domingo, 18 de dezembro de 2016

O combate à corrupção deve começar em casa

A disputa em fila que viralizou e gerou debate sobre 'corrupção do dia a dia'


Imagem retrata mulher que usa identidade de amigas para pegar de graça o maior número possível de bebida isotônica em campanha lançada por banco; ela não foi identificada.

Uma foto que viralizou nas redes sociais ─ com mais de 70 mil curtidas e 15 mil compartilhamentos ─ gerou um debate sobre as pequenas corrupções do dia a dia e o popular "jeitinho brasileiro", à luz do atual momento vivido pelo país.
A imagem retrata uma mulher que, munida de uma sacola, teria usado a identidade de várias amigas para apanhar a maior quantidade de bebida isotônica em uma campanha de distribuição gratuita do produto na rua.
O episódio foi relatado pela paulistana Natália Bilibio, de 27 anos, em sua conta pessoal no Facebook.
Ela conta que estava em um ponto de ônibus no fim da tarde da última quinta-feira (8 de dezembro) perto da Avenida Paulista, em São Paulo, aguardando a condução de volta para casa, quando observou uma cena que a deixou "indignada".
"Vi uma mulher com uma sacola de pano, dessas de supermercado, usando o CPFs de amigas para retirar o maior número possível de Gatorades (marca de bebida isotônica) de uma máquina instalada ao meu lado", relembra Natália à BBC Brasil.
A campanha, do banco Santander, distribuía o produto gratuitamente a pedestres. A única exigência para obtê-lo era digitar o CPF.
"Vi a máquina sendo abastecida no dia anterior. Inicialmente, ela entrou na fila e pegou dois Gatorades. Em seguida, começou a ligar para as amigas e pedir o CPF delas para pegar mais e mais. Não me contive e a repreendi", diz Natália.
"Perguntei se ela estava com a consciência tranquila. Ela disse que sim. A partir daí, começou a me xingar e gritar comigo", completa.
Natália acrescenta que, como voltou à fila diversas vezes, a mulher acabou com o estoque do produto.
"Pelas minhas contas, ela deve ter pego, no mínimo, dez Gatorades. Pessoas que chegaram depois não conseguiram mais pegar a bebida", avalia.
"Nossa discussão durou cerca de dez minutos, até eu tomar o ônibus de volta para casa. Ela continuou me xingando e gritando da rua", acrescenta.
Ao voltar para casa, Natália decidiu postar a foto.
"As pessoas defendem o fim da corrupção, mas não se dão conta de que suas próprias atitudes são corruptas", sentencia Natália.

Reação

Em seu Facebook, os usuários criticaram a atitude da mulher. A BBC Brasil não conseguiu ouvir sua versão dos fatos uma vez que a identidade da mulher não foi revelada.
"Como teremos um governo decente se as pessoas pensam dessa maneira? Lembrem-se de que a mudança deve começar por nós, pela base!", escreveu um usuário.
"O problema do Brasil é o brasileiro", acrescentou outro.
"O famoso ditado 'farinha pouca, meu pirão primeiro'. Muito feio. Nao é o mundo que está dificil e ruim. São as pessoas que habitam nele que estão se tornando cada vez mais intratáveis e menos altruístas. Pobres de espírito, pobres de afeto pelo próximo", descreveu uma usuário.
Houve quem também criticasse a campanha do banco.
"Detesto pessoas assim. Mas lembrando também que ninguém dá nada a ninguém muito menos banco então com o CPF introduzido o banco cria uma base de dados...tipo troca informação super relevante por Gatorade. Essas amigas entraram para a base de dados", afirmou um usuário.
"Eu só fico curiosa pra saber o que o Santander vai fazer com a informação de todos esses CPFs?", acrescentou outra usuária.
Procurado pela BBC Brasil, o banco Santander informou que a ação foi concebida para "engajar clientes e não-clientes".
"A ação 'De um Ponto a Outro' foi concebida para engajar o público (clientes e não-clientes) ao proporcionar experiências com a marca Santander que materializem o posicionamento 'O que a gente pode fazer por você hoje?'", diz o comunicado enviado à BBC Brasil.
"A iniciativa está nas ruas de São Paulo desde agosto, sempre em pontos de ônibus próximos a universidades. A proposta consiste em oferecer, por exemplo, guarda-chuvas em dias chuvosos, isotônicos em dias quentes, ingressos de cinema e até poemas, antecipando desejos e necessidades das pessoas no dia a dia", acrescenta a nota.
"A identificação dos participantes pelo CPF é solicitada com o único e exclusivo objetivo de garantir que um número cada vez maior de pessoas tenha acesso aos benefícios", finaliza o banco.
Por Luis Barrucho, da BBC Brasil
_________
Como os dois maiores dramaturgos do mundo - Willian Shakespeare e Nicolai Gogol - tratam da questão da corrupção. E as conexões com o Brasil de hoje? Veja aqui:
Para saber mais, clique aqui.
Para saber mais, clique aqui.

