terça-feira, 8 de agosto de 2017

Theatro Municipal encena ópera-balé com renda para pagamento de funcionários


O Theatro Municipal do Rio de Janeiro estreia nova montagem da ópera-balé La Tragédie de Carmen, adaptação de Peter Brook e Marius Constant para a ópera Carmen, de Bizet, na próxima quarta-feira (9). Com direção de Juliana Santos e Menelick Carvalho, a montagem contará com três elencos de cantores, alguns dos quais integrantes da Academia de Ópera Bidu Sayão, além da participação especial de bailarinos do corpo de balé do teatro, coreografados por Marcelo Misalidis.
A ópera ficará em cartaz até o dia 19. No domingo (13), às 11h30, será feita uma apresentação a preços populares, com o ingresso a R$ 1.
Toda a renda das apresentações será revertida para o pagamento de salários atrasados dos funcionários do Theatro Municipal.
“Nós temos tocado o Theatro Municipal em parceria com os funcionários. O compromisso da nossa gestão é que todas as arrecadações sejam revertidas para o pagamento dos salários dos funcionários nesse momento que estamos vivendo essa crise tão grave no estado”, disse o secretário de estado de Cultura do Rio de Janeiro e presidente do Theatro Municipal, André Lazaroni.
Segundo ele,  graças a arrecadações, a secretaria pôde pagar o salário de maio dos empregados do Theatro Municipal e é com a receita do próximo espetáculo que pretende pagar “em breve” o salário de junho. A renda resultante do aluguel do teatro para eventos e shows tem a mesma destinação, disse.
Prata da casa
André Lazaroni informou que tem conseguido reduzir os custos do Theatro Municipal valorizando “a prata da casa”.
“Temos conseguido reduzir muito os custos da ópera, do balé, trabalhando junto com os funcionários, utilizando cenários passados que já tínhamos na nossa central técnica de produções. Com isso, temos conseguido fazer caixa. Mas a maior parte da receita vem de aluguéis para shows e eventos no Theatro Municipal, que têm sido reservados para o pagamento dos funcionários”.
Em relação ao décimo terceiro salário de 2016, o secretário admitiu que só deverá ser pago quando for viabilizado o socorro financeiro da União ao governo fluminense.
Em sua gestão como presidente do Theatro Municipal, André Lazaroni quer fazer com que a sociedade crie um “sentimento de pertencimento” pelo teatro. “A sociedade ainda não se sente proprietária do teatro. Existe uma pequena camada que sabe que o Theatro Municipal é do estado, pertence à população. A gente quer popularizar, dar acesso à população”.
Segundo Lazaroni, popularizar é gerar público para o Theatro Municipal e fazer com que toda a sociedade tenha oportunidade de comprar ingresso e frequentar o espaço. Com ingressos a R$ 1, a ópera-balé Carmen dá oportunidade às pessoas, que não têm condição de comprar ingresso a preços normais, de ter acesso ao equipamento. “Essa é a marca da nossa instituição”, garantiu Lazaroni.
Versão
A versão da ópera Carmen, de Bizet, que o Theatro Municipal apresenta nos dias 9, 10, 12, 17 e 18 de agosto, às 20h; no dia 19, às 20h30; e no dia 13, às 11h30, é inédita na cidade do Rio de Janeiro.
Ao mesmo tempo em que traz todas as melodias e cenas mais famosas da obra original, La Tragédie de Carmen concentra a ação nos quatro protagonistas em um espetáculo de pouco mais de uma hora de duração.
A maestrina Priscila Bomfim, que dividirá a regência e a direção musical do espetáculo com o maestro Jésus Figueiredo, disse à Agência Brasil que uma das características da montagem é que a música original de Bizet foi adaptada “de forma genial, sem perder a qualidade sonora” por Marius Constant para um conjunto de 15 músicos da orquestra do próprio teatro, que serão solistas.
“Isso dá uma importância muito grande a cada músico da orquestra porque cada um deles se torna um solista que ajuda a contar a história de cada personagem”.
A trama foi reduzida por Constant com o intuito de fazer com que o público “fique totalmente ligado”  do início ao fim da ópera. “Ele simplifica a trama original, deixando o que tem de mais intenso na música, e extrai dali toda a essência, esse drama, e faz essa ópera concisa da Carmen”.
O espetáculo apresenta também bailarinos solistas do corpo artístico do teatro. “Nossa intenção é usar todos os corpos artísticos da casa”, disse a maestrina. “Nós estamos envolvendo não só a orquestra, mas alguns cantores da casa, alguns bailarinos, para que o teatro seja representado pelos seus três corpos artísticos. Por isso chamamos ópera-balé”.
Alguns cantores são oriundos da Academia de Ópera Bidu Sayão, pertencente ao Theatro Municipal e criada no final de 2015, que é dedicada à formação de jovens solistas. O objetivo da academia é inserir os jovens solistas no ambiente profissional. Alguns deles estão fazendo sua estreia nessa montagem.
Carmen
A ópera original Carmen, de Bizet, fez sua estreia no 'L'Opéra-Comique', em Paris, em 1875, e gerou muitas controvérsias, porque a plateia, acostumada com obras que tratavam de assuntos nobres, ficou chocada com a história que abordava a vida de soldados criminosos e tinha como personagem principal uma cigana sem qualquer moral.
A aclamação popular só aconteceu em outubro daquele ano, quando a ópera foi encenada em Viena, Áustria. Foi apresentada no Brasil pela primeira vez em 1881, no Teatro D. Pedro II do Rio de Janeiro. No dia 6 de setembro de 1913, ocorreu a primeira apresentação da ópera no Theatro Municipal, cantada no idioma italiano.
Em 1983, o diretor cênico, Peter Brook, em colaboração com o escritor Jean-Claude Carrière e o compositor Marius Constant, apresentou, em Paris, sua adaptação de Carmen, denominada La Tragédie de Carmen, com duração de apenas 90 minutos, eliminando muitos personagens para concentrar a ação nos quatro personagens principais.
Por Alana Gandra, da Agência Brasil

