terça-feira, 29 de setembro de 2015
1.385 exercícios teatrais: O Teatro de Bonecos Mané Beiçudo
Pré-lançamento para o dia 20 de outubro de 2015.
As pré-vendas já estão disponíveis aqui.
Os conteúdos abordados na obra “O Teatro de Bonecos Mané Beiçudo - 1.385 exercícios e laboratórios de teatro”:
Capítulo I – as referências teóricas 1. O que é teatro? 2. O que é teatro de bonecos? 3. O que é Teatro de Bonecos Mané Beiçudo - TBMB? 4. Tipologia a. Marionete b. Fantoche c. Ventríloquo d. De sombras e. Negro. 5. Para fazer teatro de bonecos, o que é necessário? 6. O que é possível representar no teatro de bonecos? 7. História do teatro de bonecos 8. O teatro de bonecos no Brasil 9. A música no teatro de bonecos 10. A irreverência do Mane Beiçudo
Capítulo II – O Teatro de Bonecos Mane Beiçudo 1. A fábrica de teatro popular 2. O plano político-estratégico a. A radicalização da participação e a intervenção social b. A estética do imaginário popular – o patrimônio imaterial c. Os momentos da produção: i. A Fábrica Ex-Ante O espaço-objeto O perfil dos integrantes do Núcleo Gestor – NG Mobilização dos integrantes do NG A oficina Teatro de Bonecos Mane Beiçudo Definição da questão central a ser problematizada ii. A Fábrica Ex-Cursus iii. A Fábrica Ex-Post d. A tecnologia de fabricação de bonecos i. O Teatro Mamulengo ii. O boneco de isopor iii. O boneco de jornal iv. O boneco de papier-mâché v. O boneco de cabaça vi. O boneco de bucha vii. O boneco de sucata e. Faça a sua tinta f. A tecnologia da criação e elaboração da dramaturgia i. Princípios da metodologia Quasar ii. Algumas passagens e cenas de referência 3. A estrutura cênica do Teatro de Bonecos Mane Beiçudo a. A empanada b. Os integrantes do teatro de luvas c. O teatro de rua
Capítulo III – a manipulação: o movimento, a voz, a vida 1. Aquecimento físico, alongamento e relaxamento 2. Exercícios para os dedos, as mãos e os braços 3. A respiração 4. A voz a. Cuidados b. Os alarmes c. Fatores inibidores d. O aquecimento e. Exercícios para educar a voz f. A dicção g. Exercícios de dicção 5. Exercícios para adquirir a habilidade da improvisação 6. Como caracterizar o boneco: a identidade, a voz a. A caracterização b. A voz.
Exercícios, jogos e laboratórios
Quadro-sinopse – algumas das principais categorias e características do teatro popular Mane Beiçudo
Anexo – A fonte da eterna juventude: Cultura popular & Educação, A Commedia dell’Arte, Antonin Artaud, Bertolt Brecht, Stanislavski, Meyerhold, Grotowski
Entrevista com o autor
Referência bibliográficas
segunda-feira, 21 de setembro de 2015
Novos lançamentos: O dia em que o mundo apagou
Livro 4 – O
dia em que o mundo apagou
Indignados
com a poluição, o grande lixão que está se tornando o planeta, o astro rei e a
lua protagonizam uma visceral e estranha disputa.
Um índio, um coelho, e uma margarida encontram-se no epicentro dessa trama infantil que aborda questões fundamentais para a democracia e a cidadania:
Um índio, um coelho, e uma margarida encontram-se no epicentro dessa trama infantil que aborda questões fundamentais para a democracia e a cidadania:
• o consumismo incontrolável;
• o materialismo exacerbado;
• o dinheiro substituindo a divindade;
• os homens e o planeta - feridos de morte - agonizam;
• a necessidade de resgatar a espiritualidade das pessoas e do terra.
O livro está disponível para venda aqui.
Coleção Educação, Teatro & Democracia
Teatro e democracia são dois valores cultuados pelas civilizações modernas e desenvolvidas.
Não por acaso, ambos se originaram na região geográfica tida como o berço da civilização ocidental: a Grécia antiga; a Grécia de Sófocles, Ésquilo, Aristóteles, Platão...