sábado, 17 de dezembro de 2016

Saiba quem são os grupos rebeldes em Aleppo

Homens do Jaish al Fatah (Exército da Conquista) na província de Idlib, em dezembro de 2015.

O frágil pacto negociado contra o relógio por Rússia e Turquia para permitir a retirada dos civis de Aleppo, na Síria, esteve a ponto de fracassar nesta quarta-feira por causa de cláusulas exigidas por atores locais que há mais de cinco anos lutam pelo controle da cidade: os insurgentes e o Exército. Longe de compor uma frente comum homogênea, os rebeldes que combatem em Aleppo representam mais de 40 facções armadas, com entre 100 e 1.500 combatentes cada uma. Premidos pela necessidade bélica, essas facções se agruparam em duas coalizões principais: Jaish al Fatah (Exército da Conquista) e Fatah Haleb (Conquista de Aleppo). Em ambas, impõe-se a ala conservadora salafista. Várias delas foram acusadas de cometer crimes de guerra durante os quatro anos em que controlaram a zona leste daquela que já foi a maior cidade da Síria.

Guerrilheiros do Nour al Din al Zinki na cidade síria de Al Rai, em setembro deste ano. REUTERS

Os dados sobre o número de civis e combatentes presentes em Aleppo são motivo de controvérsia. Os cálculos iniciais da ONU estimaram em 250.000 o número de civis, dos quais 80.000 teriam saído na última semana, e em 8.000 o de combatentes rebeldes. Entretanto, a TV estatal síria disse nesta quinta-feira que restavam apenas 9.000 moradores naquela área da cidade, junto com 4.000 guerrilheiros.

Segundo cálculos do enviado especial da ONU para Síria, Staffan da Mistura, 12% dos insurgentes seriam jihadistas do grupo Fatah al Sham. Essa antiga filial da Al Qaeda continua presente na lista de grupos considerados terroristas pela Europa e os Estados Unidos, apesar da mudança de embalagem. Duas organizações aglutinadoras, Jaish al Fatah e Fatah Haleb, reúnem essas facções na zona leste de Aleppo, com entre 4.000 e 8.000 combatentes.
Jaish al Fatah (Exército da Conquista): agrupa seis dos grupos mais radicais, entre os quais se destacam Fatah al Sham e Ahrar al Sham.

Frente Fatah al Sham: Os especialistas estimam que este grupo jihadista conte com cerca de 1.000 homens em Aleppo que respondem ao líder Abu Mohamed el Jolani. Entre 10.000 e 15.000 combatem em toda Síria, e 30% deles são estrangeiros. A Al Qaeda na Síria mudou de nome primeiro para Frente Al Nusra, para depois passar a se chamar Fatah al Sham, em uma tentativa de melhorar sua imagem. Em maio de 2012, a filial terrorista realizou os primeiros atentados suicidas na Síria, nos quais matou 55 pessoas e feriu outras 400 na capital. Inicialmente fortes no noroeste do país, em 214 perderam Raqa para o Estado Islâmico (ISIS, em sua sigla em inglês), dissidência da Al Qaeda e seu concorrente ideológico.


Homens do Jaish al Fatah (Exército da Conquista) na província de Idlib, em dezembro de 2015.


Ahrar al Sham: Coalizão de vários grupos de cunho islâmico e salafista liderados por Abu Ammar al Omar e uma das principais forças armadas rebeldes em Idlib. Entre 10.000 e 15.000 milicianos lutam em sua fileiras, entre 800 e 1.000 em Aleppo em aliança com a Al Qaeda.
Fatah Haleb (Conquista de Aleppo) é a segunda coalizão, com cerca de trinta grupos armados que inclui moderados do Exército Livre Sírio (ELS), como a Divisão de Infantaria 101, mas onde predomina a liderança armada de islamistas e salafistas como Nour al Din al Zinki, Frente al Shamia, ou Jeish el Islam (Exército do Islã).
Divisão de Infantaria 101: facção que pertence ao Exército Livre Sírio, nascido no início da contenda, quando vários generais desertaram do Exército regular. Contaria com apenas algumas centenas de homens em Aleppo. Composto por sírios, pertence ao espectro moderado da oposição que se levantou depois da repressão das manifestações populares.
Nour al Din al Zinki: conta com algo entre 1.000 e 1.200 homens em Aleppo, onde surgiu o grupo no fim de 2011 sob a liderança do sheik Taufik Shahabudin. Facção de orientação islamista, seria financiada por Ancara e composta por sírios locais.