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O livro com a peça teatral Irena Sendler, minha Irena:


A história registra as ações de um grande herói, o espião e membro do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, Oskar Schindler, que salvou cerca de 1.200 judeus durante o genocídio perpetrado pelos nazistas. O industrial alemão empregava os judeus em suas fábricas de esmaltes e munições, localizadas na Polónia e na, então, Tchecoslováquia.   

Irena Sendler, utilizando-se, tão somente, de sua posição profissional – assistente social do Departamento de Bem-estar Social de Varsóvia – e se valendo de muita coragem, criatividade e altruísmo, conseguiu salvar mais de 2.500 crianças judias.

"O Anjo do Gueto de Varsóvia", como ficou conhecida Irena Sendlerowa, conseguiu salvar milhares de vidas ao convencer famílias cristãs polonesas a esconder, abrigando em seus lares, os pequeninos cujo pecado capital – sob a ótica do führer – consistia em serem filhos de pais judeus.

Período: 2ª Guerra Mundial, Polônia ocupada pela Alemanha nazista. A ideologia de extrema-direita que sistematizou o racismo científico e levou o antissemitismo ao extremo com a Solução Final, implementava a eliminação dos judeus do continente europeu.

A guerra desencadeada pelos nazistas – a maior deflagração do planeta – mobilizou 100 milhões de militares, provocando a maior carnificina já experimentada pela humanidade, entre 50 e 70 milhões de mortes, incluindo a barbárie absoluta, o Holocausto, o genocídio, o assassinato em massa de 6 milhões de judeus.

Este é o contexto que inspirou o autor a escrever a peça teatral “Irena Sendler, minha Irena”.

Para dar sustentação à trama dramática, Antônio Carlos mergulhou fundo na pesquisa histórica, promovendo a vasta investigação que conferiu à peça um realismo que inquieta, suscitando reflexões sobre as razões que levam o homem a entranhar tão exageradamente no infesto, no sinistro, no maléfico. Por outro lado, como se desanuviando o anverso da mesma moeda, destaca personagens da vida real como Irena Sendler, seres que, mesmo diante das adversidades, da brutalidade mais atroz, invariavelmente optam pelo altruísmo, pela caridade, pela luz.

É quando o autor interage a realidade à ficção que desponta o rico e insólito universo com personagens intensos – de complexa construção psicológica - maquinações ardilosas, intrigas e conspirações maquiavélicas, complôs e subterfúgios delineados para brindar o leitor – não com a catarse, o êxtase, o enlevo – e sim com a reflexão crítica e a oxigenação do pensamento.
Dividida em oito atos, a peça traz à tona o processo de desumanização construído pelas diferentes correntes políticas. Sob o regime nazista, Irena Sandler foi presa e torturada – só não executada porque conseguiu fugir. O término da guerra, em 1945, que deveria levar à liberdade, lancinou o “Anjo do Gueto” com novas violências, novas intolerâncias, novas repressões. Um novo autoritarismo dominava a Polônia e o leste Europeu. Tão obscuro e cruel quanto o de Hitler, Heydrich, Goebbels, Hess e Menguele, surgia o sistema que prometia a sociedade igualitária, sem classes sociais, assentada na propriedade comum dos meios de produção. Como a fascista, a ditadura comunista, também, planejava erigir o novo homem, o novo mundo. Além de continuar perseguindo Irena, apagou-a dos livros e da historiografia oficial, situação que só cessaria com o debacle do império vermelho e a ascensão da democracia, na Polônia, em 1989.


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