É bem verdade que a história registra a existência, tanto de um como de outro, permeando outras civilizações da antiguidade como a Índia, Egito e povos do continente asiático.
Mas no formato como teatro e democracia se apresentam hoje, dentre nós, esta herança - sem dúvidas - devemos aos helenos.
Portanto, ambos nasceram na Grécia antiga, oriundos de movimentos genuinamente populares, sorvendo das praças e logradouros públicos, colocando a grande arte e a grande política num patamar substancialmente superior.
Nesta Coleção, se reverencia o teatro e a democracia com quatro peças teatrais completas. Todas elas conduzem o leitor a este universo político em que latejam nossos direitos e nossos deveres.
Os conteúdos apropriados no formato de peças teatrais possibilitam, também, que pais & filhos, alunos & professores, a comunidade de forma geral, incorpore os fundamentais conceitos e assuntos aqui enfocados.
Quatro livros compõem a Coleção:
Livro 1 – A bruxa chegou... peguem a bruxa
Livro 2 – Carrossel azul
Livro 3 – Quem tenta agradar todo mundo, não agrada ninguém
Livro 4 – O dia em que o mundo apagou
Livro 2 – Carrossel azul
Livro 3 – Quem tenta agradar todo mundo, não agrada ninguém
Livro 4 – O dia em que o mundo apagou
Coleção Educação, Teatro & História
A coleção - desenvolvida especialmente para estudantes - compõe-se de 4 livros, num mergulho pela história do Brasil, desde os idos da colônia, até chegar a terra Brasilis contemporânea.
São 4 peças teatrais completas, escritas no formato de jogral, integrando canto e coro, poesia e trova, oratória e interpretação dramática.
Integram a coleção:
• Livro 1 – Todo o dia é dia de independência
• Livro 2 – Todo o dia é dia de índio
• Livro 3 – Todo o dia é dia de consciência negra
• Livro 4 – Todo o dia é dia de meio ambiente
• Livro 2 – Todo o dia é dia de índio
• Livro 3 – Todo o dia é dia de consciência negra
• Livro 4 – Todo o dia é dia de meio ambiente
quinta-feira, 17 de setembro de 2015
8 novos lançamentos: Todo o dia é dia de meio ambiente
O livro 4:
Todo dia é dia de meio ambiente
“Todo dia é dia de meio ambiente”, peça teatral infanto-juvenil, expõe, através do jogral, a questão da ecologia e da sustentabilidade ambiental no Brasil.
A preservação do meio ambiente, entrecortada
pelos interesses dos grandes grupos econômicos, é a linha mestra que conduz a
narrativa.
É neste contexto que são tratadas questões que
impactam o desenvolvimento nacional:
- a histórica exploração predatória dos nossos recursos naturais;
- o sistema de exploração baseado na monocultura de exportação – plantation;
- a escravidão e a coisificação dos trabalhadores;
- a política do ‘café com leite’ da velha República, criada para a perpetuação do status quo.
Como nos demais livros da série, durante e ao
final do espetáculo, a plateia é chamada a participar, abandonando sua posição
de mera expectadora para assumir uma posição de protagonista de sua história e
da história do país.
Coleção Educação, Teatro & História
A coleção - desenvolvida especialmente para estudantes - compõe-se de 4 livros, num mergulho pela história do Brasil, desde os idos da colônia, até chegar a terra Brasilis contemporânea.
São 4 peças teatrais completas, escritas no formato de jogral, integrando canto e coro, poesia e trova, oratória e interpretação dramática.
Integram a coleção:
• Livro 1 – Todo o dia é dia de independência
• Livro 2 – Todo o dia é dia de índio
• Livro 3 – Todo o dia é dia de consciência negra
• Livro 4 – Todo o dia é dia de meio ambiente
• Livro 1 – Todo o dia é dia de independência
• Livro 2 – Todo o dia é dia de índio
• Livro 3 – Todo o dia é dia de consciência negra
• Livro 4 – Todo o dia é dia de meio ambiente
Coleção Educação, Teatro & Democracia
Teatro e democracia são dois valores cultuados pelas civilizações modernas e desenvolvidas.