Jeish al Islam: contaria com cerca de 500 homens em Aleppo. É o grupo guarda-chuva de vários grupos de orientação islamista e salafista. Representa a principal força de oposição na periferia de Damasco. Depois do assassinato de seu líder, Zahran Alloush, foi substituído por Mohamed Alloush. Têm entre 20.000 e 25.000 combatentes. Entre seus bastiões estão Duma e Guta Oriental, na periferia de Damasco.

Frente Shamia: surge no fim de 2014 em Aleppo, onde contaria com cerca de 800 homens. Trata-se de uma aliança de vários grupos de cunho salafista sob as ordens de Abu Ammer, nome de guerra. Combatem as tropas regulares sírias e as milícias curdas em Aleppo.

Financiamento de atores regionais
“A Turquia apoia Nour al Dine Zinki e Ahrar al Sham. Ambos dispõem de mísseis antitanques BGM-71 TOW guiados e de fabricação norte-americana, o que leva a crer que também tenham recebido apoio dos norte-americanos”, explica em um e-mail o analista militar sírio Mohammed S. Alftayeh. “Ninguém diz apoiar a Fatah al Sham, mas a maioria dos analistas concorda que Catar é seu principal apoiador, o mesmo que os animou a desvincular-se do nome Al Qaeda”, acrescenta. Segundo Alftayeh, o Jeish al Islam, grupo mais importante da periferia de Damasco, ainda que residual em Aleppo, recebe apoio da Arábia Saudita. Em relação à presença de rebeldes moderados do ELS, o especialista sírio assegura que “é muito reduzida e limitada em Aleppo”.

A radiografia atual do grupo opositor em Aleppo responde à progressiva absorção dos combatentes do ELS que viram esvaziar-se suas fileiras dos antes moderados que hoje buscam vingança pelos indiscriminados bombardeios da aviação síria e russa sobre civis, de um lado, e atraídos pelo fluxo de recursos vindos das monarquias do Golfo e Turquia de outro. Os recursos limitados provocaram também enfrentamentos entre as diferentes facções, como os que levaram às armas em novembro passado milicianos do grupo Fastaqin, afiliado do ELS, contrários aos mais conservadores de Nour al Din al Zinki.

Nesse quebra-cabeças rebelde, cerca de 130.000 a 250.000 civis, segundo as fontes, permaneceram cercados pelas tropas regulares sírias durante mais de quatro meses. Um cerco do qual participaram os grupos rebeldes mais radicais, proibindo a fuga de civis que foram usados como escudos humanos. Testemunhas referendam que vários dos 80.000 vizinhos conseguiram fugir da região sob controle do Governo na última semana, como denunciou da ONU, que os acusou de abrir fogo contra famílias que tentavam escapar dos combates. E, no entanto, parte da população civil apoia aqueles que consideram como seus “irmãos sírios que lutam por uma Síria melhor e a queda de Al Assad”. Ao contrário, centenas de ativistas, trabalhadores sociais, profissionais de resgate e equipes médicas que formam a estreita espinha dorsal de uma população desprovida de tudo, temem hoje ser presos ou executados se atravessarem os controles do Exército sírio.

Por Natalia Sancha, no El País


O livro com a peça teatral sobre o fundamentalismo islâmico que você não pode deixar de ler:

Para saber mais, clique aqui.

A peça teatral “Amor e ódio: não esqueçamos de Aylan Kurdi” é um tríler que retrata a atual crise migratória no continente europeu.

O embate das civilizações - a histórica rivalidade entre os extremistas que utilizam o radicalismo religioso para destilar ódio e intolerância, a busca dos fundamentalistas pela hegemoniado pensamento - compõe o substrato em que se desenvolve a trama.

O Estado Islâmico decide promover, na Alemanha, o ato terrorista que ficaria marcado, na história da humanidade, como o maior e mais aterrador de todos os já perpetrados no planeta. 

