São sete da manhã e
um rapaz de 18 anos liga o computador em sua casa em Vitória, no Espírito
Santo, e dá início à sua rotina de trabalho. Atualiza o status de um dos perfis
que mantém no Facebook: "Alguém tem um filme para recomendar?",
pergunta. Abre outro perfil na mesma rede. "Só queria dormir a tarde
inteira", escreve. Um terceiro perfil: "Estou com muita fome".
Ele intercala esses textos com outros em que apoia políticos brasileiros.
Esses perfis não
tinham sua foto ou nome verdadeiros, assim como os outros 17 que ele disse
controlar no Facebook e no Twitter em troca de R$ 1,2 mil por mês. Eram,
segundo afirma, perfis falsos com fotos roubadas, nomes e cotidianos
inventados. O jovem relatou à BBC Brasil que esses perfis foram usados
ativamente para influenciar o debate político durante as eleições de 2014.
As evidências
reunidas por uma investigação da BBC Brasil ao longo de três meses sugerem que
uma espécie de exército virtual de fakes foi usado por uma empresa com base no
Rio de Janeiro para manipular a opinião pública, principalmente, no pleito de
2014.
A estratégia de
manipulação eleitoral e da opinião pública nas redes sociais seria similar à
usada por russos nas eleições americanas, e já existiria no Brasil ao menos
desde 2012. A reportagem identificou também um caso recente, ativo até novembro
de 2017, de suposto uso da estratégia para beneficiar uma deputada federal do
Rio.
A reportagem
entrevistou quatro pessoas que dizem ser ex-funcionários da empresa, reuniu
vasto material com o histórico da atividade online de mais de 100 supostos
fakes e identificou 13 políticos que teriam se beneficiado da atividade. Não há
evidências de que os políticos soubessem que perfis falsos estavam sendo
usados.
Com ajuda de
especialistas, a BBC Brasil identificou como os perfis se interligavam e seus
padrões típicos de comportamento. Seriam o que pesquisadores começam a
identificar agora como ciborgues, uma evolução dos já conhecidos robôs ou bots,
uma mistura entre pessoas reais e "máquinas" com rastros de atividade
mais difíceis de serem detectados por computador devido ao comportamento mais
parecido com o de humanos.
Parte desses perfis
já vinha sendo pesquisada pelo Laboratório de Estudos sobre Imagem e
Cibercultura (Labic) da Universidade Federal do Espírito Santo, coordenado pelo
pesquisador Fábio Malini.
"Os ciborgues
ou personas geram cortinas de fumaça, orientando discussões para determinados
temas, atacando adversários políticos e criando rumores, com clima de 'já
ganhou' ou 'já perdeu'", afirma ele. Exploram o chamado
"comportamento de manada".
"Ou vencíamos
pelo volume, já que a nossa quantidade de posts era muito maior do que o
público em geral conseguia contra-argumentar, ou conseguíamos estimular pessoas
reais, militâncias, a comprarem nossa briga. Criávamos uma noção de
maioria", diz um dos ex-funcionários entrevistados.
Esta reportagem é a
primeira da série Democracia Ciborgue, em que a BBC Brasil mergulha no universo
dos fakes mercenários, que teriam sido usados por pelo menos uma empresa, mas
que podem ser apenas a ponta do iceberg de um fenômeno que não preocupa apenas
o Brasil, mas também o mundo.
Segundo Pablo
Ortellado, professor do curso de Gestão de Políticas Públicas da Universidade
de São Paulo (USP), a suspeita de que esse seria um serviço oferecido
normalmente para candidatos e grupos políticos "faz pensar que a prática
deva já estar bem disseminada nesse ambiente político polarizado e que vai ser
bastante explorada nas eleições de 2018, que, ao que tudo indica, serão ainda
mais polarizadas que as últimas de 2014".
Philip Howard,
professor do Instituto de Internet da Oxford, vê os ciborgues como "um
perigo para a democracia". "Democracias funcionam bem quando há
informação correta circulando nas redes sociais", afirma, colocando os
fakes ao lado do problema da disseminação das fake news, ou seja, notícias
falsas.
EXÉRCITO FAKE
Em 2012, segundo os
entrevistados pela BBC Brasil, o empresário carioca Eduardo Trevisan,
proprietário da Facemedia, registrada como Face Comunicação On Line Ltda, teria
começado a mobilizar um exército de perfis falsos, contratando até 40 pessoas
espalhadas pelo Brasil que administrariam as contas para, sobretudo, atuar em
campanhas políticas.
Inicialmente, a BBC
Brasil entrou em contato com Trevisan por telefone. Ele negou que sua empresa
crie perfis falsos. "A gente nunca criou perfil falso. Não é esse nosso
trabalho. Nós fazemos monitoramento e rastreamento de redes sociais",
afirmou, pedindo que a reportagem enviasse perguntas por email.
"Os serviços
em campanhas eleitorais prestados pela Facemedia estão descritos e registrados
pelo TSE, de forma transparente. Por questões éticas e contratuais, a Facemedia
não repassa informações de clientes privados", respondeu, posteriormente,
por email (leia resposta completa na parte final desta reportagem).