Teatro e democracia são dois valores cultuados pelas civilizações modernas e desenvolvidas.
Não por acaso, ambos se originaram na região geográfica tida como o berço da civilização ocidental: a Grécia antiga; a Grécia de Sófocles, Ésquilo, Aristóteles, Platão...
É bem verdade que a história registra a existência, tanto de um como de outro, permeando outras civilizações da antiguidade como a Índia, Egito e povos do continente asiático.
Mas no formato como teatro e democracia se apresentam hoje, dentre nós, esta herança - sem dúvidas - devemos aos helenos.
Portanto, ambos nasceram na Grécia antiga, oriundos de movimentos genuinamente populares, sorvendo das praças e logradouros públicos, colocando a grande arte e a grande política num patamar substancialmente superior.
Nesta Coleção, se reverencia o teatro e a democracia com quatro peças teatrais completas. Todas elas conduzem o leitor a este universo político em que latejam nossos direitos e nossos deveres.
Os conteúdos apropriados no formato de peças teatrais possibilitam, também, que pais & filhos, alunos & professores, a comunidade de forma geral, incorpore os fundamentais conceitos e assuntos aqui enfocados.
Quatro livros compõem a Coleção:
Livro 1 – A bruxa chegou... peguem a bruxa
Livro 2 – Carrossel azul
Livro 3 – Quem tenta agradar todo mundo, não agrada ninguém
Livro 4 – O dia em que o mundo apagou
Livro 1 – A bruxa chegou... peguem a bruxa
Livro 2 – Carrossel azul
Livro 3 – Quem tenta agradar todo mundo, não agrada ninguém
Livro 4 – O dia em que o mundo apagou
A Coleção Educação, teatro & Democracia está disponível para venda aqui.
terça-feira, 15 de setembro de 2015
Novos lançamentos: Todo dia é dia de índio
O livro 2: Todo o dia é dia de índio
A peça teatral “Todo dia é dia de índio” discorre – na forma de jogral - sobre a saga indígena desde os primórdios do descobrimento do país, em 1.500, até os dias atuais.
Mineiros, madeireiros e grileiros são alguns dos
personagens retratados na peça, presentes desde sempre no cenário brasileiro e
que, ainda hoje, têm grande parte da responsabilidade pela inaceitável situação
- de abandono e miséria - que martiriza o povo indígena.
Promovendo a discussão sobre esta grande
questão da nacionalidade, os atores compartilham com a plateia a compreensão de
que o assunto deve galvanizar a opinião pública, condição necessária para sua
cabal solução.
Coleção Educação, Teatro & História
A coleção - desenvolvida especialmente para estudantes - compõe-se de 4 livros, num mergulho pela história do Brasil, desde os idos da colônia, até chegar a terra Brasilis contemporânea.
São 4 peças teatrais completas, escritas no formato de jogral, integrando canto e coro, poesia e trova, oratória e interpretação dramática.
Integram a coleção:
• Livro 1 – Todo o dia é dia de independência
• Livro 2 – Todo o dia é dia de índio
• Livro 3 – Todo o dia é dia de consciência negra
• Livro 4 – Todo o dia é dia de meio ambiente
• Livro 1 – Todo o dia é dia de independência
• Livro 2 – Todo o dia é dia de índio
• Livro 3 – Todo o dia é dia de consciência negra
• Livro 4 – Todo o dia é dia de meio ambiente
Coleção Educação, Teatro & Democracia
Teatro e democracia são dois valores cultuados pelas civilizações modernas e desenvolvidas.
Teatro e democracia são dois valores cultuados pelas civilizações modernas e desenvolvidas.
Não por acaso, ambos se originaram na região geográfica tida como o berço da civilização ocidental: a Grécia antiga; a Grécia de Sófocles, Ésquilo, Aristóteles, Platão...
É bem verdade que a história registra a existência, tanto de um como de outro, permeando outras civilizações da antiguidade como a Índia, Egito e povos do continente asiático.
Mas no formato como teatro e democracia se apresentam hoje, dentre nós, esta herança - sem dúvidas - devemos aos helenos.