Contextualizando a filosofia e a geopolítica, a história e as ciências sociais, as políticas de estado e o planejamento estratégico, as personagens movimentam-se provocando, desafiando o leitor a mergulhar fundo na reflexão sobre os mais caros valores à cultura cristã-ocidental: a democracia e a liberdade, a justiça e aos direitos individuais.

Três mulheres homossexuais protagonizam tensas e intensas discussões sobre este traumático universo onde imperam - por maiores que tenham sido os avanços na política – a cólera, o ódio, a intransigência, o sectarismo, a desmedida violência e o fanatismo.

Mulás, imãs, califas, aiatolás, fundamentalismo islâmico de um lado; do outro, as experiências autoritárias no ocidente como o nazismo e o comunismo, a KGB e a Stasi, estruturando o cenário que alimenta a besta-fera da violência, embasa o fortalecimento do nacionalismo, o fechamento das fronteiras, a construção de muros, o desprezo pela cultura do ‘outro’, pelas referências do ‘estranho’, o desdém para com a dor e o suplício por que passam os refugiados e excluídos.

Os terroristas do EI planejam explodir seis bombas nucleares em Berlim, pulverizando a Alemanha e destruindo toda a Europa central. Conseguirão levar a cabo o plano terrífico? Nesta ambientação são sopesados os debates sobre a beleza e a fealdade, o ódio e o amor, o autoritarismo e a democracia, a sexualidade e as liberdades individuais, o fundamentalismo islâmico e os direitos civis.

Kazal al-Atassi - a poeta que teve os membros amputados e o corpo desfigurado por atentados terroristas sofridos na Síria – e sua ex-companheira, Manal al-Atassi, cuja descomunal beleza hipnotiza e encanta, são suspeitas de integrar a brigada terrorista do Estado Islâmico. Anna Decker, a oficial da inteligência militar encarregada de desvendar a sórdida trama. Bismarck Adenauer, ex agente da Stasi, a agência de inteligência da antiga República Democrática Alemã. E mais os personagens saídos das sombras da CIA e da KGB, do Mossad e das agências russa e chinesa... 
Mergulhe, caro leitor, neste tríler que – ao denunciar a mais grave crise migratório desde a 2ª Grande Guerra - interage, de maneira vibrante e perturbadora, a realidade e a ficção. 

O livro integra a Coleção Quasar K+: 

Livro 1: Quasar K+ Planejamento Estratégico; 
Livro 2: Shakespeare: Medida por medida. Ensaios sobre corrupção, administração pública e administração da justiça; 
Livro 3: Nikolai Gogol: O inspetor geral. Planejamento estratégico e planejamento marginal; 
Livro 4: Liebe und Hass: nicht vergessen Aylan Kurdi. A visão de futuro, a missão, as políticas e as estratégias; os objetivos e as metas. 

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Justiça dá prazo de um ano para Funai delimitar Terra Indígena Krenak em Minas


O Ministério Público Federal (MPF) divulgou nota hoje (14) comunicando que a Justiça Federal concedeu tutela antecipada em ação civil pública que pede a delimitação da Terra Indígena Krenak, situada no Parque Estadual de Sete Salões, na região leste de Minas Gerais. A Fundação Nacional do Índio (Funai) foi obrigada a concluir o processo no prazo de um ano. A ação foi ajuizada em dezembro do ano passado.
Os krenaks ocupavam estas terras, em área do município de Resplendor (MG), à margem esquerda do Rio Doce. Durante a ditadura militar, a Ruralminas, uma fundação pública estadual, outorgou as terras indígenas a fazendeiros que assumiram a posse dos terrenos de forma indevida.
Segundo relatado na ação do MPF, muitos krenaks foram enviados para um reformatório. "Era um presídio sem previsão legal, destinado a confinar indígenas em razão de condutas valoradas segundo critérios inteiramente subjetivos. Ali funcionou uma verdadeira polícia de costumes. As condutas em geral sequer eram previstas pela legislação penal", diz o promotor Edmundo Antônio Dias.
Outros indígenas foram deslocados forçadamente para Fazenda Guarani, no município de Carmésia (MG), que também funcionou como um centro de detenção arbitrária. "Nesses locais vigorou um ambiente de exceção, com trabalhos forçados, tortura, remoção compulsória e intensa desagregação social impostos ao povo Krenak", relata nota do MPF.
Em 1983, a Funai ajuizou uma ação solicitando que os títulos concedidos pela Ruralminas aos fazendeiros fossem anulados. Dez anos depois, em 1993, o Supremo Tribunal Federal (STF) acatou o pedido. Mesmo assim, até hoje, o processo de identificação e delimitação da Terra Indígena Krenak não foi concluído.
Outros pedidos
A Justiça Federal também concedeu o prazo de um ano para que o Arquivo Nacional publique toda a documentação relativa às violações de direitos humanos sofridas pelos povos indígenas durante o período do regime militar, disponibilizando-a na internet. O relatório final da Comissão Nacional da Verdade aponta para a morte de aproximadamente 8.350 índios pela ditadura, além de descrever outras violências, inclusive abusos sexuais.
Outro pedido do MPF acatado foi a implementação de diversas medidas com o objetivo de resgatar e preservar a cultura e a língua krenak, entre elas a tradução da Constituição e a realização de oficinas de trabalho linguístico.
Por Léo Rodrigues, da Agência Brasil


