quarta-feira, 19 de abril de 2017

Mostra em SP apresenta filmes censurados em diversas épocas da história mundial


O Sesc Vila Mariana exibe gratuitamente uma série de filmes para promover uma discussão sobre as diferentes formas de censura a artistas e obras em vários contextos históricos. A exibição faz parte do projeto Cortina Fechada: Territórios da Arte. Na programação, estão longas-metragens de Luis Garcia Berlanga, Fritz Lang, Eisenstein, Costa-Gravas, Godard entre outros, divididos em eixos temáticos, os filmes foram selecionados pela cineasta Lúcia Murat.
A mostra inclui dois filmes do cineasta espanhol Luis Garcia Berlanga. Nascido em uma família de tradição republicana, ele teve o pai perseguido e preso durante a guerra civil. Aos 16 anos, Berlanga lutou na Batalha de Teruel (embora tenha o nome de batalha, o episódio transcorreu de dezembro de 1937 a fevereiro de 1938, no norte da Espanha, e foi uma das ações mais sangrentas da guerra, com mais de 140 mil mortes e com a cidade mudando de mãos várias vezes entre republicanos e nacionalistas até ser definitivamente retomada por Francisco Franco). Depois, estudou letras e cinema. Sofreu censura durante o regime franquista e muitos dso enredos dos filmes foram alterados com cortes de cenas. Apesar disso, é conhecido pela capacidade de imprimir com sutileza seus ideais, se esquivando da censura de da época.
No sábado (15), às 14h, será a vez de Bienvenido, Mr. Marshall, de Berlanga, de 1953. O filme conta a história de moradores do vilarejo de Villar del Rio, na Espanha, que estão contentes porque receberão a visita de autoridades americanas para a concretização do Plano Marshall na região, iniciativa dos Estados Unidos adotada em 1947 para ajudar a recuperação dos países europeus após a 2ª Guerra Mundial e frear a expansão soviética. A partir de então, no dia a dia do povoado, o prefeito e o padre concentram esforços para preparação da esperada visita.
No dia 22, às 16h, será exibido El Verdugo, também de Berlanga, em que narra a história de Amadeo, um carrasco de Madri que conhece um empregado de uma funerária que não consegue ter uma namorada, porque as garotas ficam apavoradas quando descobrem onde ele trabalha. A filha de Amadeo, Carmen (Emma Penella), também não consegue ter um namorado pois os pretendentes sempre acabam descobrindo quem é seu pai.
No dia 29 de abril, às 14h, será exibido M, o Vampiro de Dusseldorf, dirigido por Fritz Lang, em 1931. O autor é conhecido por não se sujeitar e por desafiar as ordens de Adolf Hitler - justamente por isso, exilou-se nos EUA, onde morreu aos 85 anos. No longa-metragem, é contada a história de Franz Becker (Peter Lorre), um assassino em série de crianças que se aproxima de suas vítimas enquanto assobia sempre a mesma música. Depois de diversos crimes, começa uma investigação policial que agita a cidade e a cobertura da imprensa atrapalha essas investigações.
Por Debaixo das Pontes (1946), uma obra de Helmut Käutner, um dos mais aclamados diretores alemães de sua época, será exibida no dia 6 de maio. Dois navegantes fluviais veem numa ponte uma moça que, aparentemente, pensa em atirar-se ao rio. Eles decidem intervir e descobrem que ela só queria se desfazer de uma cédula que lhe trazia más recordações, mas esse episódio faz com que se tornem amigos e ela é convidada a viajar de barco até Berlim.
A programação prossegue até julho paralelamente ao curso A Censura no Cinema, com Luis Carlos Pavan e Careimi Ludwig Assmann. O objetivo é discutir as diferentes formas de censura enfrentadas por artistas em vários contextos históricos, utilizando como base manifestações artísticas de diversas linguagens. Os encontros ocorrem todas as quartas-feiras, às 19h30. As inscrições devem ser feitas na Central de Atendimento do Sesc Vila Mariana, com valores entre R$ 9 e R$ 30.
Por Flávia Albuquerque, da Agência Brasil

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Em Roma, o julgamento de Bruno durou oito anos, durante os quais ele foi preso, por último, na Torre de Nona. Alguns documentos importantes sobre o julgamento estão perdidos, mas outros foram preservados e entre eles um resumo do processo, que foi redescoberto em 1999. As numerosas acusações contra Bruno, com base em alguns de seus livros, bem como em relatos de testemunhas, incluíam blasfêmia, conduta imoral e heresia em matéria de teologia dogmática e envolvia algumas das doutrinas básicas da sua filosofia e cosmologia. Luigi Firpo lista estas acusações feitas contra Bruno pela Inquisição Romana:
- sustentar opiniões contrárias à fé católica e contestar seus ministros;
- sustentar opiniões contrárias à fé católica sobre a Trindade, a divindade de Cristo e a encarnação;
- sustentar opiniões contrárias à fé católica sobre Jesus como Cristo;
- sustentar opiniões contrárias à fé católica sobre a virgindade de Maria, mãe de Jesus;
- sustentar opiniões contrárias à fé católica tanto sobre a Transubstanciação quanto a Missa;
- reivindicar a existência de uma pluralidade de mundos e suas eternidades;
- acreditar em metempsicose e na transmigração da alma humana em brutos, e;
- envolvimento com magia e adivinhação.
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