Portanto, ambos nasceram na Grécia antiga, oriundos de movimentos genuinamente populares, sorvendo das praças e logradouros públicos, colocando a grande arte e a grande política num patamar substancialmente superior.
Nesta Coleção, se reverencia o teatro e a democracia com quatro peças teatrais completas. Todas elas conduzem o leitor a este universo político em que latejam nossos direitos e nossos deveres.
Os conteúdos apropriados no formato de peças teatrais possibilitam, também, que pais & filhos, alunos & professores, a comunidade de forma geral, incorpore os fundamentais conceitos e assuntos aqui enfocados.
Quatro livros compõem a Coleção:
Livro 1 – A bruxa chegou... peguem a bruxa
Livro 2 – Carrossel azul
Livro 3 – Quem tenta agradar todo mundo, não agrada ninguém
Livro 4 – O dia em que o mundo apagou
Livro 1 – A bruxa chegou... peguem a bruxa
Livro 2 – Carrossel azul
Livro 3 – Quem tenta agradar todo mundo, não agrada ninguém
Livro 4 – O dia em que o mundo apagou
A Coleção Educação, teatro & Democracia está disponível para venda aqui.
segunda-feira, 7 de setembro de 2015
As “passagens” do teatro de bonecos Mané Beiçudo
A metodologia de produção do teatro popular de bonecos Mané Beiçudo não se limita aos instantes da apresentação dramática propriamente dita.
Na semana anterior à apresentação do espetáculo, é elaborado um diagnóstico sobre a realidade da comunidade, quando se obtém informações importantes que comporão o núcleo, o esqueleto do texto dramático. Neste primeiro momento, denominado Fábrica Ex-Ante, subsídios são colhidos, pesquisas realizadas, questionários aplicados, dados recolhidos, tabulados e tratados transformando-os em informações que serão utilizadas para compor o texto improvisado.
Nesta oportunidade, os valores, manifestações e tradições culturais locais são resgatados e os artistas locais identificados e convidados a participar do projeto. No caso dos artistas locais, contando causos, relatando a história da comunidade, reproduzindo seu fazer artístico.
Este trabalho estrutura então a coluna dorsal do espetáculo, enfatizando a realidade específica da comunidade, seus problemas, sua cultura e sua história. Portanto, a identificação da platéia com o espetáculo ocorre de forma intensa e integral.
Toda a estrutura do Mané Beiçudo gira em torno da improvisação, com os bonecos provocando a platéia de modo a radicalizar o processo de participação. Entre as passagens, pequeninos atos que dividem o espetáculo, são então incorporadas inserções específicas que retratam o modo de ser, agir e pensar dos integrantes da comunidade abordada.
As passagens do espetáculo
É da essência do Teatro Mané Beiçudo transmitir uma massa de dados e informações estratégicas para que platéia e a comunidade consigam processar tanto o espetáculo como a realidade na qual se inserem.
Para que o espetáculo teatral não deixe de expressar seu fundamental componente plástico, lúdico e onírico, é utilizado um conjunto de mecanismos, cujo objetivo é diluir uma eventual rigidez das mensagens, torná-las fluídas, leves, retirando delas tudo que lembre formalidade burocrática. Daí a importância de radicalizar elementos cênicos como a iluminação, a sonoplastia, a cenografia, a maquiagem, a expressão corporal,...
Para quebrar a rigidez das mensagens, utilizamos entre uma e outra, pequenas cenas, passagens geralmente caracterizadas pelo humor e pela leveza. Por isto se recorre aos habitantes mais antigos, aos artistas populares mais experientes da localidade para recolher, da própria comunidade, estórias, causos, narrativas, piadas que – reelaboradas e contextualizadas, se transformarão nas passagens hilárias do espetáculo.
segunda-feira, 19 de maio de 2014
Uma platéia salafra?
O teatro na forma como o conhecemos no ocidente, originou-se das grandes marchas carnavalescas em homenagem ao deus grego Dionísio.
Nessas ocasiões o povo acorria em massa e participava intensamente, rompendo com os padrões vigentes: num passe de mágica, eis que o despossuido estava investido do poder e da riqueza; o feio e rejeitado transformava-se em belo e querido; o fraco em rei e a devassa em vestal.