Para saber sobre o livro, clique aqui.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

O mais eficaz instrumento contra a corrupção



AS ETAPAS DAS DELAÇÕES PREMIADAS!
                
1. O instituto das delações premiadas fundado nos Estados Unidos foi aplicado à política na Itália da Operação Mãos Limpas e agora aprimorado no Brasil com a Operação Lava Jato. Assim como na Itália, aqui no Brasil a etapa inicial dos processos de delações premiadas parte de uma complexa operação de “inteligência policial”.
                
2. A “inteligência policial” é o contrário da investigação policial. Na investigação policial há um dado ou um fato conhecido um corpo, um assalto, materiais... A partir destes e em função dos sinais deixados, a polícia inicia e aprofunda a investigação em direção aos responsáveis, aos culpados.
                
3. Já a “inteligência policial” parte de um “dado negado”, ou seja, apenas de uma hipótese. Para confirmá-la o instrumento principal que usa é a “infiltração”, ou seja, policiais, agentes, que se integram ao processo e repassam informações. Esse é o principal instrumento da espionagem. Muitas operações de desmonte de uma quadrilha de crime organizado levam meses e meses até que se realize num certo momento uma operação simultânea com a prisão de todo o grupo.
                
4. A “infiltração”, ao fornecer os elementos para a ação policial entrega além dos responsáveis, as provas, locais, fotos, documentos..., praticamente fechando as vísceras do inquérito com vistas à narrativa dos fatos e às razões jurídicas, entregando a decisão à justiça. Nesse sentido, os recursos às instâncias superiores e as protelações serão inócuos.
                
5. No caso da “inteligência policial” aplicada a corrupção empresarial, administrativa e política, -Operações Mãos Limpas e Lava Jato- essa fase inicial é complexa, embora hoje facilitada pela tecnologia – gravações, sinais, marcas, fotos... Mas a ela não se aplica a “infiltração”. Dessa forma a Delação Premiada funciona como uma espécie de “Pós-Infiltração, daí sua importância.
                
6. Identificados os responsáveis e seus agentes e contatos, inicia-se uma fase menos complexa, já que a tendência dos depoentes é falar tudo para reduzir o tempo de sua condenação futura. Os promotores e juízes terão a difícil tarefa de conduzir os depoimentos de forma a que as palavras venham alicerçadas por fatos. Daí a importância da detenção para evitar a destruição das provas e a realização –simultânea ou posterior- das ações de busca e apreensão.
                
7. Mas, com tudo isso, a terceira etapa é ainda mais complexa, pois parte dos depoimentos são de difícil documentação ou comprovação: apoiei a campanha de um político, esperando boa vontade dele no futuro nesse ou naquele caso, etc. É apenas um exemplo: como atestar a “boa vontade” de uma autoridade ou político com o interesse da empresa, exposto nas delações premiadas de empresários ou executivos?
                
8. Na primeira instância –policiais federais, promotores e juízes- estão muito mais envolvidos com os fatos e personagens do que estarão as instâncias superiores. Os recursos certamente virão. E além do envolvimento direto, indireto, maior ou menor, há o fator tempo. Quanto mais distante do momento da prisão, delação e primeira condenação coberta e destacada pela imprensa, as decisões se tornam mais frias e impessoais, e exigirão elementos objetivos de comprovação. E, no final, na terceira e última instância, ainda mais.
                
9. O conteúdo de uma delação premiada e seus detalhes a serem encaminhados pelos recursos dos condenados à segunda e terceira instâncias, requer –como na infiltração policial clássica- todos os elementos que inibam os argumentos protelatórios e recursais.
              
