domingo, 3 de outubro de 2021

Dentro da cidade do Rio, agricultores resistem e produzem mandioca, coco e cana-de-açúcar


Volta e meia, forasteiros descem do carro, caminham pela estrada de terra batida, tiram fotos e não escondem a surpresa de esbarrar com a paisagem rural.

 

— Chegam a estranhar as nossas plantações. Eu os ouço narrando o que estão vendo, admirados, por telefone. Muitos cariocas não conhecem esse lado da cidade — conta Clarice Ishii, 59 anos, filha de imigrantes japoneses que aprendeu com o pai a cultivar o solo e hoje, em pleno Rio de Janeiro, divide o trabalho com duas irmãs.

O sítio onde moram, com pouco mais de 70 mil metros quadrados, abastece feiras e sacolões cariocas com cerca de 60 toneladas de aipim por ano. A propriedade fica em Santa Cruz, na Zona Oeste da cidade, às margens da Rodovia Rio-Santos, e integra uma colônia de 16 produtores que mantém viva a tradição rural iniciada por lá nos anos 1930.

A lavoura carioca teve peso quase imperceptível nos R$ 470,5 bilhões gerados pela safra recorde no país em 2020. A marca foi anunciada no último dia 22 em edição da série histórica da Produção Agrícola Municipal (PAM), apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) desde 1974. A capital fluminense responde por ínfimos R$ 47,8 milhões desse total, ou 0,01% do valor da produção agrícola nacional. Além disso, tem apenas 1,7% de sua área dedicado ao plantio. Na segunda cidade mais populosa do país, praticamente todo o alimento consumido é importado de municípios e estados vizinhos.

Para a mesa do carioca

Clarice Ishii e suas irmãs fazem parte do reduzido grupo de trabalhadores que, no Rio, tiram seu sustento da terra. Após séculos de urbanização, parte da cidade ainda é tomada por arados, lavras e enxadas. Em pouco mais de 20 quilômetros quadrados distribuídos pela Zona Oeste, toneladas de aipim, cana-de-açúcar, coco, banana, maracujá, abacate e caqui, entre outros produtos, são cultivados em cerca de 1,1 mil estabelecimentos rurais nos bairros de Santa Cruz, Guaratiba, Santíssimo e Campo Grande. Tudo segue para a mesa dos cariocas.

— Hoje ganhamos o suficiente para sobreviver. A produção caiu com a elevação da temperatura e a expansão imobiliária na região, que dificulta nosso acesso aos canais de irrigação — conta Clarice, que fatura cerca de R$ 120 mil por ano. — Temos custos com maquinário, funcionários, manutenção das lavouras, o que sobra é o suficiente para levarmos uma vida modesta e tranquila. E eu amo muito o que faço.

Na mesma colônia, o agricultor José Fernandes, de 61 anos, responsável por quase 95% da cana-de-açúcar plantada no Rio — a safra total do ano passado foi de 274 toneladas —, direciona o que produz para vendedores de caldo da planta.

Já nas terras de Luiz Carlos Hoshima, de 59 anos, um coqueiral avança por dez hectares (cerca de cem mil metros quadrados) e rende colheitas diárias de até três mil cocos, dependendo do clima.

— Nós temos uma terra muito fértil, de turfa, material de origem vegetal, que deixa a nossa água de coco mais doce que as demais — orgulha-se Hoshima, apontando, no entanto, adversidades trazidas pela pandemia:

— Não sabíamos se nossos produtos teriam espaço de venda. Por isso, deixei de cuidar da terra, de ter custos com isso. Hoje sinto diferença na plantação.

Em Guaratiba, João Carlos Abreu, de 56 anos, ocupa quase 80 mil metros quadrados com o cultivo de maracujá, chuchu, hortaliças, aipim e tomates. O último item da lista é aposta ousada, já que o clima local não ajuda, mas ele gosta de desafios: vai iniciar um plantio inédito de uvas pretas sem sementes na região, com mudas vindas de Petrolina, em Pernambuco. Todos os produtos colhidos abastecem o mercado que mantém no bairro, onde chega a vender 600 molhos de couve por dia.

A terra de Guaratiba — não por acaso o lugar onde fica o histórico sítio do paisagista Roberto Burle Marx, reconhecido como Patrimônio Mundial da Humanidade em julho — também abriga produtores de plantas ornamentais. João Camacho, de 62 anos, nasceu no bairro, tem Burle Marx como inspiração e cultiva mais de cem espécies em quase 40 mil metros quadrados de terreno.

— Cerca de 80% das minhas vendas são de atacado, para lojas e quiosques. Mas atendo também compradores individuais que chegam até aqui — diz João Camacho.

Segundo o último Censo Agro do IBGE, realizado em 2017, mais de 90% dos estabelecimentos agropecuários do município têm menos de 200 mil metros quadrados. E quase dois terços desse universo (67,8%) pertencem à categoria definida como “agricultura familiar”.

— Durante bastante tempo, o homem do campo foi marginalizado como alguém atrasado. Mas, na verdade, o produtor rural tem muito orgulho do seu trabalho, de estar abastecendo as mesas de tanta gente. É uma responsabilidade muito grande. Diversas famílias têm nessa agricultura o único sustento. Apesar de serem baixas, as produções de coco e aipim, por exemplo, são as segundas maiores do estado. Por isso, digo que toda produção, mesmo que pequena, tem seu valor e a sua importância — explica Winicius Wagner, supervisor da Pesquisa Agrícola Municipal.

Ainda segundo o IBGE, o que determina a presença de um alimento na pesquisa é a relevância em relação ao que se produz no resto do país, de acordo com metodologia internacional. Pelos parâmetros do PAM, a produção mais expressiva da cidade se concentra na Zona Oeste, já que outras localidades, como escolas e pequenos quilombos, exibem números baixos e irregulares, chegando a passar até um ano sem produzir.

Diego Amorim, Extra



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