As ruas e os largos espaços públicos foram os templos primeiros dessa milenar arte popular.
Com o correr do tempo, novas necessidades delimitaram outros compromissos e o arranjo sucessivamente repactuado desafogava novas demandas.
A ruptura com as antigas origens ia conformando espaços mais restritos, até que o palco à italiana aprisionou o teatro entre quatro paredes.
A pujança e o vigor do Renascimento medieval deram origem à Commedia dell’art que, novamente reintroduziu no panorama teatral o caráter libertário do teatro: a improvisação, as ruas e praças públicas como espaços prioritários, a alegria intensa, a magia, a fantasia,...
Em raros momentos da história, atores e platéia conseguiram estabelecer uma relação bem resolvida.
Um ou outro, quando não os dois, quase sempre se mostram insatisfeitos, com as expectativas sempre por atender. E não me refiro simplesmente à satisfação emocional, a tornada visível com a vaia e o aplauso. E sim aquela mais profunda, que tem a ver com a essência da relação que se espera de um e outro: postura diante das grandes questões existenciais e políticas, visão de vida, compromissos sociais.
Este descompasso levou ao que, no teatro contemporâneo, os artistas e encenadores passaram a denominar descompromisso, alienação ou apatia da platéia.
E para qualificar a participação e fazer com que a platéia rompa com a passividade, os atores passaram a recorrer a modelos e artifícios inovadores, alternativos, que escapassem das práticas convencionais.
Antonin Artaud quando criou o Teatro Jarry, fez questão de estrear com um espetáculo de Max Robur, Gigogne. Na apresentação, o protagonista dirigia-se à platéia nos seguintes termos:
“Meus senhores, minhas senhoras, vocês não passam de uns salafrários!”
E Artaud se decepcionou com a reação do público, pois a Companhia se preparou para uma resposta instantânea, peremptória, em certo grau, violenta.
Nos dias que correm, é comum provocar o espectador para que ele abandone o estado de apatia, obliteração e indiferença ante os fatos que o espetáculo desvela.
Na realidade, os que lidam com o teatro jamais se conformaram com uma platéia cujo papel se limite a tão efêmera participação, à mera assistência bem comportada.
No Dadaísmo, movimento cultural que se originou em Zurique nos idos da 1ª guerra mundial, Tristan Tzara e Hugo Ball, dentre outros, preocuparam-se em sistematizar a idéia de uma “comunhão coletiva que abale a diferença entre poesia e teatro”, uma linguagem que agite e faça vibrar em lugar de apenas significar.
Enfurecido com as concepções reducionistas quando o texto dramático comprime ao invés de expandir o teatro, encarcerando-o inexoravelmente na literatura, Edward Gordon Graig protestava:
“... a arte do teatro nasceu do gesto, do movimento, da dança(...) o dançarino foi o pai do dramaturgo”. E rispidamente criticava os que escreviam para o teatro sem entender sua real dimensão: “nossos autores dramáticos são escritores de palavras”. No que conseguiu a cumplicidade de Artaud que condenava o teatro ocidental exatamente por viver aprisionado à ditadura despótica da palavra.
Estava evidente a diferença entre os escritores que simplesmente escreviam para teatro e os verdadeiros dramaturgos. E Áppia trata de esclarecer o descompasso:
“(...) quem diz dramaturgo diz também encenador. Seria um sacrilégio especializar as duas funções. Podemos então estabelecer que se o autor não acumula ambas, não será capaz nem de uma, nem de outra coisa, pois é na penetração recíproca que deve nascer a arte viva.”
O processo de Dada exigia uma reação diferente da platéia, uma reação viva, vigorosa, imprescindível ao processo, sem a qual a manifestação cultural não atingiria seu objetivo.
Hoje já não se apresenta estranha a idéia de que é necessário mexer com o espectador, incomodá-lo, faze-lo vibrar, pressentir, reagir aos fatos que se desenrolam diante dele, abjurando a indiferença.
No Dadaísmo a procura era pela comunhão coletiva, uma sinergia que reduzisse a pó a diferença entre texto e teatro, palco e platéia.
A busca por uma maior interação entre platéia e palco levou a uma profusão de caminhos, propostas, concepções, escolas, movimentos...