10. Se nos casos de crimes bárbaros cobertos pela imprensa com grande destaque, o fator tempo conspira contra os fatos, muito muito mais quando são vários os fatores subjetivos incorporados ao inquérito a partir das delações premiadas em crimes de corrupção administrativa, empresarial e política.
              
11. No caso de políticos com foro especial, as delações terão que ser aceitas pelo Ministro do STF e após a análise de cada delação autorizar a investigação. Espera-se que o Ministro do STF responsável pela investigação conte com toda uma equipe de juízes e promotores para assessorá-lo. E que os inquéritos e delações venham amplamente lastreados em provas objetivas, impedindo que as ações protelatórias joguem o fator tempo contra a condenação. A pauta do STF é sempre extremamente congestionada.


Cesar Maia

_________


Dois livros-ensaios sobre a corrupção que você não pode deixar de ler. Dois gênios da literatura universal, Shakespeare e Nicolai Gogol:

Para saber mais sobre o livro, clique aqui.

Para saber mais sobre o livro, clique aqui.


terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Projeto no Amazonas promove teatro inclusivo para surdos

O projeto pode ser transformado em vídeo com as peças em LibrasBianca Paiva/Agência Brasil
As lendas da Amazônia estão sendo contadas em Libras, a Língua Brasileira de Sinais, por surdos e para surdos, no município de Maués, no Amazonas. O projeto, chamado Teatro Inclusivo, ocorre desde 2014, produzido pelo Instituto Federal de Educação do Estado (Ifam), no campus na cidade.
Segundo o professor Maxiliano Batista de Barros, que coordena o trabalho, a ideia é fazer com que as pessoas com deficiência auditiva tenham acesso à cultura da região onde vivem. “Isso que é gratificante. Eles terem acesso a essas histórias que fazem parte da cultura, não por serem surdos, mas por serem amazônidas, pessoas da região que têm o direito de conhecer nossa cultura local, que é riquíssima”.
De acordo com o professor, os surdos criaram sinais para representar, principalmente, símbolos característicos da cultura amazônica, como é o caso do guaraná. “O guaraná é uma identidade, não da comunidade surda, mas, sim, do povo Maué, da etnia Sateré-Mawé, do município de Maués. O guaraná é a identidade local da cidade. O povo Mawé foi o primeiro a cultivar o guaraná, então, teríamos que ter um sinal próprio, nosso, para representar isso em Libras de forma identitária”, ressaltou. Para criar as peças em Libras, duas alunas fizeram uma pesquisa de campo para coletar as histórias que são contadas por idosos, nas comunidades ribeirinhas. “Isso foi algo que vi a partir da minha própria realidade. Quando eu era criança, quem contava essas histórias era a minha bisavó, que era indígena baré. E aí surgiu a ideia de fazer, através de um projeto de extensão, a catalogação de algumas histórias. Nós delimitamos que as alunas fizessem o levantamento de cinco histórias e elas fizeram seis. Esse material, que foi filmado e depois transcrito, nós levamos para o Instituto, convidamos a comunidade surda, e eles começaram a criar os sinais que não existiam ainda”, disse Barros.
Pessoas com deficiência auditiva agora têm acesso a conhecer as lendas da Amazônia por meio do teatroArquivo pessoal/Maxiliano Barros
A história da origem do guaraná é uma das três lendas que já viraram peça teatral. As outras são a do boto e a do Jurupari, também conhecido como Mapinguari, que é um ser mitológico da Amazônia. A ideia é que, em breve, outras lendas, como da Matita Pereira, da Cobra Grande, do curandeiro Anselmo, sejam também interpretadas em Libras. As apresentações são feitas uma vez por ano no instituto e em eventos da cidade de Maués. Atualmente, oito pessoas fazem parte do grupo. Entre elas, além dos surdos, há participantes com outros tipos de deficiências.
“Tem um cadeirante que tem paralisia cerebral que atua magnificamente. Ele incorpora o personagem. O trabalho fica riquíssimo com a participação, não somente dos surdos, mas de alunos com outras deficiências. É por isso que, em 2017, nós queremos dar oportunidade para a participação de alunos e pessoas com outras deficiências nos nossos projetos.”
“Na verdade, esse é um trabalho de sensibilização. Fazer com que justamente as famílias busquem aprender a língua de sinais. A procura só tende a aumentar aqui no instituto. Quando a gente divulga um curso de Libras, em dois dias, no máximo três, todas as 30 vagas são preenchidas. É rápido. A gente vê que a família gosta, que fica emocionada quando vê o seu filho realizar uma atividade que nunca imaginaria que ele teria essa potencialidade”, contou o professor. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE), de 2010, mostram que Maués tem 53 mil habitantes e 14 mil deles têm algum tipo de deficiência em variados níveis. As pessoas com deficiência auditiva seriam cerca de 2 mil. Segundo o professor, há 33 surdos na cidade, com deficiência severa, que são usuários da Libras, e que precisam de intérpretes. Ele conta que o projeto também tem estimulado parentes e amigos de surdos a se interessarem pela Língua Brasileira de Sinais.
A expectativa é que o projeto também seja transformado em vídeo, em 2017, com as peças teatrais das lendas interpretadas em Libras. Além disso, essas histórias poderão ser contadas ainda para pessoas com deficiência visual, por meio de audiodescrição e um livro em braile.
Bianca Paiva, correspondente da Agência Brasil
__________________