Trevisan, cujo
perfil pessoal no Twitter carrega a descrição "Brasil, Pátria do
Drible", tem quase um milhão de seguidores. Ele ganhou projeção com sua
página Lei Seca RJ, criada em 2009. Seguida por 1,2 milhão de usuários, ela
alerta motoristas para locais de blitze no Rio. Um ex-funcionário disse ter
sido contratado justamente achando que trabalharia administrando o Twitter do
Lei Seca RJ. "Era um trabalho bem sigiloso. Não sabia que trabalharia com
perfis falsos", diz. Quando descobriu, conta, passou a esconder de amigos
e familiares o que fazia. Hoje, afirma, tem medo de falar, porque trabalhou
"para gente muito importante" e teria assinado um contrato de sigilo
com a empresa.
POLÍTICOS
Os depoimentos dos
entrevistados e os temas dos tuítes e publicações no Facebook levam aos nomes
de 13 políticos que teriam sido beneficiados pelo serviço, entre eles os
senadores Aécio Neves (PSDB-MG) e Renan Calheiros (PMDB-AL) e o atual
presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE).
A atuação era
variada. Para Aécio, perfis supostamente falsos publicaram, por exemplo,
mensagens elogiosas ao candidato durante debate com Dilma Rousseff (PT) na
campanha de 2014: "Aécio é o mais bem preparado". No caso de Renan,
criaram uma hashtag para defendê-lo durante protestos em 2013 que pediam o
impeachment do então presidente do Senado: #MexeuComRenanMexeuComigo. Foi
apoiada por usuários como "Patrick Santino", que usa a imagem de um
ator grego no perfil. Já sobre Eunício, divulgaram voto durante as eleições:
"Vou com 15. Melhores propostas".
Não há evidências
de que os políticos soubessem que o uso de perfis falsos fazia parte de um
serviço de consultoria em redes sociais (veja ao final desta reportagem a
resposta completa de cada um).
MONITORADOS POR
SKYPE
Os funcionários,
segundo os relatos, ficavam em diferentes Estados do país, trabalhando de casa
e monitorados por Skype. Quando se levantava para ir ao banheiro, conta um
deles, era preciso explicar sua ausência pelo Skype a um coordenador.
Jovens e na maioria
das vezes sem curso superior, eles contam que eram chamados na empresa de
"ativadores". Recebiam de profissionais mais graduados uma
"ficha técnica" e perfis prontos do que chamavam de
"personas". Continham foto, nome e história de cada um - de onde era,
se era casado, se tinha filhos e quais eram seus gostos, hobbies e profissão.
Eles teriam de
"ativar" o perfil, alimentando e dando prosseguimento à narrativa
criada, mesclando publicações sobre sua rotina com postagens apoiando políticos.
Segundo as
diferentes entrevistas, um controlador de perfis falsos recebia por volta de R$
800 mensais quando começava a trabalhar na empresa. Nas eleições de 2014, o
salário teria subido para até R$ 2 mil.
Fotos eram
retiradas de bancos de imagens, roubadas de sites de notícias e de perfis
existentes. A BBC Brasil identificou, por meio de pesquisa em ferramenta de
busca, a origem de várias dessas fotos. Uma delas pertencia a uma jovem vítima
de assassinato cuja foto havia sido publicada em um veículo de imprensa local.
Algumas imagens eram manipuladas digitalmente, o que dificulta o rastreamento
de sua origem.
A empresa, segundo
os entrevistados, fornecia chips de celular para autenticar perfis em redes
sociais.
A parte
"robô", ou semiautomatizada, não era sofisticada. Os funcionários
contam e fica claro nas postagens que eram usadas plataformas que possibilitam
a administração de vários perfis ao mesmo tempo, como o Hootsuite (que cobra R$
258 mensais para que três usuários operem 20 perfis em redes sociais ao mesmo
tempo).
Agendavam
publicações que falavam sobre a rotina do personagem e outras mais genéricas,
como "bom dia", "vou almoçar", "boa noite",
"estou cansado", "dia exaustivo", entre outras postagens
semelhantes, para dar a impressão de que se tratavam de perfis reais.
Alguns
"ativadores" passavam o dia fazendo isso, relatam. Outros se
dedicavam a programar publicações para a semana inteira e ficavam de olho para
eventuais interações que tinham de fazer, como responder a mensagens de perfis
reais.
AMIGOS REAIS
Perfis falsos criam
"reputação" e parecem ser legítimos adicionando pessoas aleatórias
com o objetivo de colecionar amigos reais.
Pessoas reais
chegam a dar parabéns a fakes em aniversários mesmo sem conhecê-los e fazem
comentários elogiosos a fotos de perfil, ajudando a criar a sensação de que são
verdadeiros. É desta forma que, inadvertidamente, usuários reais contribuem
para a criação de "reputação".
A reportagem
detectou que os perfis identificados como fakes também interagem entre si -
encontrou até um "casal" de perfis falsos.
Uma ex-funcionária
ouvida pela BBC Brasil afirma que, na época, não sabia que trabalhava
administrando perfis falsos. Segundo ela, quando trabalhou na empresa, de 2012
a 2014, tinha acesso a perfis no Facebook de pessoas que eram
"apoiadores" de candidatos, como se eles tivessem cedido o acesso.
