
18. O estupro 
19. A hora 
20. As camas de cimento nu 

OUTRAS OBRAS DO AUTOR QUE O LEITOR ENCONTRA NAS LIVRARIAS amazon.com.br: 

A – LIVROS INFANTO-JUVENIS: 
Livro 1. As 100 mais belas fábulas da humanidade 

I – Coleção Educação, Teatro & Folclore (peças teatrais infanto-juvenis): 
Livro 1. O coronel e o juízo final 
Livro 2. A noite do terror 
Livro 3. Lobisomem – O homem-lobo roqueiro  
Livro 4. Cobra Honorato 
Livro 5. A Mula sem cabeça 
Livro 6. Iara, a mãe d’água 
Livro 7. Caipora 
Livro 8. O Negrinho Pastoreiro 
Livro 9. Romãozinho, o fogo fátuo 
Livro 10. Saci Pererê 

II – Coleção Infantil (peças teatrais infanto-juvenis): 
Livro 1. Não é melhor saber dividir 
Livro 2. Eu compro, tu compras, ele compra 
Livro 3. A cigarra e as formiguinhas 
Livro 4. A lebre e a tartaruga 
Livro 5. O galo e a raposa 
Livro 6. Todas as cores são legais 
Livro 7. Verde que te quero verde 
Livro 8. Como é bom ser diferente 
Livro 9. O bruxo Esculfield do castelo de Chamberleim 
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III – Coleção Educação, Teatro & Democracia (peças teatrais infanto-juvenis): 
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IV – Coleção Educação, Teatro & História (peças teatrais juvenis): 
Livro 1. Todo dia é dia de independência 
Livro 2. Todo dia é dia de consciência negra 
Livro 3. Todo dia é dia de meio ambiente 
Livro 4. Todo dia é dia de índio 

V – Coleção Teatro Greco-romano (peças teatrais infanto-juvenis): 
Livro 1. O mito de Sísifo 
Livro 2. O mito de Midas 
Livro 3. A Caixa de Pandora 
Livro 4. O mito de Édipo. 

B - TEORIA TEATRAL, DRAMATURGIA E OUTROS
VI – ThM-Theater Movement: 
Livro 1. O teatro popular de bonecos Mané Beiçudo: 1.385 exercícios e laboratórios de teatro 
Livro 2. 555 exercícios, jogos e laboratórios para aprimorar a redação da peça teatral: a arte da dramaturgia 
Livro 3. Amor de elefante 
Livro 4. Gravata vermelha 
Livro 5. Santa Dica de Goiás 
Livro 6. Quando o homem engole a lua 

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

O livro "Tiradentes, o mazombo: 20 contos dramáticos".



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Dramaturgo, o autor transferiu para seus contos literários toda a criatividade, intensidade e dramaticidade intrínsecas à arte teatral. 

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10. Como se repudia o asco 
11. O ladrão de sonhos alheios 
12. A máquina de moer carne 
13. O santuário dos skinheads 
14. A sorte lançada 
15. O mensageiro do diabo 
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I – Coleção Educação, Teatro & Folclore (peças teatrais infanto-juvenis): 
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Livro 2. A noite do terror 
Livro 3. Lobisomem – O lobo que era homem 
Livro 4. Cobra Honorato 
Livro 5. A Mula sem cabeça 
Livro 6. Iara, a mãe d’água 
Livro 7. Caipora 
Livro 8. O Negrinho Pastoreiro 
Livro 9. Romãozinho, o fogo fátuo 
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Livro 1. Não é melhor saber dividir 
Livro 2. Eu compro, tu compras, ele compra 
Livro 3. A cigarra e as formiguinhas 
Livro 4. A lebre e a tartaruga 
Livro 5. O galo e a raposa 
Livro 6. Todas as cores são legais 
Livro 7. Verde que te quero verde 
Livro 8. Como é bom ser diferente 
Livro 9. O bruxo Esculfield do castelo de Chamberleim 
Livro 10. Quem vai querer a nova escola 

III – Coleção Educação, Teatro & Democracia (peças teatrais infanto-juvenis): 
Livro 1. A bruxa chegou... pequem a bruxa 
Livro 2. Carrossel azul 
Livro 3. Quem tenta agradar todo mundo não agrada ninguém 
Livro 4. O dia em que o mundo apagou 

IV – Coleção Educação, Teatro & História (peças teatrais juvenis): 
Livro 1. Todo dia é dia de independência 
Livro 2. Todo dia é dia de consciência negra 
Livro 3. Todo dia é dia de meio ambiente 
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V – Coleção Teatro Greco-romano (peças teatrais infanto-juvenis): 
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Livro 2. O mito de Midas 
Livro 3. A Caixa de Pandora 
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VI – ThM-Theater Movement: 
Livro 1. O teatro popular de bonecos Mané Beiçudo: 1.385 exercícios e laboratórios de teatro 
Livro 2. 555 exercícios, jogos e laboratórios para aprimorar a redação da peça teatral: a arte da dramaturgia 
Livro 3. Amor de elefante 
Livro 4. Gravata vermelha 
Livro 5. Santa Dica de Goiás 
Livro 6. Quando o homem engole a lua 
Livro 7: Estrela vermelha: à sombra de Maiakovski
Livro 8: Tiradentes, o Mazombo – 20 contos dramáticos 
Livro 9: Teatro total: a metodologia ThM-Theater Movement