segunda-feira, 8 de junho de 2015

O teatro Mamulengo e o teatro Mané Beiçudo


O mamulengo é um teatro popular de bonecos, muito difundido no Estado de Pernambuco, de raízes históricas e origens vinculadas ao teatro medieval europeu.

Geralmente, o mamulengo utiliza a modalidade do boneco de luva. Mas encontramos também os mamulengueiros que preferem brincar – realizar apresentações - com bonecos de vara.

A tecnologia de construção da cabeça do boneco difere bastante da utilizada na fabricação dos fantoches. A cabeça dos fantoches é confeccionada utilizando o pano, o papier-maché, jornal, e outros materiais como insumos do processo de fabricação.

Por utilizar a madeira como matéria prima para a fabricação do boneco, o mamulengo adquire maior resistência e durabilidade. Resiste bem às cenas de pancadaria explícita – muito comuns neste tipo de teatro – como também resiste à ação do tempo.

O mamulengueiro mais completo é aquele que se propõe a construir seus próprios bonecos, é o ator manipulador-artesão, o ator-escultor, criador da obra prima. Além de vestir e interpretar o boneco, emprestando o sopro da vida, lida com a madeira, trabalhando-a, conformando-a, esculpindo-a para que possa receber a tinta que irá caracterizar e dar identidade ao títere.

Há casos em que o mamulengueiro esculpe todo o boneco, inclusive o corpo. O normal, contudo, é utilizar a madeira para esculpir apenas a cabeça e as mãos. O restante do corpo é representado pela luva que veste a mão do manipulador.

Para a construção dos bonecos, as madeiras mais utilizadas pelos mamulengueiros históricos:

• mulungu
• umburana
• carrapateira


Com rara freqüência encontramos bonecos fabricados de pana – raiz encontrada em mangues e brejos – pano, papier-mâché e cabaça.

Além dos mamulengos de luva, existem também os de luva e fio. Nesta estrutura, o sistema de fios é manipulado de baixo para cima, contrário ao conhecido esquema das marionetes, onde a manipulação se processa de cima para baixo.

No mamulengo de luva e fio, o boneco possui articulações que tornam possíveis diferentes formas de manipulação, sobretudo a manipulação independente das partes do corpo como a boca, a língua e os olhos. Este tipo de movimentação ocorre quando o ator-manipulador, com a mão direita, aciona um sistema de fios que traspassa o interior do boneco; mantendo a mão esquerda vestida na luva com a função de sustentar e compor o corpo do boneco.

Nos mamulengos de vara, quase sempre todo o corpo é esculpido de madeira. Mas existem variações, quando são utilizados pano, serragem, algodão e papel para enchimento.

No teatro de bonecos Mané Beiçudo admite-se a utilização de qualquer tipo de títere, inclusive o construído no formato do mamulengo. Mas, em decorrência da concepção metodológica, o Mané Beiçudo prioriza os bonecos construídos a partir da matéria prima amplamente disponível na localidade.

Antônio Carlos dos Santos - criador de metodologia de Planejamento Estratégico Quasar K+ e da tecnologia de produção de Teatro Popular de Bonecos Mané Beiçudo.acs@ueg.br