Ela conta que seu trabalho era monitorar o que era publicado sobre candidatos e
fazer comentários que os apoiassem por meio dos perfis que controlava.
"Eu já
desconfiei que não eram de pessoas reais, mas não sei se eram. Eu não tinha
muita malícia na época. Como eu só tinha acesso a publicar determinados
conteúdos, eu não verificava muito os perfis."
Outro
ex-funcionário define o trabalho, do qual chega a ter até um pouco de orgulho:
"Você é só uma pessoa mascarada atrás de um perfil. A resposta é forte, o
retorno é bom. Você sente que realmente faz diferença na campanha".
Quando um fake era
"desmascarado" por outros usuários ou desativados pelas plataformas,
logo havia outro para substituí-lo, que vinha de um grande banco de perfis
falsos criado e mantido pela empresa, também de acordo com os entrevistados.
Muitos dos perfis
reunidos pela BBC Brasil foram abandonados. Cerca de um quinto dos identificados
no Twitter publicaram mensagens pela última vez entre os dias 24 e 27 de
outubro de 2014. O segundo turno das eleições daquele ano aconteceu no dia 26
de outubro.
Um dos
ex-funcionários entrevistados diz que os perfis identificados como falsos pela
BBC Brasil representam apenas uma pequena parcela do fenômeno, já que a empresa
teria criado "milhares" de perfis como estes. Ele diz também que
havia empresas concorrentes fazendo o mesmo no Brasil.
Um tipo de atuação
comum, segundo os entrevistados, era deixar comentários em sites de notícias e
também votar em enquetes, como as do site do Senado, tomando até o cuidado de
deixar a opinião oposta ultrapassar um pouco antes de vencê-la, para que
"tudo parecesse muito orgânico e natural", nas palavras de um
ex-funcionário. "Às vezes, dez pessoas ficavam votando em determinada
opção durante oito horas do dia."
COMO IDENTIFICAR UM
FAKE?
Para identificar os
perfis supostamente falsos, com a ajuda de especialistas, a reportagem levou em
consideração elementos como: o uso de fotos comprovadamente falsas, modificadas
ou roubadas; a publicação de mensagens a partir da mesma ferramenta externa às
redes sociais; o padrão de mensagens que simulam rotina, com repetição de
palavras; a participação ativa nas redes durante debates e
"tuitaços"; atividade apenas durante o horário "útil" do
dia; as recorrentes mensagens de apoio ou de agressão a candidatos específicos
e, por fim, vários casos de datas coincidentes de criação, ativação e
desativação dos perfis.
Malini, o acadêmico
do Espírito Santo cujo grupo que coordena já pesquisava parte dos supostos
fakes identificados pela BBC Brasil, elaborou o que especialistas chamam de
"grafo", um desenho gerado por computador que espelha o histórico da
interação e atividade dos perfis no Twitter. Isso inclui os retuítes, menções a
outros usuários e comentários em tuítes feitos pelos usuários com
características falsas.
O resultado mostra
os perfis com os quais estabeleceram o maior número de interações, gerando uma
espécie de "nuvem".
Nela, aparecem os
políticos mencionados pelos ex-funcionários como clientes da empresa, a página
Lei Seca RJ e, no centro, Eduardo Trevisan, "inflacionado" pela
atividade dos supostos fakes. "Ele é uma figura central, que recebe
menções e retuítes de grande parte dos usuários analisados", afirma
Malini. "Essa alta centralidade salta aos olhos e aponta quem deve ser
investigado", acrescenta.
PAGAMENTOS
Por meio da análise
de pagamentos legais disponíveis ao público em prestações de contas, a BBC Brasil
conseguiu mostrar a ligação da Facemedia de Trevisan com três políticos e um
partido, o PSDB. A empresa recebeu também, neste caso, segundo dados de um
relatório disponível no site da Câmara, transferência de uma agência de
propaganda e marketing. No total, os pagamentos feitos pelas cinco partes somam
R$ 1,2 milhão. Veja em detalhes abaixo, e um resumo da resposta de cada um:
- A empresa de
Trevisan recebeu R$ 360 mil do Comitê Nacional do PSDB para a campanha
presidencial em 2014 pela "prestação de serviços de marketing e
comunicação digital", segundo consta da Prestação de contas do partido. O
PSDB disse que a empresa foi contratada para prestação de serviços de melhoria
e monitoramento de movimento e tendências nas redes sociais.
- A Facemedia também
recebeu R$ 200 mil de Renan Filho (PMDB) em 2014, então candidato ao governo de
Alagoas, segundo a Prestação de contas. A assessoria do político, que venceu a
eleição, disse que a empresa foi contratada para prestação de serviços de
monitoramento e análise digital das redes sociais durante a campanha e
acompanhamento do interesse do eleitor. "Em nenhuma hipótese houve
contratação ou realização de pagamento para a criação de perfis falsos ou
divulgações online por estes em favor da campanha."
- Recebeu também R$
30 mil do ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Vital do Rêgo Filho
(PMDB), então candidato ao governo da Paraíba, de acordo com os dados públicos.
