O Brasil está vivendo um “apagão” grande e preocupante na formação de
professores, e deve encontrar caminhos para estimular a formação desses
profissionais. A avaliação é da diretora da Federação Nacional das Escolas
Particulares (Fenep) Amábile Pacios. Segundo ela, a falta de professores para
as matérias de exatas é o que mais preocupa.
O tema foi abordado hoje (15) durante audiência pública da Comissão de
Educação da Câmara dos Deputados. “Temos que incentivar as instituições a
continuar investindo nos cursos de licenciatura, apesar da baixíssima procura,
e incentivar as universidades federais a continuar formando professores, e
acima de tudo convocar a juventude para a profissão de ser professor. Em todos
os aspectos, nenhum país pode ir para a frente se não tiver professor. A
educação acontece diariamente, com o professor em sala de aula”, disse Amábile.
Na avaliação da professora, o desinteresse dos alunos na carreira
decorre da desvalorização da profissão na sociedade. “Esse desprestígio da
profissão por parte da sociedade e das famílias desestimula as pessoas a
fazerem cursos de licenciatura”. Uma sugestão apresentada por ela é a de
oferecer vantagens para entidades privadas que quiserem exercer o papel de
formar professores no país, como a facilitação na avaliação de instituições que
oferecerem cursos de licenciaturas. A proposta já foi apresentada ao Ministério
da Educação.
Financiamento
Durante a audiência, o diretor Executivo do Sindicato das Entidades
Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior de São Paulo (Semesp),
Rodrigo Capelato, defendeu mudanças na forma de financiamento do ensino
superior. A entidade apoia o modelo australiano, que leva em consideração o
desempenho do estudante no mercado de trabalho depois da formação, ou seja, se
houver frustração de renda, seja porque o indivíduo teve desempenho ruim no
mercado de trabalho, ou porque ficou muito tempo desempregado, o valor de sua
dívida é reduzido proporcionalmente.
Na avaliação de Capelato, o Brasil deve refletir sobre o modelo de
financiamento para o ensino superior que deve ser adotado. “A primeira pergunta
que termos que responder é: nós queremos uma universidade gratuita ou queremos
financiamento para todos? No mundo, existem países que adotam a universidade
gratuita, mas ela é para todos, ou ela é paga, mas há financiamento para todos.
O Brasil não se posiciona nem de um lado nem de outro. Então, o gratuito muitas
vezes é para uma pequena elite”, disse.
Capelato apresentou um estudo da entidade com novas propostas de
diretrizes de políticas públicas para o ensino superior. “Nosso objetivo é
estimular e dar início à discussão de uma nova proposta de desenvolvimento de
uma política pública para o ensino superior de longo prazo. Que se mudem os
governos, mas que a política pública continue visando dez, vinte anos”, disse.
Por Sabrina Craide, da Agência
Brasil
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