 Dicas para incentivar o hábito da leitura infantil
A criança que lê adquire cultura, passa a escrever melhor, tem mais senso crítico, amplia o vocabulário e tem melhor desempenho escolar, dentre muitas outras vantagens. Por isso, é importante ter contato com obras literárias, desde os primeiros meses de vida. Mas como fazer com que crianças em fase de alfabetização se interessem pelos livros? É verdade que, em meio a brinquedos cada vez mais lúdicos e cheios de recursos tecnológicos, essa não é uma tarefa fácil. Mas pequenas ações podem fazer a diferença.

A família tem o papel de mostrar para a criança que a leitura é uma atividade prazerosa, e não apenas uma obrigação. As crianças precisam ser encantadas pela leitura.

Para isso, há diversas atividades que os pais e outros familiares podem colocar em prática com a criança e, assim, fazer do ato de ler um momento divertido.

No período da alfabetização, é interessante misturar a leitura com brincadeira, fazendo, por exemplo, representações da história lida, incentivando a criança a criar os próprios livros e pedindo que a ela ilustre uma história. Além disso, para encantar as crianças pequenas, é essencial brincar com o livro e sempre valorizá-lo. Fica então uma dica: nunca reclame dos preços dos livros diante do seu filho.


A seguir, confira algumas dicas que, se realizadas com determinação e disposição, podem garantir que o seu filho em fase de alfabetização seja um pequeno grande leitor:


1. Respeite o ritmo e o gosto do seu filho
Não se preocupe caso ele leia livros que você considere muito infantil. Cada criança vai apresentar uma evolução diferente em relação isso. Provavelmente, ele escolherá livros diferentes do que você escolheria para ele e seu respeito em relação a isso é essencial. Incentive a leitura que parecer mais agradável a ele e, aos poucos, ele próprio irá buscar outros estilos.

2. Faça passeios que tragam a leitura para o cotidianoProcure proporcionar passeios a livrarias, bibliotecas, museus e ambientes que façam parte de cenários dos seus livros. Por exemplo: caso ele esteja lendo algo sobre animais, proporcione um passeio ao zoológico.

3. Incentive a leitura antes de dormirEnquanto o pequeno ainda não souber ler, leia para ele todas as noites. Isso vai fazer com que ele tenha vontade de aprender ainda mais rápido. Assim que ele próprio já puder fazer a leitura, incentive para que ele tenha alguns minutos para isso, todas as noites, e providencie um abajur para ficar ao lado da sua cama.

4. Improvise representações dos livrosOrganize apresentações teatrais entre ele e seus amigos, para que encenem a história que acabou de ler. Ajude-os na criação de cenários e figurinos e chame uma pequena plateia para prestigiá-los.


5. Organize um clube do livroProponha aos pais dos amigos do seu filho que criem um clube do livro. A cada mês, escolham a história para que todos leiam e depois organizem debates e encenações sobre a obra. Podem ainda promover trocas de livros entre si, incentivando assim que eles conheçam diferentes tipos de estilos literários.

6. Ajude-o a ler melhorCaso a criança tenha dificuldades para ler, é essencial que os pais o ajudem nisso. Leia para ele, acompanhe suas leituras em voz alta, tire dúvidas e o incentive a não desistir.