Sua assessoria afirmou que o candidato "utilizou serviços de mídias
sociais para divulgação regular de sua campanha, desconhecendo qualquer criação
de perfis falsos por parte da empresa contratada".
- Os mais recentes
pagamentos encontrados pela reportagem vieram da cota parlamentar do gabinete
da deputada federal Laura Carneiro (PMDB-RJ). A empresa de Trevisan recebeu R$
14 mil por mês por "divulgação da atividade parlamentar por meio da
diagramação, manutenção e alimentação das suas mídias sociais (Instagram,
Facebook, Twitter)" de fevereiro a setembro deste ano, totalizando R$ 112
mil. As datas coincidem com o período de atividade de um grupo de perfis
supostamente falsos identificados pela BBC Brasil atuando na página da
deputada. A assessoria dela disse que "os serviços prestados eram de
monitoramento e de divulgação do mandato parlamentar nas mídias sociais. A
deputada não tem qualquer conhecimento sobre o uso antiético de perfis falsos
em qualquer prestação de serviços realizados por essa empresa".
- Entre março de
2014 e julho de 2014, a Facemedia recebeu R$ 504 mil da agência PVR Propaganda
e Marketing Ltda, de Paulo Vasconcelos, marqueteiro da campanha de Aécio à
Presidência. O pagamento da PVR foi descrito em um relatório produzido pelo
Conselho de Controle de Atividades Financeira (Coaf) em julho deste ano. Não é
possível determinar no registro do pagamento quais dos clientes da PVR teriam
se beneficiado dos serviços da Facemedia. A agência tinha entre seus clientes o
PSDB e a J&F, controladora da JBS. A JBS foi identificada como tema em
diferentes tuítes, entre os reunidos pela BBC Brasil, e também citada por um
ex-funcionário como cliente da Facemedia. A J&F não quis comentar. A PVR
disse que contratou a Facemedia "para prestação de serviços de
monitoramento e análise do ambiente político". A empresa nega que tenha
feito algum pagamento para divulgação da candidatura de Aécio Neves.
OUTROS POLÍTICOS
Um ex-funcionário
de Trevisan cita uma longa lista com outros políticos que também teriam
contratado o serviço. Todos eles foram citados em algum momento pelos perfis
falsos identificados pela BBC Brasil. São eles: o presidente do Senado, Eunício
Oliveira (PMDBCE), os senadores Renan Calheiros (PMDBAL), Eduardo Braga
(PMDB-AM) e Ricardo Ferraço (PSDB-ES), o governador do Espírito Santo, Paulo
Hartung (PMDB), o ex-Prefeito de Vila Velha (ES) Rodney Miranda (DEM), o
secretário municipal de Urbanismo, Infraestrutura e Habitação do Rio de
Janeiro, Índio da Costa (PSD), o ex-senador Gim Argello (DF) e o ex-deputado
estadual Felipe Peixoto (PSB-RJ).
Eles negaram ter
conhecimento sobre qualquer uso de perfis falsos nesse contexto. Não há nenhum
indício de que os citados acima sabiam da existência e do uso de fakes nas suas
redes sociais como parte de um serviço para favorecê-los.
Wallim Vasconcelos,
que foi candidato à presidência do Flamengo, também é citado pelo
ex-funcionário e também foi tema de tuítes de perfis considerados falsos. Ele
encaminhou à BBC Brasil a resposta de sua assessoria à época das eleições.
Disseram que a Facemedia fazia apenas "monitoramento" das redes.
O único citado com
quem a reportagem não conseguiu contato foi Gim Argello, hoje preso da operação
Lava Jato. Seu advogado, Marcelo Bessa, disse que não tem procuração para
responder sobre esse assunto. (leia a íntegra da resposta de todos os citados
no final do texto)
RESPONSABILIDADE
Perfis falsos foram
usados para tentar influenciar as eleições americanas no ano passado e
representam uma crescente preocupação no mundo ao lado das notícias falsas,
facilmente compartilhadas nas redes, e também do papel da propaganda
direcionada nas redes sociais, mecanismo que teria sido usado por russos nas
eleições dos EUA. O Facebook declarou ter desativado 470 contas e páginas
"provavelmente operadas da Rússia", que publicavam conteúdo que
visava causar maior divisão nacional em tópicos como direitos LGBT e questões
raciais e de imigração.
O reflexo desta
tendência no Brasil levou especialistas ouvidos pela BBC Brasil a reforçar um
apelo por ação mais rigorosa tanto do Twitter quanto do Facebook.
Para Pablo
Ortellado, professor da USP, deve haver maior transparência e regulação nas
plataformas como o Facebook, que deve começar a agir "como se fosse um
Estado, já que virou a nova esfera pública" onde acontecem discussões e
interações entre as pessoas. Ou seja, para ele, a plataforma deve começar a se
autorregular, se não quiser ser regulada pelos Estados, um cenário também não
livre de polêmicas.
O Twitter informa
que "a falsa identidade é uma violação" de suas regras. "As
contas do Twitter que representem outra pessoa de maneira confusa ou enganosa
poderão ser permanentemente suspensas de acordo com a Política para Falsa
Identidade do Twitter. Se a atividade automatizada de uma conta violar as
Regras do Twitter ou as Regras de Automação, o Twitter pode tomar medidas em
relação à conta, incluindo a suspensão da conta."