Artaud, por exemplo, perseguiu um espetáculo multifacetário, circular, capaz de pulverizar os dois mundos fechados onde se escondem palco e platéia, “um espetáculo que espalhe suas irradiações visuais e sonoras sobre a massa de espectadores”.
Mas foi Adolphe Appia um dos primeiros a insurgir, exigindo a supressão dos espaços entre artistas e platéia.
Appia chegou a desejar o desaparecimento do público, conclamando os espectadores a tornarem-se atores, apregoando uma arte dramática com ou sem espectadores.
Num diálogo de Mama de Tirésias, estreado em 1917, Guillaume Apollinaire define esta concepção cênica e este teatro que se buscava:
“Aqui tentamos infundir um espírito novo ao teatro
Uma alegria, uma volúpia, uma virtude
Para substituir esse pessimismo velho de mais de um século
O que é bem antigo para uma coisa tão aborrecida
A peça foi feita para um teatro antigo
Pois não nos teriam construído um teatro novo
Um teatro redondo com dois palcos
Um no centro, o outro formando como que um anel
Em redor dos espectadores e que permitirá
A grande apresentação de nossa arte moderna
Casando frequentemente, sem ligação aparente, como na vida
Os sons, os gestos, as cores, os gritos, os ruídos
A música, a dança, a acrobacia, a poesia, a pintura,
Os coros, as ações e os cenários múltiplos
Vocês encontrarão aqui ações
Que se juntam ao drama principal e o ornamentam
As mudanças de tom, do patético ao burlesco
E o uso racional das inverossimilhanças
E de atores, coletivos ou não
Que não são forçosamente extraídos da humanidade
Mas de todo o universo
Pois o teatro não deve ser uma arte enganosa”.
Nesta desesperada busca pelo teatro pretendido, livre de peais e entraves, os caminhos trilhados não foram poucos, muitos levando a contextos contrários aos desejados.
Nessas ocasiões o povo acorria em massa e participava intensamente, rompendo com os padrões vigentes: num passe de mágica, eis que o despossuido estava investido do poder e da riqueza; o feio e rejeitado transformava-se em belo e querido; o fraco em rei e a devassa em vestal.
As ruas e os largos espaços públicos foram os templos primeiros dessa milenar arte popular.
Com o correr do tempo, novas necessidades delimitaram outros compromissos e o arranjo sucessivamente repactuado desafogava novas demandas.
A ruptura com as antigas origens ia conformando espaços mais restritos, até que o palco à italiana aprisionou o teatro entre quatro paredes.
A pujança e o vigor do Renascimento medieval deram origem à Commedia dell’art que, novamente reintroduziu no panorama teatral o caráter libertário do teatro: a improvisação, as ruas e praças públicas como espaços prioritários, a alegria intensa, a magia, a fantasia,...
Em raros momentos da história, atores e platéia conseguiram estabelecer uma relação bem resolvida.
Um ou outro, quando não os dois, quase sempre se mostram insatisfeitos, com as expectativas sempre por atender. E não me refiro simplesmente à satisfação emocional, a tornada visível com a vaia e o aplauso. E sim aquela mais profunda, que tem a ver com a essência da relação que se espera de um e outro: postura diante das grandes questões existenciais e políticas, visão de vida, compromissos sociais.
Este descompasso levou ao que, no teatro contemporâneo, os artistas e encenadores passaram a denominar descompromisso, alienação ou apatia da platéia.
E para qualificar a participação e fazer com que a platéia rompa com a passividade, os atores passaram a recorrer a modelos e artifícios inovadores, alternativos, que escapassem das práticas convencionais.
Antonin Artaud quando criou o Teatro Jarry, fez questão de estrear com um espetáculo de Max Robur, Gigogne. Na apresentação, o protagonista dirigia-se à platéia nos seguintes termos:
“Meus senhores, minhas senhoras, vocês não passam de uns salafrários!”
E Artaud se decepcionou com a reação do público, pois a Companhia se preparou para uma resposta instantânea, peremptória, em certo grau, violenta.
Nos dias que correm, é comum provocar o espectador para que ele abandone o estado de apatia, obliteração e indiferença ante os fatos que o espetáculo desvela.