Expresso MT

"Estórias maravilhosas para aprender se divertindo", uma coleção com 10 livros infantis e juvenis. Quer saber mais, clique aqui.


sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Países ocidentais pedem cessar-fogo em Aleppo, na Síria


Seis países, entre eles, Estados Unidos e França, pediram nesta quarta-feira (7) um cessar-fogo imediato diante da catástrofe humanitária em Aleppo, na Síria. As potências também fizeram um apelo à Rússia e ao Irã para que usem sua influência junto ao regime sírio para obter uma trégua. 
Em uma declaração conjunta publicada pelas presidências da França, Alemanha, Itália, Reino Unido, Canadá e Estados Unidos, os países afirmam que a "urgência absoluta é um cessar-fogo imediato para permitir às Nações Unidas a entrega da ajuda humanitária às populações do leste de Aleppo, e socorrer as pessoas que fugiram".
"Condenamos as ações do regime sírio e de seus aliados estrangeiros, principalmente a Rússia, por obstruírem a ajuda humanitária; condenamos severamente os ataques do regime sírio que devastaram instalações médicas e civis, assim como a utilização de barris explosivos e armas químicas", diz o comunicado, que se une à demanda dos rebeldes sírios de um cessar-fogo imediato de cinco dias para a retirada dos civis, expulsos da Cidade Antiga pelo regime.
Os signatários também exigem que a Síria respeite o direito internacional humanitário, inclusive as Convenções de Genebra, e pedem às Nações Unidas que investiguem os fatos. O comunicado termina com uma frase que já foi repetida dezenas de vezes desde o começo do conflito, em 2011: "Somente uma solução política pode trazer a paz para as pessoas na Síria".
O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Ban Ki-moon, reiterou seu apelo pelo cessar-fogo. julgando desoladora a situação da população civil de Aleppo.
Da Rádio França Internacional

 _____
O livro  “Amor e ódio: não esqueçamos de Aylan Kurdi” 

A peça teatral “Amor e ódio: não esqueçamos de Aylan Kurdi” é um tríler que retrata a atual crise migratória no continente europeu.

O embate das civilizações - a histórica rivalidade entre os extremistas que utilizam o radicalismo religioso para destilar ódio e intolerância, a busca dos fundamentalistas pela hegemoniado pensamento - compõe o substrato em que se desenvolve a trama.

O Estado Islâmico decide promover, na Alemanha, o ato terrorista que ficaria marcado, na história da humanidade, como o maior e mais aterrador de todos os já perpetrados no planeta. 

Contextualizando a filosofia e a geopolítica, a história e as ciências sociais, as políticas de estado e o planejamento estratégico, as personagens movimentam-se provocando, desafiando o leitor a mergulhar fundo na reflexão sobre os mais caros valores à cultura cristã-ocidental: a democracia e a liberdade, a justiça e aos direitos individuais.

Três mulheres homossexuais protagonizam tensas e intensas discussões sobre este traumático universo onde imperam - por maiores que tenham sido os avanços na política – a cólera, o ódio, a intransigência, o sectarismo, a desmedida violência e o fanatismo.

Mulás, imãs, califas, aiatolás, fundamentalismo islâmico de um lado; do outro, as experiências autoritárias no ocidente como o nazismo e o comunismo, a KGB e a Stasi, estruturando o cenário que alimenta a besta-fera da violência, embasa o fortalecimento do nacionalismo, o fechamento das fronteiras, a construção de muros, o desprezo pela cultura do ‘outro’, pelas referências do ‘estranho’, o desdém para com a dor e o suplício por que passam os refugiados e excluídos.

Os terroristas do EI planejam explodir seis bombas nucleares em Berlim, pulverizando a Alemanha e destruindo toda a Europa central. Conseguirão levar a cabo o plano terrífico? Nesta ambientação são sopesados os debates sobre a beleza e a fealdade, o ódio e o amor, o autoritarismo e a democracia, a sexualidade e as liberdades individuais, o fundamentalismo islâmico e os direitos civis.

Kazal al-Atassi - a poeta que teve os membros amputados e o corpo desfigurado por atentados terroristas sofridos na Síria – e sua ex-companheira, Manal al-Atassi, cuja descomunal beleza hipnotiza e encanta, são suspeitas de integrar a brigada terrorista do Estado Islâmico. Anna Decker, a oficial da inteligência militar encarregada de desvendar a sórdida trama. Bismarck Adenauer, ex agente da Stasi, a agência de inteligência da antiga República Democrática Alemã. E mais os personagens saídos das sombras da CIA e da KGB, do Mossad e das agências russa e chinesa..
Mergulhe, caro leitor, neste tríler que – ao denunciar a mais grave crise migratório desde a 2ª Grande Guerra - interage, de maneira vibrante e perturbadora, a realidade e a ficção. 

O livro integra a Coleção Quasar K+: 
Para comprar o seu livro, “Amor e ódio: não esqueçamos de Aylan Kurdi”, clique aqui.