Já o Facebook
informa que suas políticas "não permitem perfis falsos".
"Estamos o tempo todo aperfeiçoando nossos sistemas para detectar e
remover essas contas e todo o conteúdo relacionado a elas. Estamos eliminando
contas falsas em todo o mundo e cooperando com autoridades eleitorais sobre
temas relacionados à segurança online, e esperamos tomar medidas também no
Brasil antes das eleições de 2018."
A empresa também
afirma que não pode comentar os perfis citados na reportagem porque não teve
acesso a eles antes da publicação deste texto. "Entretanto, vale ressaltar
que durante as eleições de 2014 mais de 90 milhões de pessoas no Brasil usaram
a plataforma para debater temas relevantes para elas e engajar com seus
candidatos."
ROTEIRO
O padrão de criação
de uma conta falsa no Twitter e no Facebook, segundo os entrevistados, seguia
um roteiro: durante um ou dois meses, determinado perfil apenas tuitava sobre
sua rotina, publicando tuítes muito parecidos para "martelar" ou
"fixar" seu cotidiano por meio das publicações agendadas, com
características e hobbies que são muito claros: há a mãe que gosta de assistir
a séries e faz pilates, a universitária que fala sobre seus estudos, o síndico
de prédio que gosta de futebol.
De repente, uma
aglomeração de tuítes a favor de determinado político interrompe esse padrão -
e aí entram de fato seres humanos, assistindo aos debates na televisão e
fazendo comentários ou promovendo "tuitaços" a favor de seu
candidato.
Um dos tuitaços de
que participaram os usuários fakes foi para que o perfil Lei Seca RJ fosse
nomeado ao prêmio Shorty, que reconhece pessoas e organizações que produzam bom
conteúdo nas redes sociais.
Em alguns casos, o
histórico revela "reciclagem" de perfis, apoiando diferentes
candidatos ao longo do tempo. Em 5 de outubro de 2014, "Fernanda
Lucci", que usa no perfil uma foto de Petra Mattar, cantora e filha do
ator Maurício Mattar, escreve ter dado seu voto para Renan Filho (PMDB), então
candidato ao governo de Alagoas.
Já no dia 24 de
outubro, escreve: "Dia 26 quero #Eunicio15 para mudar CE", em
referência ao senador Eunício Oliveira (PMDB), que na época concorria ao
governo do Ceará.
Dois meses antes,
ela elogiava Paulo Hartung (PMDB), então candidato ao governo do Espírito
Santo, por sua performance em um debate, sempre incluindo também uma hashtag em
referência a esses políticos.
ATIVIDADE RECENTE
Parte dos perfis
identificados como falsos estavam ativos até novembro deste ano, interagindo,
curtindo e comentando em publicações da deputada federal Laura Carneiro
(PMDB-RJ), como fazem os perfis de "Marcos Vieira" e "Breno
Marson", que tagueiam perfis de pessoas com maior proeminência no Twitter
para tentar aumentar o alcance da publicação.
A assessoria de
imprensa da deputada diz não ter "conhecimento sobre o uso antiético de
perfis falsos em qualquer prestação de serviços realizados por essa
empresa".
Uma publicação
sobre vacinação antirrábica na página do Facebook da parlamentar, do dia 26 de
setembro deste ano, tem nove comentários. Cinco deles foram feitos por perfis
identificados como ciborgues, com poucos minutos de diferença.
"Romulo
Borges" comenta que a iniciativa da deputada é "Super
importante!!!". Ele tem 71 amigos e começou a publicar no Facebook, em
março deste ano, textos como "esperando a hora de chegar em casa e comer sobra
de pizza" e "segunda-feira chuvosa e fria", sempre da plataforma
Hootsuite.
"Borges"
também tem um perfil no Twitter, com a mesma foto e mesmo nome. Foi criado em
2010 e ficou ativo entre julho e outubro de 2014, quando tuitava sobre sua
rotina ("bom dia", "trabalho pesado", "fome",
"boa noite" são expressões recorrentes).
Na época, chegou a
tuitar sobre um debate entre Dilma Rousseff (PT) e Aécio, criticando a
performance de Dilma. Encerrou suas atividades no fim de outubro daquele ano e
só voltou em março de 2017. Hoje em dia, curte no Twitter quase todas as
publicações de Laura Carneiro. Uma pesquisa feita pela BBC Brasil revela que
sua foto, na realidade, pertence a outra pessoa.
ATOR GREGO
Também fora de
campanha, mas em 2013, Renan Calheiros (PMDB-AL) teria contratado a empresa
para cuidar de sua imagem, segundo um dos entrevistados.
Naquele ano, quando
manifestações pelo Brasil pediam o impeachment do então presidente do Senado,
os perfis supostamente falsos criaram a hashtag #MexeuComRenanMexeuComigo,
defendendo o político nas redes e criando a falsa ilusão de que ele era apoiado
por aquele grupo de pessoas.
O perfil falso
abaixo, de "Patrick Santino", entrou em uma briga com outro usuário
(que já não está mais ativo) usando a hashtag para defender o senador, num
tuíte replicado 777 vezes. Sua foto de perfil pertence ao ator e cantor grego
Sakis Rouvas.