Na realidade, os que lidam com o teatro jamais se conformaram com uma platéia cujo papel se limite a tão efêmera participação, à mera assistência bem comportada.
No Dadaísmo, movimento cultural que se originou em Zurique nos idos da 1ª guerra mundial, Tristan Tzara e Hugo Ball, dentre outros, preocuparam-se em sistematizar a idéia de uma “comunhão coletiva que abale a diferença entre poesia e teatro”, uma linguagem que agite e faça vibrar em lugar de apenas significar.
Enfurecido com as concepções reducionistas quando o texto dramático comprime ao invés de expandir o teatro, encarcerando-o inexoravelmente na literatura, Edward Gordon Graig protestava:
“... a arte do teatro nasceu do gesto, do movimento, da dança(...) o dançarino foi o pai do dramaturgo”. E rispidamente criticava os que escreviam para o teatro sem entender sua real dimensão: “nossos autores dramáticos são escritores de palavras”. No que conseguiu a cumplicidade de Artaud que condenava o teatro ocidental exatamente por viver aprisionado à ditadura despótica da palavra.
Estava evidente a diferença entre os escritores que simplesmente escreviam para teatro e os verdadeiros dramaturgos. E Áppia trata de esclarecer o descompasso:
“(...) quem diz dramaturgo diz também encenador. Seria um sacrilégio especializar as duas funções. Podemos então estabelecer que se o autor não acumula ambas, não será capaz nem de uma, nem de outra coisa, pois é na penetração recíproca que deve nascer a arte viva.”
O processo de Dada exigia uma reação diferente da platéia, uma reação viva, vigorosa, imprescindível ao processo, sem a qual a manifestação cultural não atingiria seu objetivo.
Hoje já não se apresenta estranha a idéia de que é necessário mexer com o espectador, incomodá-lo, faze-lo vibrar, pressentir, reagir aos fatos que se desenrolam diante dele, abjurando a indiferença.
No Dadaísmo a procura era pela comunhão coletiva, uma sinergia que reduzisse a pó a diferença entre texto e teatro, palco e platéia.
A busca por uma maior interação entre platéia e palco levou a uma profusão de caminhos, propostas, concepções, escolas, movimentos...
Artaud, por exemplo, perseguiu um espetáculo multifacetário, circular, capaz de pulverizar os dois mundos fechados onde se escondem palco e platéia, “um espetáculo que espalhe suas irradiações visuais e sonoras sobre a massa de espectadores”.
Mas foi Adolphe Appia um dos primeiros a insurgir, exigindo a supressão dos espaços entre artistas e platéia.
Appia chegou a desejar o desaparecimento do público, conclamando os espectadores a tornarem-se atores, apregoando uma arte dramática com ou sem espectadores.
Num diálogo de Mama de Tirésias, estreado em 1917, Guillaume Apollinaire define esta concepção cênica e este teatro que se buscava:
“Aqui tentamos infundir um espírito novo ao teatro
Uma alegria, uma volúpia, uma virtude
Para substituir esse pessimismo velho de mais de um século
O que é bem antigo para uma coisa tão aborrecida
A peça foi feita para um teatro antigo
Pois não nos teriam construído um teatro novo
Um teatro redondo com dois palcos
Um no centro, o outro formando como que um anel
Em redor dos espectadores e que permitirá
A grande apresentação de nossa arte moderna
Casando frequentemente, sem ligação aparente, como na vida
Os sons, os gestos, as cores, os gritos, os ruídos
A música, a dança, a acrobacia, a poesia, a pintura,
Os coros, as ações e os cenários múltiplos
Vocês encontrarão aqui ações
Que se juntam ao drama principal e o ornamentam
As mudanças de tom, do patético ao burlesco
E o uso racional das inverossimilhanças
E de atores, coletivos ou não
Que não são forçosamente extraídos da humanidade
Mas de todo o universo
Pois o teatro não deve ser uma arte enganosa”.
Nesta desesperada busca pelo teatro pretendido, livre de peais e entraves, os caminhos trilhados não foram poucos, muitos levando a contextos contrários aos desejados.
Assinar:
Postagens (Atom)