terça-feira, 22 de agosto de 2017

Memphis "ressuscita" Elvis 40 anos após sua morte

EFE

Apesar de anos e décadas terem se passado, o mito de Elvis Aaron Presley se recusa a desaparecer, e milhares de pessoas se reúnem nesta semana em Memphis, onde "o rei do rock" se tornou uma lenda, para reviver sua inesquecível figura no 40º aniversário de sua morte.
A cidade, na qual Elvis (Tupelo, 1935) construiu a mansão de Graceland, comemora todos os anos a "Semana Elvis", uma enorme festa que reúne os admiradores do músico por volta de cada 16 de agosto, dia em que o cantor faleceu em 1977.
Os visitantes, muitos deles caracterizados com o topete e as extravagantes roupas de Elvis, podem aproveitar uma programação preparada especialmente para os fãs do "rei do rock": desde shows a leilões de objetos do artista, além do imperdível concurso de imitadores.
Há também atrações mais incomuns, talvez mais apropriadas para especialistas e aficionados por Elvis, como um debate com compositores que escreveram músicas para o cantor, recitais da época gospel do artista e até uma corrida beneficente de cinco quilômetros.
No entanto, o ponto alto da "Semana Elvis" em Memphis é a vigília que acontece em Graceland e na qual os fãs se reúnem para passar a noite, entre velas e lembranças, até o nascer do sol em 16 de agosto, data do 40º aniversário da morte do ídolo.
De alguma maneira, parece que o espírito do "rei do rock" continua presente na cidade entre seus admiradores.
"Foram muitas coisas. Inclusive em sua carreira: tem o jovem Elvis, o Elvis do exército e o Elvis de Las Vegas ", explica ao jornal local "The Commercial Appeal" a fã Marjorie Wilkinson.
Sua amiga Mary Hinds, que há 25 anos participa da "Semana Elvis", acrescentou que o artista foi uma "referência": "Passou de cantor a lenda do rock and roll e depois uma figura mítica".
Poucos artistas transformaram de cima a baixo a cultura pop no século XX como Elvis, com sua empolgante aparição nos anos 50 e com uma carreira que inclui sucessos como "Suspicious Minds", "Hound Dog", "Jailhouse Rock" e "Can't Help Falling in Love".
Unindo estilos do country e do rhythm and blues até moldar o pulsante e visceral som do rockabilly, Elvis encantou os jovens e espantou os adultos, à base de sexualidade, olhares românticos, irresistíveis danças e a ousadia de quem nasceu para arrasar no palco.
Sua vida também foi um exemplo das contradições do sonho americano: o deus que tocou o céu nos anos 50; o homem confuso dos anos 60, o contraponto frente a Bob Dylan, Beatles e o movimento hippie; e a ave fênix que ressuscitou nos anos 70 para finalmente sucumbir à autodestruição consumido pelo vício em fármacos.
"Elvis, em seus melhores momentos, não só simboliza, mas encarna muito do que há de bom nos Estados Unidos", escreveu o respeitado crítico de rock Greil Marcus no livro "Mystery Train" (1975).
"Prazer sexual às vezes simples e outras vezes complexo, mas sempre aberto; amor pelas raízes e respeito ao passado; rejeição do passado e necessidade de novidades (...); ardente desejo de se tornar rico e de aproveitar da vida; afeição natural pelos carros grandes, os vestidos ostentosos, os símbolos de status (...). Já faz tempo que Elvis se transformou em um desses símbolos", resumiu Marcus.
À margem do significado e importância de seu legado artístico, Elvis continua sendo, 40 anos após sua morte, uma fonte inesgotável de negócio e de inspiração.
Com US$ 27 milhões, Elvis foi a quarta celebridade falecida que mais gerou dinheiro em 2016, atrás do cantor Michael Jackson, o caricaturista Charles M. Schulz e o golfista Arnold Palmer, segundo a lista anual da revista "Forbes".
No mundo audiovisual, os irmãos Weinstein, habituais colaboradores do cineasta Quentin Tarantino, preparam uma minissérie de televisão sobre a vida de Elvis, uma produção que conta com a aprovação de sua ex-mulher, Priscilla Presley, e que será a primeira atração filmada em Graceland.
Por David Villafranca, da EFE




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