PRESSÃO POR PROJETO
DE LEI
Ao menos oito
perfis falsos identificados pela BBC Brasil fizeram postagens positivas em
relação à Friboi, da JBS. Segundo um dos entrevistados pela reportagem, a
empresa contratou os serviços da agência para "botar pressão" pela
aprovação de um projeto de lei que exigisse de todos abatedouros no Brasil um
selo mais rígido - favorecendo o frigorífico, que teria a capacidade de tê-lo.
A J&F Investimentos, holding que controla a JBS, não quis comentar.
"Letícia
Priori" está no Twitter e no Facebook, onde já escreveu sobre Aécio Neves
(PSDB), Renan Filho (PMDB) e Eunício Oliveira (PMDB). Quando não fala sobre políticos,
escreve a respeito das sobrinhas e do chefe. E, numa manhã de quarta-feira,
recomenda a seus seguidores uma receita da Friboi, acompanhada de sua hashtag.
A foto de "Letícia" pertence a uma mulher morta. A BBC Brasil tentou
entrar em contato, sem sucesso, com a família da jovem real, assassinada de
forma brutal no Rio de Janeiro.
ATAQUE A INIMIGOS
Os perfis, segundo
os entrevistados, também participavam de grupos políticos no Facebook. A BBC
Brasil identificou um grupo contra Renato Casagrande (PSB), então candidato ao
governo do Espírito Santo, criado por "Deborah Mendes", que usa foto
de perfil retirada de um banco de imagens e é um dos perfis que seriam ligados
à Facemedia. A atividade da página mostra que ela adicionou um funcionário da
Facemedia ao grupo.
Casagrande
disputava as eleições com o atual governador Paulo Hartung (PMDB), defendido
pelos perfis falsos.
Ao menos uma dezena
dos membros do grupo são fakes. Outra parte é composta por pessoas verdadeiras,
que foram expostas às postagens no grupo, visualizando notícias e comentários
publicados por eles, sempre contra o candidato. Quando um perfil publicava uma
notícia, imediatamente outros comentavam abaixo dela, dando "força" à
publicação.
'ESSE TAL DE
TWITTER'
Em 2009, Trevisan
foi convidado para o programa matinal de Ana Maria Braga na TV Globo para falar
sobre "esse tal de Twitter", nas palavras dela. Apresentou-se como
"consultor de marketing", que trabalhava "monitorando marcas e
produtos" nas redes sociais e disse ter recebido treinamento dos
"papas de Twitter" da campanha do então presidente americano Barack
Obama. Em seu Instagram, Trevisan posta imagens com logos do Facebook e do
Twitter agradecendo sua existência.
Foi entrevistado
várias vezes para reportagens sobre a página Lei Seca RJ, sempre dizendo que
ela fora criada com o intuito de melhorar a vida de quem não havia bebido e
perdia tempo nas filas das blitze no Rio - e não por quem bebe acima do limite,
dirige e quer escapar da lei.
Em 2010, Trevisan
foi homenageado pela Câmara Municipal do Rio de Janeiro "por seu relevante
serviço voluntário prestado em prol dos atingidos pelas fortes chuvas do mês de
abril" - a autora da proposta foi a então vereadora Clarissa Garotinho. Na
época, a página Lei Seca RJ orientou seguidores publicando informações sobre as
enchentes.
IMPLICAÇÕES LEGAIS
Apenas criar um
perfil falso sem a intenção de enganar os outros, ou seja, de modo
transparente, não é ilegal e "se aproxima ao conceito do pseudônimo, de
criar uma identidade nova", diz a advogada Patrícia Peck, especialista em
direito digital. "Onde começa a ter problema? Quando o pseudônimo existir
com a finalidade de enganar outros, entrando no crime da falsa
identidade."
A criação de perfis
expostos nessa reportagem, segundo ela, se encaixaria no crime de falsa
identidade, já que interagiram com outras pessoas sem deixar claro que eram
falsos. A pena é detenção de três meses a um ano ou multa.
Os perfis falsos
que usaram imagens de pessoas reais cometeram o ilícito civil do uso não autorizado
de imagem. As pessoas reais, donas das fotos, podem pedir indenização. Também
podem alegar na Justiça que houve crime contra a honra, por difamação -
"quando você fala como se fosse outra pessoa, pode construir uma imagem
diferente da dela e ferir sua imagem e reputação", diz Peck. A pena é de
três meses a um ano de detenção e multa.
A criação de
personagens nas redes sociais também pode ser enquadrada no crime de falsidade
ideológica, na visão de Peck, para quem as páginas são uma espécie de documento,
cuja falsificação é pré-requisito para esse tipo de crime. A pena é reclusão de
um a três anos e multa.
E, por fim, caso
seja provado que houve alguma espécie de ganho com a criação dos perfis falsos,
é possível que seja enquadrada no crime de estelionato. A pena é reclusão de um
a cinco anos e multa.
A transgressão é
menos clara no campo político, mas foi em parte endereçada na reforma eleitoral
aprovada em outubro. E o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) se prepara para
divulgar até dezembro um conjunto de novas regras de comportamento online para
partidos e candidatos.
A nova legislação
proíbe "a veiculação de conteúdos de cunho eleitoral" por meio de
"cadastro de usuário de aplicação de internet com a intenção de falsear
identidade".
Mas isso durante o
período eleitoral - já passaram os prazos para quaisquer reclamações referentes
às eleições de 2012 e 2014.
O QUE DIZEM OS
CITADOS NA REPORTAGEM
Eduardo Trevisan
"A Facemedia é
uma empresa de comunicação digital consolidada no mercado há dez anos. Nesse
período, prestamos serviços para mais de uma centena de clientes. Nossa empresa
é especializada em planejamento estratégico de marketing digital, criação e
manutenção de sites e perfis, monitoramento de redes e bigdata, especializada
em diversas técnicas de marketing como SEO, SEM, copywriting, branding, design
thinking, relacionamento com influenciadores digitais entre outros. Além de
atender a ampla carteira de clientes privados, a Facemedia utiliza seu know-how
de mobilização digital em causas sociais. Em 2011, por exemplo, a Facemedia foi
agraciada pelo The New York Times com o 'Oscar do Twitter', pela ajuda
humanitária aos desabrigados da tragédia das chuvas que atingiram a Região
Serrana no Rio de Janeiro. Na ocasião, centenas de pessoas em situação de risco
foram ajudadas por meio dos canais digitais da empresa, com mais de 5 milhões
de pessoas conectadas. As conexões entre os perfis são estabelecidas por
critérios das próprias redes sociais, inexistindo o conceito de 'vinculação',
sugerido na pergunta. Os serviços em campanhas eleitorais prestados pela
Facemedia estão descritos e registrados pelo TSE, de forma transparente. Por
questões éticas e contratuais, a Facemedia não repassa informações de clientes
privados."
PSDB
"A empresa
Face Comunicação On Line Ltda. foi contratada no primeiro turno das eleições de
2014 para prestação de serviços à eleição presidencial, que consistiu em
monitoramento e análises de movimentos e tendências em Redes Sociais. O PSDB
desconhece o suposto uso de perfis falsos por referida empresa e registra que
jamais fez uso dessa forma de divulgação de mensagens em redes sociais ou
qualquer outro ambiente."
Aécio Neves (PSDB)
Por meio de sua
assessoria, o senador diz não conhecer a empresa em questão.
Renan Filho (PMDB)
"A empresa em
questão prestou à campanha do atual governador Renan Filho, mediante contrato e
objetivo expressamente delineados, os serviços de monitoramento e análise
digital, fornecendo à campanha informações capazes de projetar/avaliar a
densidade eleitoral das candidaturas através do nível de interesse apresentado
pelo eleitor, conforme suas preferências manifestadas na rede social. A despesa
em questão consta da Prestação de contas do então candidato e foi devidamente
aprovada pelo TRE/AL. Em nenhuma hipótese houve contratação ou realização de
pagamento para a criação de perfis falsos ou divulgações online por estes em
favor da campanha."
Vital do Rêgo Filho
(PMDB)
"A coordenação
da campanha de Vital do Rêgo para o governo da Paraíba, em 2014, contratou
serviços de mídias sociais para divulgação regular de sua campanha,
desconhecendo qualquer criação de perfis falsos por parte da empresa
contratada. Todas as despesas da campanha constam da Prestação de contas,
devidamente aprovada pelo TSE. A coordenação da campanha afirma ainda o seu
inteiro repúdio a esse tipo de prática."
PVR Propaganda e
Marketing Ltda
"A empresa só
reconhece pagamentos feitos no primeiro semestre de 2014. A PVR pagou R$ 504
mil à empresa Face Media por serviços de monitoramento e análise do cenário
político em internet e redes sociais. A PVR não pagou pela divulgação da
candidatura de Aécio Neves nem de produtos da JBS. O contrato da PVR com a
J&F não prevê isso e não existe outra prestação de serviços à J&F que
não seja o contratado. Não existe nenhuma solicitação de contratação deste tipo
de serviço pela PVR durante os quatro meses em que durou o contrato com a Face
Media." Também ressaltou que o Coaf não encontrou nenhuma irregularidade
em suas movimentações.
J&F
Não quis comentar.
Laura Carneiro
(PMDB)
"O gabinete da
deputada Laura Carneiro informa que contratou os serviços da Face Comunicação
On Line Ltda em fevereiro de 2017, conforme Prestação de contas no Portal da
Transparência da Câmara dos deputados. A empresa foi contratada pelo histórico
de trabalhos no Brasil e no exterior, e por seu bom conceito no mercado. Os
serviços eram de monitoramento e de divulgação do mandato parlamentar nas
mídias sociais. A assessoria da deputada não tem qualquer conhecimento sobre o
uso antiético de perfis falsos em qualquer prestação de serviços realizados por
essa empresa."
Eunício Oliveira
(PMDB)
"O senador
Eunício Oliveira desconhece e em nenhum momento autorizou o uso de perfis
falsos em suas campanhas eleitorais. O senador lamenta o uso e a disseminação
de perfis e notícias falsos em qualquer tipo de comunicação."
Renan Calheiros
(PMDB)
"Renan
Calheiros afirma que jamais contratou esse tipo de serviço. Em 2013, o senador
sequer participava efetivamente das redes sociais, o que aconteceu apenas a
partir do final do ano passado. Uma das grandes preocupações do senador
atualmente é com o alcance orgânico das publicações e com as reações de perfis
verdadeiros, que realmente representem o pensamento da sociedade. Nos últimos
meses, o parlamentar tem feito discursos defendendo a fiscalização dos
conteúdos postados por fakes em redes sociais. Renan, inclusive, tem sido
vítima constante de ataques, especialmente quando faz críticas aos excessos
cometidos por integrantes do Ministério Público ou defende a proibição do
comércio de armas. Como forma de resguardar o processo democrático nas eleições
que se aproximam, o senador acredita que é preciso criar ferramentas para
fiscalizar e punir a disseminação de mentiras e ódio nas redes sociais."
Eduardo Braga
(PMDB)
O senador informou
que não contratou nem ouviu falar da empresa Facemedia.
Ricardo Ferraço
(PSDB)
"No curto
período de maio a dezembro de 2012, a empresa Face Comunicação Online Ltda.
prestou serviços de assessoria de comunicação digital ao meu gabinete, com o
objetivo de estruturar o uso de mídias sociais. Os serviços contratados eram de
diagnóstico, monitoramento de redes e consultoria de conteúdo de postagens.
Jamais foi contratada, solicitada ou autorizada qualquer estratégia de
comunicação que não fosse legal e ética. De mesmo modo, nunca orientei ou tive
informação de que tal empresa se valia de algum expediente que não os legais e
éticos, muito menos com a utilização de perfis fakes na internet. Obviamente, estou
surpreso."
Gim Argello
A reportagem não
conseguiu contato com a assessoria de Gim Argello, hoje preso da Lava Jato. Seu
advogado disse que não poderia responder sobre o tema.
Paulo Hartung
(PMDB)
"Por meio da
assessoria, o governador Paulo Hartung declarou que repudia o uso de qualquer
tipo de mecanismo que utilize influência criminosa da tecnologia no processo
eleitoral e no dia a dia das pessoas. De acordo com a assessoria, na última
eleição, o governador utilizou uma equipe enxuta de comunicação, que foi
responsável pelo atendimento à imprensa e mídias sociais. Acreditamos que as
redes viabilizam um canal direto com a população que participou com
questionamentos, contribuições e reflexões. O governador rechaça qualquer
informação sobre uso de perfis fakes na campanha no último pleito eleitoral ao
Poder Executivo Estadual."
Rodney Miranda
(DEM)
"Por meio de
sua assessoria de imprensa, Rodney Miranda esclareceu que desconhece a atuação
da empresa mencionada e ratificou que o trabalho nas redes sociais foi, à
época, desenvolvido por apoiadores do então candidato."
Índio da Costa
(PSD)
"O deputado
federal licenciado e atual secretário municipal de Urbanismo, Infraestrutura e
Habitação esclarece que não contratou os serviços citados e por isso nada tem a
dizer sobre o assunto."
Felipe Peixoto
(PSB)
"Reafirmamos
que nossas campanhas sempre foram pautadas pela ética e transparência e
repudiamos qualquer utilização de mecanismos fora desses princípios em nossas
atuações."
Assessoria que
prestou serviços a Wallim Vasconcelos na época da eleição
"O uso da
Facemedia em campanha foi para monitoramento e reação nas redes. Pelo tempo
curto de campanha, optamos por receber relatórios sobre performance nas redes
sociais. Fechamos um valor simbólico, já que nossa campanha foi toda feita
através de voluntários, e apoiadores. Recebíamos relatórios de aceitação da
chapa nas redes. Um termômetro que apontava pontos positivos e negativos das
chapas (tanto a nossa quanto dos concorrentes), dos candidatos e seus
apoiadores. O trabalho deles era somente monitorar, captar dados, compilar
relatórios para que tivéssemos como trabalhar nossa estratégia de atuação. Eles
nunca usaram nossas redes de campanha nem acesso a dados nossos. Na reta final
de campanha, surgiram nas redes perfis fakes, em grande quantidade, e ao
questionarmos sobre este surgimento, se estava associado à agência, recebemos a
resposta formal por eles, que não se utilizam desta estratégia. Na ocasião
passamos a denunciar os perfis, que era a única forma de combater a atuação,
uma vez que não tínhamos como saber sua origem."
Por Juliana Gragnani da BBC Brasil
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A arte de escrever bem
Escrever é uma necessidade vital, um fundamento sem o qual a comunicação perde em substância.
Os desafios do dia a dia exigem intensa troca de mensagens, seja nas redes sociais, seja nas corporativas: relacionamentos pessoais, correio eletrônico, elaboração de projetos e relatórios, participação em concursos e processos seletivos, negociações empresariais, tratados corporativos, convenções políticas, projetos literários... Tarefas que se tornam triviais, textos que se tornam mais adequados e elegantes quando as técnicas para a elaboração da redação criativa se encontram sob inteiro domínio. E não é só. Escrever está umbilicalmente vinculado à qualidade de vida, à saúde, ao bem-estar.
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